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GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL

 

Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) do Padre Ignácio - dos Padres Escolápios (extraído do site Presbíteros.com)
. Evangelho de 06/12/2009 - Segundo Domingo do Advento
. Evangelho de 29/11/2009 - Primeiro Domingo do Advento
. Evangelho de 22/11/2009 - Solenidade de Cristo Rei - Jesus Cristo Rei do Universo


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

06.12.2009
SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO - ANO C - Roxo

__ “Preparai os caminhos do Senhor!” __

Comentário: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Podemos situar o tema deste domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação, no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração dos homens. Esta missão é uma exigência que é feita a todos os baptizados, chamados – neste tempo em especial – a dar testemunho da salvação/libertação que Jesus Cristo veio trazer. O Evangelho apresenta-nos o profeta João Baptista, que convida os homens a uma transformação total quanto à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida. Para que Jesus possa caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta missão profética que Deus continua, hoje, a confiar-nos. A primeira leitura sugere que este “caminho” de conversão é um verdadeiro êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Durante o percurso, somos convidados a despir-nos de todas as cadeias que nos impedem de acolher a proposta libertadora que Deus nos faz. A leitura convida-nos, ainda, a viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e dificuldades. A segunda leitura chama a atenção para o facto de a comunidade se dever preocupar com o anúncio profético e dever manifestar, em concreto, a sua solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho. Sugere, também, que a comunidade deve dar um verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim ela dará testemunho do Senhor que vem. Jubilosamente, entoemos o cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)

PRIMEIRA LEITURA (Bar 5, 1-9): - "Deus mostrará o teu esplendor"

SALMO RESPONSORIAL Sl 125: - "Grandes maravilhas fez por nós o Senhor: por isso exultamos de alegria.!"

SEGUNDA LEITURA (Filip 1, 4-6.8-11): - "Puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo"

EVANGELHO (Lc 3, 1-6): - "Toda a criatura verá a salvação de Deus"



- "A VIDA NOVA QUE VEM DO DESERTO"
    Reflexão Dominical por Diácono José da Cruz

Somos um povo acostumado a “mudanças” que só vem de cima para baixo, governantes e legisladores é que deve preocupar-se com o que precisa ser mudado “Eles ganham uma fortuna, fora o que roubam, justamente para pensar em mudanças que melhorem a nossa vida” – comentou uma vizinha, bastante exaltada, sobre esse tema. Este pensamento não é de todo errado, as pessoas não têm tempo para nada, trabalho e estudo, correria do dia a dia, como é que vai ter tempo para parar e refletir sobre a realidade política e econômica? “Essa cambada de inúteis tem que fazer pelo menos isso, por isso que a gente os coloca lá” – completou a vizinha.

Entretanto é um pensamento perigoso, porque eles se tornam a nata pensante, e resto da população tem mais é que produzir. Quando não temos tempo para pensar, ou achamos uma perda de tempo preocupar-se com a política, economia e outras questões sociais, a classe política fica super feliz, porque pensam,decidem e fazem mudanças, com a nossa total aprovação. E assim somos constantemente manipulados na área econômica, nas decisões políticas, e a maioria acha que está “tudo lindo e maravilhoso”.

Acontece que quando Deus interfere na história, não segue essa lógica humana, pois Deus não concorda, que a possibilidade de mudar alguma coisa está unicamente nas mãos dos que nos governam e legislam.

Deus não precisa pedir o aval das instituições, mesmo as religiosas, para agir na história. Ele não desvia a sua atenção da vida do povo um só momento, pois é no coração desse povo que ele faz nascer a esperança e o desejo de mudança, por isso, governante e legislador que é sábio, está sempre atento ao clamor que vem do coração do povo.

João Batista poderia ser um sacerdote, como seu pai Zacarias, e viver tranqüilo, na instituição do templo, poderia acomodar-se e até ser um bom sacerdote. Mas, tocado pelo Espírito de Deus, começou a perceber que havia algo de errado na estrutura política, econômica, social e religiosa daquele tempo, foi viver no deserto, não para tornar-se um alienado e empreender uma espécie de fuga, mas para fazer uma releitura da história de Israel, resgatando valores morais que já se tinha perdido, na relação entre as pessoas. Deus lhe dirige a sua palavra e João começa a falar de mudanças, que não deverão vir de cima para baixo, mas sim de dentro para fora, do fundo do coração, tocado pelo arrependimento sincero, pois ele sabe que o coração do  homem é o caminho mais fácil para Deus intervir na história.

Deserto é lugar de reflexão, de encontro e experiência com Deus, foi na caminhada do deserto, que se formou o povo de Deus, e o rio Jordão foi o último desafio a ser superado para entrarem na terra das Promessas, onde corria leite e mel. Este caminho tortuoso que tem que ser endireitado, este vale e montanha, qual barreira intransponível, está no coração do homem, é aí que deve começar a mudança, e este desafio de mudar, vem do agir de Deus, através do Espírito Santo, mas também supõe o esforço do homem, e quando Deus e o homem se unem em um projeto, o milagre acontece.

Enquanto cristãos membros da Igreja, podemos imitar o precursor João Batista, e ter dentro de nós esse deserto onde nos encontramos com Deus, onde a sua Palavra nos é dirigida, mas isso é possível se aceitarmos o desafio de derrubar toda e qualquer barreira existente em nosso coração. Parece ser exatamente esse o grande convite da Liturgia nesse segundo domingo do nosso advento.

Certamente que a organização de um povo, em torno de um ideal humano que busque a justiça, a igualdade e a fraternidade, na relação com o outro, e mesmo entre as nações, é válido e deve merecer o apoio e o incentivo de todos os cristãos e homens de bem, entretanto, o cristão deve ter bem claro que o Reino que Jesus plantou em meio a humanidade, tem os seus próprios valores e princípios, e não precisa jamais de qualquer ideologia humana, para realizá-lo.

Portanto, conversão é algo pessoal, eu permito que a força da graça de Deus, aplaine o meu coração, endireite os caminhos tortuosos, preencha o vazio de tanto egoísmo, que me impede de olhar para o outro, que derrube por terra a montanha da indiferença, que me separa das pessoas. E acima de tudo, ter sempre a consciência de essa mudança é dom de Deus, e obra iniciada pela Salvação que Cristo nos trouxe, e que um dia, ele próprio a conduzirá á perfeição. Não esperemos muito das nossas instituições, elas só serão transformadas, quando as pessoas mudarem, e isso só ocorrerá quando eu me converter. Caso contrário, o cristianismo continuará a ser para muitos uma grande ilusão...

José da Cruz é diácono permanente da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim - e-mail:cruzsm@uol.com.br


Comentário ao Evangelho Dominical ( II Domingo do Advento)

Queremos ver a salvação de Deus!

O Brasil será a sede das Olimpíadas em 2016. Essa vitória brasileira foi muito destacada na imprensa internacional dando ao mesmo tempo uma grande confiança no nosso País a nível interno e externo. Agora é só esperar aquilo que já está contido numa promessa bem fundamentada: esperamos o que acontecerá. Mas nós esperamos – além disso – algo maior: a segunda vinda de Jesus, a Parusia; trata-se de uma promessa segura, firmíssima… agora, é só esperar.

A palavra “Advento” vem da palavra grega “Parusia” e significa “vinda”. Toda a Igreja pede: Marana tha: vem Senhor Jesus! (1 Cor 16,22). Quando o Senhor voltar “todo homem verá a salvação de Deus” (Lc 3,6). O Senhor vem para salvar-nos, mas essa salvação já é uma realidade no hoje das nossas vidas. O cristão é alguém que continuamente está dizendo: já, mas ainda não! A salvação já aconteceu, mas ainda falta a sua consumação. Já estamos nos últimos tempos desde a Encarnação, mas falta a consumação desses tempos finais que vivemos.

A salvação é uma realidade que chega ao mais profundo do nosso ser. Não se trata somente de sermos guardados dos males externos, mas principalmente de sermos sarados na nossa própria existência, no mais profundo de nós mesmos. Cristo, ao descer à região dos mortos, descia também ao mais profundo da miséria humana para encontrar-se com essa miséria e destruí-la. A miséria maior do ser humano é o pecado, mas Cristo o destruiu.

Esta salvação já aconteceu! Essa salvação acontecerá! Esperemos!

No nosso Brasil estamos realmente acostumados a esperar, tanto é assim que quando vamos a um shopping, a um mercado ou a uma repartição pública e não há fila aquilo nos parece estranho: onde está a fila? – perguntamos. Mas, quando estamos na fila esperando procuramos fazer algo, conversar com alguém. Efetivamente o que mais cansa numa fila é o sentido de estar desocupado que nós experimentamos (além da dor nas pernas!). Parece que estar uma ou duas horas sem fazer nada é desolador: isso não pode ser! – protestamos. Por outro lado, a vida é cada vez mais agitada! Diante da volta do Senhor que se aproxima, devemos ter uma atitude contemplativa.

Atitude contemplativa? Com razão – dirá alguém – acusa-se o cristianismo de alienar as pessoas colocando-as numa espécie de utopia: em lugar de ajudar as pessoas a terem os “pés no chão”, lutando pela sociedade na qual vivem, as enfoca rumo ao futuro. Mas isso não é verdade, pois quem espera algo não significa que não faça nada! Podemos esperar com fé que aquilo que Deus prometeu acontecerá – é questão de fé! – e, ao mesmo tempo, cumprir um encargo dado também por Deus enquanto esperamos: trabalhar pela salvação dos irmãos a todos os níveis, e o primeiro deles é colocar os meios para que sejam libertados do pecado, do demônio, do próprio eu egoísta. Uma proposta: procure levar algum amigo seu ao sacramento da confissão durante esta semana. Tudo isso é ter atitude contemplativa e ver, já agora, a salvação de Deus.

O fundador da logoterapia, Victor Frankl, costumava perguntar aos seus pacientes: “Por que você não se suicida?” E em todo paciente sempre encontrava uma resposta: por que tinha uma esposa, por que amava os seus filhos, por que tinha que cuidar de um parente enfermo etc. E no caso de que nada tenha sentido? Não se desespere, Cristo espera por você no profundo desse seu vazio existencial. Realmente, uma vida sem sentido é um poço profundo e sem fundo. O cristão, ao contrário, encontrou todo o sentido da sua existência. Tem todos os motivos para esperar e para trabalhar com dedicação e com grande competência. Peça ao Senhor: “Vem, Senhor Jesus: dá sentido à minha existência, enche todo o meu ser com o teu amor e faz com que eu me dedique à tua glória e ao bem de todas as pessoas”.

A salvação é uma realidade que chega ao mais profundo do nosso ser e dá sentido a toda a nossa existência. O tempo do Advento é um tempo para que Deus seja realmente Deus nas nossas vidas. Vamos esperar trabalhando. Isso não é falta de fé, é fé em ação.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 06/12/2009


Comentário Exegético – Segundo Domingo do Advento (Ano C)

Extraído do site Presbíteros - http://www.presbiteros.com.br/index.php/comentario-exegetico-ii-domingo-do-advento/

Segunda Leitura - ANO C  – II DE ADVENTO
EPÍSTOLA Fp 1, 4-6; 8-11

INTODUÇÃO: Do cárcere onde Paulo está preso por causa do evangelho, envia esta carta aos de Filipo, na Macedônia, em terras da Europa, primeira cidade por ele evangelizada no continente na Grécia atual. Tratado com carinho pelos filipenses, não esquece esta acolhida e afeto dos mesmos, apesar de ter que sair por culpa dos judeus que se amotinaram contra ele. Paulo pensa no pouco tempo que teve para adoutrinar os novos conversos e dirige a eles uma carta plena de carinho. Seus conselhos estão unidos a um ardente desejo de visitá-los e confirmá-los na doutrina. Isso deixa o apóstolo tranqüilo, pois sabe que o amor é a base da santificação que nos une a Cristo e com este obteremos os frutos que farão de nossas vidas um canto à glória e louvor de Deus.

A ORAÇÃO DE PAULO: Sempre, em toda súplica [deësei<1162>=orationibus] minha por todos vós, com prazer [charas <5479> =gaudio] fazendo a oração [deësin= deprecationem](4). Semper in cunctis orationibus meis pro omnibus vobis cum gaudio deprecationem faciens.Paulo, ausente de Tessalônica após um breve período do tempo, em que evangelizou os seus moradores, sente a falta de sua presença para reforçar a fé de seus queridos ouvintes e exclama: sempre, em minhas orações, os relembro gostosamente e rogo por todos vós. SÚPLICA:Apalavra Deësis <1162> tem o significado primário de indigência, penúria, privação. Daí a petição própria de um mendigo, a súplica, o rogo, especialmente quando é dirigido a Deus. De modo especial Proseuchë <4335>é unicamente usado para o rogo dirigido a Deus (fizeste de uma casa de oração uma cova de ladrões; Mt 21, 13). Finalmente Enteuxis é a oração de uma criança que confia em seu pai . De modo que Deësis é  oração de um necessitado, Proseuchë é a de um devoto e enteuxis a de um coração em íntima união com um senhor que sabe ser amigo. As três estão unidas em I Tm 2,1: Exorto portanto, que primeiro de tudo, sejam feitas súplicas[<1162>=obsecrationes], orações [<4335>=orationes], intercessões [<1783> =postulationes] dando graças por todos os homens. COM PRAZER: Chara é a palavra empregada por Mateus para dizer que os magos se regozijaram muito com grande gozo ao ver de novo o astro (Mt 2,10) e Lucas em 1, 14 quando o arcanjo Gabriel profetiza a Zacarias que terá gozo e alegria e muitos se alegrarão com seu [o de João] nascimento (1, 14). FAZENDO A ORAÇÃO: Isto é, a súplica. Paulo, com estaafirmação, nos dá uma ideia de como opera entre os cristãos a comunhão dos santos, isto é, dos méritos e intercessão entre os membros de um mesmo corpo místico que é a Igreja de Jesus. Paulo roga e encontra prazer em suas súplicas por aqueles que uma vez foram seus ouvintes em Filipos. Como bom administrador, Paulo usa das velhas tradições judaicas ao mesmo tempo que está bem informado nas novidades do evangelho (Mt 13, 52), pois as orações e súplicas formavam parte do antigo judaísmo em suas orações chamadas Tefilah <08605>=oratio, e por vezes Techinnah <08467>=preces. Famosa era o Kadish [luz], oração em público, quando pelo menos deviam estar 10 varões adultos [um Miniam]. Vejamos a tradução: Exaltado e santificado seja o seu grande nome. Neste mundo de sua criação, que criou segundo sua vontade, chegue seu reino cedo, germine a salvação e se aproxime a vinda do Messias. Amém. Em vossa vida e nos vossos dias e na vida de toda a casa de Israel, cedo e em tempo próximo, e dizei Amém. Bendito seja seu grande nome para sempre, por toda a eternidade seja bendito, elogiado, glorificado, exaltado, magnificado, enaltecido e louvado seu santíssimo nome (Amém) acima de todas as bênçãos , dos cânticos, dos louvores e consolações que podem se expressar no mundo, e dizei Amém. Por Israel e por nossos mestres e alunos e por todos os alunos dos alunos, que se ocupam com a sagrada Torah, tanto nesta terra como em cada nação e nação. Recebamos nós e todos eles a graça, bondade e misericórdia do Senhor do céu e da terra, e dizei Amém (Amém). Desça do céu uma grande paz, vida, abundância, salvação, consolação, liberação, saúde, redenção, perdão, expiação, amplitude e liberdade para nós e para todo seu povo Israel, e dizei Amém (Amém).

CONTRIBUIÇÃO DOS FILIPENSES: Sobre vossa confraternidade [koinönia<2842>=communcatione] para com o  evangelho desde o primeiro dia até agora (5). Super communicatione vestra in evangelio a prima die usque nunc. CONFRATERNIDADE: A palavra Koinonia significa participação, associação, comunhão, companhia, camaradagem, intimidade, contribuição. Vejamos alguns textos: E eles continuaram firmes na doutrina dos apóstolos e na comunhão fraterna (At2, 42). A Macedônia e a Acaia decidiram manifestar a sua solidariedade para com os santos pobres de Jerusalém (Rm 15, 26). Fiel é Deus que vos chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo (ICor 1, 9). De todo o exposto devemos traduzir como uma participação ou vivência comum na fé e na doutrina do evangelho. Poderia ser também a solidariedade, pois os de Filipo se comportaram como hóspedes, oferecendo suas moradias e compartilhando as mesmas com Paulo a raiz de sua conversão  (At 16, 15 e 32-34). Uma outra solidariedade com o evangelho foi a ajuda aos pobres dos Macedônios, entre os quais se encontravam os filipenses, que Paulo agradece em 2Cor cap 8 e 9. Finalmente, que estando Paulo preso, recebeu ajuda dos filipenses que o socorreram em sua prisão, contra seu costume de pregar o evangelho sem receber salário ou estipêndio.

PERSUASÃO DE PAULO: Persuadido [pepoithös<3982>=confidens] sobre isto mesmo: que quem começou em vós uma boa obra (a) completará até o dia de Jesus Cristo (6). Confidens hoc ipsum quia qui coepit in vobis opus bonum perficiet usque in diem Christi Iesu. PERSUADIDO: Pepoithösé um particípio  perfeito do verbo Peithö, cujo significado é persuadir, fazer amigos, convencer, ganhar, fiar-se, se deixar persuadir. Paulo está convencido de uma coisa precisa: de que quem começou em vós uma obra boa a completará até o dia de Jesus Cristo. Unido touto a autos significa isso, ou isso mesmo, como em At 25, 25: tendo ele mesmo apelado para  o imperador.Para Paulo a santificação, que é a obra boa iniciada pelo batismo, é propriamente um efeito divino no homem, que não opõe outro impedimento como pode ser a má vontade deste último. Célebre é sua intrepretação da predestinação: Aos que predestinou, os chamou; e aos que chamou os justificou; e aos que justificou os fez partícipes  de sua glória (Rm 8, 30). Isso implica a vontade real de Deus que quer revestir todo homem batizado da vida final [glória] que agora só pertence a Cristo e, logicamente, a sua Santa Mãe. Paulo vê o futuro como um presente em Deus por sua vontade de completar o que iniciou através de seu Filho: a salvação e glorificação para todos, sem exceção, da qual está fora a vontade humana que deliberadamente escolheu o não servirei.

O DIA DE JESUS CRISTO: Oudia de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Cor 1, 8), também dia do Senhor Jesus (1Cor 5, 5), dia de Cristo (Fp 1,10), ou finalmente dia do Senhor (1 Ts 5, 2). Qual é esse dia e que características há nele? A reposta é do mesmo Paulo que chama o mesmo de dia em que julgará o Senhor o encoberto dos homens (Rm 2, 16). O Senhor justo juiz me dará [a Paulo] a coroa da justiça (2Tm 4, 8). E que para os discípulos de Cristo será o dia da redenção (Ef 4, 30). Evidentemente, é o dia do triunfo do Senhor, quando todos verão o triunfo de Jesus que exercerá seu poder de juiz universal como Rei supremo, conforme narra Mateus em 25, 31ss, quando o Filho  do Homem vier em sua glória, acompanhado de seus anjos, sentado no trono de sua glória. Num estilo quase apocalíptico em que a imagem substitui os conceitos, Mateus conta o juízo final e definitivo dado a Cristo como rei do Universo. Nesse relato, devemos distinguir duas coisas: 1) os anjos podem ser os discípulos diretos de Jesus, segundo o que Ele próprio declarou aos mesmos: os sentareis também sobre doze tronos para julgar as doze tribos de Israel (Mt 19,28). Podem ser os emissários (anjos) de Deus na hora final da colheita(Mt 13, 29). 2) O trono em que o juiz supremo de vida ou morte se assentava, era a cadeira kurul dos magistrados romanos. De fato, a escatologia como  esperança da volta de Cristo triunfante, constitui uma parte central da pregação do apóstolo, como vemos nas duas cartas aos tessalonicenses e, portanto, o dia de Jesus Cristo é o dia do juízo final, que não é propriamente de condenação, mas de triunfo do bem e dos bons. Como dirá Jesus em Lc 21, 28: é o dia em que poderemos levantar nossas cabeças porque já se aproximou o dia de nossa libertação, ao contrário dos vencidos que deviam se prostrar no chão, segundo o costume militar na época. O triunfo do Senhor não estará tanto na derrota dos vencidos como na glorificação dos seus seguidores, que sua graça manteve firmes na fé, acompanhada da caridade (Rm 3, 22 e Gl 5, 6).

