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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 19/06/2011 - Solenidade da Santíssima Trindade
. Evangelho de 12/06/2011 - Solenidade de Pentecostes


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

19.06.2011
SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – ANO A
__ "DEUS É COMUNIDADE DE AMOR" __

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Quando o homem olha para dentro de sí, a fim de analisar sua experiência religiosa, tem a sensação de um abismo sem fundo, uma profundeza infinita. A essa profundeza inatingível de nosso ser refere-se a palavra "Deus". Deus significa isto: a profundeza última de nossa vida, a fonte de nosso ser, a meta de todos os nossos esforços. Esse fundo íntimo do nosso ser manifesta-se na abertura do nosso "eu" para um "tu", e na seriedade dessa inclinação. Vemos assim impressa em nosso ser a realidade profunda e grandiosa do Deus cristão, a Trindade. Isto é, o mistério de um Deus que é comunidade e comunhão de vida. Um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Ex 34,4b-6.8-9): - "Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco."

SALMO RESPONSORIAL (Dn 3, 52.-56): - "A vós louvor, honra e glória eternamente!*Honra e glória* eternamente!"

SEGUNDA LEITURA (2Cor 13,11-13): - "Irmãos: alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco."

EVANGELHO (Jo 3,16-18): - "A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio."



Homilia do Diácono José da Cruz – SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – ANO A

"A FAMÍLIA DA TRINDADE"

Nem acreditei quando Dona Ida falou com minha mãe, pedindo para me deixar passar um domingo na chácara da família, pois o Valdir, meu colega de escola, tinha por mim um grande afeto e manifestou aos pais o desejo de que eu lhe fizesse companhia. Naquela noite nem consegui dormir direito de tanta ansiedade e bem cedinho, com orgulho e alegria, lá fui eu, dentro do carro, com toda a família rumo a chácara para passar um dia, que na minha infância modesta foi mesmo inesquecível.

A chácara era belíssima, havia um lago onde andamos de barco e depois fizemos uma pescaria, nos refrescamos na piscina aonde Dona Ida nos serviu um suco delicioso. Daí fomos jogar futebol em um campinho gramado onde as traves tinham até rede. Fiquei tonto com tanta diversão, andamos a cavalo, andamos muito de bicicleta, empinamos pipa e acho que em apenas um dia me diverti por um ano, pois em casa os brinquedos eram bem raros e só em uma ocasião ou outra, saía para algum passeio.

Na hora do almoço, que foi servido na varanda com uma mesa farta, por ser acanhado retirei-me para um canto, pois minha mãe dizia que eu não tinha modos e eu não queria fazer feio.   Mas foi quando Dona Ida chamou-me pelo nome “Venha filho, sente-se e coma à vontade com a gente!”

Desculpei-me dizendo que não estava com fome, mas a bondosa mulher falou carinhosamente “Olha, você é como um irmão para o Valdirzinho que fica muito feliz quando está com você por perto, então se sente aqui, pois vocês faz parte da nossa família, queremos muito bem seu pai e sua mãe e a todos vocês”.    E após essas palavras, o Sr. Valter veio até mim, pegou-me pela mão e conduziu-me até a mesa, “Ida prepare um prato bem delicioso, o menino está faminto”! Comi até ficar triste, depois fomos descansar na sombra de um pomar onde nos deliciamos com frutas adocicadas. Á tardinha, quando eles me deixaram em frente a minha casa, nos deram uma sacola cheia de frutas e legumes.

Tive outros dias maravilhosos como aquele, a amizade com o Valdirzinho tornou-se sólida, mas confesso que áquele primeiro dia foi inesquecível, pois na minha cabeça de menino pobre, filho de pai operário, as palavras da Dona Ida “Sente-se e coma a vontade, você faz parte da família”, fez nascer no meu coração uma incontida alegria, mesclada com sentimento de afeto e gratidão. Não era mais um estranho, ficava bem a vontade, o que era do Valdirzinho também era meu, os brinquedos, a casa, o sítio, a piscina, o campo de futebol, os cavalos, o lago e o barco. Era uma gente abençoada, cuja riqueza maior era saber partilhar o que tinha. Eles ajudavam muitas pessoas com obras de caridade, mas eu me sentia especial, porque “fazia parte da família”, segundo a Dona Ida.

O homem desde os seus primórdios sonha e deseja a plenitude, a fartura, o viver bem e ser feliz, muito cedo o ser humano descobriu que essa vida plena de realizações só se encontra em Deus, é esse desejo que encontramos na humilde oração de Moisés, na primeira leitura: “Se tenho o vosso favor, Senhor, dignai-vos caminhar no meio de nós, pois somos um povo de cabeça dura, perdoa nossas iniqüidades e pecados e nos aceita como propriedade vossa”

Sendo eu um menino pobre, meu pai nunca teria recurso para que pudesse desfrutar de todo aquele conforto, que esta família me proporcionava com freqüência! Assim também, a humanidade, tão pequena, frágil e limitada em suas misérias, jamais teria acesso a graça e salvação do Deus Todo Poderoso e Altíssimo, indigno e sem condições de olhar, Moisés, que representa toda humanidade, se prostra diante dele.

Festa da Santíssima Trindade lembra-me um Deus de rosto bondoso como o de Dona Ida, me dizendo naquele domingo inesquecível “Vem sentar-se conosco á mesa, te amamos muito, você faz parte da nossa família!” Eu gozava de toda esta estima de Dona Ida e do Sr. Valter, que até me consideravam como filho, por causa do Valdirzinho, que se afeiçoara a mim, de modo especial.

Para a humanidade, este amigo e irmão que nos ama de maneira gratuita e incondicional, este elo de ligação que nos permite fazer parte da família divina, e desfrutar de toda graça dispensada, é Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, e assim como a amizade com o meu amigo, me possibilitava ser praticamente um membro da família, desse mesmo modo a nossa fé em Jesus Cristo, todo amoroso e misericordioso nos comunica á salvação, porque nos insere na comunhão da Trindade que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, fazendo com que a sua graça, lá no mais íntimo de nós, faça brotar no coração essa incontida alegria de ser amado e querido do Pai, que um dia nos acolherá para sempre, na plenitude dos tempos, em sua “casa”, não apenas por um dia, mas por toda eternidade, sendo isso que Deus deseja ardentemente para todo homem.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – ANO A

O amor da Santíssima Trindade pelo mundo

O que você diria se alguém afirmasse que a Capela Sixtina no Vaticano, pintada pelo grande Miguel Angelo, é uma obra indecente porque tem muita gente nua? Além do susto que levaríamos talvez a primeira observação que faríamos seria essa: “- indecente?! Você está louco?” No entanto, é preciso comprender. Há por aí uma espécie de puritanismo que desconsidera que esse mundo é obra da Santíssima Trindade – do Pai e do Filho e do Espírito Santo – e que, portanto, é bom. Como pode ser mal algo que saiu das mãos de Deus que é a bondade absoluta? Tudo o que é fruto da ação de Deus só pode ser bom. Não há alternativa!