JURAMENTO: Pois testemunha minha é (o) Deus de como sinto saudades de todos vós, nas entranhas [splagchnois <4698>=visceribus] de Jesus Cristo! (8). Testis enim mihi est Deus quomodo cupiam omnes vos in visceribus Christi Iesu. TESTEMUNHA: Quatro vezes Paulo apela a Deus, como testemunha de uma afirmação sua, especialmente quando fala como ama e se lembra de um modo paternal daqueles que construiu no evangelho (Rm 1, 9 e Fp 1, 8). Numa outra ocasião, nem a lisonja nem a avareza atingiram sua palavra e sua atuação (2 Cor 1, 23 e 1 Ts 2, 5). ENTRANHAS DE J. C.: O grego Splagchnon significa entranhas, intestinos;  e quando se fala de sentimentos, as entranhas são a base dos sentimentos mais profundos, como raiva, ódio e amor. Entre os hebreus as entranhas [rahamim<07356>=viscera] são a sede dos afetos mais tenros, especialmente, bondade, benevolência, compaixão, ternura. Um exemplo é José, que chorou porque se moveu no seu íntimo [commota fuerant viscera ejus] e entrou na câmara para chorar (Gn 43, 30).No NT temos em Lc 1, 78: pelas entranhas de misericórdia de nosso Deus aos que observou um nascer do sol, provindo do alto. Visceras[ternura] e misericórdia é precisamente o que Paulo pede em Fp 2, 1. Ao falar das entranhas  de Cristo, quer dizer que seu amor pelos filipenses não procede de uma ternura humana, mas é um sentimento sobrenatural de um homem que em Cristo olha como irmãos, os filipenses, aos quais está unido por uma caridade que tem sua origem no amor de Cristo.

ROGO DE PAULO: E isto suplico: que o vosso amor [agapë<26>=caritas] mais e mais abunde em conhecimento [epignösei<1922>=scientia] e em todo discernimento [aisthësei<144>=sensu] (9). Et hoc oro ut caritas vestra magis ac magis abundet in scientia et omni sensu. VOSSO AMOR: Já em outra ocasião temos falado do Agapë como amor fraterno entre cristãos. Agora vamos distinguir entre Epignösis e Aisthësis. Epignösis é o conhecimento preciso e correto, usado no NT como conhecimento ético e teológico das coisas. Em Rm 3, 20 temos o conhecimento do pecado, em Rm 10, 2 fala dos que têm zelo por Deus, mas não iluminado pelo conhecimento. O conhecimento da verdade em 1 Tm 2, 4; 2, 25; 3, 7 e Tt 1, 1. Verdade que é o conhecimento verdadeiro de Jesus Cristo. O conhecimento de Deus verdadeiro em Cl 1, 10 e 2, 2. Conhecimento de sua vontade em Cl 1, 9 e das coisas boas que nos fieis Cristo realizou em Fm 1, 6. Como vemos epignösis nas cartas paulinas tem um profundo sentido religioso que abrange os mistérios de Cristo e de Deus. Aisthësis é o conhecimento prático, o olfato do bem e do mal, que unicamente sai como apax neste versículo. No AT sai em Pr 1, 22 como tradução do hebraico da’ath <01847> que poderíamos traduzir por discernimento, bom senso, raciocínio, sabedoria. Assim temos traduzido como discernimento ou sabedoria prática de como se comportar.

ELEIÇÃO DO MAIS OPORTUNO: Para vós experimentardes [dokimazein<1381>=probetis] as coisas mais valiosas para que sejais sinceros [eilikrineis<1506>=sinceres] e sem ofensa [aproskopoi<677>=sine offensa] no dia de Cristo (10). Ut probetis potiora ut sitis sinceres et sine offensa in diem Christi. Paulo explica agora como deve aumentar o conhecimento e o discernimento prático dos filipenses. EXPERIMENTAR: O verbo Dokimazö tem o significado de testar, examinar, provar, escrutinar, aprovar ou reconhecer como genuína uma doutrina. Como provar ou aprovar temos Rm 2,18; 12,2; 14,22; 1 Cor 16, 3 e 2 Cor 8,8. Como examinar ou testar Rm 3, 13; 1Cor 11, 28; 2 Cor 12,22; 13, 5; Gl 6, 4. Temos escolhido experimentar, já que não é questão de examinar uma doutrina, mas de experimentar fatos e circunstâncias. SINCEROS: A palavra eilikrinës é um composto de elios e krines, significando propriamente sem mancha, através do sol, transparente, puro, sem duplicidade, ou hipocrisia. A diferença com katharos é que esta significa puro legal ou do corpo e aquela puro sem hipocrisia, como vemos em outro lugar, além deste do NT:2 Pd 3,1: para estimular a maneira certa [mentem sinceram] de pensar. SEM OFENSA: O adjetivo Aproskopos com o a negativo e proskopos que significa erro, tropeço, queda. O significado seria sem queda espiritual, ou seja, sem ofensa ou pecado. Paulo dirá de si mesmo que procurava manter sua consciência imaculada tanto diante de Deus como dos homens (At 24, 16). Esta afirmação devemos aplicar ao versículo atual  e a melhor tradução seria irrepreensíveis. NO DIA DE CRISTO logicamente, como temos visto em parágrafo anterior, é o dia do julgamento ou das contas finais.

FIM DA VIDA CRISTÃ: Cheios dos frutos de retidão [dikaiosunës<1343>=iustitiae] através de Cristo para glória e louvor de Deus(11). Repleti fructu iustitiae per Christum Iesum in gloriam et laudem Dei. É o ápice e remate do versículo anterior: sem hipocrisia e irrepreensíveis, os frutos de uma vida assim impoluta, seriam completos, alcançados com a graça de Cristo para glória e louvor de Deus. Temos dito graça, mas seria melhor dizer que unidos a Cristo, já que todo cristão forma parte de Cristo, que nele encontra seu complemento ou plenitude como afirma Paulo: a Igreja é seu corpo, a plenitude de tudo o que existe (Ef 1, 23) E se em Cristo habita corporalmente a plenitude da divindade, nós nele alcançamos a plenitude (Cl 2, 9-10). E assim como Paulo afirma que em sua carne completava o que faltava às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a Igreja (Cl 1, 24), assim, agora ele pode afirmar que também em sua carne [e nossa, a dos discípulos sinceros e irrepreensíveis] completa a glória que Cristo deve a seu Pai e nosso Pai, seu Deus e nosso Deus (Jo 20, 17). Magnífica lição teológica de Paulo que esquecemos, quando falamos de que Deus chora e de que Deus se alegra e é glorificado em suas criaturas mais amadas, como são os homens e especialmente seus santos, ou consagrados, os cristãos.

Evangelho

II DOMINGO DO ADVENTO Ano C (Lc 3, 1-6)

MARCO HISTÓRICO: Porém no décimo quinto ano do governo de Tibério César, governando Pôncio Pilatos a Judeia e sendo tetrarca da Galileia Herodes, mas sendo Filipe, seu irmão,  tetrarca da Itureia e das terras da Traconítide e sendo Lisânias tetraca da Abilene (1), sendo chefes dos sacerdotes Anás e Caifás, aconteceu a palavra de Deus sobre João, o Filho de Zacarias, no deserto (2). Anno autem quintodecimo imperii Tiberii Caesaris procurante Pontio Pilato Iudaeam tetrarcha autem Galilaeae Herode Philippo autem fratre eius tetrarcha Itureae et Trachonitidis regionis et Lysania Abilinae tetrarcha. sub principibus sacerdotum Anna et Caiapha factum est verbum Dei super Iohannem Zacchariae filium in deserto. Vejamos as personagens do ponto de vista histórico, pois todos eles têm uma página na história profana.

TIBERIUS CLAUDIUS NERO (42 aC até 37dC): Seu nome completo, após a adoção por Augusto, foi Tiberius Julius Caesar Augustus. A história o conhece com o nome de Tibério. Foi o segundo imperador com este título (de 14 a 37 dC). As notícias que nos interessam de seu reinado são: Sua tenacidade e sua taciturnidade como caráter. Seu amor a sua esposa e ao seu irmão Drusus, que o levou a visitá-lo quando enfermo, percorrendo 650 Km a cavalo para assisti-lo e vê-lo morrer. Morto, o acompanhou a pé de novo até Roma, tomando as rédeas do animal que portava o cadáver. Obrigado a se casar com a filha de César, Júlia, viúva pela segunda vez, e isso por razões de Estado, teve que divorciar-se, de sua esposa Vipsânia, a quem amava ternamente. Tibério tinha 30 anos e Júlia 27. Júlia foi infiel, constituindo um escândalo em Roma. Na volta de uma de suas campanhas Tibério visitou Vipsânia, agora esposa de um senador, e a seguiu à noite entre lágrimas. César ordenou que nunca a visitasse e, apesar de ser nomeado Tribuno, ele mesmo se retirou à ilha de Rodas (6 aC).Tinha 36 anos. Dez anos mais tarde um novo Tibério, ressentido e violento foi chamado à Roma. No ano 14 dC sucedeu a seu tio Augusto. Tinha 54 anos. Inicialmente foi um bom governante. Mas há dois fatos notáveis que iniciam um caráter desconfiado e rancoroso. O primeiro, que, por razão de quatro judeus conspirarem para roubar a fortuna de uma dama romana, Fúlvia, Tibério mandou ao exílio todos os judeus de Roma. Quatro mil foram para a ilha da Sardenha. Tibério revogou o edito 12 anos depois. A Segunda, que ele impulsionou a prática da delação, em que qualquer cidadão podia ser o promotor-delator, e se a pessoa acusada era culpada, parte do confisco dos bens era para o acusador. Assim os delatores, como hoje os advogados trabalhistas, obtiveram grandes benefícios junto do Estado, transformando Roma num governo inquisitório, com o terror reinante em toda parte. Em 23 dC seu filho Druso morre e Tibério muda de caráter. Taciturno e amargurado se retira da política ativa e deixa Roma em mãos de Sejano, o comandante da guarda pretorial. Em 27, com 67 anos, Tibério se retira à ilha de Capri (perto de Nápoles). Tibério tem uma doença de pele que o transforma em repugnante através de feridas na pele e o pus que causava fétido odor aos visitantes e grandes dores a ele mesmo. Rodeia-se de todo luxo material e se entrega a uma vida de prazeres cercado de músicos, anfitriões, filósofos, artistas, astrólogos e aduladores. Sua vida foi cruel e obscena. Matou ferozmente e quase à toa. Provavelmente sua mente estava perturbada. Assim transcorreram os últimos seis anos de sua vida. Escolheu como sucessor Calígula, do qual disse: “Estou alimentando uma víbora no colo de Roma.” No ano 37 após lançar um pilum ou javalina, teve uma luxação no ombro. Na cama ficou inconsciente. Quando já o seu sucessor estava sendo proclamado porque os médicos falaram que não passaria do dia, Tibério recobrou a consciência e pediu de comer. No dia seguinte Macro ,o chefe da guarda pretoriana, foi visitá-lo e com um cobertor o sufocou.

HERODES ANTIPAS (21aC até 39 dC):Filho de Herodes, o grande, e da samaritana Maltace herdou de seu pai uma quarta parte do reino (daí o nome de tetrarca= governador de uma quarta parte) Era a Galileia e a Pereia (G 10-11) esta do lado oriental do Jordão frente da Samaria). Ele divorciou-se de sua esposa nabateia ou árabe, filha de Aretas e se uniu a Herodíades, esposa de seu irmão ainda vivo, o que era considerado incesto pela lei judaica e que o Batista denunciou publicamente. Num banquete Herodes mandou cortar a cabeça do Batista, por instigação de sua nova mulher. Herodes assistiu ao julgamento de Jesus, tomando-o por louco. Ele trasladou a capital da Galileia, de Séforis (perto de Nazaré) para Tiberíades (21 dC), que por ser fundada sobre um cemitério os judeus não quiseram habitar e foi transformada em cidade grega. Calígula, o novo imperador, tirou seus domínios para dá-los a Agripa, seu favorito, e sobrinho de Antipas. Este foi desterrado nas Gálias (França) onde morreu dois anos depois.

FILIPE (20 aC a 34 dC): Meio-irmão de Antipas, pois era filho de Cleópatra uma das oito ou dez mulheres de Herodes o Grande, recebeu a tetrarquia da Itureia (mapa H1) e Traconítide (J 3). Reedificou Betsaida( G-H, 4-5), pátria de Pedro e João, transformando-a em cidade grega com o nome de Júlia, em honra à filha de Augusto. Casou com Salomé a dançarina filha de Herodíades, mas não teve sucessão.

LISÂNIAS: Nada sabemos dele a não ser o que nos diz Lucas, que foi tetrarca de Abilene, região da Celesíria, entre o Líbano e Antilíbano formando hoje a planície de Bekaa (ver mapa 1 H). Também Flávio Josefo fala de Abilene que foi governada por Lisânias.

PÔNCIO PILATOS(26 a 36 dC): Chamado hegemon (= presidente ou governador). Somente no ano 46 dC os governadores como Pilatos receberam o título de procurator (epitropos em grego) ou procurador de uma vice-província como era a Judeia que pertencia ao imperador e não ao senado. Antes disso seu título era o de praefetus (eparkhos). Dele falamos Domingo passado.

ANÁS: (Deus tem sido gracioso).Também Anano filho de Set, sumo-sacerdote, desde o ano 6 dC que foi deposto no ano de 15-16 dC por Quirino o legado da Síria; teve uma influência muito grande já que seus cinco filhos e o seu sogro Caifás obtiveram o mesmo cargo. Flávio Josefo diz: Anás filho de Set ficou instalado como sumo- sacerdote por Quirino [o do censo de Lucas]. Durante este tempo, Herodes Antipas e Filipe estavam administrando as tetrarquias… O terceiro César foi Tibério, que nomeou Valérius Gratus como sucessor de Rufo e procurador sobre os judeus. Gratus (15-26) eliminou Anás do posto de sumo sacerdote e realizou três nomeações antes de designar a José Caifás para que ocupasse o posto. Gratus se retirou a Roma depois de ter estado durante onze anos na Judeia, sendo sucedido por Pôncio Pilatos (26-36). Sumo sacerdote desde o ano VI d.C., era um experiente estrategista. Rico, nomeou cinco filhos como sumos-sacerdotes. Em diversos “departamentos” do templo, nomeou outros parentes. É provável que recebesse comissão e sobretaxa dos cambistas sobre venda de animais para o sacrifício. Caifás era sacerdote dependente, pois Anás era o seu Sagan. Tanto que Jesus foi levado à presença de Anás, primeiramente. Anás era presidente de honra do Conselho. Anás mandou Jesus de volta a Caifás, sumo sacerdote desde o ano 18 d.C. Jesus representava a ameaça ao poder de Caifás e ameaça à instituição política do Estado judaico.

CAIFÁS (18-36 Dc): Seu primeiro nome era José(=ele acrescenta) e Caifás significa o mesmo que Pedro, pedra. foi sumo-sacerdote e presidente do sinédrio de 18 a 36 d.C. Presidente,pois, do supremo tribunal no dia em que foi condenado Jesus. Era genro de Anás, que tinha sido sumo sacerdote e continuava exercendo grande influência.Presidia o Sinédrio no momento em que Jesus declarou oficialmente sua filiação divina, e rasgando suas vestes declarou solenemente não aceitar sua mensagem. Existe um problema: Lucas escreve que eram sumos-sacerdotes [arkhierei, ou principes sacerdotum] Anás e Caifás. Mas segundo a lei e os costumes, só havia um sumo-sacerdote não dois ao mesmo tempo, como só existe um Papa na Igreja Católica. Como solucionar esta contradição? Era verdade que por meio de dinheiro, o ofício era comprado e trocava de mãos cada doze meses. Também era verdade que aqueles que foram sumos-pontífices retinham o nome como tais. A solução parece que Anás era o Sagan dos sacerdotes. O sagan era para o sumo- sacerdote como o segundo no cargo sempre acompanhando-o à direita como lemos em Jr 52,24 de Sofonias sacerdote. O targum o identifica com o Sagan. O Sagan era o chefe dos sacerdotes e politicamente mais influente que o Sumo sacerdote anual, pois este dependia dos governadores romanos e aquele era praticamente vitalício e dependendo do colégio sacerdotal. Os arqueólogos descobriram em 1990 uma cova-cemitério nos subúrbios de Jerusalém que continha uma coleção de caixas com ossos. Durante o primeiro século, os cadáveres dos mortos eram colocados em covas e uma vez a carne decomposta, recolhiam os ossos e os introduziam em caixas [ossários] o que reflete a crença na ressurreição. Uma destas caixas encontrada na cova tinha estas palavras: José, filho de Caifás.

JOÃO O BATISTA: Os evangelhos narram o parentesco de João, seu nascimento e sua circuncisão, para detalhar sua atuação pública como arauto do Messias. Termina sua vida nas mãos de Herodes Antipas nas masmorras de Maqueronte (F-G, 12-13). Temos o relato do mesmo feito por Flávio Josefo: Embora João fosse um bom homem e tivesse ensinado os judeus adorar a Deus, a viver vidas retas e praticar a justiça com o próximo, Herodes[Antipas] deu ordem para que o matassem. João ensinou que não devia ser usado o batismo para obter o perdão dos pecados cometidos, senão para ser uma consagração do corpo… Como se reunissem ao redor de João grandes multidões, Herodes teve medo de que abusasse de sua autoridade moral sobre elas para incitá-las à rebelião, o que fariam se o mandasse; portanto pensou como o mais sábio, para evitar possíveis sucessos, apartar o perigoso pregador… e o encarcerou na fortaleza de Maqueronte e foi morto nesse cárcere. Os judeus acreditavam que Deus tinha vingado a sua morte destruindo o exército de Herodes. Tendo em conta a importância e simpatia com a que Josefo trata João, o Batista,- diz um autor- e a parcimônia de seus testemunhos sobre Jesus, devemos pensar que a classe culta dos judeus da época considerou muito mais importante e digno de estima. O PARENTESCO: Isabel, a mãe de João, era syggenis, parente de Maria, a mãe de Jesus. Também era da família de Aarão. Mas como podia ser uma descendente de Aarão parente de Maria? Uma antiga versão persa diz que Isabel era metradelphe [irmã da mãe]. Daí que S. Hipólito (160-236) fale de Nathan que teve três filhas: Maria, Soba e Ana. Maria, a maior, casou-se com um homem de Belém e foi mãe de Salomé. Soba casou-se também em Belém com um filho de Levi de quem teve Isabel e finalmente Ana desposou um Galileu de nome Joaquim e foi a mãe de Maria, mãe de Jesus. Assim Salomé, Isabel e Nossa Senhora eram primas-irmãs e Isabel por linha paterna, que era o importante na época, descendente de Aarão. Como Salomé estava ao pé da cruz (Mt 27, 56), permitido aos parentes do réu, e era a esposa de Zebedeu e, portanto, mãe dos apóstolos Tiago e João, acreditam alguns que Jesus tinha um parentesco com Tiago e João, de onde Tiago seria o famoso irmão de Jesus, de Paulo (Gl 1,18). Já que Paulo visitou Jerusalém pouco depois de sua conversão (At 9, 26-30). Esta reunião com os apóstolos foi diferente da que teve lugar em At cap 15 durante o Concílio de Jerusalém, em cuja ocasião Tiago, o maior, já estava morto [ano 42]. Este Concílio acontecido no ano 56, 14 anos mais tarde da primeira visita de Paulo (Gl 2, 1 2 9) e nele, Tiago, o menor [mikros] (Mc 10, 40) que era filho de Alfeu (Mt 10, 3 e At 1, 13), e por isso chamado de Tiago de Alfeu(Lc 6, 15). Tiago de Alfeu é o mesmo que Tiago, filho de Alfeu, a quem muitos identificam com Clopas ou Cleopas (Jo 19, 25), segundo a tradição irmão de José, esposo de Maria. Este Tiago foi o intérprete conservador do Concílio de Jerusalém. E entre os católicos este Tiago às vezes foi identificado com o irmão do Senhor. Na introdução da epístola de Santiago a moderna King James Version dá por titulo de half brother [meio irmão] a nosso Tiago. Mas Eusébio e Epifânio distinguem entre Tiago o menor e Tiago de Alfeu e celebram no Oriente as memórias em dias diferentes. O dicionário bíblico de Orlando Boyer dá como certo que Tiago e João, os dois boanerges, eram primos de Jesus; mas logo Boyer não tira as consequências e coloca como apóstolo, além do Tiago de Alfeu,  um outro Tiago, irmão de Jesus, do qual não temos notícia nos evangelhos. A não ser que um dos filhos da outra Maria (Mt 28, 1) que Marcos identifica com a mãe de Tiago (16, 1) seja o mesmo que nos evangelhos seja chamado irmão do Senhor, junto com José, Simão e Judas (Mt 13, 55; Mc  6, 3; At 1, 13). A razão é  que para eles –os protestantes- é importante destacar um irmão de pai e mãe de Jesus, contra a posição da Igreja primitiva de que Maria era a aei parthenos [sempre virgem] e por isso nos ícones de Maria temos as três estrelas: Virgem antes do parto, no parto e depois do parto. Um fato relevante é que o próprio Tiago [o da epístola a quem consideram o irmão de Jesus] a si mesmo se dá o título de servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo (Tg 1, 1). É o Tiago half brother da versão oficial inglesa.  E Judas, que deveria ser também irmão de Jesus, se intitula irmão de Tiago ( At 1, 13 e Jd 1,1). Concluindo: das Escrituras não podemos deduzir nada em concreto. Da tradição podemos afirmar que Maria não teve mais filhos que Jesus DESERTO: A palavra  érëmos [<2048>, desertum latino] significa lugar ermo [mesma raiz] vazio, desabitado. O hebraico arabá [erbh <06160> planície deserta, ou estepe] e midbar [mdbr < 04057> área deserta, inabitada] compreendia toda a extensão da baixa Galileia desde o mar da Galileia para o sul; mas em especial referia-se ao terreno seco que se estende do mar Morto até o golfo de Ácaba. A palavra éremos significa, pois, tanto um lugar despovoado no qual só habitam animais ou feras, como um deserto propriamente dito. Os lugares sem água, verdadeiros desertos, são chamados anidros ( Lc 11, 24).

A PROCLAMAÇÃO: E veio a toda região ao redor do Jordão proclamando batismo de conversão para remissão de pecados (3). Et venit in omnem regionem Iordanis praedicans baptismum paenitentiae in remissionem peccatorum. A REGIÃO DO JORDÃO: Como temos visto no parágrafo anterior, érëmos significa uma planície desabitada, como eram ao leste do Jordão as terras desde praticamente o lago de Genesaret até o mar Morto (ver mapa). Com esta noção de érëmos vemos que concorda perfeitamente o versículo 3, inicial deste parágrafo. Segundo Mateus, o érëmos  era o deserto de Judá (3, 1). Simbolicamente o deserto tinha dois significados: ou um lugar amaldiçoado por Deus, terrível e espantoso (Dt 1, 19) habitado só por feras e demônios (Mc 1,13 ), ou como símbolo, significando uma época privilegiada em que Israel nasce como povo escolhido, época de amores e infidelidade, sinal de salvação (Mt 24, 26). O deserto revela-se assim como sinal de salvação (Mt 24, 26). Mateus diz claramente que João iniciou sua pregação no deserto da Judeia (Mt 3, 1). De Jesus dirá João que não andava publicamente entre os judeus, mas numa região perto do deserto,  numa cidade chamada Efraim, a atual Afarema, próxima do monte Baal Hasor e perto da antiga Betel, a 25 Km ao norte de Jerusalém (Betel em mapa D, 10-11). João percorria o vale do Jordão aparentemente desde Jericó, ao sul, até as fontes de Enom, ao norte, perto de Salim. Paulo, o diácono, no himno Ut queant laxis [para que possam os frouxos], composto em honra dos santos, declara: Antra deserti teneris sub annis…petit [nos anos tenros solicitou as covas do deserto]. S. Pedro de Alexandria (morto mártir em 311) acreditava que o Batista foi abandonado no deserto para escapar à ira de Herodes o Magno, quem, para evitar perder seu reino, matou Zacarias entre o templo e o altar por profetizar a vinda do Messias e buscou a morte do filho, exatamente como pretendeu a morte do Salvador. Evidentemente tanto o testemunho de Paulo, o diácono,  como o de Pedro alexandrino, entram na temporalidade da lenda devido a não existir bases mais próximas aos fatos relatados. Prova-o a distorção entre o Zacarias, filho de Baraquias, do tempo de Esdras (Mt 23, 35) e Zacarias, pai de João Batista, do tempo de Jesus. Atualmente distinguem-se entre os lugares áridos da Palestina o deserto da Judeia [formado pelas montanhas ao leste de Jerusalém, o vale de Arabá [sul do mar Morto] e o de Negeb [entre Hebron e o deserto o Sinai]. A solução: Tomamos mais  de acordo com a verdade histórica os relatos de Lucas e João, por darem mais detalhes e não ser tão generalizados. Segundo Lucas , o menino estava em lugares inabitados até o dia em que devia se manifestar a Israel. Ou seja, não precisamente no deserto da Judeia, mas fora de todo contato humano, vivendo como um eremita. No dia em que se manifestou a Israel, João o fez, não no deserto da Judeia, a faixa de 25X80 km na margem ocidental do rio Jordão e do mar Morto, mas percorrendo como base de suas funções as águas do rio Jordão (Lc 3, 3), coisa que confirma João quando declara que batizava em Enon, perto de Salim, próximo ao lago de Genesaret pois lá as águas  eram abundantes (Jo 3, 23). Como as encostas das margens do Jordão são bastante desabitadas, podemos falar de desérticas, e nelas se encontram numerosas cavernas onde era fácil se guardar de inclemências e animais selvagens, os únicos habitantes de tais lugares (Mc 1, 13). E a frase de Mateus no deserto da Judeia (Mt 3, 1). Pois como é uma frase geral, Judeia é tomada como hoje falamos de Palestina ou Israel, o deserto de Judá seria uma terra desabitada da ertz Israel, que na época recebia o nome de Judá. Precisamente as montanhas da Judeia, devido ao silêncio que reinava naquela região foi o lugar onde apareceram as Lauras, os mosteiros palestinos semi-eremíticos em que um grupo de eremitas se reuniam perto de uma igreja comum para a celebração da Eucarisitia. Fundadas por S Chariton (+350) os eremitas viviam sós e unicamente se juntavam para os ofícios do sábado e domingo para a celebração da Missa. A tradição localiza em Djebel –Qarantal a 4 km da Jericó (E-F, 11) ao noroeste da atual Jericó o lugar desértico onde Jesus jejuou durante 40 dias, que corresponde à montanha imediatamente próxima onde João se supõe batizava no Jordão. BATISMO DE ARREPENDIMENTO: O Batismo, imersão dentro da água, era um rito, uma ablução ritual com fins religiosos de purificação. Aqui o batismo vai associado com a methanoia, que literalmente significa mudança de mentalidade ou de atitude; mas em sentido religioso significa praticamente uma conversão uma reforma de vida. Porém Jesus institui um batismo necessário para a entrada no reino (Mc 16,16), que é uma participação com a morte de Cristo e com a sua ressurreição (Rm 6, 3-9), rito eficaz que nos lava de todo pecado e nos integra na vida divina como filhos de Deus. Comporta uma profunda renovação da vida e da conduta (I Cor 6, 9-11). PARA REMISSÃO DE PECADOS: O grego não tem artigo e a tradução é direta. É possível que o batismo pregado por João fosse uma das derivações de um movimento batista florescente entre os palestinos durante os anos 150 aC a 250 dC. Nesses anos, tanto judeus como cristãos (ebionitas e gnósticos principalmente) praticavam certas formas de ablução ritual. Dentre esses batismos está o dos essênios, o batismo de João e de seus discípulos e o dos discípulos de Jesus (Jo 4,2) antes da instituição do batismo definitivo, ordenado por este último (Jo 3, 22). Eram batismos de penitência. Em Lv 4-5 se descrevem diversos sacrifícios como expiação pelo pecado. João substitui essa oferenda por um rito de ablução dentro da concepção essênia que não aceitava o sacerdócio corrupto de Jerusalém e que pensava ser inútil o rito da ablução se não existisse intenção de abandonar a vida do pecado. “Não deverão entrar na água de modo que possam participar no banquete sagrado dos santos, porque não ficarão purificados se não se convertessem de sua vida licenciosa; quem é infiel a sua promessa fica impuro” ( 1Qs 5,13-14). A opinião de que era uma derivação da prática do batismo dos prosélitos, não parece razoável porque tal batismo não existia nos tempos de João e de Jesus. Para confirmar as boas disposições dos ouvintes, João os imergia nas águas do Jordão [batismo] não tanto para liberar dos pecados como para purificar o corpo, estando já a alma limpa de suas corrupções pela justiça (Josefo , Antig XVIII, 7). O batismo de João, ao contrário das outras abluções em água, era irrepetível, seu objetivo era moral e não ritual, e finalmente era escatológico no seu fim, ou seja, era uma iniciação, como preparação para a vinda do Messias. Tinha uma eficácia real, mas não sacramental, pois Deus 5, 13-julgava o interior que impelia a um ato de verdadeiro arrependimento ou conversão. Esse batismo foi também praticado pelos discípulos de Jesus (Jo 4, 1-2). O batismo de João tinha o carimbo do céu, e por isso, Jesus aportou seu testemunho dizendo que provinha do céu (Mc 11, 30).  O arrependimento, a reforma de vida como traduz rigorosamente uma versão inglesa literal, era uma premissa necessária para receber a boa nova do evangelho que significava um novo plano de Deus. O perdão dos pecados preparava os arrependidos para evitar a ira divina prestes a explodir, pois era crença comum em Israel, que na instauração messiânica haveria um julgamento severíssimo (Jl 3, 1-16).

A VOZ NA ESTEPE: Conforme foi escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz bradando na estepe: Preparai o caminho do Senhor; fazei retas as suas veredas (4). Sicut scriptum est in libro sermonum Esaiae prophetae vox clamantis in deserto parate viam Domini rectas facite semitas eius.Implica num cumprimento do oráculo de Isaías 40, 3-5. A voz anuncia uma mudança de vida, porque a salvação (ou o salvador, pois soterion é neutro) está próxima. Por isso devemos preparar o caminho para estarmos dispostos a contemplar a glória do Senhor que toda carne poderá ver como salvação. João é, pois, como um boi que muge com voz possante no meio do descampado. A citação de Isaías é tomada da LXX grega com uma exceção, pois no versículo 5 diz: revelará a glória do Senhor, que falta em Lucas. Um outro ponto discutível é quem era o Senhor a quem se refere esse título. Parece que proclamando o dia do Senhor seria Javé, que posteriormente seria o caminho cristão como foi conhecido o Reino após a ressurreição de Jesus nos Atos dos Apóstolos (At 9, 2).

A PREPARAÇÃO: Todo barranco será preenchido e toda montanha e morro abaixados e será (sic) o curvado em direto e as ásperas em estradas lisas(5). Omnis vallis implebitur et omnis mons et collis humiliabitur et erunt prava in directa et aspera in vias planas. O grego de Lucas está tomado quase literalmente da LXX em Isaías 40, 4, com pequenas alterações como um todo antes de curvado. O interessante é saber em que situação as palavras do profeta foram pronunciadas. A passagem de Isaías alude à volta do cativeiro de Babilônia: Javé conduz os repatriados. O profeta, seguindo os costumes orientais para as visitas das cidades pelos reis e grandes personagens, pede que seja preparado o caminho que incluia a zona desértica por onde deverão passar os deportados na sua volta. Javé voltava a reinar em Israel. A evocação era totalmente típica, pois era iminente a chegada de um novo reino e a analogia, aplicando a restauração de Israel à instauração do Reino era absolutamente válida. A materialidade do caminho é substituída pela preparação moral e interna, que a nova situação exigia.

A SALVAÇÃO: E verá toda carne a salvação de Deus(6). Et videbit omnis caro salutare Dei. Está faltando parte do texto grego da LXX como é: será manifestada a glória do Senhor [kebod Jahveh, doxa Kyriou], anterior a que toda carne verá a salvação de Deus. O texto massoreta diz: A glória de Jahveh será manifestada e toda carne a verá. A eleição do texto grego implica a consagração do mesmo como palavra revelada e ao mesmo tempo oferece uma distinção entre Salvador e Salvação. O substantivo to sötërion, tanto no texto de Lucas como no grego da Septuaginta, é neutro e indica claramente Salvação. A Vulgata também conserva o ato e não o agente traduzindo salutare [ação de salvar]. É o mesmo que cantou o velho Simeão quando entre seus braços teve o menino Jesus: meus olhos viram tua salvação [sötërion sou, salutare tuum] (Lc 2, 30). Em ambos os casos o neutro indica uma ação e não um ator ou salvador. A tradução é pois, o feminino salvação em Português.

NO DESERTO: A palavra éremos significa tanto um lugar despovoado no qual só habitam animais ou feras, como um deserto propriamente dito. Os lugares sem água, verdadeiros desertos, são chamados anidros (Lc 11, 24). Segundo Mateus, era o deserto de Judá (3, 1). Simbolicamente o deserto tinha dois significados: ou um lugar amaldiçoado por Deus, terrível e espantoso (Dt 1, 19), habitado só por feras e demônios (Mc 1,13 ), ou, como símbolo, significando uma época privilegiada em que Israel nasce como povo escolhido, época de amores e infidelidade, sinal de salvação (Mt 24, 26). João percorria o vale do Jordão aparentemente desde Jericó ao sul, até as fontes de Enom, perto de Salim (FG-78).

PISTAS: .-1)Se o primeiro Domingo a reflexão foi sobre os novos tempos escatológicos, buscando em nossas vidas o triunfo parcial e temporal do Senhor Jesus, agora este Domingo a ponderação pende das palavras urgentes do Batista: para receber o que vem em nome do Senhor é necessário uma methanoia porque tendemos sempre à atitude mais fácil e mais egoísta.

2).Por meio dessa voz que clama muitas vezes no deserto das almas e no silêncio do mundo, o Batista exige como voz autêntica da parte da Deus uma reforma de vida. Sem ela jamais poderemos não só aceitar, mas nem ouvir palavras nas quais estão contidas as exigências da verdadeira vocação cristã.

3) A conversão implica mais do que uma renúncia ao pecado: significa uma aceitação do bem como objetivo primário da vida. Não tanto o mal que faço, mas o bem que procuro. Essa deve ser a meta de meus esforços.

4)Lucas nomeia cinco reinos contemporâneos. Nenhum deles trouxe para a história de nosso tempo motivo de amor e agradecimento. Somente Jesus vive com força atuante nos nossos dias: para o amor dos que o aceitam ou para a aversão dos que não querem que reine. A perseguição é um dos motivos pelos quais conheceremos a verdadeira religião: pois foi assim que receberam os profetas (Mt 5,12).

EXCURSUS: OS ANTECESSORES DE TIBÉRIO

GAIUS JULIUS CAESAR(-100 a –44): O primeiro nome foi o de Caio Júlio César, que comumente é designado por Júlio César. Ele foi cônsul, nomeado DICTATOR (-47) por 10 anos e não por seis meses, como era comum, com plenos poderes; e tribuno, com a faculdade de nomear magistrados e direito de declarar guerra ou paz. Foi César pelo nome. Pertencia à gens patrícia Júlia. A gens era um clan com seu chefe, seu culto familiar de penates(=divindades protetoras do lar) e seus clientes, ou pessoas livres protegidas, aos quais como mínimo, se dava pão e cebola. Os cabeças de família ocupavam os postos de senadores. Um exemplo: a gens Claudia reunia 5 mil pessoas. No tempo do império as estirpes patrícias foram em parte substituídas por famílias plebéias, devido talvez a que no ano –43 os triunviros [César, Pompeio e Crasso] mandaram matar 300 senadores e 2000 equites dentre os chamados proscritos. De seu nome, César, provém o Kaiser germânico que indica poder absoluto, assim como o Tsar das línguas eslavas, porque com sua ditadura ele acabou com a república romana.

GAIUS OCTAVIUS (63 aC até 14.dC) Era o seu nome de origem para, ao ser adotado no testamento como filho por seu tio, Júlio César, tomar depois do ano –27, o nome de Gaius Julius Caesar Octavianus. A história o conhece com o nome de César Augusto ou Augusto. Seu regime foi o de principatus, porque seu título primeiro era de princeps, ou primeiro cidadão, como chefe de uma república esquisita, na qual ele tinha uma autoridade principal. De família próspera, seu pai (+59 aC) foi o primeiro da mesma a ser nomeado senador e pretor, cargo imediato ao de cônsul por um ano. Sua mãe Atia, era irmã de Júlia, esta irmã de Júlio César. E foi César, o tio, quem jogou o jovem Otávio na arena política romana. Aos 12 anos Otávio pronunciou a oração fúnebre em memória de sua avó, Júlia, mãe de César. Três ou quatro anos mais tarde recebe o ansiado título de membro do colégio dos pontífices. Na república eram 3 ou 4 membros que nos tempos de César chegaram a 16 e cujo papel principal era a administração do Jus Divinum. Neste direito podemos destacar a regulamentação de lugares e ritos sacros; a normalização dos funerais e do culto aos Manes ou espíritos dos mortos dos ancestrais; a lei de matrimônios patrícios; a de adoção, e finalmente a regularização do calendário (Julio e Agosto são os dois meses acrescentados pelos dois primeiros imperadores já que o título de Pontifex Maximus era inseparável do título de Imperador). Júlio César conservou o título de Pontifex Maximus nos últimos vinte anos de sua vida e Augusto desde o ano 12 aC. Hoje é o título do Romano Pontífice. Pelo ano –33 Octávio, agora quase dono do poder, ignorou completamente os outros dois triunviros (Lépido e Antônio) e prefixou seu nome com o título de Imperator, ou comandante por excelência, e nas moedas cunhou a frase César, Filho de um deus, porque para este tempo seu pai adotivo, Júlio César, fora reconhecido no ano –42 como deus do Estado romano (Um manes estatal mais do que gentílico). No ano -28 iniciou um censo (o primeiro dos três) da população do seu império. O império teria 5 milhões de habitantes. No ano –27 O seu nome de César, como adotado, foi complementado pelo de Augusto, que se acreditava etimologicamente estar unido à “autoritas” e à prática dos augúrios. Augusto estava em contraste com Humano, indicando assim sua superioridade sobre o resto da humanidade. Em grego seria Sebastós (digno de veneração). Além do título de Imperator, com o poder de Imperium Maior, que o exaltava sobre os cônsules, recebeu o da Tribunícia Potestas, ou tribuno da plebe para toda sua vida, e não só por um ano. No ano –17 inaugurou Os Ludi Saeculares ( jogos seculares) purificando o povo de seus pecados e inaugurando uma nova era. Adotou os dois filhos de Agripa, seu lugar-tenente, casado com sua filha Júlia. Morto Agripa no ano –12, Augusto ordenou sua viúva, Júlia, que era sua filha, a casar-se com Tibério. Seus netos mortos, Augusto adotou seu genro Tibério como filho em 4 aC. Quando da morte de Augusto em 14 dC, Tibério o sucedeu como Imperator e Augustus, e o divinizou como deus protetor do Estado.



29.11.2009
PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

__ “Então eles verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens, com grande Poder e Glória!” __

Comentário: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Neste 1º Domingo do Tempo do Advento, a Palavra de Deus apresenta-nos uma primeira abordagem à “vinda” do Senhor. Na primeira leitura, pela boca do profeta Jeremias, o Deus da aliança anuncia que é fiel às suas promessas e vai enviar ao seu Povo um “rebento” da família de David. A sua missão será concretizar esse mundo sonhado de justiça e de paz: fecundidade, bem-estar, vida em abundância, serão os frutos da acção do Messias. O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Messias filho de David, a anunciar a todos os que se sentem prisioneiros: “alegrai-vos, a vossa libertação está próxima. O mundo velho a que estais presos vai cair e, em seu lugar, vai nascer um mundo novo, onde conhecereis a liberdade e a vida em plenitude. Estai atentos, a fim de acolherdes o Filho do Homem que vos traz o projecto desse mundo novo”. É preciso, no entanto, reconhecê-l’O, saber identificar os seus apelos e ter a coragem de construir, com Ele, a justiça e a paz. A segunda leitura convida-nos a não nos instalarmos na mediocridade e no comodismo, mas a esperar numa atitude activa a vinda do Senhor. É fundamental, nessa atitude, a vivência do amor: é ele o centro do nosso testemunho pessoal, comunitário, eclesial. Jubilosamente, entoemos o cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)

PRIMEIRA LEITURA (Jr 33,14-16): - "Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra."

SALMO RESPONSORIAL Sl 24: - "Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma!"

SEGUNDA LEITURA (1Ts 3,12—4,2): - "Aprendestes de nós como deveis viver para agradar a Deus."

EVANGELHO (Lc 21,25-28.34-36): - "Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória."