Caso não seja suficiente a afirmação veterotestamentária sobre a bondade da criação (cfr. Gn 1, 10.12.18.21), prestemos atenção nessas palavras do Evangelho: “De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

As conclusões implícitas nessas palavras são, entre outras, que o corpo humano é bom, que o sexo é bom, que todas as criaturas são boas. Ou seja, a cerveja e a pinga não são más. O cigarro não é do diabo. A televisão não é o olho de Satanás. As calças femininas não são o pecado encarnado. As pessoas enquanto tais não são más. No entanto, o mal se instalou no coração do ser humano por causa da malicia do pecado. Foi apartir desse momento quando, por exemplo, o sexo, que em si é bom, começou a ser utilizado fora das relações matrimoniais e fora das regras ínsitas na natureza humana. Particularmente, tudo o que se refere à questão sexual foi tomado muito em sério pelo inimigo da nossa salvação. É simples: o sexo deve ser expressão do amor entre um homem e uma mulher unidos em santo matrimônio. Há um interesse enorme para desviturar as relações sexuais, para colocar o corpo humano ao serviço do egoísmo e da depravação. Que absurdo quando se tolera o adultério como algo normal, a fornicação como algo normal ou as relações homosexuais como algo também normal! Não é sinal de modernidade afirmar a baixeza, é simplesmente sinal de pouca vergonha e perversão. A Igreja tem toda a comprensão para com o pecador, mas nenhuma tolerancia com o pecado. Jesus salva o pecador destruindo o pecado.

A criação da Trindade Santíssima não é algo pecaminoso. O que nos conduz ao mal é o coração depravado, não purificado, cheio daquilo que a Escritura chama “homem velho” (cfr. Ef 4,22).

Alguns autores chegaram até mesmo a pensaar que o versículo “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” do livro do Gênese (1,26) significa uma presença oculta da Trindade no Antigo Testamento. Sem dúvida, a Trindade é eterna e estava presente na antiga aliança; no entanto, a revelação do mistério de que em Deus há Pai e Filho e Espírito Santo só acontece no Novo Testamento. Cristo nos revelou essa grande verdade principalmente ao dizer que Deus é o seu Pai e que, portanto, ele é o Filho de Deus.

O Pai e o Filho e o Espírito Santo sempre estiveram presente ao mundo. Por amor ao mundo, o Pai enviou o Filho para salvar-nos e é o Espírito Santo quem continua aplicando os méritos de Cristo aos homens para integrá-los ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.

A Trindade ama o mundo e o cristão não pode não amá-lo. Não se pode ter uma visão pessimista das coisas que Deus criou. É preciso limpar os olhos e pedir ao Senhor que nos conceda a luz necessária para contemplar o mundo abençoado por Deus sobre o qual ainda paira o Espírito Criador. Falei que é preciso limpar os olhos, é isso mesmo! Frequentemente, vemos as coisas negativamente, de maneira pessimista, colocando a culpa em tantas coisas e em tantas pessoas porque o nosso olhar não é puro. O problema não está nas coisas, mas em nós, no nosso coração. Dá muito trabalho purificar o coração. É obra de Deus, mas cada um de nós pode colaborar com ele.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – Ano A
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

Caríssimos Irmãos e Irmãs,

Que a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre com cada um de vocês!
Em virtude do Comentário Exegético desta semana não ter sido publicado no site de origem, tomo a liberdade de trazer um excelente artigo de São José Maria Escrivá para vossa meditação, pois é necessário compreender qual a verdadeira missão dos padres no mundo. Principalmente, levando-se em conta que nesse mundo tão conturbado faltam pessoas corajosas que queiram dedicar sua vida totalmente a serviço de Deus.

Aproveitem esta oportunidade e peçam ao Senhor da Messe, Deus nosso Pai, que envie mais trabalhadores.

Boa reflexão e uma santa semana, na Paz de Jesus!

Dermeval Pereira Neves
Webmaster - NPDBRASIL

Sacerdote para eternidade

Há dias, ao celebrar a Santa Missa, detive-me um breve momento para considerar as palavras de um salmo que a liturgia punha na antífona da Comunhão: O Senhor é o meu pastor, nada me poderá faltar. Esta invocação trouxe-me à memória os versículos de outro salmo, que se recitava na cerimónia da Primeira Tonsura: o Senhor é a parte da minha herança. O próprio Cristo põe-se nas mãos dos sacerdotes, que se fazem assim dispensadores dos mistérios – das maravilhas – do Senhor. No próximo Verão receberá as Sagradas Ordens meia centena de membros do Opus Dei. Desde 1944 sucedem-se, como uma realidade de graça e de serviço à Igreja, estas ordenações sacerdotais de alguns membros da Obra. Apesar disso, todos os anos há gente que se espanta. Como é possível, interrogam-se, que trinta, quarenta, cinquenta homens, com uma vida cheia de afirmações e de promessas, estejam dispostos a ser sacerdotes? Queria expor hoje algumas considerações, mesmo correndo o risco de aumentar nessas pessoas os motivos de perplexidade.

Porquê ser Sacerdote?

O santo sacramento da Ordem Sacerdotal será ministrado a este grupo de membros da Obra, que contam com uma valiosa experiência – talvez de muito tempo – como médicos, advogados, engenheiros, arquitectos ou de outras diversíssimas actividades profissionais. São homens que, como fruto do seu trabalho, estariam capacitados para aspirar a postos mais ou menos relevantes na sua esfera social.

Vão ordenar-se para servir. Não para mandar, não para brilhar, mas para se entregarem, num silêncio incessante e divino ao serviço de todas as almas. Quando forem sacerdotes não se deixarão arrastar pela tentação de imitar as ocupações e o trabalho, dos leigos, mesmo que se trate de tarefas que conheçam bem por as terem realizado até agora, o que lhes conferiu uma mentalidade laical que não perderão nunca.

A sua competência nos diversos ramos do saber humano – da história, das ciências naturais, da psicologia, do direito, da sociologia -, embora faça parte necessariamente dessa mentalidade laical, não os levará a quererem apresentar-se como sacerdotes-psicólogos, sacerdotes-biólogos ou sacerdotes-sociólogos. Receberam o sacramento da Ordem para serem, nem mais nem menos, sacerdotes-sacerdotes, sacerdotes cem por cento.

É provável que sobre muitos assuntos temporais e humanos, entendam mais do que muitos leigos. Mas, desde que são sacerdotes, calam com alegria essa competência para continuarem a fortalecer-se espiritualmente através da oração constante, para falarem só de Deus, para pregarem o Evangelho e administrarem os sacramentos. Este é, se assim se pode dizer, o seu novo trabalho profissional, ao qual dedicam todas as horas do dia, que sempre serão poucas, porque é preciso estudar constantemente a ciência de Deus, orientar espiritualmente tantas almas, ouvir muitas confissões, pregar incansavelmente e rezar muito, muito, com o coração sempre posto no Sacrário, onde está realmente presente Aquele que nos escolheu para sermos seus, numa maravilhosa entrega cheia de alegria, inclusivamente no meio de contrariedades, que a nenhuma criatura faltam.

Todas estas considerações podem aumentar, como vos dizia, os motivos de admiração. Alguns continuarão talvez a perguntar a si mesmos: mas porquê esta renúncia a tantas coisas boas e nobres da terra, a uma profissão mais ou menos brilhante, a influir cristãmente, com o exemplo, no âmbito da cultura profana, do ensino, da economia, ou de qualquer outra actividade social? Outros ficarão admirados lembrando-se de que hoje, em não poucos sítios, grassa uma desorientação notável sobre a figura do sacerdote; apregoa-se que é preciso procurar a sua identidade e põe-se em dúvida o significado que, nas circunstâncias actuais, possa ter a entrega a Deus no sacerdócio. Finalmente, também poderá surpreender alguns que, numa época em que escasseiam as vocações sacerdotais, estas surjam entre cristãos que já tinham resolvido – graças a um trabalho pessoal exigente – os problemas de colocação e trabalho no mundo.

Sacerdotes e leigos

Compreendo essa estranheza, mas não seria sincero se afirmasse que a compartilho. Estes homens que, livremente, porque assim o quiseram – e isto é uma razão muito sobrenatural - abraçam o sacerdócio, sabem que não fazem nenhuma renúncia, no sentido em que vulgarmente se emprega esta palavra. Já se dedicavam – pela sua vocação ao Opus Dei – ao serviço da Igreja e de todas as almas, com uma vocação plena, divina, que os levava a santificar o trabalho e a procurar, por meio dessa ocupação profissional, a santificação dos outros.

Como todos os cristãos, os membros do Opus Dei, sacerdotes e leigos, sempre cristãos correntes, encontram-se entre os destinatários destas palavras de S. Pedro: vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, afim de anunciantes as virtudes d’Aquele que vos chamou das trevas para a Sua luz admirável. Vós que outrora não éreis o Seu povo, mas que agora sois o povo de Deus; vós que antes não tínheis alcançado misericórdia e agora a alcançastes.

Uma única e a mesma é a condição de fiéis cristãos nos sacerdotes e nos leigos, porque Deus Nosso Senhor nos chamou a todos à plenitude da caridade, à santidade: bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que n’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos Seus olhos.

Não há santidade de segunda categoria: ou existe uma luta constante por estar na graça de Deus e ser conformes a Cristo, nosso Modelo, ou desertamos dessas batalhas divinas. O Senhor convida todos para que cada um se santifique no seu próprio estado. No Opus Dei esta paixão pela santidade – apesar dos erros e misérias individuais – não se diferencia pelo facto de se ser sacerdote ou leigo; e, além disso, os sacerdotes são apenas uma pequeníssima parte, em comparação com o total de membros.

Olhando com olhos de fé, a chegada ao sacerdócio não constitui, portanto, nenhuma renúncia; e chegar ao sacerdócio também não significa um passo mais na vocação ao Opus Dei. A santidade não depende do estado – solteiro, casado, viúvo, sacerdote -, mas sim da correspondência pessoal à graça, que a todos é concedida, para aprendermos a afastar de nós as obras das trevas e para nos revestirmos das armas da luz, da serenidade, da paz, do serviço sacrificado e alegre à humanidade inteira.

Dignidade do Sacerdócio

O sacerdócio leva a servir a Deus num estado que, em si mesmo, não é melhor nem pior do que os outros; é diferente. Mas a vocação de sacerdote aparece revestida duma dignidade e duma grandeza que nada na terra supera. Santa Catarina de Sena põe na boca de Jesus Cristo estas palavras: não quero que diminua a reverência que se deve professar aos sacerdotes, porque a reverência e o respeito que se lhes manifesta, não se dirige a eles, mas a Mim, em virtude do Sangue que lhes dei para que o administrem. Se não fosse isso, deveríeis dedicar-lhes a mesma reverência que aos leigos e não mais… Não devem ser ofendidos: ofendendo-os ofende-se a Mim e não a eles. Por isso o proibi e estabeleci que não admito que toqueis nos meus Cristos.

Alguns afadigam-se à procura, como dizem, da identidade do sacerdote. Que claras resultam estas palavras da Santa de Sena! Qual é a identidade do sacerdote? A de Cristo. Todos os cristãos podem e devem ser, não já alter Christus, mas ipse Christus: outros Cristos, o próprio Cristo! Mas no sacerdote isto dá-se imediatamente, de forma sacramental.

Para realizar uma obra tão grande – a da Redenção – Cristo está sempre presente na Igreja, principalmente nas acções litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do Ministro – “oferecendo-se agora por ministério dos sacerdotes O mesmo que se ofereceu a si mesmo na cruz” -, como, sobretudo, sob as espécies eucarísticas. Pelo sacramento da Ordem, o sacerdote torna-se efectivamente apto para emprestar a Nosso Senhor a voz, as mãos, todo o seu ser: é Jesus Cristo quem, na Santa Missa, com as palavras da consagração, transforma a substância do pão e do vinho no Seu Corpo, Alma, Sangue e Divindade.

Nisto se fundamenta a incomparável dignidade do sacerdote. Uma grandeza emprestada, compatível com a minha pequenez. Eu peço a Deus Nosso Senhor que nos dê, a todos os sacerdotes, a graça de realizar santamente as coisas santas, e de reflectir também na nossa vida as maravilhas das grandezas do Senhor. Nós, que celebramos os mistérios da Paixão do Senhor, temos de imitar o que fazemos. E então a hóstia ocupará o nosso lugar diante de Deus, se nós mesmos nos fizermos hóstias.

Se alguma vez encontrais um sacerdote que, exteriormente, não parece viver de acordo com o Evangelho – não o julgueis, Deus o julga – , sabei que, se celebrar validamente a Santa Missa, com intenção de consagrar, Nosso Senhor não deixa de descer até àquelas mãos, ainda que sejam indignas. Pode haver maior entrega, maior aniquilamento? Mais do que em Belém e no Calvário! Porquê? Porque Jesus Cristo tem o Coração oprimido pelas suas ânsias redentoras, porque não quer que ninguém possa dizer que não foi chamado, porque se faz encontrar pelos que não O procuram.

É amor? Não há outra explicação. Que insuficientes se tornam as palavras, para falar do Amor de Cristo! Ele baixa-se a tudo, admite tudo, expõe-se a tudo – a sacrilégios, a blasfémias, à frieza da indiferença de tantos – com o fim de oferecer, ainda que seja a um único homem, a possibilidade de descobrir o bater de um Coração que salta no Seu peito chagado. Esta é a identidade do sacerdote: instrumento imediato e diário da graça salvadora que Cristo ganhou para nós. Se se compreende isto, se isto é meditado no silêncio activo da oração, como se pode considerar o sacerdócio uma renúncia? É um ganho impossível de calcular. A Nossa Mãe Santa Maria, a mais santa das criaturas – mais do que Ela, só Deus – trouxe uma vez Jesus ao mundo; os sacerdotes trazem-no à nossa terra, ao nosso corpo e à nossa alma, todos os dias: Cristo vem para nos alimentar, para no vivificar, para ser, desde já, penhor da vida futura.

Sacerdócio comum e sacerdócio ministerial

Nem como homem, nem como fiel cristão, o sacerdote é mais do que o leigo. Por isso é muito conveniente que o sacerdote professe uma profunda humildade, para entender como também no seu caso se cumprem plenamente, de modo especial, aquelas palavras de S. Paulo: que possuís que não tenhais recebido? O recebido… é Deus! O recebido é poder celebrar a Sagrada Eucaristia, a Santa Missa – fim principal da ordenação sacerdotal -, perdoar os pecados, administrar outros sacramentos e pregar com autoridade a Palavra de Deus, dirigindo os outros fiéis nas coisas que se referem ao Reino dos Céus.

O sacerdócio dos presbíteros, que pressupõe os sacramentos da iniciação cristã, confere-se mediante um Sacramento particular, pelo qual os presbíteros, pela unção do Espírito Santo, são selados com um carácter especial e se configuram com Cristo Sacerdote de tal modo que podem actuar na pessoa de Cristo cabeça. A Igreja é assim, não por capricho dos homens, mas por expressa vontade de Jesus Cristo, seu Fundador. O sacrifício e o sacerdócio estão tão unidos, por determinação de Deus, que em toda a Lei, na Antiga e na Nova Aliança, existiram os dois. Tendo, pois, recebido a Igreja Católica no Novo Testamento, por instituição do Senhor, o sacrifício visível da Eucaristia, deve-se também confessar que há n’Ele um novo sacerdócio, visível e externo, no qual se transformou o antigo.

Nos que são ordenados este sacerdócio ministerial soma-se ao sacerdócio comum de todos os fiéis. Portanto, seria um erro defender que um sacerdote é mais cristão do que qualquer outro fiel, mas pode afirmar-se que é mais sacerdote: pertence, como todos os cristãos, ao povo sacerdotal redimido por Cristo e, além disso, está marcado com o carácter do sacerdócio ministerial, que se diferencia essencialmente, e não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis.