- "Erguei a vossa cabeça..."
    Reflexão Dominical por Diácono José da Cruz

O gesto de ficar de cabeça baixa tem muitos significados, quando se perde a honra e a dignidade, quando pesa sobre nós alguma acusação grave, quando sentimos o peso de nossas misérias, ou quando há em nós alguma culpa ou remorso, por algo de mal que cometemos. Antigamente, os filhos ou filhas, ouviam a correção paterna de cabeça baixa, sinal de vergonha, humilhação e arrependimento. Em um tribunal, o réu permanece de cabeça baixa diante do magistrado. Pode ser um gesto imposto, mas também pode ser um ato voluntário. Quem tem coração marcado por alguma culpa, não consegue olhar nos olhos de alguém que lhe é superior nas virtudes. Na minha infância, quando os valores familiares e comunitários eram um patrimônio sagrado, havia certos olhares que evitávamos, quando havíamos cometido algum deslize, o olhar do pai e da mãe, o olhar dos nossos mestres na escola, o olhar do sacerdote na igreja, ou mesmo o olhar da nossa catequista, ou daquelas pessoas que considerávamos muito bondosas. Sempre que algo pesava em nossa consciência era muito difícil erguermos a cabeça e olharmos de frente para essas pessoas. Talvez seja por isso, que nesses tempos da pós modernidade, algumas pessoas mais antigas, vira e mexe, comenta “Que o mundo véio virou de ponta cabeça”, referindo-se a essa inversão de valores no campo da ética e da moral.

Parece que hoje em dia há um sentimento de culpa, no coração de quem quer se comprometer com o Bem , que é o próprio Deus revelado em Jesus Cristo, pois a perversidade, a maldade, a mentira e o cinismo, estão  presentes em todas as classes ou categorias de pessoas, fazendo com que instituições, antes intocáveis, agora sejam vistas com certa desconfiança.. E assim, muitas pessoas acabam desistindo de ser boas, honestas, íntegras em seu ambiente, por terem vergonha de ser uma exceção. Tive uma amiga que saiu de uma empresa, porque na sua área de trabalho, embora jovem, e sendo casada, era a única que não tinha ainda saído com o chefe e dizia-me que sentia-se muito mal em meio as outras meninas.

É o relativismo nefasto e cruel, que vai sufocando os valores da dignidade humana e que invadiu todos os ambientes, até mesmo nossas comunidades cristãs, corrompendo o coração de muitos crentes testemunhas de Jesus. Quando o homem passa a ser referência de si mesmo, sem a índole do cristianismo, o mundo verdadeiramente acaba “virando de cabeça para baixo”.

Sol, lua e estrelas simbolizam algo que toda a humanidade pode ver. De fato, em toda a terra tem-se a impressão de que o Mal se tornou soberano e nos filmes catastróficos, algo apavorante é o barulho do mar e as ondas gigantescas que engolem em poucos minutos, toda uma civilização. Para o povo antigo, o mar era o domínio das forças do mal, eis aqui a causa da angústia humana: medo de que o Bem Supremo não exista, de que tudo o que ouvimos falar de Deus seja uma mentira  e que a Obra da Criação e a Salvação que Jesus nos trouxe, não passe de uma bela história, inventada por grupos religiosos.O ser humano tem medo da sua própria verdade, e mais ainda, da Verdade Divina.

O Evangelho desse primeiro domingo do advento, quando no calendário litúrgico inicia-se um novo ano, desfaz essa grande mentira do Mal “Vencedor”. “Então eles verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens, com grande Poder e Glória!”. Haverá um epílogo na História da Humanidade, tudo irá convergir  para Deus. Naquele momento irá se revelar quem é o ser humano, criado por Deus e chamado para viver a vocação do amor em sua plenitude, todos os homens se encontrarão com Cristo, Senhor do céu e da terra, o primogênito de vivos e mortos, o homem verdadeiro nascido do desejo de Deus, feito á sua imagem e semelhança.

“Quando todas essas coisas começarem a acontecer..” Isso é, quando tudo parecer estar perdido, quando o homem perder toda sua dignidade e rastejar-se diante das forças do mal, enfim, quando a derrota do Bem  parecer iminente, o cristão altivo, que professa sua fé em Jesus Cristo, único Deus e Senhor de toda a História, deverá levantar-se e erguer a cabeça, porque a redenção está próxima. O seu testemunho firme e resoluto irá desmascarar o mal, onde ele estiver, e como a neve tênue, o Mal não conseguirá resistir ao raio de sol do Bem Supremo que é Jesus Cristo.

Quanto aos que acreditaram nas potestades do mal e em seu livre arbítrio trilharam os caminhos da escuridão, naquele momento irão abaixar a cabeça envergonhados, porque não conseguirão contemplar o Cristo Glorioso sobre as nuvens  estes tomarão consciência da vitória definitiva do Bem e depois, assistirão estupefatos a instauração definitiva do Reino, e depois, cabisbaixos seguirão adiante, mergulhando na angústia eterna, tendo a sã consciência de que tiveram mil oportunidades na vida, para conhecerem o Senhor, mas que desgraçadamente fizeram a Opção errada!

José da Cruz é diácono permanente da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim - e-mail:cruzsm@uol.com.br


Comentário ao Evangelho Dominical ( I Domingo do Advento)

Aproxima-se a vossa libertação!

Acho que eu não exagero se digo que todo ser humano deseja ser libertado! Há muito tempo atrás um amigo meu me dizia que não podia viver sem coca-cola. Certo dia levantou-se à meia-noite lembrando-se que naquele dia não havia tomada ainda a sua coca-cola, levantou-se, tomou-a e foi dormir placidamente.

Com o passar do tempo, as nossas ações se transformam em verdadeiros hábitos; se são bons, nós as chamamos virtudes; se são maus, vicios. No entanto, a virtude ou vicio não é só um hábito qualquer, é algo mais profundo, é uma disposição, um estar acostumado desde dentro com uma certa necessidade interior de tal maneira que para a pessoa habituada a uma determinada coisa parece-lhe não poder viver se não a realiza.

“Podemos ser, por tanto, escravos tanto das virtudes como dos vicios” – afirmaria alguém. E não é assim, pois a virtude não escraviza, ela liberta. A grande diferença entre o hábito que chamamos virtude e o hábito que chamamos vicio é que o primeiro nos constrói como seres humanos, o segundo nos destrói como tais. Só um insensato afirmaria que comer muito todos os dias até explodir nos constrói como seres humanos, ao contrário, a gula além de levar a obesidade, problemas de circulação, ataques do coração, mostra um descontrole da tendência básica de se alimentar. Pelo que eu saiba, até os animais param de comer quando já estão satisfeitos. Não é que sejam virtuosos, mas pelo menos seguem o instinto. Só o ser humano com o refinamento que tem para fazer o mal pode construir um vomitório para jogar a comida fora e assim poder continuar comendo, como faziam os antigos romanos.

O ser humano também pode ser refinado para fazer o bem. Sendo assim não basta ficar a nível do instinto, próprio dos animais, é preciso ir ao nivel da razão. A virtude, propriamente falando, encontra-se nesse nivel racional. Por isso podemos falar de virtudes humanas como a prudência, a fortaleza, a temperança e a justiça. A virtude, por tanto, leva consigo tudo aquilo que o instinto oferece, mas submetido à razão. No cristão, as virtudes se elevam a um nivel superior. Ou seja, pressupondo o instinto e o governo da razão, encontram-se a fé, a esperança e a caridade que Deus infundiu em nós. Fé, esperança e caridade são virtude teologais ou sobrenaturais.

Todo ser humano deseja ser libertado. Não podemos depender do instinto, sabemos que podemos chegar a mais e que Deus com a sua graça assume tudo o que é humano em nós e pone a un nível sobrenatural. Essa é a autêntica libertação, a que chega à raiz do ser humano, a que o contrói e dá forças para seguir firme neste mundo.

Liberdade, liberdade, liberdade! Como essa palavra é repetida por aí. Muitos se esquecem que só se pode ser livre se, desde dentro, não encontra nenhuma coação para fazer aquilo que está de acordo com o seu “ser homem” ou “ser mulher”. Atuar de outra maneira, como que por uma espécie de instinto e que ademais não combine com aquilo que se é, nada mais é que escravidão. Ou acaso não é verdade que a liberdade de muitos termina na cadeia porque se sentia muito livre para matar, ou numa doença sexual que a prende porque se sentia muito livre para fazer o que queria com o seu corpo, ou numa diabete aguda que impede de comer muitas coisas exatamente porque era muito livre para comer? Contradições da vida? Contradições da vida. Verdade cristalina: “todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo” (Jo 8,34)

Toda pessoa humana necessita ser livre, deseja ser libertada. Como? Entregando-se a Cristo, colocando-se nas suas mãos, aceitando participar do Mistério de sua Morte e Ressurreição no Sacramento do Batismo e nos demais Sacramentos da Igreja. Outra verdade cristalina: “Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres” (Jo 8,36).

O que tem a ver tudo isso com esse primeiro domingo do Advento? Tudo. Estamos esperando a segunda vinda do Senhor e devemos preparar-nos para esse retorno pedindo-lhe e esforçando-nos para que se soltem as nossas cadeias para que assim nos apresentemos “de pé diante do Filho do homem” (Lc 21,36) e possamos ir ao seu encontro livres. Que os nossos corações “não se tornem pesados com o excesso de comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso” (Lc 21,34).

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa (29/11/09)


Comentário Exegético – Primeiro Domingo do Advento (Ano B)

Extraído do site Presbíteros - http://www.presbiteros.com.br/index.php/comentario-exegetico-i-domingo-do-advento/

Segunda Leitura

LUCAS: 1º DOMINGO DO ADVENTO

EPÍSTOLA (1Ts 3, 12-4,2)

INTRODUÇÃO: Esta carta é a primeira escrita por Paulo aos cristãos que viviam na Europa, em Tessalônica, e nela as verdades fundamentais da vida cristã estão claramente definidas. É um pequeno catecismo escrito. No ano 50 de nossa Era, Paulo chega a esta cidade, capital da província romana de Macedônia, situada no golfo Termaico, porto seguro. Nela começava avia Egnatia, que ligava o mar Egeu com o Adriático. Quando Paulo evangelizou pela primeira vez, era uma cidade rica e próspera com uma numerosa colônia judaica, que, contrária à sua pregação, o obrigou a sair após breve tempo. Apesar disso, Paulo está contente, porque os neófitos seguem a verdadeira fé. No trecho de hoje, Paulo exorta os tessalonicenses para estarem preparados para a vinda de Cristo

ROGO DE PAULO: Que o Senhor, pois, vos aumente [pleonasai<4121>=multiplicet] e acumule [perisseusai <4050> =abundare faciat] no amor [agapë<26>=caritatem] mútuo e para todos, como também nós para convosco(3, 12). Vos autem Dominus multiplicet et abundare faciat caritatem in invicem et in omnes quemadmodum et nos in vobis. VOS AUMENTE: O verbo Pleonazö significa abundar, ser rico em, estar abundante de, fazer que alguém aumente em alguma coisa. Com a exceção de 2 Pd 1, 8 é termo que usa Paulo em 7 ocasiões em suas cartas. De modo especial é famoso o versículo em que afirma que a Lei entroupara que a ofensa abundasse. Mas onde abundou o pecado a graça superabundou (Rm 5,20).VOS ACUMULE: O segundo verbo é Perisseuö, exceder,estar em abundância, redundar, ser preeminente, transbordar, superabundar, sobrar. Em Lc 9, 17 temos como foram recolhidos os 12 cestos dos pedaços que ainda sobejaram após se fartarem na multiplicação dos pães e peixes. No caso, significa causar alguém a ser proeminente em amor, como em Mt 13, 12: ao que tem ser-lhe-á dado e terá em abundância. Na parábola do filho pródigo este, faminto, exclama: quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância (Lc 15, 17). O amor ou caridade é uma graça divina que responde mais ao favor do Pai do que ao esforço ascético humano. Daí, que o primeiro versículo seja uma petição em forma de desejo. AMOR: O Agapë é uma palavra bíblica usada no Cântico dos Cânticos como tradução do hebraico ‘ahabah<0160> que tem o meso significado de ‘ahab <0158>: afeto ou amor em sentido amplo. Nos evangelhos só sai uma vez em Mt 24, 12 e outra em Lc 11, 42; mas 7 vezes em João, como o amor de Deus (5, 42) ou mútuo entre os discípulos (15, 9) o de Jesus por seus discípulos (15, 13), ou entre o Filho e o Pai (17, 26), paradigma do que deve existir entre o Pai, o Filho e os discípulos deste. Paulo usa o termo abundantemente. Somente em Romanos temos 8  versículos em que encontramos a palavra agapë. O latim traduz por caritas ou dilectio.  Famoso é o canto ao amor de Paulo em 1 Cor 13, 4 s, com o agapë grego traduzido por caritas em latim. A fé está unida à caridade em Paulo, como duas firmes colunas do discipulado. Por isso, escreverá que a fé (pistis) deve ser atuada pelo amor (agapë)(Gl 5, 6). E é aqui que o amor tem uma menção preferente, com cinco artigos em que louva ou recomenda esse amor mútuo, como dádiva divina. O atual versículo lembra Jo 13, 35: Sereis meus discípulos se vos amardes mutuamente. E na sua carta primeira, afirmará: se alguém afirmar que ama a Deus, mas  odeia seu irmão é um mentiroso (1 Jo 4, 20). Logicamente, este amor não pode se restringir aos amigos, mas deve se mostrar como genuíno, amando o inimigo (Mt 5, 48-47), COMO NÓS FAZEMOS: Não é a única vez que Paulo utiliza sua conduta como exemplo para os cristãos (ver 1Cor 4,6 e 11,11 Ts 1, 6 e Fp 3, 17).

FINALIDADE DO AMOR: Para fortalecer [stërixai<4741>=confirmanda] vossos corações sem defeito [amemptous<273>=sine querella] em santidade [agiösinë<42>=sanctitate] perante o Deus Pai nosso na parusia [parousia <3952>=adventu] do nosso senhor Jesus Cristo no meio dos seus santos [agiön<49>=sanctis] (13). ad confirmanda corda vestra sine querella in sanctitate ante Deum et Patrem nostrum in adventu Domini nostri Iesu cum omnibus sanctis eius amen. FORTALECER: Stërizö significa ser ou tornar firme, estabilizar, fixar.Como exemplo temos Lc 22, 32:Roguei por ti para que tua fé não se apague; e quando te converteres, confirma teus irmãos. Nas quatro vezes que sai em Tessalonicenses o inglês traduz por establish, [fundar ou fixar] que a TEB traduz por fortalecer, como em 3, 2: Enviar Timóteo para vos fortalecer e encorajar na fé, que a vulgata traduz por confirmare. SEM DEFEITO: Amemptous, livre de falta ou defeito, irrepreensíveis, como eram Zacarias e Isabel diante de Deus, que observavam os mandamentos do Senhor de maneira irrepreensível (Lc 1, 6). EM SANTIDADE: Agiösinë: Não sai nos clássicos e é propriamente uma palavra bíblica, cujo significado principal é ligado à majestade divina ou sua transcendência como ser sumamente poderoso, justo e bondoso. Talvez sebastos [venerável, augusto] seja a melhor tradução. Porém, em Is 63, 10, a setenta traduz o hebraico KODESH pelo grego AGION. A terra onde estás é sagrada [kadosh e agia] em Êx 3, 5. De modo que a palavra indica mais excelência do que santidade em sentido moderno. No caso, indica uma purificação do mundo de modo que os cristãos pertencem a Deus como seres a Ele consagrados, ou dedicados ao seu culto. Dai também a pureza, sem mancha ou defeito do trecho anterior, como coisas ou pessoas a Deus dedicadas. PARUSIA: Do verbo Pariemi, estar presente, como em 1 Cor 16, 17: Sinto-me feliz com a presença de Estéfanes. Nos evangelhos, é a presença, visível de novo, de Jesus triunfante unida ao fim do aiön [do século]. O fim da urbe ou o fim do orbe? Tudo depende de como são traduzidas as palavras aiön e parousia. Consumatio urbis parece o mais apropriado às palavras de Jesus na frente do templo e de Jerusalém, pois tudo será consumado antes de que esta geração termine; o que indica que haveria testemunhas do sucesso que em tempos de Jesus estariam vivas (Mt 24, 34). E de fato, se cumpriu de modo singular. Por isso, esta parusia não necessariamente deve ser tomada como a do momento da destruição de Jerusalém, e nem muito menos da consumatio orbis ou fim dos tempos. Mas, atualmente, sem ter nada a ver com futura presença, e só se fala do momento em que Paulo escreve e que considera Jesus presente diante do Pai e dos que com ele foram salvos até esse instante.

EXORTAÇÃO: De resto, pois, irmãos, vos rogamos [erötömen<2065>=rogamos] e exortamos [parakaloumen<3870>=obsecramos] no Senhor Jesus, que como recebestes [parelabete<3880>=accepistes] de nòs o como deveis andar [peripatein<4043>=ambulare] e agradar [areskein<700>=placere] a Deus para abundar [perisseuëte<4052>=abundetis] mais (4,1). De cetero ergo fratres rogamus vos et obsecramus in Domino Iesu ut quemadmodum accepistis a nobis quomodo vos oporteat ambulare et placere Deo sicut et ambulatis ut abundetis magis. DO RESTO: Parece que aquí, Paulo quer dizer finalmente, mas o que quer dizer é que esta é a última parte da carta com instruções para crescer agradando a Deus no dia-a-dia. ROGAMOS: Erötaö é requerer, solicitar, interrogar, rogar insistentemente, como em Mt 15, 23: Os discípulos vieram e suplicaram: ” Manda embora,pois ela vem gritando atrás de nós”. Ou em Mt 16, 13: em Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos. Logicamente, neste caso, temos que optar por suplicar ou rogar. EXORTAMOS: o significado de Parakaleöé citar, intimar e também exortar, confortar, instruir, admoestar, advertir. Como citar: At 28, 20: vos chamei para vos ver e falar. Com o significado de exortar: Assim com muitas exortações anunciava o evangelho ao povo (Lc 3, 18).Com o significado de confortar: Ditosos os que pranteiam porque serão confortados (Mt 5, 4). RECEBESTES: Paralambanö: tomar, receber.José não temas tomar Maria como esposa (Mt 1, 20). Também escolher, comodois estarão no campo: um será escolhido, o outro deixado (Mt 24, 30). Ou receber a palavra: porque recebestes a palavra de Deus que ouvistes de nós (I Ts 2, 13). COMO DEVEIS ANDAR: Nas poucas semanas em que Paulo permaneceu entre os tessalonicenses, ele os instruiu nas matérias básicas da moral cristã que considera agora de essencial importância. O propósito de sua maneira de viver –seu caminhar- é agradar a Deus; por isso, usa o  verbo Areskö, cujo significado podemos ver em Mt 14, 6 quando a dança de Salomé foi do agrado de Herodes tanto que, complacente, estava disposto a dar a metade do seu reino. Paulo fala sobre sua maneira de evangelizar, não para comprazer ou agradar aos homens, mas a Deus (ITs 2, 4). Este é o procedimento do escravo com seu dono, só que o motivo não é o temor servil, mas o amor reconhecido: nós amamos porque Ele nos amou primeiro (I Jo 4, 19). PARA ABUNDAR MAIS: Isto implica que a perfeição não é estática, mas é um processo contínuo, tanto no conhecimento como nas obras do amor. Só Deus é infinito e, portanto, sem possibilidades de aumento; pois tudo é presente nEle e não existe nem passado nem futuro, nem menos nem mais. E precisamente, nesse progresso entra o nosso esforço e o dispêndio de energias contínuas. S, Tomás de Aquino afirmava que quem não quiser amar a Deus mais do que o ama, de modo algum cumpre com o primeiro preceito de amar a Deus.

OS MANDATOS: Pois sabeis que classe de preceitos [paraggelias<3852>=praecepta]vos demos da parte de Jesus Cristo (2). Scitis enim quae praecepta dederimus vobis per Dominum Iesum. Nesta exortação parenética de Paulo, em quepropõe como meta, umcontínuo agradar a Deus, ele até oferece o modo mais conveniente: guardar os preceitos [paraggelia, proclamação, comando, preceito] que anteriormente ele tinha dado como provenientes do próprio Jesus Cristo. Ele, que é o apóstolo da fé, não tem inconveniente em afirmar que a imoralidade e o egoísmo são causa de rejeitar o próprio Deus (v 8). Nesses tais indivíduos não habita o Espírito Santo, penhor da vida eterna, que nos une a Deus; pois somos constituídos em santuários da divindade (ICor 3, 16).

Evangelho

I DOMINGO DO ADVENTO – Lc 21, 25-28 e 34-36
Lugares paralelos: Mt 24, 15-21 e 29-31; Marcos  13, 14-19 e 24-37

DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM – PARUSIA

ESCATOLOGIA DE LUCAS: O discurso escatológico de Lucas se desenvolve no capítulo 21 dos versículos 5 ao 36. Tem paralelos em Mt 24, 1-44 e Mc 13, 1-37. Dizer escatológico não é afirmar em absoluto o fim último, mas o fim de uma era ou época, especialmente da época do AT, substituída por uma outra, o Reinado de Jesus, ou Novo Testamento, até que venha depois o fim dos fins, ou seja, a escatologia final. Aliás, a palavra escatologia não é bíblica e nas Escrituras só encontramos o adjetivo: eskhatos<2079> que significa último. Com esta consideração em mente, vamos estudar a perícope de hoje de Lucas. Segundo autores modernos, existe em Lucas (ou podemos pensar assim) após a profecia sobre a destruição de Jerusalém, uma seção à parte, referida ao fim de todas as coisas que comumente chamamos de juízo final, a começar no versículo 24: “Jerusalém será pisada pelos gentios até que se cumpram os tempos das nações”. Se realmente os versículos seguintes se referem ao fim do mundo, este versículo indica que devemos contar com um intervalo de tempo considerável e indefinido antes que aconteça esse fim, pois devem se cumprir os tempos das nações. O discurso, pois, que chamamos escatológico, expressa a certeza de Jesus quanto ao seu triunfo final, embora admita dias escuros pela frente. Mais uma coisa devemos ter em conta: a linguagem usada pertence a um estilo bem figurativo, próprio dos profetas do AT, inaugurado por Amós (5, 18) com o Dia de Jahveh, [Yom Jahveh] , traduzido ao grego como emera tou kyriou e  ao latim pelo Dies Domini [Dia do Senhor]. Amós inaugura assim esse estilo que chamamos apocalíptico, em que a imagem predomina sobre a verdade histórica, como temos visto em comentários anteriores.  O DIA DE JAHVEH: Este dia do Senhor (de Jahveh) aparece pela primeira vez em Amós (760 aC) como manifestação da cólera divina no seu juízo de decisão e separação entre bons e maus. Estes para serem castigados, especialmente os inimigos de Israel, e aqueles para serem salvos como povo escolhido. Será um dia de trevas, não de luz, segundo “Ai daqueles que desejam o dia de Jahveh. Para que vos servirá o dia de Jahveh? Ele será trevas e não luz (5,18)… Acontecerá naquele dia –oráculo de Jahveh- que eu farei o sol declinar em pleno meio-dia e escurecerei a terra em um dia de luz”(8,9). Esta metáfora do dia de Jahveh, como dia de julgamento ou decisão, é tomada depois por Isaías (740-687 aC). No ano de 689 houve um eclipse total do sol, visto pelo profeta que descreve assim a destruição de Babilônia pelo rei assírio Senaquerib: “Eis que vem o dia de Jahveh implacável, e o trasbordamento de uma ardente cólera que vai reduzir a terra à desolação e dela exterminar os pecadores. As estrelas do céu e as suas constelações não farão mais brilhar a sua luz. Desde o nascer, o sol será escuro e a lua não dará mais a sua claridade… Tornarei os homens mais escassos que o ouro, mais raros que o ouro de Ofir (lugar onde a frota de Salomão buscava ouro e pedras preciosas). Por isso abalarei os céus, e a terra tremerá nas suas bases, sob o furor do Senhor de todo poder, no dia de sua grande cólera” (13, 9-13). De fato, Babilônia foi arrasada e ficou deserta durante dez anos. Também tardiamente Joel (400 aC) usa a metáfora sobre um suposto julgamento feito contra as nações :” …No vale de Josafá (=Jahveh julga; depois vale dos mortos) me sentarei como juiz para julgar todas as nações em redor…O dia de Jahveh está próximo no Vale da Decisão. Escureceram o sol e a lua e as estrelas perderam seu brilho”( 3, 12-16). Como vemos, é um dia de castigo para os inimigos do verdadeiro Israel, mas um triunfo para estes últimos que confiam em Jahveh. No NT, João, o Batista, usa a metáfora para definir os novos escolhidos dos tempos messiânicos: A pá que separará pela joeira o trigo do refugo, este para ser queimado no fogo inextinguível (Mt 3,12). Pronunciadas neste estilo, devemos ouvir as seguintes palavras de Jesus, que não podem se situar num grau inferior aos profetas antigos sobre castigos e presença de Deus na história das cidades e nações culpáveis. Vejamos.

OS SINAIS: Assim haverá sinais no sol, na lua e nos astros (sic) e sobre a terra aperto de nações em confusão pelo  bramar do mar e da borrasca (25).Et erunt signa in sole et luna et stellis et in terris pressura gentium prae confusione sonitus maris et fluctuum. Secando-se os homens por medo e expectativa dos eventos a chegar na terra habitada. Pois as forças dos céus serão sacudidas (26). Arescentibus hominibus prae timore et expectatione quae supervenient universo orbi nam virtutes caelorum movebuntur. Os sinais [semeia<4592>]  são prodígios ou fatos inusitados como podem ser eclipses e estrelas cadentes. Sol, lua e astros implicam as forças dos céus, e o mar agitado em tormenta as forças do abismo ou do mal. A tradução literal seria: Na terra ansiedade de nações com espanto, bramindo o mar e a borrasca. Diante de semelhantes fenômenos é lógico que os homens da terra fiquem apavorados. Que pode acontecer, quando as forças do céu estão abaladas, forças que mantinham a ordem no cosmos? Vemos em Isaías 34:4:  E todo o exército dos céus se desfará, e os céus se enrolarão como um livro, e todo o seu exército cairá como cai a folha da vide e como cai o figo da figueira. A razão que explica semelhante catástrofe é ser o dia do Senhor, de sua vingança, como descreve em 34:8  Porque será o dia da vingança do SENHOR, ano de retribuições, pela luta de Sião. Numa outra passagem, Isaías 13, 10-13, descreve com estilo apocalíptico a destruição da Babilônia:  Porque as estrelas dos céus e os astros não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz. E visitarei sobre o mundo a maldade e, sobre os ímpios, a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos e abaterei a soberba dos tiranos. Farei que um homem seja mais precioso do que o ouro puro e mais raro do que o ouro fino de Ofir.  Pelo que farei estremecer os céus, e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos e por causa do dia da sua ardente ira. De fato, Babilônia foi tomada sem luta, após o último rei ser assassinado pelos sacerdotes opostos ao seu reinado. Mas também sabemos que houve um eclipse total de sol algum tempo antes, como base de versículos anteriores. Nem tudo é pura fantasia.

A PARUSIA: E então verão o Filho do Homem vindo em nuvem com poder e muita glória (27). Et tunc videbunt Filium hominis venientem in nube cum potestate magna et maiestate. A PARUSIA. É a presença vitoriosa de Jesus, que pode ser vista do ponto de vista teológico ou cronológico, tendo como fundo a revelação que chamamos apocalíptica e como forma as imagens dos profetas para indicar uma ação direta de Deus. O apocalipse, como fundo, é o triunfo do bem e da verdade sobre o mal e a mentira, triunfo que só será definitivo na escatologia final. Tomando esta palavra [escatologia] como forma significativa de um estilo e não de uma visão real, podemos afirmar que Jesus toma do AT as imagens para descrever duas coisas: o castigo dos rebeldes com a destruição do templo e, portanto, das leis mosaicas; e o início de um novo reino. As primeiras estão tomadas quase literalmente de Isaías [como temos visto no parágrafo anterior], sendo que Lucas une o mar (no seu abismo está o reino do mal) aos sinais perturbadores dos homens provindos do céu, onde estava escrito a sina da humanidade. O julgamento será para separar nesse dia, antigamente chamado de Jahveh e que agora se transforma no dia do Senhor Jesus, os crentes, dos que rejeitaram seu senhorio e se aferraram às práticas tradicionais para O rejeitar, como fizeram fariseus e escribas. Ficariam sem templo, sem lei e sem pátria. Seriam praticamente dizimados, a não ser pela abreviação dos dias por causa dos eleitos (Mt 24,22). Um segundo grupo de imagens é tomado de Daniel quando descreve no capítulo VII o quinto reino. “Eis que com as nuvens do céu vinha um como Filho do Homem; ele chegou até o Ancião e o fizeram aproximar-se da sua presença. E lhe foi dada a soberania, glória e realeza: as pessoas de todos os povos, nações e línguas o serviam. Sua soberania é uma soberania eterna, que não passará e sua realeza que jamais será destruída”(Dn 7,13-14). Tanto num caso como no outro, Jesus assume categorias divinas. Vir nas nuvens do céu significa ter poderes divinos, pois o salmo 68, 4 diz: Cantai a Deus, tocai ao seu nome, abri caminho ao Cavaleiro das nuvens. Esse mesmo Senhor que segundo Nm12, 5 desceu numa coluna de nuvem e  se deteve na entrada da Tenda. Que falava com Moisés e Aarão e Samuel da coluna da nuvem (Sl 99, 7) e cuja glória apareceu aos israelitas na nuvem (Êx 16, 10). Não é de estranhar que Caifás, o sumo-pontífice, declarasse blasfêmia, ao ouvir Jesus dizendo: vereis o Filho do Homem, sentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (Mt 26, 64).Esse podercom o qual une a glória, que o latim muito propriamente traduz por majestade [forma real de se apresentar em público um rei] é o próprio poder de Deus que o Pai deixou nas mãos do Filho como vere homo para destruir todo Principado, toda Autoridade, todo Poder, pois é preciso que reine até que tenha posto todos os seus inimigos debaixo dos seus pés , como vere Deus(1 Cor 15, 25). Jesus toma as palavras do profeta Joel 3:12 : Movam-se as nações e subam ao vale de Josafá; porque ali me assentarei, para julgar todas as nações em redor. Só que o juiz é o Rei, ou seja, Jesus reconhecido como o Ungido, o Messias: quando o Filho do Homem [ o vere homo] vier em sua glória e todos os anjos com ele, então se assentará no trono [bema] de sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as nações (Mt 25, 21-22).

A PROXIMIDADE: Começando, pois, a suceder estas coisas, erguei-vos e levantai vossas cabeças,  porque está próxima a vossa libertação (28). His autem fieri incipientibus respicite et levate capita vestra quoniam adpropinquat redemptio vestra. Todos esses sinais são indicadores de que o resgate, a libertação para os bons, está próxima. E Jesus o indica, com o exemplo da figueira e outras árvores que prediziam a proximidade do verão. Estavam na semana anterior da Páscoa e eram, portanto, visíveis os brotos das árvores que eram indicação do estio. Portanto, esses indicadores são prenúncios do Reino. Esse reino que Jesus afirmava estar já atuando dentro daquela geração (Lc 17, 21); mas encontrando resistência ou oposição desde sua aparição com João, o Batista (Mt 11,12). Esse impedimento da parte dos judeus, que deveriam ser os que o promovessem, acabará com a destruição do templo e a ruína de Jerusalém. Esses fatos estavam próximos, dentro daquela geração, que inicialmente tinha rejeitado formalmente o Reino, matando o fundador. O impedimento era o templo e as lideranças judaicas.

1º) O TEMPLO: Reinava em Judá, Manassés (687-642). Eis como descreve o segundo livro dos reis ( 622 aC) o que acontecerá com o rei e o templo: “Neste templo e em Jerusalém, eleita por mim entre todas as tribos de Israel, porei meu nome para sempre. Não mais permitirei que os israelitas andem errantes …de tal forma que façam o que eu lhes ordenei e cumpram a lei que lhes prescreveu meu servo Moisés” (2Rs 21,7-8). Porém como Manassés tinha até sacrificado e queimado filhos aos ídolos, daí que prossegue: “Eis que faço cair sobre Jerusalém e sobre Judá uma desgraça tal que fará retinir os dois ouvidos de todos os que dela ouvirem falar” (21,12). O oráculo se cumpriu segundo narra 2Cr 33, 6-11, sendo Assíria o instrumento da ira divina, e levando Manassés, amarrado com uma cadeia dupla de bronze a Babilônia, de onde voltou arrependido, retomando seu reinado. Fixemos nossa atenção para dois fatos claros: Primeiro, a promessa divina de não sair do templo caso os israelitas cumpram as ordens e a lei pactuadas no tempo de Moisés. Segundo, o fato de um imenso poder como Assíria ter que levantar o cerco de Jerusalém porque uma peste matou no ano 700 aC pelas preces de Isaías, o profeta, durante o reinado de Ezequias, 185 mil homens, devido ao anjo de Jahveh, 2 Rs 19, 35. O caso é explicável porque Ezequias mandou secar as fontes de água externas e talvez os poços estivessem contaminados. Como resultado desse fato, os judeus acreditaram que o seu Deus lutava pela cidade e que esta seria sempre inexpugnável. Porém, o segundo templo, o ampliado por Herodes o Magno, seria destruído total e definitivamente, porque o pacto com Javé tinha acabado, devido à rejeição de seu Ungido como Rei. Os judeus queriam um monarca político-militar e Deus enviava um soberano para servir e não ser servido, para ser morto e não para matar, para amar sem esperar ser amado. 2°) A perseguição DOS DIRIGENTES que representou uma escravidão às leis mosaicas e aos poderes emanados do templo e da tradição, como vemos nos Atos (5, 17-18; cap 6 e 8, 1-3) e a escravidão à lei descrita em Gl 4,4. A REDENÇÃO: A vinda do Rei é uma libertação, que o grego descreve com a palavra apolytrosis <629> [livramento ou libertação, restituição da liberdade a um escravo], única vez em Lucas, no lugar de lytrosis<3085> [o pagamento do resgate]. Apolytrosis é a palavra preferida por Paulo para designar a ação redentora de Jesus pagando o preço do pecado ao custo de seu sangue [ou vida]. Como todos os escravos, especialmente os prisioneiros de guerra, diante do senhor triunfante, ajoelhavam-se e abaixavam a cabeça. Porém,  a vinda do Filho do Homem era uma vinda de libertação e por isso Jesus diz erguei-vos e levantai vossas cabeças pois já é tempo de ficar livres.

A VIGILÂNCIA

ATENÇÃO: Aplicai-vos, pois, para que vossos corações nunca estejam carregados por ressaca e embriaguez e por cuidados das coisas temporais e (assim) se apresente repentinamente aquele dia (34). Já que como um laço chegará sobre todos os que estão assentados sobre a face de toda a terra (35). Adtendite autem vobis ne forte graventur corda vestra in crapula et ebrietate et curis huius vitae et superveniat in vos repentina dies illa. Tamquam laqueus enim superveniet in omnes qui sedent super faciem omnis terrae.A pequena parábola da figueira nos versículos 29-33 está fora do evangelho de hoje porque o que interessa é a preparação do Advento para os fieis. E esse modo de viver sóbrio e frugal, sem se deixar dominar pelos instintos e preocupações materiais da vida, é o mais conveniente para um cristão, especialmente para quem se converteu do mundo pagão que era um mundo de comida, bebida e excessos sexuais à noite, perseguindo durante o dia o deus dinheiro. Segundo Mateus, a preparação é dirigida principalmente aos próprios apóstolos com a parábola do servo prudente. Depois a todos, com as dez virgens e os talentos, para terminar com o juízo final das nações. Essa premonição de Jesus a seus discípulos está clara em Marcos quando diz que o que vos digo, digo-o a todos (13,37). Lucas pede também a oração. Lucas é explícito ao indicar os dois motivos dessa vigília e dessa oração que pretende serem contínuas para que os discípulos estejam preparados para escapar a esses acontecimentos, e, em segundo lugar, para se mostrarem dignos do Filho do Homem ao qual poderão receber de pé como cooperadores que aplaudem e não prostrados em terra como vencidos. O laço é uma reprodução de Isaías 24, 17: Terror, cova e laço vêm sobre ti, ó morador da terra. É parte do chamado Apocalipse de Isaías em que Javé determina castigar a terra [de Israel]. Que terra é esta? A oikoumene [a dominada pelo império romano] do versículo 26, ou a terra de Israel? Caso, como Lagrange e outros prestigiosos autores católicos, a perícope de hoje seja unicamente sobre a ruína do templo e a ruptura com a Antiga Aliança, que pode ser um paradigma do eschaton final, a terra é a Palestina atual. No versículo 26 podemos também interpretá-la como a oikoumene, já que as guerras, tanto as da Judeia como as internas para se assegurar o império atingiram também o mundo romano. CONSEQUÊNCIA: Temos visto como Jesus não inventa nada. Suas palavras são um empréstimo das palavras dos profetas que o precederam e que eram destinadas a descrever o dia do Senhor, ou seja, um dia em que a justiça premiará os bons e castigará os maus num determinado momento histórico. Esse momento que Jesus prediz era a destruição da nação judia, de sua capital e do templo nos quais estava enraizada a sua religião. Logicamente, essa devastação era o início de uma nova era em que Jesus, e não Moisés, seria o novo líder religioso que levaria o povo ao verdadeiro Deus. Esse contraste entre Moisés e Jesus é visto através de uma leitura pausada dos evangelhos, especialmente na transfiguração do monte Tabor. O esplendor da divindade está no corpo de Jesus a quem acompanham os dois representantes da lei: Moisés e Elias.