Não compreendo o empenho de alguns sacerdotes em se confundirem com os outros cristãos esquecendo ou descuidando a sua missão específica na Igreja, para a qual foram ordenados. Pensam que os cristãos desejam ver no sacerdote um homem mais Não é verdade. No sacerdote querem admirar as virtudes próprias de qualquer cristão e de qualquer homem honrado: a compreensão, a justiça, a vida de trabalho – trabalho sacerdotal neste caso -, a caridade, a educação, a delicadeza no trato. Mas, juntamente com isto, os fiéis pretendem que se destaque claramente o carácter sacerdotal: esperam que o sacerdote reze, que não se negue a administrar os Sacramentos, que esteja disposto a acolher a todos sem se constituir chefe ou militante de partidarismos humanos, sejam de que tipo forem; que ponha amor e devoção na celebração da Santa Missa, que se sente no confessionário, que conforte os doentes e os atormentados, que ensine catequese às crianças e aos adultos, que pregue a Palavra de Deus e não qualquer tipo de ciência humana, que – mesmo que a conhecesse perfeitamente – não seria a ciência que salva e leva à vida eterna; que saiba aconselhar e ter caridade com os necessitados.

Numa palavra: pede-se ao sacerdote que aprenda a não estorvar em si a presença de Cristo nele, especialmente no momento em que realiza o Sacrifício do Corpo e Sangue e quando, em nome de Deus, na Confissão sacramental auricular e secreta, perdoa os pecados. A administração destes dois Sacramentos é tão capital na missão do sacerdote, que tudo o mais deve girar à sua volta. As outras tarefas sacerdotais – a pregação e a instrução na fé - careceriam de base, se não estivessem dirigidas a ensinar a ter intimidade com Cristo, a encontrar-se com Ele no tribunal amoroso da Penitência e na renovação incruenta do Sacrifício do Calvário, na Santa Missa.

Deixai que me detenha ainda um pouco na consideração do Santo Sacrifício: porque, se para nós é o centro e a raiz da vida cristã, deve sê-lo, de modo especial, na vida do sacerdote. Um sacerdote que, culpavelmente, não celebrasse diariamente o Santo Sacrifício do Altar, demonstraria pouco amor de Deus; seria como lançar em cara a Cristo que não compartilha da ânsia de Redenção, que não compreende a sua impaciência em se entregar, inerme, como alimento da alma.

Sacerdote para a Santa Missa

Convém recordar, com importuna insistência, que todos nós, sacerdotes, quer sejamos pecadores quer santos, quando celebramos a Santa Missa não somos nós próprios. Somos Cristo, que renova no altar o seu divino Sacrifício do Calvário. A obra da nossa Redenção cumpre-se continuamente no mistério do Sacrifício Eucarístico, no qual os sacerdotes exercem o seu principal ministério, e por isso recomenda-se encarecidamente a sua celebração diária pois, mesmo que os fiéis não possam estar presentes, é um acto de Cristo e da sua Igreja.

Ensina o Concilio de Trento que na Missa se realiza, se contém e incruentamente se imola aquele mesmo Cristo que uma só vez se ofereceu Ele mesmo cruentamente no altar da Cruz… Com efeito, a vítima é uma e a mesma: e O que agora se oferece pelo ministério dos sacerdotes, é O mesmo que então se ofereceu na Cruz, sendo apenas diferente a maneira de se oferecer.

A assistência ou a falta de assistência de fiéis à Santa Missa não altera em nada esta verdade de fé. Quando celebro rodeado de povo, sinto-me satisfeito, sem necessidade de me considerar presidente de nenhuma assembleia. Sou, por um lado, um fiel como os outros, mas sou, sobretudo, Cristo no Altar! Renovo incruentamente o divino Sacrifício do Calvário e consagro in persona Christi, representando realmente Jesus Cristo, porque lhe empresto o meu corpo, a minha voz e as minhas mãos, o meu pobre coração, tantas vezes manchado, que quero que Ele purifique.

Quando celebro a Santa Missa apenas com a participação daquele que ajuda à Missa, também aí há povo. Sinto junto de mim todos os católicos, todos os crentes e também os que não crêem. Estão presentes todas as criaturas de Deus – a terra, o céu, o mar, e os animais e as plantas -, dando glória ao Senhor da Criação inteira.

E especialmente – di-lo-ei com palavras do Concilio Vaticano II – unimo-nos no mais alto grau ao culto da Igreja celestial, comunicando e venerando sobretudo a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, de S. José, dos santos Apóstolos e Mártires e de todos os santos. Peço a todos os cristãos que rezem muito por nós, sacerdotes, para que saibamos realizar santamente o Santo Sacrifício. Rogo-lhes que mostrem um amor tão delicado à Santa Missa, que nos leve, a nós, sacerdotes, a celebrá-la com dignidade – com elegância – humana e sobrenatural: com asseio nos paramentos e nos objectos destinados ao culto, com devoção, sem pressas.

Porquê pressa? Têm-na por acaso os namorados ao despedir-se? Parece que se vão embora e não vão: voltam uma e outra vez, repetem palavras correntes como se acabassem de as descobrir… Não receeis aplicar exemplos do amor humano, nobre, limpo, às coisas de Deus. Se amarmos o Senhor com este coração de carne – não temos outro – não sentiremos pressa em terminar esse encontro, essa entrevista amorosa com Ele.

Alguns vivem com calma e não se importam de prolongar até ao cansaço leituras, avisos, anúncios Mas, ao chegarem ao momento principal da Santa Missa, ao Sacrifício propriamente dito, precipitam-se, contribuindo assim para que os outros fiéis não adorem com piedade Cristo, Sacerdote e Vítima; nem aprendam a dar-lhe graças depois – com pausa, sem precipitações -, por ter querido vir de novo até nós.

Todos os afectos e necessidades do coração do cristão encontram na Santa Missa o melhor caminho: aquele que, por Cristo, chega ao Pai no Espirito Santo. O sacerdote deve pôr especial empenho em que todos o saibam e vivam. Não há actividade alguma que possa antepor-se normalmente à de ensinar e fazer amar e venerar a Sagrada Eucaristia.

O sacerdote exerce dois actos: um, principal, sobre o Corpo de Cristo verdadeiro; outro, secundário, sobre o Corpo Místico de Cristo. O segundo acto ou ministério depende do primeiro, e não ao contrário . Por isso, o que há de melhor no ministério sacerdotal é procurar que todos os católicos se aproximem do Santo Sacrifício cada vez com mais pureza, humildade e veneração. Se o sacerdote se esforça nesta tarefa, não ficará defraudado, nem defraudará as consciências dos seus irmãos cristãos.

Na Santa Missa adoramos, cumprindo amorosamente o primeiro dever da criatura para com o seu Criador: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. Não adoração fria, exterior, de servo; mas íntima estima e acatamento, que é amor profundo de filho.

Na Santa Missa encontramos a oportunidade perfeita de expiar os nossos pecados e os de todos os homens: para poder dizer, como S. Paulo, que estamos cumprindo na nossa carne o que falta padecer a Cristo. Ninguém caminha sozinho no mundo, ninguém deve considerar-se livre de uma parte de culpa no mal que se comete sobre a terra, consequência do pecado original e também da soma de muitos pecados pessoais. Amemos o sacrifício, procuremos a expiação. Como? Unindo-nos na Santa Missa a Cristo, Sacerdote e Vítima; será sempre Ele quem carregará com o peso imenso das infidelidades das criaturas; das tuas e das minhas…

O Sacrifício do Calvário é uma prova infinita a generosidade de Cristo. Nós – cada um – somos sempre muito interesseiros; mas Deus Nosso Senhor não se importa de que na Santa Missa Lhe apresentemos todas as nossas necessidades. Quem não tem coisas a pedir? Senhor, aquela doença… Senhor, esta tristeza… Senhor, aquela humilhação, que não sei suportar por amor de Ti… Queremos o bem, a felicidade e a alegria das pessoas da nossa casa; oprime-nos o coração a sorte dos que padecem fome e sede de pão e de justiça; dos que sentem a amargura da solidão; dos que, no termo dos seus dias, não recebem um olhar de carinho nem um gesto de ajuda.