EXCURSUS: as palavras de Jesus eram meros símbolos ou tinham um certo fundamento histórico? Cremos que devemos optar por um termo médio. Vejamos alguns fatos reais contrastados com as palavras do discurso escatológico nos três sinóticos. MUITOS VIRÃO EM MEU NOME (21,8) dizendo eu sou [o Messias].  No tempo do procurador Antônio Félix (52-60) a tensão entre os judeus e os procuradores aumenta. É no seu tempo que surge o grupo dos sicários e outros grupos que tentam despertar no povo os sentimentos messiânicos, proclamando-se profetas e fazendo promessas utópicas. Segundo Josefo, eles eram impostores e enganadores do povo, e, sob a pretensa iluminação divina, eram pela inovação e por mudanças, e conseguiram convencer a multidão a agir como loucos, e caminharam à frente deles pelo descampado, afirmando que Deus lhes iria ali mostrar sinais de liberdade. Tais grupos são duramente reprimidos pelos romanos através  de grandes matanças. Seguimos com Flávio  Josefo: Por volta de 44 D.C., apareceu um homem chamado Theudas (ou Teudas), que clamava ser um profeta. Encorajava as pessoas a segui-lo, trazendo os seus haveres até ao Jordão, que dividiria para os seguidores. De acordo com Atos 5 v. 36 (que parece referir-se a uma data diferente), conseguiu convencer 400 pessoas. O prefeito Cuspius Fadus enviou homens a cavalo em perseguição dele e do seu bando. Muitos deles foram mortos e outros foram tomados como cativos, juntamente com o seu líder, que foi decapitado. Citado por Atos 5, 6.  Outro citado pelo destacado judeu Gamaliel em Atos 5 v. 37 é chamado de Judas, o Galileu. Um outro messias, o Egípcio, terá supostamente conseguido agregar 30 000 seguidores, aos quais ele convocou para se reunirem no Monte das Oliveiras, junto a Jerusalém, prometendo que sob o seu comando as muralhas de Jerusalém iriam ser desmoronadas e que ele e os seus seguidores entrariam e tomariam posse da cidade. Mas Félix, o procurador romano (cerca de 55-60) enviou soldados que fizeram frente à multidão. O profeta escapou mas os seus principais seguidores foram presos ou mortos e a multidão dispersou. Ao contrário daqueles Messias, que esperavam conseguir a libertação do seu povo através de intervenção divina, Menahem, o filho de Judas da Galileia, e neto de Hezequiel, o líder dos Zelotes, que tinham irritado o Rei Herodes, era um guerreiro. Quando começou a guerra, ele atacou Massada com o seu grupo, armou os seus seguidores com as armas ali armazenadas, e partiu para Jerusalém, onde capturou a fortaleza Antônia, derrotando as tropas de Agripa II. Encorajado por este sucesso, ele comportou-se como Rei e clamou a liderança de todas as tropas. Animou por isso a oposição de Eleazar, outro líder Zelota que alguns historiadores acreditam ser irmão de Menahem, tendo sido assassinado como resultado de uma conspiração. Ele será provavelmente a mesma pessoa mencionada como Menahem ben Hezekiah no Talmud (tratado Sanhedrin 98b) e ali chamado de “provisor de conforto que deverá aliviar”. Após o ano 70 se sucederam 16 Messias a começar com Bar Cochba (+135) e o último Menahem Mendel Schneerim (+1994). Hoje existem três critérios sobre o Messias: O ortodoxo, que o considera como figura pessoal. O conservador, para o qual é um símbolo de que os homens são capazes de trazer a redenção divina ao mundo quando servem como instrumentos de Deus. O liberal, que substitui o Messias pelos tempos messiânicos. GUERRAS E SUBVERSÕES (21, 9) : Vejamos o que conta a História. Após o suicídio forçado de Nero (68), seguiu-se um breve período de guerra civil conhecido como o ano dos quatro imperadores. Entre junho de 68 e dezembro de 69, Roma testemunhou a ascensão e queda sucessivas de Galba, Otão e Vitélio e a ascensão final de Vespasiano, fundador da dinastia flaviana. Este período de guerra civil tornou-se emblemático dos distúrbios políticos cíclicos na história do Império Romano. A anarquia política e militar, criada por esta guerra civil, teve sérias implicações, como o rebentamento da rebelião batávica  ou germânica (ver Mt 24, 7, Mc 13, 7 e Lc 21, 9-10). Na Palestina ou Eretz Israel [terra de Israel], além das duas revoltas contra Pilatos, por introduzir as insígnias de Tibério em Jerusalém e de querer usar o korban do templo para construir um aqueduto que levantou uma revolta sangrenta (Lc 13, 1), temos outros fatos que iniciaram revoltas cruentamente reprimidas. Quando Vitélio Cumano (48-52 d.C.) é procurador ou melhor prefeito da Judeia, acontece violenta revolta dos judeus durante a festa da Páscoa, por causa de um ultraje cometido por um soldado romano. Cumano reprime o tumulto e vinte mil judeus perdem a vida. No tempo de seu sucessor Antônio Félix (52-60 d.C.), a tensão aumenta perigosamente. É no seu tempo que surge o grupo dos sicários, assim chamados por usarem em suas ações uma adaga curva e curta chamada “sica”. Outro procurador terrivelmente corrupto e repressor é Lucélio Albino (62-64 d.C.). Seu sucessor Géssio Floro (64-66 d.C.) consegue então jogar a gota d´água para que o ódio acumulado pelos judeus derrame. Quando, após muitas arbitrariedades, G. Floro requisita 17 talentos do tesouro do Templo, a revolução estoura. Os judeus escarnecem do procurador, fazendo uma coleta para o “pobrezinho” Floro. Resultado: Floro entrega para os seus soldados uma parte de Jerusalém, para que seja saqueada. O povo, não reage diante do saque, e o desprezo é vingado: há uma carnificina geral. Então, os revolucionários chefiados por Eleazar, filho do sumo-sacerdote, e chefe da guarda do templo, ocupam o Templo e a fortaleza Antônia. Eleazar incitou os sacerdotes em exercício a não aceitar donativos ou sacrifícios da parte de não-judeus, terminando com o sacrifício diário em favor do imperador. Este foi o começo propriamente dito da guerra contra os romanos. E assim o entenderam os cristãos, talvez vendo nesta interrupção a abominação da devastação (Mc 13, 14). Agripa II tenta conter a revolta e não consegue. Céstio Galo, legado da Síria, ataca com uma legião, mas é rechaçado com pesadas perdas, assim como antes Floro, Galo teve que se retirar para Cesareia ao ser derrotado. TERREMOTOS, PESTES E FOMES (21,11) : Sobre terremotos, é difícil averiguar fatos tão pontuais, mas é provável que isso tenha acontecido em parte da oikoumene durante o período de 30 anos desde a morte de Jesus até o ano 66. De fato, dos eclipses totais de mais de 7 minutos de duração, temos entre os anos 114-168 [54 anos] 4 eclipses totais, ou seja uma média de um por cada 13,5 anos. Com um novo estudo, uma equipe de cientistas conseguiu descobrir o que ocorreu numa das mais famosas e espetaculares erupções da história, a do Vesúvio, que soterrou as cidades italianas de Pompéia e Herculano (79 d.C.). A conclusão foi que 17 anos antes da tragédia (ano 62), que matou 20 mil pessoas, um terremoto anunciou o despertar do gigante Vesúvio, montanha de fogo de 1.220 metros de altura. Existem duas linhas de vulcões no mediterrâneo europeu: Uma delas na Itália com alguns vulcões ativos como Stromboli em que as explosões acontecem a cada hora. Santorini, com a última erupção freática em 1950 [erupção de materiais não incandescentes, motivada por esquentamento de água com a consequente expansão devida a uma fonte próxima de calor]. O Etna tem vomitado lava em erupções desde 1500 aC 150 vezes. O Vesúvio, que destruiu Pompéia e Herculano em 79 e com 46 erupções  após o ano 79. O Único vulcão ativo na parte oriental do Mediterrâneo, é o Nisyros na Grécia. Todos estes fenômenos hoje francamente explicáveis pela ciência, eram produtos do Deus ex machina nos tempos de Jesus, sendo sinais de grandes catástrofes humanas. Sobre a fome: Era um fenômeno muito comum como vemos pela parábola do filho pródigo (Lc 15, 14). Sabemos que nos tempos de Cláudio (41- 54),  foi provocada pelo subministro  pouco constante de grãos a Roma, obrigando o imperador a mandar secar o lago Fúcia para transformar o terreno em campos de cultivo. As guerras, e até civis, foram uma constante entre os romanos (ano 68), e também dentro dos limites da Palestina, desde o ano 64. A terra, conhecida como oikoumene, tinha na época, segundo o recenseamento feito por Cláudio 5.984.072, habitantes, um aumento de um milhão comparado ao censo que existia na morte de Augusto. Esta fome é a citada em Atos 11, 28. Sobre a peste sabemos que foi a escolha de Davi como castigo em 2 Sm 24, 15. Tácito fala de uma peste que arrebatou em Roma em poucos meses 30 mil pessoas. A peste também dizimou junto com a fome os habitantes de Jerusalém dentro do tempo do sítio romano. Podemos citá-la como castigo divino precedente ou consequente ao dia de Jahweh. Sobre os FENÔMENOS DO CÉU (21, 11) : Os eclipses tanto do sol como da lua e as estrelas [o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas caindo do céu]. Temos descrito como, antes da queda de Babilônia, houve um eclipse de sol. Segundo datos de Wikipédia num único século há um mínimo de 3 eclipses totais nos séculos II e IV com duração superior a 7 minutos. A escuridão total de um eclipse não dura mais que 7 minutos e 40 segundos. A cada milênio ocorrem menos que 10 eclipses totais do Sol que ultrapassam mais de 7 minutos de duração. Uma das características do eclipse lunar é a cor vermelha da lua, que pode ter três intensidades diferentes de cor. Todo ano acontecem pelo menos dois eclipses lunares. Se você conhece a data de um eclipse, pode prever a data da ocorrência de outros eclipses usando os ciclos de eclipses. Diferente dos eclipses solares, que só podem ser observados de uma área relativamente pequena na superfície terrestre, um eclipse lunar pode ser visto de qualquer lugar onde seja noite no momento em que ele acontece. As estrelas cadentes é o fenômeno que se conhece como  lágrimas de S. Lourenço, em plena tormenta das Perseidas [perto da constelação Perseus, partículas da nuvem de poeira deixada pelo cometa Tuttle] a partir do 11-12 de agosto. São as quedas dos meteoritos, que alcançam até 100 por hora. São as estrelas fugazes uma desintegração em forma de pó e grãos como de areia que ao chocar com a atmosfera da terra, à velocidade de 90 Km/seg desintegram-se com o calor produzido pelo impacto a 160 km de altura. Por outra parte, a descrição de Jesus vindo nas nuvens do céu, parece ser uma figura simbólica,  que indica um triunfo claro sobre os opositores, sem ser –pelo menos para essa geração- um relato real do que deveria acontecer.  Do comentário da BAC a  Mateus, tomo a citação: A Parusia não exige uma presença física e sensível de Jesus Cristo. Explica-se por uma presença moral do mesmo Jesus Cristo no castigo infligido a Jerusalém, no qual ver-se-á seu poder e o que Ele anunciou que era. E em outra página: estas palavras admitem uma interpretação literal da vinda de Cristo  como triunfador e que é visto no juízo previsto por Ele e exercido sobre Jerusalém e cuja geração que o condenou teria que presenciá-lo (Manuel de Tuya). Que a destruição de Jerusalém não era o fim dos tempos o afirma Lucas dizendo: Jerusalém será pisada pelas nações até que se cumpra o tempo das mesmas (Lc 21, 24).

PISTAS: 1)Reduzir o texto a seus limites próprios não quer dizer que hoje a vigilância e a oração sejam menos necessárias do que eram nos tempos em que os evangelhos foram escritos, ou seja, antes do ano setenta da destruição do templo. Isso porque o dia do Senhor está sempre presente na História humana. Devemos distingui-lo da verdadeira Parusia, que é a vinda gloriosa de Jesus no fim da História humana, à qual, como diz o catecismo Romano, está intimamente unida a ressurreição dos mortos: o último dia, segundo palavras de Jesus em Jo 6,40. Mas o Dia do Senhor, que agora podemos chamar do Dia do Cristo, estará presente em diversos acontecimentos da História. É o dia de triunfo do bem mais do que o dia de castigo do mal.

2) Em que deve consistir essa preparação para tempos escatológicos? O catecismo Romano fala da escatologia como já começada: “são tempos de salvação que começam com a efusão do Espírito Santo e que terminarão com a Volta do Senhor” (2771).Primariamente em reforçar a nossa esperança como diz Paulo (I Ts 1,10). Precisamente o Advento é palavra nascida dessa esperança no triunfo final dos discípulos de Cristo, quando as ovelhas serão separadas dos cabritos (Mt 25, 32) e elas irão para a vida eterna que não significa unicamente vida inextinguível, mas vida plena em gozo e intimidade com o Senhor. Essa vida eterna, segundo comentaristas, já começou nos seus elementos essenciais para os justos que nada tem a purificar-se em seguida depois da morte, como afirma Bento XII.

3) Todos os elementos e as circunstâncias da Parusia final podem perfeitamente ser aplicados à escatologia das almas, ou seja, à escatologia intermediária, a que se estende entre a morte e a ressurreição final. O Advento deve ser uma preparação para essa segunda vinda de Cristo em conformidade com a preparação feita pelos antigos judeus para a sua primeira vinda: com espírito de esperança, sabendo que os que têm respondido ao Amor e Piedade de Deus irão para a vida eterna; porém aqueles que rejeitaram o Cristo até o final (exitus em latim, ou seja, saída do corpo, ou morte) serão destinados ao fogo que nunca acabará (Solene Profissão de Fé de Paulo VI, vulgarmente chamada de Credo do Povo de Deus).

4) Segundo Paulo, a melhor preparação, além da oração é tomar em conta nossa salvação e sair da noite e das obras das trevas: folias noturnas (geralmente em honra de Baco) bebedeiras, coitos sexuais, licenciosidade, brigas, disputas. Mais parece que Paulo está descrevendo essas bacanais noturnas juvenis das sextas e sábados que em alguns países são chamadas de “botellón’ ou garrafão. E se revestir de Cristo para abandonar a carne e suas apetências (Rm 13,13-14).



22.11.2009
SOLENIDADE DE CRSITO REI - JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO

__ “Senhor Jesus Cristo Rei do Universo! Louvor e glória a Deus!” __

Comentário: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! A Igreja celebra hoje a Solenidade de Cristo Rei - Jesus Cristo, O Rei do Universo. Acolhamos a Palavra de Deus que nos revela hoje o Rei do Universo que é testemunho da verdade e o mais humilde de todos os servos de Deus. Em nossos dias as pessoas estão cada vez mais conscientes das responsabilidades e do domínio sobre o mundo. O desafio está em compreender que sem Jesus nada podemos fazer. Cabe ao cristão, convivendo com as demais pessoas, testemunhar a união íntima que existe entre a realidade humana e a fé viva em Jesus Cristo. Na obediência até a morte e morte de cruz, ao colocar em prática as bem-aventuranças, entrando na corrente universal do amor, devemos trabalhar diretamente para que a inteligência e a técnica reconheçam Aquele que é o Senhor de todas as coisas. Lembrando sempre que, apesar do pecado, temos condições de buscar a misericórdia, dominar e não destruir o planeta, sempre fiel e submisso ao Imortal e Rei Nosso Senhor. No mundo presente possuímos cargos e nos fazemos autoridades, porém ocupações passageiras, pois quem reina é Ele, ao qual sejam dadas a honra e a glória para sempre. Jubilosamente, entoemos o cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)

PRIMEIRA LEITURA (Dn 7,13-14): - "Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá"

SALMO RESPONSORIAL Sl 92: - "Deus é Rei e se vestiu de majestade,/ glória ao Senhor!"

SEGUNDA LEITURA (Ap 1,5-8): - "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso."

EVANGELHO (Jo 18,33b-37): - "Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz."



Comentário ao Evangelho Dominical (Solenidade de Cristo Rei – Ano B)

Rei da verdade

A solenidade de hoje me leva a ter “complexo de superioridade”. Você também está convidado a ter o mesmo complexo: servimos a um Rei que com certeza vencerá, já que “A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos de todas as línguas serviram-lhe. Seu domínio será eterno; nunca cessará e seu reino jamais será destruído.” (Dn 7,14). Este complexo de superioridade tem várias conseqüências: sentir-nos santamente orgulhosos de sermos filhos de Deus e irmãos do Rei; ter uma grande confiança na vitória do bem sobre toda a maldade; considerar-nos vencedores apesar das tribulações da vida presente; a abraçar a cruz como sinal de benção.

A festa de hoje foi instituída no Ano Jubilar de 1925 pelo Papa Pio XI com a Carta Encíclica “Quas Primas”(QP), com o qual coincidiu o 16º centenário do Concílio de Nicéia, que proclamara a divindade do Filho de Deus; este Concílio inseriu também em sua fórmula de fé as palavras: “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo (cf. QP 2).

O Reino de Jesus Cristo “opõe-se ao reino de Satanás e ao poder das trevas; de seus adeptos, exige o desprendimento não só das riquezas e dos bens terrestres, como ainda a mansidão, a fome e sede de justiça, a abnegação de si mesmo, para carregar com amor a cruz. Foi para adquirir a Igreja que Cristo, enquanto “Redentor”, verteu o seu sangue; para isto é, que, enquanto “Sacerdote”, se ofereceu e de contínuo se oferece como vítima. Quem não vê, em conseqüência, que sua realeza deve ser de índole toda espiritual, e participar da natureza deste seu duplo ofício?” (QP 12).

Em seguida o Papa desaprova a fraqueza dos bons, pois por causa da moleza de alguns católicos os adversários de Deus e da Igreja se levantam com maior audácia. É preciso que o zelo apostólico abrase os nossos corações (cf.QP 24).

“Não gosto de tanto eufemismo: à covardia chamais prudência. – E a vossa ‘prudência’ é ocasião para que os inimigos de Deus, com o cérebro vazio de idéias, tomem ares de sábios e ascendam a postos a que nunca deviam ascender” (Caminho, 35). Podemos colocar essa frase na linha daquilo que o Papa denunciava: a moleza dos cristãos faz com que os adversários de Deus e da Igreja ponham toda a sua astúcia em ação.

É impressionante ver como temos em nossas paróquias tantos leigos engajados em vários movimentos e organizações pastorais e ver, ao mesmo tempo, quão poucos assumem cargos de certa importância e fazem do seu trabalho um ambiente de verdade e de justiça. Acontece também que muitos leigos, ditos bons, quando assumem tais cargos se esquecem da sua fé e da sua honra. Ou acaso não é isso o que acontece quando um parlamentar que se diz católico está a favor do aborto? Esses são uns medíocres! Não estão sendo servos do Rei da verdade, não estão sendo coerentes. Demasiada prudência nesses casos é pura covardia em relação ao Reino de Deus. É preciso confessar a Cristo e, em primeiro lugar, com a própria vida onde quer que estejamos. Não nos envergonhemos do Senhor para que ele não se envergonhe de nós!

O cristão é aquele que conhece quem é Deus e quem é  o homem. A sua missão é dizer a verdade, iluminar a todos com a verdade e aquecer qualquer ambiente com a caridade. Não podemos viver a caridade sem a verdade, nem a verdade sem a caridade. O amor sem a verdade – como dizia Bento XVI – “acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada, chegando a significar o oposto do que é realmente” (Encíclica Caritas in veritate, nº 3).

Ao afirmar que Cristo é o Rei da verdade se afirma que é ele quem determina o que é a verdade. Quid est veritas? – O que é a verdade? Jesus Cristo e o que ele diga que é verdade. É isso mesmo! Não parece isso uma intolerância? Não. Pense bem e verá que eu tenho razão.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 22/11/09


Comentário Exegético – Solenidade de Cristo Rei (Ano B)

Extraído do site Presbíteros - http://www.presbiteros.com.br/index.php/comentario-exegetico-solenidade-de-cristo-rei/

Segunda Leitura - EPÍSTOLA (Ap 1, 5-8)
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

INTRODUÇÃO: Nestes versículos da introdução do Apocalipse, João escreve um canto a realeza e poder de Cristo. Evoca a expressão bíblica de ele é o que é, própria de Jahveh. Cristo é  a testemunha fiel das promessas, agora feitas realidade nos últimos tempos. É o primogênito por sua ressurreição e constituído o chefe sacerdotal, por ser aquele que com seu sangue purificou dos pecados os seus discípulos que com ele oferecem o sacrifício do louvor em suas vidas, como representantes da criação inteira. Só falta o triunfo final de quem é o poder que já domina o mundo por meio de seus planos, ainda ocultos.

TESTEMUNHA E PRÍNCIPE: E da parte de Jesus Cristo, a testemunha [martus<3144>=testis], a fiel [pistos<4103>=fidelis], o primogênito [prötotokos<4416>=primogenitus] dos mortos e o príncipe [archön <758>=princeps] dos reis da terra à quem nos amou e nos lavou [lousanti<3068>=lavit] dos pecados em seu sangue (5). Et ab Iesu Christo qui est testis fidelis primogenitus mortuorum et princeps regum terrae qui dilexit nos et lavit nos a peccatis nostris in sanguine suo.
TESTEMUNHA: A Palavra Martys [ou martir] sinifica testemunha, como em Mt 18,16: se não te ouve, toma contigo uma ou mais testemunhas. No Apocalipse Jesus é a testemunha fiel [pistos]. Minha testemunha é o título dado a Antipas, em Pérgamo, que foi queimado dentro de um boi de bronze no tempo de Domiciano, por não querer reconhecer o título de Kyrios [Senhor] dado ao imperador, numa cidade que, por seu culto ao mesmo, será chamada de sede de Satanás (Ap 2, 13). O título de testemunha fiel é repetido em 3, 14 e ainda acrescenta veraz. Nos clássicos, testemunha é também a palavra de quem atesta ou testifica o fato. Testemunha é aqui o próprio Cristo como princípio da criação de Deus em oposição ao primogênito dos mortos. Pois diz João em 1,18: Também é o Amém como o imutável, que completa a política de Deus de modo perfeito.Em Jesus encontramos a máxima certeza de que quando fala é a verdade que ouviu do Pai (Jo 8, 40). É, pois, uma testemunha constituída desde a eternidade, como quem estava presente no mais íntimo [no seio] da vida e atuação divinas para manifestar publicamente seus planos (Jo 1, 18). E diante do tribunal de Pilatos confirmará seu testemunho, afirmando que nasceu e veio ao mundo para dar testemunho da verdade. De modo que todo aquele que é da verdade [busca ou pretende a mesma] ouve a sua voz (Jo 18. 37). Por outra parte, não só é suficiente que seja testemunha [martyr] mas que seja veraz, ou seja, que não altere o que viu e ouviu. E daí a palavra pistos que significa fiel, exato. Neste livro encontramos fiel unido a veraz 3 vezes (19, 11; 21, 5 e 22, 6). Ele em si mesmo é fiel e veraz ou verdadeiro, como atributo intrínseco à sua natureza e como qualidade essencial de sua palavra (21, 5 e 22, 6) por ser verídica e oposta à mentira.

PRIMOGÊNITO DOS MORTOS: significa muito mais do que ser o primeiro ressuscitado; mas como todo primogênito, a ele se deve uma relação especial de quem são as promessas e a quem todos os irmãos devem revererenciar, como o representante vivo do Pai, ou como diz Paulo, o primeiro concebido [prototokos] entre muitos irmãos (Rm 5, 29) que em Cl 1, 18 explicará como o princípio, primogênito dentre os mortos [archë, prototokos ek tön vekrön] para ser em tudo ele o que tem a preeminência [pröteuön]. Princípio de uma nova era em que todos devem se assimilar a Cristo, o novo homem (Gl 6, 15) que restitui a semelhança com Deus (Cl 3, 10), perdida no velho Adão, pois foi criado como espírito que dá vida (1 Cor 15, 14); o qual é Cristo e do qual devemos nos revestir como de um homem novo (Ef 4, 23). Os antigos rabinos falavam de Jahveh como do primogênito do mundo e do primogênito como sendo um título messiânico. Jahveh disse: como eu fiz Jacó um primogênito assim farei o rei Messias um primogênito ( Sl 89, 28).
PRÍNCIPE:  Nesse mesmo salmo lemos na continuação que o fará o altíssimo [ypsëlon] entre os reis da terra. Agora temos a palavra archön que significa líder, comandante, soberano. Na realidade, antes de que termine o livro do Apocalipse, Jesus tomará o domínio sobre todo reino na terra. Será o rei dos reis. A palavra príncipe significa primeiro, principal, chefe, cabeça. Por isso dEle deriva todo poder, como Ele afirmou em Mt 28, 18 : a mim foi dado todo poder no céu e na terra. Por isso será chamado rei dos reis e senhor dos senhores (Tm 6, 15).  DEle recebem os outros senhores sua autoridade e por Ele seus poderes são limitados e sua fúria restringida, seus desígnios estão refreados e a Ele devem dar contas.
LAVOU: O verbo Louö é lavar como em Jo 13, 10 e usa-se como lavagem de todo o corpo em oposição a niptö que é usado para lavar partes do corpo como mãos, pés, etc. Na realidade para lavar objetos usa-se o verbo plunö <4150> que sai uma única vez em Ap 7, 14: são os que lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do cordeiro. Usando o verbo louö prece que o pecado é uma pessoa como comenta Paulo e não uma noção abstrata, como podemos ver em: por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte (Rm 5, 12). Para que o corpo do pecado seja destruído a fim de que já não sejamos escravos do pecado (Rm 6,6).
EM SEU SANGUE: O lavado é uma limpeza de impurezas. Aqui  a impureza é o pecado e só com o sangue de Cristo ele é totalmente lavado. Temos o texto de Ap 7, 14 em que os perseguidos como mártires recebem os vestidos brancos, sinal de pureza e as palmas, sinal dos vencedores, segundo a linguagem simbólica do livro. As vestes brancas eram as dos sacerdotes que ministravam no santuário. No NT vemos o aspecto do anjo no sepulcro, ao rolar a pedra, como o do relâmpago e sua vestimenta branca como neve (Mt 28, 3) indicando sua procedência do reino da luz e junto ao trono do Altíssimo. Os dois anjos que anunciaram a subida de Jesus, estavam vestidos de branco (At 1, 10). Os 24 anciãos perto do trono divino com coroas de ouro na cabeça, estavam vestidos de branco (Ap 4, 4)  e branco  era o cavalo vencedor do capítulo 6, 2 e sobre cavalos brancos, como ginetes vestidos de linho fino branco, era o exército celeste (Ap 19, 14).

SACERDOTES PARA O LOUVOR: E nos fez reis e sacerdotes para Deus e Pai dele. A ele a glória [doxa<1391>=gloria] e o poder [kratos<2904>=imperium] pelos séculos [aiönas<165>=saecula] dos séculos. Amém [amën<281>=amen] (6). Et fecit nostrum regnum sacerdotes Deo et Patri suo ipsi gloria et imperium in saecula saeculorum amen.
REIS E SACERDOTES: Depois de absolver-nos e limpar-nos de nossos pecados, Jesus nos  constituiu numa classe especial, que antigamente estava formada por reis que eram os sacerdotes principais do deus nacional, como foi Melquisedeque, rei de Salêm, (Gn 14, 18), citado em Hebreus como protótipo de Jesus Cristo (5, 6;10 e 6, 20). Sendo nós cristãos da família de Jesus pelo batismo, a lógica impele a encontrarmos dentro da classe sacerdotal e real como era o antecessor comum, à semelhança do que aconteceu com a tribo de Levi e a classe sacerdotal de Aarão que lhes pertencia em propriedade (Êx 29, 9) perpetuamente por todas as suas gerações (Êx 40, 15). A Igreja é a continuação do antigo Israel a quem Jahveh consagrou como reino de sacerdotes e povo santo (Êx 19, 6) para seu culto e, enquanto tal, para exercer o sacerdócio em nome de todos os povos da terra. Isaías 62, 12 confirma o título de povo santo como nome que pertence aos resgatados do Senhor. Por isso, Pedro em sua primeira carta 2, 9 afirma:  Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. Este sacerdócio é exercido individualmente por cada um dos membros da Igreja como culto racional, apresentado o corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12,1). Precisamente o novo Adão foi feito rei segundo Lucas 1:33:  Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim. E sacerdote como lemos em Hb 4, 14:Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.Como Jesus, que veio fazer a vontade do Pai, todos temos uma hóstia a oferecer a Deus, dependente completamente de nossa vontade e é oferecer a nossa vida como um ato de conformidade, não com o mundo, mas com a vontade boa, agradável e perfeita de Deus. Esse é o nosso sacrifício, distinto do ministerial, oferecido pelo sacerdote ordenado em nome de todo o povo, que é o sangue e o corpo de Cristo, realizado em seu nome [isto é meu corpo, este é o meu sangue] sob seu  mandato: Fazei isto em minha memória (1 Cor 11, 24). Assim lemos em Hebreus 13:15:  Por meio de Jesus, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome.
GLÓRIA: Doxa em grego tem vários significados: honra, reputação, honorabilidade, todas correspondentes ao modo de pensar humano. Mas a doxa bíblica, tradução grega da palavra Kabod<03519> é propria de Deus que se manifesta como majestade, glória e resplendor. Deus é chamado de Rei da majestade [melek ha-Kabod] em Sl 24, 7.8.9 que a Vulgata traduz por rex gloriae. A glória de Jahveh [doxa kyriou] é a manifestação gloriosa com a qual Deus aparecia aos antigos, como em Êxodo 24, 16 em que a glória de Jahveh apareceu sobre o Sinai em forma de relâmpagos e trovões. Em Lc 2, 9 a glória [claridade] do Senhor brilhou ao redor de Zacarias e o anjo. Logicamente aqui significa a honra devida a Jesus Cristo como Filho de Deus.
PODER: A palavra é Kratos, que significa força, poder, vigor, energia, domínio. Lemos em Lc 1, 51: Usou de força [potentiam] com seu braço. E no canto do cordeiro: a ele o louvor, a honra, e a glória e o domínio [potestas] pelos séculos dos séculos (Ap 5, 13).
PELOS SÉCULOS: Eis tous aiönas [in saecula]. E em outras ocasiões eis tous aiönas tön aiönön [ín saecula saecularum], a palavra chave é Aiön, que está relacionado com aiei [sempre]; em latim aevum [tempo longo, idade, vida, século, perpetuidade] dai a tradução in saecula ou in saecula seculorum. No At sai pela primeira vez em grego eis ton aiöna [leolan em hebraico] em Gn 6, 3 com o significado para sempre, No NT temos Jo 6, 51: quem comer deste pão viverá eternamente [eis ton aiona, in aeternum]. O plural indica o conjunto dos tempos ou idades e significa sempre, como será o reinado de Cristo: eis tous aiönas [para os séculos] ou in aeternum da Vulgata. A combinação dupla [eis tous aiönas tön aiönön] parece ser a preferida no NT  após Gl 1, 5, especialmente no Apocalipse em que sai 14 vezes e sempre traduzida como per saecula saeculorum ou pelos séculos dos séculos. A esta fórmula neotestamentária une-se frequentemente o AMÉM,com o significada de assim é, como parte de uma pequena oração, em geral de louvor, à qual nós, os orantes, admitimos dar nosso consentimento. Exemplo: no Apocalipse neste trecho e em 7, 12 como parte de um canto de louvor ao Cordeiro por parte dos escolhidos. De modo semelhante, este meio versículo de hoje é um pequeno hino de louvor a esse Jesus, cujo sacerdócio ministerial nos salvou por meio de seu sangue, como acaba de declarar no versículo anterior.

TRIUNFO CELESTE: Eis que vem no meio das nuvens [nefelön<3507>=nubibus] e o verá todo olho  e todos os que o traspassaram [exekentësan<1574> pupugerunt]  e choraram [kopsontai<2875>=plangent] por ele: Todas  as tribos [fulai<5443>=tribus] da terra. Sim, amém. (7). Ecce venit cum nubibus et videbit eum omnis oculus et qui eum pupugerunt et plangent se super eum omnes tribus terrae etiam amen.
NUVENS: A palavra Nefelë tem o sentido comum geográfico de nuvem; mas na bíblia, é aquela nuvem sobre a qual Jahveh precedia aos israelitas na sua marcha no deserto e que Paulo dizia estar pairando sobre eles, protegendo-os (1 Cor 10, 1). Essa nuvem era chamada de Shekinah. Em hebraico é Anan com o significado primitivo de cobrir. Shekinah é de origem caldeia, significando lugar de repouso e não encontrada nas escrituras, mas usada pelos judeus tardios para denominar o símbolo da presença de Deus no Tabernáculo ou tenda do testemunho [mishcam] ( (Êx 13, 21). Era, pois, o símbolo da presença de Deus com seu povo. Já no livro de Daniel aparece uma figura de homem nas nuvens do céu que era tipo do Messias (Dn 7, 13) para receber o Reino e Senhorio eterno; e seu reino não terá fim (Dn 7, 14). Esta visão escatológica [final] e ao mesmo tempo apocalíptica [em termos de imagem] será a que Jesus empregará em seu sermão diante de Jerusalém (Mt 24, 30), quando chora sua ruína,  e perante o Sumo-Pontífice no Sinédrio (Mt 26, 64). Já sabemos que é um estilo na base de imagens que não são reais mas simbólicas e metafóricas. Seu triunfo já se cumpriu e continuará até o fim dos tempos históricos. Porém, há o relato de At 1, 9-11 em que os anjos dizem que ele virá como o viram os apóstolos, testemunhas de sua Ascensão. Ambas as interpretações podem ser verdadeiras se temos em conta que o triunfo de Jesus tem pontos álgidos na História, como foi a destruição do templo ou a destruição do muro de Berlim em nossa época. Uma interpretação talvez com base de que os exércitos eram considerados como nuvem em batalha, diz que a nuvem de Cristo é a multidão de seus crentes. Eles formam sua nuvem de glória, sua Shekinah.
TRASPASSARAM: Todo olho o verá, significa que não será um segredo, mas fato patente. Sua vida não foi conhecida; em grande parte da mesma, viveu ocultamente em Nazaré; e mesmo no curto tempo de sua vida pública, ele não foi reconhecido por todos. Agora, nos últimos tempos, será reconhecido. Esse reconhecimento deu-se em tempos dos romanos, quando em 313 o edito de Milão reconheceu a legalidade do cristianismo, que deixou de ser perseguido como inimigo do povo romano, representado precisamente pelo soldado que o traspassou na cruz por meio da lança, soldado que pertencia às suas legiões. Aqui, como no momento da cruz, temos uma alusão à profecia de Zacarias 12, 10:olharão para aquele que traspassaram pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito. Quando? Só temos certeza que um dia o povo de Israel, como nação, terá que exclamar: bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 29, 39) e que Paulo diz será o começo do fim, visto que, aparentemente, Israel será o último a reconhecer e entrar a formar parte do reino de Jesus (Rm 11, 25-26).
TODAS AS TRIBOS DA TERRA: A salvação, que tem como base principal o reconhecimento de Jesus na cruz [in hoc ligno regnat] como Senhor, é um admitir como diz o poeta que “todos nele pusemos nossas mãos”. É um arrependimento que veio profetizado por Mt 24, 30: Então o sinal do Filho do Homem aparecerá no céu, e então todas as tribos da terra lamentarão e verão o filho do Homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. AMÉM: é a palavra final de uma oração ou um louvor, que diz sim, assim se cumprirá.

PRINCÍPIO E FIM: Eu sou o alfa e o ômega o princípio e o fim – diz o Senhor – o que é e o que era e o que virá, o Todo-Poderoso (8). Ego sum Alpha et Omega principium et finis dicit Dominus Deus qui est et qui erat et qui venturus est Omnipotens
ALFA é a primeira  letra do alfabeto grego e ômega a última de modo que dizer eu sou o alfa e o ômega é o mesmo que o princípio e o fim [ë archë kai to telos] ou o primeiro e o último [o prötos kai o eschatos] de 22, 13. Isaías 41, 4 é a chave no AT: quem fez e executou tudo isso? Aquele que desde o princípio tem chamado as gerações à existência, eu, o Senhor, o primeiro [rishon<07223>] e com os últimos [acharon<0314>]. João acaba de terminar sua introdução. Agora Jesus se apresenta como tomando a palavra diretamente. Como temos visto em Isaías, o conceito não é novo e é o próprio Jahveh que pessoalmente o usa. Serão estas as palavras do Pai ou é Jesus, o Filho, Quem as pronuncia? Esta segunda hipótese parece a única admissível. O livro se intitula A Revelação de Jesus Cristo (Ap 1, 1). Em Ap 22, 13 claramente o Alfa e Omega, o Princípio e Fim, são títulos que Jesus reclama para si mesmo. Se ele é o início e o fim, ele tem autoridade sobre todas as coisas no intervalo. Isto significa que ele tem um plano para a História e que tem o domínio para dirigir os eventos humanos a um fim que é Ele mesmo. Não existe nem o acaso nem uma causa evolutiva fora do que podemos chamar o triunfo de Cristo: até que todos os inimigos sejam postos embaixo de seus pés (1 Cor 15, 25).
O QUE É: estas são as palavras do vidente perante a revelação formal de Cristo. Ao unir os tempos passado e futuro com o presente, indica-se uma estabilidade e imutabilidade do ser e das potências do mesmo: Sua presença inalterável e contínua como eram os preceitos de Jahveh segundo o salmo 111, 8: imutáveis pelos séculos dos séculos, fundamentados no direito e na verdade. Do Messias, o profeta Miqueias disse: que reinará em Israel e cujas origens são desde os tempos antigos desde os dias da eternidade (5, 2). E em Hebreus : Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre (13, 8).
TODO-PODEROSO: É a tradução do Pantokratör grego que tudo pode, ou controla sob seu domínio e que aparece em Sb 7, 25 e Eclo 42, 27 com esse nome, pois ambos os livros têm como língua-origem, o grego. Os intérpretes modernos dizem que é a tradução grega do hebraico Jahveh Sabaoth [Deus dos exércitos] ou El Shadday [Deus da montanha, ou deus destruidor]. Este nome [Pantocratör] aparece 10 vezes no  NT das quais nove em Apocalipse e a outra em 2 Cor 6, 18. Precisamente neste último livro o poder de Cristo prevalece diante do poder do maligno, representado principalmente pelo poder dos outros Kyrios, como eram os imperadores de Roma. Sabemos como na Idade Meia o Pantokrator era a figura majestosa de Cristo no trono, abençoando o mundo com a mão direita, e tendo na esquerda o livro dos evangelhos. Seus dedos abertos representam as letra IC, X e C do chamado cristograma por JesuC XristoC no meio da amêndoa mística ou mandorla [vesica piscis] que significava ventre do peixe, sendo o IXTYS o símbolo de I esus X ristos T heos Y ios Soter [Jesus Cristo, Deus  Filho, Salvador].

Evangelho

XXXIV DOMINGO: CRISTO REI (Jo 18, 33-37)
lugares paralelos:Mt 27,11-14; 1 Tm 6,13; Dn 2,44; Jo 6,15

INTRODUÇÃO: Os sinóticos tratam do Reino a ser fundado e difundido. João tem como objetivo a divindade de Jesus, mas não abandona a terra e, dentro dela, Jesus tem um papel único: ser rei de um reino especial. O último dia de Jesus está dedicado ao REI, tanto na acusação perante Pilatos como na sentença e causa da mesma, na cruz. O evangelista se apoia no julgamento oficial de Pilatos para declarar por boca da verdade [eu vim para dar testemunho da verdade] que Jesus era o Rei esperado pelos judeus e que por defender sua causa, ele, não a multidão ou os soldados que formam seu exército, morre como condenado. Mas vejamos os detalhes.