Mas a grande miséria que nos faz sofrer, a grande necessidade a que queremos pôr remédio é o pecado, o afastamento de Deus, o risco de que as almas se percam para toda a eternidade. Levar os homens à glória eterna no amor de Deus: esta é a nossa aspiração fundamental ao celebrar a Missa, como o foi a de Cristo ao entregar a sua vida no Calvário.

Acostumemo-nos a falar com esta sinceridade ao Senhor, quando desce, vítima inocente, até às mãos do sacerdote. A confiança no auxilio do Senhor dar-nos-á essa delicadeza de alma, que se traduz sempre em obras de bem e de caridade, de compreensão, de profunda ternura com os que sofrem e com os que vivem artificialmente fingindo uma satisfação oca, tão falsa, que depressa se converte em tristeza.

Agradeçamos, finalmente, tudo o que Deus Nosso Senhor nos concede, pelo facto maravilhoso de Se nos entregar Ele mesmo. Que venha ao nosso peito o Verbo Encarnado!… Que se encerre, na nossa pequenez, Aquele que criou céus e terra!… A Virgem Maria foi concebida imaculada para albergai Cristo no seu seio. Se a acção de graças há-de ser proporcional à diferença entre o dom e os méritos, não devíamos converter todo o nosso dia numa Eucaristia contínua? Não saiais do templo, mal acabeis de receber o Santo Sacramento. Tão importante é o que vos espera que não podeis dedicar ao Senhor dez minutos para lhe dizer obrigado? Não sejamos mesquinhos. Amor com amor se paga.

Um sacerdote que vive deste modo a Santa Missa adorando, expiando, impetrando, dando graças, identificando-se com Cristo -, e que ensina os outros a fazer do Sacrifício do Altar o centro e a raiz da vida do cristão, demonstrará realmente a grandeza incomparável da sua vocação, esse carácter com que foi selado, e que não perderá por toda a eternidade. Sei que me compreendeis quando vos afirmo que, ao lado de um sacerdote assim, se pode considerar um fracasso – humano e cristão – a conduta de alguns que se comportam como se tivessem de pedir desculpa por ser ministros de Deus. É uma desgraça, porque os leva a abandonar o ministério, a arremedar os leigos, a procurar uma segunda ocupação que a pouco e pouco suplanta a que lhes é própria por vocação e por missão. Frequentemente, ao fugir do trabalho de cuidar espiritualmente das almas, tendem a substituí-lo por uma intervenção em campos próprios dos leigos – nas iniciativas sociais, na política -, aparecendo então esse fenómeno do clericanismo, que é a patologia da verdadeira missão sacerdotal.

Não quero terminar com esta nota sombria, que pode parecer pessimismo. Não desapareceu na Igreja de Deus o autêntico sacerdócio cristão; a doutrina é imutável, ensinada pelos lábios divinos de Jesus. Há muitos milhares de sacerdotes em todo o mundo que cumprem plenamente a sua missão, sem espectáculo, sem cair na tentação de lançar pela borda fora um tesouro de santidade e de graça, que existe na Igreja desde o princípio.

Aprecio a dignidade da finura humana e sobrenatural destes meus irmãos, espalhados por toda a terra. É de justiça que se vejam já agora rodeados pela amizade, a ajuda e o carinho de muitos cristãos. E quando chegar o momento de se apresentarem diante de Deus, Jesus Cristo irá ao seu encontro, para glorificar eternamente aqueles que, no tempo, actuaram em seu nome e na sua Pessoa, derramando com generosidade a graça de que eram administradores. Voltemos de novo, em pensamento, aos membros do Opus Dei que serão sacerdotes no próximo Verão. Não deixeis de pedir por eles, para que sejam sempre sacerdotes fiéis, piedosos, doutos, entregues, alegres! Encomendai-os especialmente a Santa Maria, que torna ainda mais generosa a sua solicitude de Mãe com aqueles que se empenham, para toda a vida, em servir de perto o seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote Eterno.

São Josemaria Escrivá.


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12.06.2011
SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO A
__ "A IGREJA VIVE NO ESPÍRITO DE CRISTO" __

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! A solenidade de Pentecostes celebra um acontecimento capital para a Igreja: a sua apresentação ao mundo, o nascimento oficial com o batismo no Espírito. Complemento da Páscoa, a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração e na atividade dos discípulos; início da expansão da Igreja e princípio da sua fecundidade, ela se renova misteriosamente hoje para nós, como em toda assembléia eucarística e sacramental, e, de múltiplas formas, na vida das pessoas e dos grupos até o fim dos tempos. A "plenitude" do Espírito é a característica dos tempos messiânicos, preparados pela secreta atividade do Espírito de Deus que "falou por meio dos profetas" e inspira em todos os tempos os atos de bondade, justiça e religiosidade dos homens, até que encontrem em Cristo seu sentido definitivo. Entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (At 2,1-11): - "Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava."

SALMO RESPONSORIAL (103/104): - "Enviai o vosso Espírito, Senhor, * e da terra toda a face renovai!"

SEGUNDA LEITURA (1Cor 12,3b-7.12-13): - "Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo."

EVANGELHO (Jo 20,19-23): - "A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio."



Homilia do Diácono José da Cruz – SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO A

"RENASCIDOS NO ESPÍRITO"

Quando se capricha na reforma de uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília, que em certa ocasião , mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses três casos, a palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília, continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser realmente novas criaturas., porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).

Quando o homem toma conhecimento dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem, sendo já velho, nascer de novo,e se era necessário entrar novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a reunião dos que crêm e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas.

Igreja não é um grupo fechado e particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano” – (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua” (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem!

No espírito descobrimos que somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam se dar às mãos e em uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós. “Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado , texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz realidade.

Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO A

A surpresa: fruto da ação do Espírito

E se alguém lhe dissesse que você está errado há muitos séculos? No mínimo seria um exagero. Foi exatamente isso que um professor de moral costumava dizer aos seus alunos: “estamos equivocados há muitos séculos porque pensamos que a moral é fazer umas quantas coisas boas”. Eu imagino o olhar expectante dos alunos rumo ao professor experimentado, mas que talvez deixassem notar através das próprias feições alguma censura ao velho professor. Nesse momento, o catedrático continuava: “Não! A moral cristã não é de obrigação, mas uma moral de surpresa, moral de salvação”.

Moral de surpresa?! Eu estou de acordo. Efetivamente, Deus nos surpreende constantemente. A graça, a salvação, a ação do Espírito Santo nas pessoas é uma surpresa maravilhosa. Mas, será que dessa maneira não estaríamos suprimindo a colaboração humana na própria salvação? É muito conhecida aquela frase de S. Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. E é verdade! No entanto, não deixa de causar surpresa que nós possamos fazer obras que mereçam a salvação eterna. Essa afirmação já deixou a mais de uma pessoa deslumbrada, até mesmo escandalizada. Martinho Lutero aceitava que toda a obra da salvação é de Deus, mas se esquecia de que Deus, pela sua infinita bondade e generosidade, capacita o próprio ser humano para poder realizar ações meritórias.