A PERGUNTA: Entrou, pois de novo Pilatos no pretório e chamou Jesus e disse-lhe: És tu o Rei dos Judeus? (33). Introivit ergo iterum in praetorium Pilatus et vocavit Iesum et dixit ei tu es rex Iudaeorum. O diálogo agora está entre duas únicas personagens:  Pilatos e Jesus. PILATOS: Segundo a tradição, Pilatos pertencia ao clã dos Pontii. Seu segundo nome, derivado de pilum [javalina ou dardo], significa armado de dardo. O pilum era uma haste de madeira de 2,0m de comprimento que terminava no seu último terço numa ponta metálica branda, de modo que com o impacto se curvava e não podia ser usada de novo pelo inimigo que o recebia. O pilum foi abandonado no século XVI. Pilatos foi nomeado prefeito de Judéia através da influência de Sejano (Lucio Aelio), administrador-chefe de Tibério e prefeito de sua guarda pessoal. Sejano conseguiu o consulado e logrou que Tibério se refugiasse em Capri, ilha perto de Nápoles, para assim ser dono do poder. Acusado de ter matado Druso, o único filho de Tibério e de intentar um golpe de Estado, Sejano foi decapitado no ano 31 e seu corpo arrastado pelas ruas de Roma, onde tornara-se odiado. Após a destituição de Arquelau, filho de Herodes, o Grande, a região compreendida pela Judeia, Samaria e Idumeia foi diretamente governada por Roma através de representantes diretos do imperador, por praetores legati, [epítropoi <2012> em grego] ou praefecti [de eparchia <1885> [província], eparchos, o presidente desse territótio] funcionários com atribuições variáveis. Em geral, eram administradores dos bens públicos ou finanças, como membros da classe dos equestres [équites]. Mas em tempos de Augusto, além da administração, tinham verdadeira exousia ou autoridade, tanto militar como judicial, até o jus gladii, ou direito de morte; mas estavam sujeitos à autoridade do seu chefe superior que era o legatus da província principal, neste caso da Síria, administrada por um procônsul da ordem senatorial. O legado da Síria dispunha de três legiões (36 mil homens) e o procurador da Judeia só de forças auxiliares (praticamente policiais), geralmente de origem samaritana ou síria. Parece que essas forças de Pilatos eram duas coortes. Cada coorte equivalia a um batalhão de 420 homens comandada por um tribuno militar, mas seu número foi reduzido a 360 homens no tempo do império. Pilatos comandava as duas: uma em Cesareia, porto de mar; e a outra em Jerusalém. Nos evangelhos, Pilatos é chamado de  hëguemön <2232> (Lc 3,1), traduzido ao latim por praeses, ou procurator e nas línguas romances por governador ou presidente. Sem dúvida que o latim é mais preciso do que o grego, pois os evangelhos são neste ponto bastante imprecisos. Nos Atos temos uma maior precisão, ao falar de Paulo Sérgio como anthypatos (latim proconsul) de Creta, e da Judeia como eparkheia (província) da qual era heguemon Festo. A palavra hëguemön é usada indistintamente para todo poder superior numa região em que o governador tivesse poder judicial representado pela BEMA ou tribuna judicial, de modo que sentar-se no tribunal era a frase comum para indicar que se estava presidindo um julgamento, como no caso de Pilatos com Jesus (Mt 27, 19 e Jo 19, 13).
NOTA: Não posso deixar de apontar uma péssima tradução da bíblia de Jerusalém portuguesa  que diz em Jo 19, 13: Pilatos trouxe Jesus para fora, fê-lo sentar-se no tribunal, no lugar chamado pavimento,em hebraico Gábata. Quem realmente se sentou no tribunal [bema] foi Pilatos, pois o bema, que podemos traduzir por rostrum em latim, significava o estrado. A autoridade de Pilatos era o chamado Imperium, ou suprema, dentro da região que governava, porque os judeus tinham certa autoridade no tribunal do grande conselho ou sinédrio. O nome técnico latino para o ofício de Pilatos era o de procurator. Dele sabemos que governava sem se importar muito com os privilégios dos judeus ao quais profundamente desprezava: primeiro introduzindo as insígnias imperiais em Jerusalém, logo tomando dinheiro do Korban, do templo para construir um aqueduto; e finalmente, com a matança dos galileus no templo, fato narrado pelo evangelista (Lc 13,1). A lenda diz que estava casado com Pórcia, filha de Tibério e que, chamado a Roma, foi desterrado às Gálias onde terminou sua vida suicidando-se. A história diz que, devido à matança dos samaritanos no monte Garizim, foi deposto pelo legado da Síria, Vitélio, e chamado a Roma. Seu mandato durou 10 anos, do 26 ao 36.
NOTA: Korban [plural korbanoth] nome geral significando sacrifício, era a palavra com que se designavam os sacrifícios de animais ritualmente mortos e usualmente assados e comidos pelo oferente e os sacerdotes, sendo uma parte queimada no altar. Korbanot podiam ser outras oferendas como farinha, azeite, etc para o templo. O propósito dos sacrifícios era venerar, pedir favores, ou perdão a Deus.
PRETÓRIO: Em grego praitörion <4232> de praetor, o antigo magistrado com autoridade judicial e que era responsável pelos jogos de Roma e, na ausência do cônsul (suprema autoridade), exercia poder amplo no governo da mesma. Como em 242 AC os peregrini (estrangeiros) eram muitos, ao praetor urbanus (pretor da urbe) foi acrescentado um praetor peregrinus (pretor dos estrangeiros). Este número foi aumentado com as conquistas de Sicília, Cerdanha, Espanha, etc., de modo que o número dos praetores peregrini no século I AC era de oito. Dentre eles, dois exerciam autoridade sobre matéria civil e os outros seis para casos particulares como extorsão, suborno, desfalques, traição, assalto, assassinato e falsificação. Após um ano de serviço, eles se tornavam governadores provinciais. Foi o caso de Pilatos? Ao ser nomeado praetor, o magistrado publicava um edito que seria sua norma de serviço ou conduta. Estes editos serviam para a adaptação da lei romana às novas condições e princípios de convivência entre os diversos povos do Império. Nos últimos anos do mesmo só o praetor urbanus permaneceu, com o único poder de organizar os jogos públicos. Como vemos, Roma foi declarada com toda razão como o império da lei, baseado na justiça, mesmo que esta justiça fosse só a instrumentalizada pelos agentes puramente legais. Na Judeia, o hegemones [governador] romano recebeu o nome de praetor até o ano 42 e desde esse ano seu título era procurator [que toma cuidado de]. Geralmente os ricos romanos tinham procuradores que sempre eram homens livres. Quando Augusto organizou o império, no início de nossa era, usou de procuradores para administrar seus grandes domínios tanto privados como públicos. Nas províncias, diretamente sob seus domínios, Augusto não podia empregar questores [da classe senatorial com menos de 32 anos e encarregados de cobrar os impostos] porque nenhum senador se prestaria a servir sob alguém que praticamente era seu igual. Assim nomeou procuradores como responsáveis pelas taxas. Os procuradores que serviam nas províncias senatoriais receberam poderes judiciais, coisa que se converteu em lei com Cláudio em 53. Nesse reinado, os procuradores se transformaram em governadores com poder total, como aconteceu na Judeia totalmente anexionada no ano 41 quando o procurador era o governador unicamente responsável diante    do imperador. Desde o tempo de Tibério pertenciam aos eqeestres. Tácito chama Pôncio Pilatos de procurator, que de fato era um prefeito, como era o título do presidente do Egito, província do imperador.  Dentre os prefeitos, temos o praefectus civitatium, ou seja, o designado pelo governador de uma província para governar parte dela. O exemplo mais famoso é o prefeito da Judeia entre 26 e 36: Pôncio Pilatos. Voltando, porém ao PRETÓRIO, este era em tempos antigos a tenda do comandante, como chefe de um acampamento romano. Depois passou a designar o palácio do governador de uma província. Esses palácios foram em muitos casos edificados pelos antigos reis ou príncipes das mesmas. No casso de Pilatos, o pretório ocupava o palácio de Herodes, o Grande, em Cesareia. Mas quando se trasladava durante as festas, a Jerusalém, ocupava o palácio de Herodes (ano 23 AC) perto da colina ocidental, atualmente perto da porta de Jafa. Também poderia ser a torre Antônia (ano 35 AC), bastião asmoneu que o mesmo rei utilizou como castelo e como palácio durante 12 anos. Estava situada na colina oriental, encostado ao norte do recinto do templo, sendo ao mesmo tempo quartel da coorte. Umas escavações mostraram um pátio de lousas que corresponde ao lithóstrotos [literalmente pavimento de pedras] de Jo 19,13. Desde o século XII os cruzados viram, nesta torre, o palácio onde Jesus foi julgado por Pilatos e a tradição chegou assim aos nossos dias.
OS EQUESTRES: Os membros da ordem eqüestre (equites), pertencentes a uma categoria de cidadãos romanos que, por suas riquezas, estavam em inferioridade às dos senadores (optimates) e superior às dos plebeus (populares). Entre os habitantes de Roma de categoria inferior aos últimos, plebeus sem patrimônio, podemos contar os estrangeiros livres mas sem cidadania (peregrini), os libertos e os escravos. Na antiga Roma, os equestres eram da classe senatorial e eram chamados equites equo publico [cavaleiros de cavalo público] porque as montarias eram pagas com erário público. Mas desde o século IV AC os que não eram senadores foram envolvidos na cavalaria de tal modo que tinham de pagar suas montarias e eram chamados de equites equo privato [cavaleios de cavalo particular]. Como no século I a cavalaria era formada por estrangeiros, os equestres foram empregados em postos de responsabilidade: no exército, como oficiais; e, na vida civil, como publicanos ou administradores dos impostos, das minas, pedreiras e propriedades do Estado. Assim formaram uma classe especial, diferente dos optimates e dos populares. Augusto (+14), organizou a ordem eqüestre como uma classe militar, removendo-a assim da arena política. As qualificações para ser membro da mesma eram: nascimento livre, riquezas, boa saúde e boa conduta. Na carreira eqüestre era obrigatório ocupar um número de postos subordinados antes de alcançar os mais desejados, sempre sob a dependência da designação do imperador. Na vida civil, os equestres tinham opção a cargos elevados como funcionários civis, especialmente na administração das províncias. Os equestres tinham também cargos militares no Egito e nas províncias de classe inferior, como era o caso de Pilatos.
O TRIBUNAL:  O espaço do foro romano para os debates públicos e tribunal de causas, estava formado em forma de proa de um barco. Era o rostrum, a plataforma da qual se serviam os oradores  e advogados para falar em público. Na realidade, rostrum era a proa em forma de esporão dos barcos de guerra, que terminava em aríete ou carneiro. Seu plural, rostra é o nome da plataforma no Fórum romano, da qual os oradores se dirigiam ao povo; e desta plataforma muitos e famosos oradores da história romana pronunciaram seus discursos. Inicialmente foi construída uma plataforma [suggestum, tribuna, ou púlpito] formando parte do Comitium [área na frente da Cúria onde os oradores examinavam as causas e o povo se reunia para as curiatas reuniões das 36 partes em que se dividia Roma]. Tipicamente essa plataforma era chamada tribunal, mas depois da vitória de Duílio em Milae [perto da Sicília] em 260 aC sobre os cartagineses, seis proas de bronze de barcos inimigos foram colocadas na fronte do tribunal. Como rostra é o nome plural de proa, com esse nome foi conhecido o tribunal ao fundo do Fórum. Esse estrado era a tribuna, cópia da Bema grega, a plataforma do tribunal de justiça. CADEIRA CURUL: Em latim era a sella curulis [sella é assento, (silla em espanhol) e curulis de carro, o carro triunfal ]. Era a cadeira dobrável que os magistrados levavam no carro para assentar-se quando se apresentavam em público. Somente três cargos tinham o direito à cadeira curul: os cônsules, os tribunos e os pretores, que também tinham o jus imaginum [ direito a ter estátuas], que entre os gregos só tinham os vencedores dos 100 m olímpicos e os mortos por um raio [o instrumento de Júpiter (Zeus)] pois se considerava escolhido pelo Deus supremo. Mais tarde se tornou o trono dos magistrados que possuíam o impérium, que além dos citados eram o magister equitum e o edil curul, junto com o flamen dialis [o pontífice máximo de Júpiter]. A cadeira curul estava construída ou forrada de marfim com patas curvadas formando um ampliado X. Não possuía respaldo e seus braços eram relativamente baixos. Júlio César assentava-se numa curul de ouro, como correspondia a um ditador vitalício. Podemos afirmar que a curul era o substitutivo do trono dos reis orientais. Os romanos, amantes do direito e de suas normas, jamais condenariam um réu sem os formalismos pertinentes: a curul, o rescrito e o título que devia pendurar do pescoço do condenado e da cruz em última instância. Não faltava  ao magistrado Pilatos a toga praetexta o amplo manto com ribetes roxos próprio dos magistrados e sem o qual eles não podiam se apresentar em público ou realizar suas funções.  Como equivalente ao trono temos uma descrição de Paulo que alguns intérpretes ligam com o bema ou assento curul em  1Cor  3:12-15. É desta forma que Pilatos, o procurador, julgou Jesus, segundo Mt 27, 19 e Jo 19, 13, segundo vemos neste primeiro versículo.
ÉS TU O REI DOS JUDEUS?: Aqui começa o interrogatório, sempre necessário, dando pé a uma defesa do acusado. Além desta acusação Pilatos tinha mais outras; algumas de ordem religiosa, pelas quais Jesus foi condenado segundo a lei dos Judeus ( Jo  18, 7) por se dizer filho de Deus. Lucas nos diz que também o acusaram de impedir que se pagassem os impostos ao César. E de sublevar o povo (Lc 23, 2 e 23, 5). Mas a acusação principal era de que Jesus se intitulava rei dos judeus (Mt 27, 11; Mc 15,2 e 12; Lc 23, 2 e Jo 18, 33). De fato, a acusação só aparece na pergunta de Pilatos, pois vemos que João diz: se não fosse malfeitor, não o entregaríamos a ti. (Jo 18, 30). A palavra malfeitor kakopoios <2555> é traduzida por malefactor, com propriedade, pela vulgata. Mateus fala de bandidos, lëstai <3027>[latrones latino], condenados, que vemos em Marcos. Lucas fala de  kakourgoi <2557> [latrones latino e malfeitores na B J].  Voltando às acusações, a principal e pela qual Jesus foi condendo é por dizer de si ser Cristo Rei (Lc 23, 2) Christon <5547> basilea <935> einai. Por isso, na tabuinha da cruz estava escrito rex iudeorum [rei dos judeus]. A pergunta de Pilatos reponde à acusação de lesa maiestas, da lex Iulia de maiestate. A qual afirma que é um crime próximo ao sacrilégio o que é chamado de majestade. E entre os artigos em que entra este cabeçalho está o de formar juntas ou reuniões ou convocar homens à sedição [quove coetus conventusve fiat hominesve ad seditionem convocentur ]. Esta era precisamente a acusação inicial dos membros do Sinédrio (Lc 23, 2) seguida pela de impedir os impostos a César.

RESPONDE JESUS: Respondeu-lhe Jesus: De ti dizes isto, ou outros te disseram sobre mim? (34). Et respondit Iesus a temet ipso hoc dicis an alii tibi dixerunt de me. Segundo os três sinóticos, a resposta de Jesus à pergunta de Pilatos de se era o rei dos judeus, é um simples tu (o) dizes, que parece deve entender-se em sentido afirmativo, a respeito de ser Ele, Jesus, o rei dos judeus. Porém em João, Jesus responde com uma pergunta a essa pergunta de Pilatos. É uma clara advertência ao juiz que tinha na sua frente: Se ele –Pilatos- tinha chegado a essa conclusão na base de suas informações, políticas e policiais próprias; neste caso, o acusado aceitava o julgamento correspondente, pois implicava numa certeza objetiva.  Mas, se Pilatos aceitava as acusações de outros –o Sinédrio, composto por inimigos- Pilatos devia pensar que a verdade estava camuflada e pervertida por interesses ocultos e partidários.

RESPOSTA DO JUIZ: Respondeu Pilatos: Por acaso sou eu judeu? A nação, a tua e os chefes sacerdotais te entregaram a mim. Que fizeste? (35).  Respondit Pilatus numquid ego Iudaeus sum gens tua et pontifices tradiderunt te mihi quid fecisti. Pilatos responde que ele não tinha procurado Jesus, porque não era judeu para se imiscuir em problemas de crenças que não lhe interessavam. Mas se o povo e os principais dirigentes acusavam Jesus, não podia ser totalmente gratuita essa imputação. Devia existir uma causa e, portanto, pergunta: que fizeste? Ou o mesmo que dizer de que te acusam e por que te imputam.

JESUS SE DEFENDE: Respondeu Jesus: O Reino, o meu, não é deste mundo; se deste mundo fosse o Reino, o meu, os subalternos meus não teriam lutado para que não fosse entregue aos judeus? Agora, portanto, o Reino, o meu,não é daqui (36). Respondit Iesus regnum meum non est de mundo hoc si ex hoc mundo esset regnum meum ministri mei decertarent ut non traderer Iudaeis nunc autem meum regnum non est hinc. Com essa resposta, Jesus se defende e afirma estas três coisas: 1º) Que ele é rei, pois três vezes declara que tem um reino próprio. 2º) Que esse reino não é como os reinos geográficos, territoriais, em que o poder impera sobre os súditos de modo que estes estão ao serviço do rei para defendê-lo. 3º) Que se essa luta não se deu, é que seu reino não vai contra ninguém, nem pretende dominar;  e portanto Pilatos não deve se preocupar com a realeza de seu imputado. Vejamos em que consiste, pois, o reinado melhor do que o reino de Jesus, o Cristo.
O REINO: O tema do reino é essencial nos sinópticos. Constitui a base para uma maioria de parábolas que se iniciam com o reino de Deus é semelhante, como em Mt 13,20 na parábola do joio ou da mostarda (Mt 13, 24-34). As palavras de Jesus são um anúncio desse reino como são as do anúncio dos apóstolos (Mt 10, 7). A vinda do Reino forma parte de nossa oração diária (Mt 6, 10) e das ambições dos discípulos (Mt 18, 1). Para entrar nele é preciso nascer de novo (Jo 3, 3). É um reino basicamente presente na atuação da pessoa de Jesus (Mt 12, 28) com a Igreja como fundamental mediadora em relação a Deus (Mt 16, 29). O reino exige uma santidade especial (Mt 5,20) e tem uma dimensão transcendente a consumar-se na perfeição, unicamente no além (Mt 25, 34 e Lc 2, 16). Por isso, dirá Jesus que meu reino não é deste mundo: nem pela sua origem, nem pela sua constituição. A origem dos reinos deste mundo era, segundo Daniel, maléfica (bestas nascidas do abismo em 7,3). Porém o quinto reino tinha uma origem celestial, divina, pois estava representado por um Filho de Homem descendo das nuvens do céu (Dn 7, 13+), nuvens sobre as quais se assentava o próprio Deus. A principal diferença com os reinos comuns da terra consiste em que os súditos são servidos e as autoridades são servidores ou diáconos (Mt 20,25-26). Pilatos mal podia adivinhar que aquele homem na sua frente ia morrer para que todos os que nele cressem tivessem vida, o que constituía o melhor ato de amor para os que seriam, não seus servos, mas seus amigos (Jo 15, 13 e 15).

DIÁLOGO FINAL: Por isso lhe disse Pilatos: logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes; porque eu sou rei. Eu para isso tenho nascido e para isso tenho vindo ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve minha voz (37). Dixit itaque ei Pilatus ergo rex es tu respondit Iesus tu dicis quia rex sum ego ego in hoc natus sum et ad hoc veni in mundum ut testimonium perhibeam veritati omnis qui est ex veritate audit meam vocem. O TESTEMUNHO: Em que sentido Jesus é o rei do seu novo e singular reino? Ele é o mártir que serve de testemunha a uma verdade absoluta e total, a ALETHEIA divina. Por isso é descrito como a luz divina que ilumina todo homem (Jo 1,9), como o olho ilumina a quem não quer ficar cego (Jo 9,39). João, o Batista, também foi uma testemunha que veio dar testemunho da luz, embora ele não fosse essa luz (Jo 1,8). Jesus era a luz para que os cegos até então (Jo 9,39) recobrassem a faculdade de caminhar sem tropeçar (Jo 8,12 e 12, 35) e recebessem o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12). Jesus, em si mesmo, é a lente com a qual o Pai olha os homens e o espelho em que os homens devem se olhar para encontrar a verdade de suas vidas e com a verdade o caminho e viver como vidas verdadeiras (Jo 14, 6). Como verdade última, convém recordar especialmente a boa nova que ele revela a Nicodemos: “Tanto amou Deus ao mundo que entregou seu Filho único a fim de que todo aquele que crer tenha nele a vida eterna” (3,16). É para demonstrar esse amor de Deus que o Verbo, como canta Paulo, rebaixou-se a si mesmo (como se fosse um escravo) e (assim rebaixado) foi obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2,8). Pilatos ia ser o instrumento legal de semelhante morte testemunhal.

A VERDADE BÍBLICA: ALETHEIA. A verdade na bíblia é sinônimo de fidelidade (Dt 32,4). O EMET hebraico com que é designada, provém de uma raiz que significa inspirar confiança, aplicada, sobretudo a Deus, indicando fidelidade às suas promessas por parte de Jahveh. Unida a HESED, indica que junto com a ternura determina as qualidades divinas com as quais Jahveh cuida da vida dos seus adoradores (Ex 34,6+). No Novo Testamento ALETHEIA (verdade em grego) significa também reta conduta por parte do homem, o qual é sinônimo de justiça. Paulo fala de chegar ao conhecimento da verdade, ou seja, da palavra de Deus como evangelho, não como filosofia humana, frente as fábulas dos doutores que são pregadores de mentiras (ITm        2,4). Devemos, portanto, rejeitar as fábulas profanas (ITm 4,7) tanto quanto as judaicas (Tt 1,7), indicando com isso a facilidade com que o homem erra ao querer ser dono da verdade. Para ele a Igreja é coluna da verdade (I Tm 3,15) que em definitivo, não é outra senão sua mensagem sobre Cristo morto e ressuscitado e, portanto, tem a Cristo como verdade salvífica. Em João, a verdade procede do Pai como palavra que Cristo veio proclamar (8,40). Se a lei chegou por Moisés, a verdade apareceu em Jesus, pois o revelador é o revelado revestido com a gratuidade do amor que o Pai nos tem (amor e verdade de que o Filho é revestido em 1,14). Jesus promete enviar o Espírito da verdade para que seus discípulos sempre compreendam plenamente suas palavras (Jo 14, 17 e 26) como memória exata do evangelho por ele ensinado. O discípulo deve andar sempre na verdade, isto é, se deixar guiar pela verdade de Cristo. Seguramente Pilatos não era daqueles que buscavam a verdade, porque sua resposta foi uma interrogação completamente incrédula: que coisa é a verdade?

PISTAS:
1) O ano litúrgico termina com o anúncio de uma nova escatologia: Jerusalém, a cidade santa, o templo, lugar de residência de Jahveh com seu povo, não mais são necessários. Serão destruídos como inúteis; mais, como contrários aos desígnios divinos. O profeta que o anunciou é Jesus que chora sobre essa dupla sina decretada pelo Pai, que ao mesmo tempo constitui sua dor e seu triunfo como Filho do Homem, isto é, como Senhor do novo Reino, o definitivo. As qualidades deste reino tão pessoal que não o distinguem da pessoa que o representa, estão definidas no evangelho de hoje. A forma de representá-lo é também um juízo: O poder mais importante na época, representado por Pilatos com o imperium interroga o poder futuro, representado na pessoa de Jesus. Este declara ser verdadeiro rei de um reino completamente diferente ao conhecido até então no mundo. Esse reino tem como base e fundamento a verdade, não o lucro ou a conveniência, ou o bem-estar; é por essa verdade que ele, suprema autoridade do mesmo, sofrerá a morte, padecendo-a como mártir da mesma.

2) A escatologia evangélica não é a última em termos absolutos, mas é um fim relativo: significa a ruptura da aliança mosaica, da qual estavam excluídos os povos gentílicos, ao mesmo tempo que era uma verdadeira escravidão para os judeus com suas leis rituais e de pureza (Gl 5,1). Cristo nos liberou dessa escravidão e iniciou uma nova Aliança com Deus, o Pai, em que a fidelidade divina se transforma em ternura para aqueles que ama como filhos e não como escravos (Gl 4,7).

3) Geralmente no 1o Domingo do Advento a Igreja manifesta a vinda definitiva do Senhor Jesus como juiz de vivos e mortos. Vivemos tempos que, segundo Teresa de Ávila, podem ser definidos como “recios” (fortes) em que o destino do homem individual e coletivo não entra como projeto de vida. O importante é o presente, porque a vida é breve e, como tal, queremos aproveitá-la ao máximo. Falta a vigilância, produto de que não somos donos de nossa existência e devemos dar conta, como servos, do que fizemos quando o Senhor estava ausente. Sua presença é para pedir contas da administração dos bens recebidos em encomenda. Quid hoc ad aeternitatem [que implicação tem isto com a eternidade] era a pergunta que transformou a vida de Francisco Xavier e será também o motivo de nossa metamorfose.

4) Que significa o Reino para nós? Porque muitos dizem que esta festa está fora de lugar.  Caso pensemos num reino tipo histórico, sem dúvida; mas o reino de Cristo é diferente. Regis ad exemplum totus componitur orbis [ao exemplo do rei todo o orbe é ordenado] e o exemplo de Jesus, o nosso rei, é um exemplo de serviço, de diaconia. Ele escolheu a cruz e com ela a humilhação, para salvar o que estava perdido. Não existe outra moeda com a qual possamos salvar este mundo, aparentemente tão injusto e tão inumano.



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CLIQUE AQUI, acenda uma vela virtual, faça seu pedido e agradecimento a Nossa Senhora Aparecida pela sagrada intercessão em nossas vidas!


QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!    Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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