Vejamos esse assunto com mais calma. Santo Irineu afirmou que Deus, no principio, plantou a vinha do gênero humano; muito amou a humanidade e se propôs estender sobre ela o seu Espírito e conferir-lhe a adoção filial. E esse plano de Deus cumpriu-se! Desta maneira, o Pai olha as obras daqueles que são os seus filhos por graça aceitando-as prévio auxilio de seu próprio poder, de Deus.

Uma ideia comum que aparece nos Santos Padres é a seguinte: assim como existe um único Deus, existe também uma única humanidade e uma única fraternidade humana. Assim como Deus é três Pessoas distintas, de maneira semelhante há variedade no gênero humano: as muitas pessoas humanas. Essa variedade não se opõe à unidade da humanidade. No entanto, esse projeto de unidade foi despedaçado pelo pecado logo nos inícios. Logicamente, assim como não se perdeu totalmente imagem de Deus com o pecado original, tampouco a unidade fundada nessa imagem. Não obstante, as relações do homem com Deus e do homem com os demais se viram mudadas a pior como fruto podre da desagregação que o homem experimentou dentro de si mesmo. O homem, segundo os Padres da Igreja, foi disperso em vários pedacinhos. A salvação de Cristo, nesse contexto, seria uma restauração, um recolher o homem disperso. Cristo é o homem singular, mas também é o homem universal, ou seja, leva em si toda a humanidade.

O ser humano, quando se encontrava disperso, e quando se encontra em pecado mortal, logicamente, não pode realizar obras meritórias. Mas quando se encontra em graça, restaurado pelo amor de Deus, as suas obras luzem diante do Senhor que as vê com agrado.

A solenidade de Pentecostes é a festa da unidade porque a obra da reunificação foi levada a cabo pelo Pai em Cristo na unidade do Espírito Santo. Assim como o Espírito Santo, na intimidade da Trindade, é o “lugar” de encontro do Pai e do Filho, o Espírito Santo é quem nos une a Cristo. A salvação consiste, segundo S. Agostinho, em ser unidos ao Corpo de Cristo (cfr. In Ioann tract. 52, n.6; PL 35,1771) pela ação do Espírito Santo através da Palavra e dos Sacramentos.

Sendo a salvação uma ação do Pai e do Filho e do Espírito Santo, é também uma realidade que não se dá se nós não a queremos. E para colaborar eficazmente na nossa própria salvação, e na dos demais, o melhor que podemos fazer é ser dóceis à ação do Espírito Santo nas nossas almas. Se perguntarmos qual é a atitude do cristão para com o Espírito Santo, a resposta deveria resumir-se nessa palavrinha: “docilidade”. Deixar Deus agir e surpreender-nos, deixar que ele organize a nossa vida, dê os critérios da nossa maneira de pensar e de querer. Não nos arrependeremos! O cristão tem somente duas opções: ou ser um homem espiritual ou ser um homem carnal, ou ser uma pessoa penetrada pela ação do Espírito Santo que tudo unifica ou ser uma pessoa dispersa pela carne e pelos diversos apetites desse mundo, ou ser filho de Deus na casa do Pai alimentando-se com os manjares da mesa da Palavra e do Corpo e Sangue do Senhor ou ser filho pródigo e contentar-se com o alimento dos porcos. Nós escolhemos! Mas é Deus quem nos salva!

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético — SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO A
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1 Cor 12, 3b7. 12-13)

O ESPÍRITO FIRMA JESUS: Ninguém falando em Espírito de Deus diz anátema Jesus e ninguém pode dizer Senhor Jesus senão em Espírito sagrado (3). Ideo notum vobis facio quod nemo in Spiritu Dei loquens dicit anathema Iesu et nemo potest dicere Dominus Iesus nisi in Spiritu Sancto. ESPÍRITO [pneuma<4151>=spiritus] a palavra pneuma tem diversos significados, desde alento, vento, a parte imaterial do homem, alma (Jo 19, 30:paredöken to pneuma=entregou o espírito), disposição(Mt 5,3: felizes os pobres em espírito), um ser imaterial (Lc 24. 37: edokoun pneuma theorein= pensaram ver um espírito mau (Mc 1, 23: en pneumati akathartö=um homem com espírito imundo), o espírito de Deus ou de Cristo (At 16,7), o Espírito Santo (Mt 28, 19 e 2Cor 13, 3), um movimento interior, dependente de Deus ou de Cristo. Assim como o Espírito de Deus desceu no batismo sobre Cristo, também esse mesmo Espírito desceu sobre os batizados, especialmente sobre os que a imposição das mãos confirma na fé, como no caso de At 8, 17 sobre os samaritanos. E a habitação do Espírito Santo inunda os fieis com diversos dons e carismas. É a estes carismas, especialmente ao da profecia, que Paulo se dirige neste trecho. Profecia não como revelação de futuros eventos (Mt 22, 43: Davi em espírito chamou a ele Senhor), mas como palavra de Deus para ser ouvida pela assembleia dos fieis presentes (no nosso caso). ANATHEMA [<331>=anathema] era uma coisa ou pessoa dedicada a uma divindade, como um ex-voto. De modo especial, quando a coisa ou pessoa é destinada para ser maldita pela mesma divindade. (Js 7,12). No NT o significado é negativo para indicar uma coisa maldita, uma imprecação, uma separação definitiva de Deus como alguém por este rejeitado e execrado. Tal o caso de Rm 9, 3 em que Paulo desejaria ser anátema, ou seja, como ele explica, desejaria ser separado do Cristo por seus irmãos, os judeus de sua raça. E em Gl 81, afirmará que mesmo um anjo que anunciasse um evangelho, diferente do que ele tinha anunciado aos gálatas, seria anátema. ESPÍRITO SAGRADO [pneuma agion] ou procedente da parte de Deus, geralmente traduzido por Espírito Santo [Holy Spirit] sem que isso implique diretamente a terceira pessoa da Trindade, mas um dos seus carismas, no caso o dom de profecia. E falando como profeta, ninguém pode nomear Senhor a Jesus, se não é impulsionado pelo dom de profecia do Espírito Santo. De fato, era esta a regra para distinguir a verdadeira profecia da falsa. Porque os judeus, segundo o Trifon, chamavam Jesus de perverso e amaldiçoavam ele e os seus seguidores, sendo o nome de Jesu (sic) o acróstico de seja seu nome e memória apagados, e o declaravam como aquele que foi pendurado, falso deus, mentiroso, abominável nome absoluto de Cristo.

OS CARISMAS: Existem variedades de carismas, mas o mesmo Espírito (4). Divisiones vero gratiarum sunt idem autem Spiritus. Paulo agora trata dos dons extraordinários que ele chama de CARISMAS [charisma<5468>=gratia] dons espirituais, abundantes na igreja de Corinto, mas que davam ocasião a grandes abusos. No corpo do capítulo os descreve com mais detalhe. Carismas e graça diferem essencialmente. Na Teologia escolástica o carisma é dado para a edificação da assembleia, dos outros (gratiae gratis data). A graça é dada para a salvação e santificação do receptor (gratia gratis faciens). Como carisma, temos o exemplo no AT de Balaão (Nm 22, 28) em que um animal fala e impede uma maldição contra os filhos de Israel. Paulo fala de palavra de sabedoria, de ciência, de fé, dom de curas, de milagres, de profecia, de discernimento de espíritos, de línguas, de interpretação (1Cor 12, 8-10) aos quais acrescenta os dons de ministérios: profetas, doutores, de ajuda, de governo (idem 28). O MESMO ESPÍRITO: Paulo chama a atenção para a origem dos carismas. É o Espírito Santo, como hoje dizemos, que opera em nós como o magister interior de S. Agostinho, que Jesus dizia vos ensinará todas as coisas [didaxei panta] (Jo 4, 16) e com o poder de Deus [dymanis tou agiou pneumatos] (At 1, 8). Poder e sabedoria eram os termos, junto da eternidade, que constituíam os atributos divinos, segundo o entender dos antigos.

OPERAÇÕES: Também existem variedades de atividades, mas um mesmo é o Deus o que atua todas as coisas em todos (6). Et divisiones operationum sunt idem vero Deus qui operatur omnia in omnibus. ATIVIDADES [energëma<1755>=operatio] é o plural de energëma com o significado de trabalho, obra, operação, realização. Ao afirmar ser O MESMO DEUS, implica que Espírito é Deus e essas demonstrações são obra de Deus, não do espírito humano e menos de outro espírito independente ou contrário ao divino. Com estas afirmações, Paulo entra no que na Teologia se tem chamado de corpo místico de Cristo: toda a Igreja é unida e age sob um único alento vital. O Espírito de Deus a ilumina e impulsiona à ação como a alma humana trabalha no corpo do homem. É por isso que esse espírito enviado por Cristo era chamado de Espírito do Senhor Jesus (que inicialmente o impulsionou ao deserto e viveu nele como uma força interior que o levou a dar testemunho da verdade (Jo 18, 37) e a ser executor da misericórdia divina: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem e os mortos ressuscitam (Mt 11, 8). É uma coisa que não se pode negar: Existem na História da Igreja pontos negros que a maculam; mas até o dia de hoje o carismas - chamá-los-emos fatos extraordinários- não deixam de surpreender os sábios e cientistas do mundo. Exemplo recente o Pe. Pio de Pietralcina. Como Jesus no seu tempo, também pode afirmar a Igreja: se não credes em mim, crede nas obras para que conheçais e acrediteis que o Pai [Deus] está em mim e eu nele (Jo 10, 38). Estamos acostumados a julgar pessoas e associações pelo mal que ocasionalmente têm feito. Mas o bem que realizam, isso não é notícia nem é tomado como base para um juízo correto.

SERVIÇO DOS CARISMAS: Pois a cada um é dada a manifestação do Espírito para o proveito (7). Unicuique autem datur manifestatio Spiritus ad utilitatem. MANIFESTAÇÃO [fanerösis <5321>=manifestatio] o grego fanerösis aparece duas vezes no NT. Esta e em 2 Cor 4,2: nos recomendamos à consciência de todo homem na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Realmente as obras fora do comum, extraordinárias, são as que rubricam a presença divina entre os homens. O Espírito atua como sabedoria e poder, não a sabedoria do mundo, mas da cruz (1Cor 1, 23); e poder, manifestado especialmente como triunfo contra o maligno (Mc 3, 15), como clamavam exultantes os discípulos, após a primeira missão evangelizadora (Lc 10, 17), faculdade que outros queriam usar como máximo poder humano (Lc 9, 49) e que o próprio Jesus contempla como máximo sinal de sua pregação (Lc 11, 20). Independentemente de que hoje a medicina moderna resolve muitos casos como sendo doenças nosológicas, como esquizofrenia, transtorno bipolar e epilepsia. Paulo dirá que sua pregação também tem o mesmo sinal, pois veio aos de Corinto com demonstração do Espírito e poder (1Cor, 2,4). A Igreja usa também este poder para declarar santo uma pessoa, depois da morte do mesmo. PROVEITO [simferon<4851>=utilitas] que na realidade é o particípio de presente neutro do verbo simferö, tomado como nome: na realidade seria para o que é vantajoso. A tradução geral é para o proveito comum.

ANALOGIA DO CORPO: Porque como o corpo é um e tem membros, porém todos os muitos membros do corpo único, sendo muitos um único corpo são, assim também o Cristo (12). Sicut enim corpus unum est et membra habet multa omnia autem membra corporis cum sint multa unum corpus sunt ita et Christus. E, pois, num só Espírito nós todos num só corpo fomos batizados, já judeus, já gregos, já escravos, já livres, também todos num só Espírito temos bebido (13). Etenim in uno Spiritu omnes nos in unum corpus baptizati sumus sive Iudaei sive gentiles sive servi sive liberi et omnes unum Spiritum potati sumus. Paulo usa agora o exemplo do corpo para ilustrar sua teoria do corpo místico de Cristo: formado o corpo por muitos membros, não obstante sendo muitos forma uma só unidade, um só corpo unido. Assim acontece com o Cristo. A unidade tem como origem o Espírito recebido no batismo, que é único para todos os batizados. Isto implica uma realidade intrínseca dentro dos fieis que nada tem a ver com a sola fide. É no batismo que se recebe o Espírito o qual é quem forma o corpo de Cristo, que Jesus chamaria de videira e sarmentos. A seiva, que é a nova vida, provém do tronco no caso da videira; e da cabeça no caso do corpo. Se aquela é paradigma da vida, esta última é modelo de direção e movimento. É do batismo comum, não como simples lavado de água mas como morte ao pecado e nova vida em Cristo, com o qual somos confirmados (Rm 6,2). De modo que se vivemos ou morremos é com Cristo que vivemos ou morremos (Rm 6,8). A identificação com Cristo é, pois, uma ideia paulina da qual o corpo, como paradigma, é consequência natural. E essa vida nova depende do Espírito recebido, que por vezes se mostra modo divino com dons ou carismas extraordinários, mas que modo humano é a base da graça santificante e das virtudes teologais. Pedro, que foi testemunha dos carismas dados aos gentios pela primeira vez em casa de Cornélio, o centurião, usou a experiência sobrenatural dos mesmos para afirmar que também devem ser batizados [recebidos como reino] os que como nós [os judeus] receberam o Espírito Santo (At 10, 47). Este relato serviu para que os judeus- cristãos afirmassem: Na verdade, até aos gentios deu o arrependimento para a vida (At 11,18). Paulo, pois, dedicou grande parte de seu ministério para afirmar que, como parte de um mesmo corpo, não existe diferença entre judeus, gregos, escravos e livres. Em todos eles existe uma mesma vida e uma mesma seiva: o Espírito recebido no batismo. Mais tarde Paulo afirmará que os membros mais delicados e menos honrados são os que devem ser cuidados e receber máxima atenção (Rm 12, 22-23).

EVANGELHO (Jo 20, 19-23)

EXEGESE: A exegese deste evangelho pode ser vista na primeira parte da Dominica in Albis deste mesmo ano, do dia 1 de maio. Vamos repetir as explicações dadas no artigo. Por outra parte faremos alguns comentários, próprios do tempo, chamado pascal, para que sirvam tanto para entender os evangelhos como para a vida espiritual dos leitores dos mesmos. É desnecessária a repetição das traduções dos versículos, já efetuados no texto citado anteriormente.

JESUS APARECE AOS DISCÍPULOS

OS LUGARES PARALELOS: Temos, além do relato de João, outros dois paralelos, muito mais breves, que correspondem a um resumo auricular e não a um testemunho ocular. São Marcos 16, 14-18 e Lucas 24, 36-49. Contrastaremos todos eles para determinar o grau de historicidade e o valor teológico das afirmações, como catequistas bíblicos.

TEMPO: João é o mais detalhado neste respeito: estando, pois, aquele dia perto do fim [opsies], o primeiro da semana. Comparado com o relato de Lucas anterior ao sucesso de João, em que este não narra a aparição aos dois de Emaús, parece que temos uma pequena contradição de tempo. Os dois pedem a Jesus que fique, pois está na tarde e o dia já há declinado [temos traduzido literalmente]. Como pode dizer João que depois de uma caminhada de sessenta estádios, aproximadamente 9 mil metros, ou duas horas de caminho, ainda era a tarde do dia? Vamos explicar esta aparente contradição. A tarde começava às quinze horas. Era este também o tempo em que se iniciavam as jantas. O dia, na primavera palestina, termina entre 17:30 e 18 horas. Caso estejamos, segundo Lucas, no início das 16 horas teremos mais duas horas de volta e os dois discípulos estariam com os onze às 18 horas, precisamente no fim do dia como afirma João.

OS DISCÍPULOS: Além dos doze [melhor onze, porque Judas estava morto] estavam os dois de Emaús e provavelmente mais, dentre os quais logo nos Atos se dirá eram cento e vinte. Dentre os onze, faltava Tomé o chamado Dídimo. Tanto Tomé como Dídimo significam o mesmo: gêmeo. Como diz Lucas, estavam reunidos os onze (!) e seus companheiros, comentando uma aparição a Pedro [Simão] (Lc 24, 33-34) que João não narra, porque ele não foi testemunha do fato. Temos uma falha de informação em Lucas, porque não sendo ele testemunha, narra na totalidade, os onze, quando na verdade faltava um: Tomás. Também vemos como em Marcos existe uma narração formal e genérica, quando resume todas as aparições, afirmando finalmente, que apareceu aos onze quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não haviam dado crédito aos que o tinham visto ressuscitado (34, 14). Vemos que esta última afirmação é só em parte verdadeira, como constatamos em Lucas 24, 34. Esta falta de detalhes indica claramente que eles tratam o assunto na sua generalidade, como um fato que transcende a história e forma parte da tradição. Não assim em João, onde hora, lugar e circunstâncias permitem conhecer o que uma testemunha viu e ouviu. Por isso temos dois detalhes importantes: o medo aos judeus [propriamente jerosolimitanos] e as portas fechadas, ou melhor, trancadas.

JESUS VEIO: É desta forma como aparece, para estar na frente de todos, a figura do ressuscitado. Nada de ruídos, de resplendor, de experiências impactantes. Como entra a luz quando uma janela é aberta, assim o corpo de Jesus entrou e se colocou no meio deles (19).

A PAZ: A figura na frente deles não é uma estátua; fala e comerá logo, para demonstrar que não é um espírito, uma fantasia, um fantasma. Mas vamos agora estudar suas palavras. A primeira palavra de Jesus é uma saudação que, podemos dizer, entra no costume ambiental: PAZ. A palavra hebraica Shalom, da qual a grega Eirene e a latina Pax são traduções, significa evidentemente ausência de guerra e vida tranquila (Lc 14, 32); mas também significa bênção, glória, riqueza, descanso, bem estar, saúde física, esperança de êxito, justiça, salvação: ou seja, tudo que acostumamos chamar de estado feliz. Especialmente, paz e justiça aparecem unidas (Mt 5, 9-10). A paz é dom precioso de Deus (1 Cor 1, 3). Daí que o futuro Messias, Jesus em definitivo, seja antes de tudo um porta-voz da paz e inclusive se identifique com ela (Rm 5, 1). É o Messias que a comunica por meio do Espírito, como antecipação da paz definitiva (Rm 14, 7). Se a primeira vez, a palavra pode ter o significado de uma saudação (19) quando é repetida pela segunda vez tem um significado profundamente teológico: ela é a base do Espírito que transforma os discípulos em enviados do Pai, recebendo o principal carisma da nova era: o espírito de reconciliação que basicamente é perdão. Algo novo está ocorrendo; e esse algo novo é um bem divino: essa profunda e definitiva paz, que Deus está disposto a partilhar, como doador, com simples seres humanos.

AS CHAGAS: Jesus mostrou suas chagas: mãos e pés, segundo Lucas (24, 39) ou mãos e lado, segundo João (20, 21). Lucas declara o propósito dessa prova, como demonstração de que ele era o mesmo Jesus crucificado que tinha sido depositado no sepulcro e não um fantasma. Nem a afirmação de Lucas nega a de João, nem esta poderá ser tomada como contraditória à de Lucas; máxime que João distingue duas aparições: uma só para Tomé em que pede que este introduza a mão no lado, daí que o lado era mais importante para João do que as chagas do pé. Lucas só traz uma aparição, porque para ele o importante era que Jesus tinha sido visto pelos onze. Isto explica as diferenças entre os dois. Nem todos os detalhes são importantes, mas só aqueles que do ponto de vista do autor contribuem para demonstrar ou confirmar seu propósito. Deste momento em diante, Jesus será o crucificado, ou seja, aquele que em seu corpo apresenta umas feridas que inicialmente foram vergonha e humilhação, mas que desde agora seriam glória e exaltação. O Jesus-homem, filho de Maria [filho do homem] agora se apresenta como o Cristo-Senhor, verdadeiro filho de Deus [Cristo Deus].

O PERDÃO DOS PECADOS: A nova missão dada por Jesus aos discípulos está intimamente unida ao perdão dos pecados. Por isso Jesus repete de novo Shalom lekem [Eirene ymin grego, ou Pax vobis latino]. Mas esta paz não é uma saudação, mas uma doação, um presente divino que é um perdão pela conduta imprópria dos discípulos durante os dias da paixão e morte de Jesus. Jesus esquece e perdoa. Sua paz, que é felicidade e alegria por sua presença viva no meio deles, quer ser uma reconciliação sem recriminações nem censuras. O perdão é total. O desejo de Jesus vai além do simples perdão. Jesus pretende dar aos discípulos um novo ministério: uma função divina, como dom totalmente extraordinário, que requeria um ato solene, visível e simbólico; ou seja, uma ação sacramental em que o homem é instrumento visível da ação interior divina. A missão atual é totalmente diferente da dada aos doze (Mt 10, 1 +) e aos discípulos (Lc 10, 1+) que unicamente consiste em anunciar a Boa Nova e testemunhá-la com o poder de curar e a autoridade sobre os demônios. É uma missão nova que participa da missão fundamental do próprio Jesus, que vamos estudar na continuação. Jesus não só envia os discípulos, mas também o Paráclito (Jo 16, 7). E a missão dos discípulos está na mesma ordem da missão do Paráclito. É, pois, uma missão muito importante.

MISSÃO DE JESUS: Como o Pai me enviou, dirá Jesus. Com estas palavras Jesus afirma o sentido de sua vida: Ele é um enviado do Pai, um mensageiro que tem, como finalidade, o que na continuação descreve como doação a seus discípulos: o perdão. Que Jesus era enviado do Pai temos clara confirmação em Jo 5, 30 e 36. Mas qual foi a missão fundamental de Jesus? O anjo anuncia um Salvador que será Cristo-Senhor (Lc 2, 11). No nome da pessoa estava escrita a missão de sua vida. Por-lhe-ás o nome de Jesus, pois ele salvará seu povo de seus pecados (Mt 1, 21). E o Batista descreve o futuro Messias declarando-o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29). A missão de Jesus se cumpre no momento de sua morte quando pode exclamar: está consumado (Jo 19, 30). Pouco antes, ao ser elevado na cruz, reclama do Pai o perdão; e o mais admirável é que esse perdão não é para os amigos, mas para os inimigos: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23, 34). Foi para essa hora [de paixão] que ele veio (Jo 12, 27). O perdão é uma amostra de que Deus é Pai e de que a justiça de Deus é clemência para quem recebe o evangelho como a Boa Nova da graça: O ano de graça do Senhor (Lc 4, 19 e Is 61, 2). Na última ceia, declara o mistério encerrado na cruz como o sangue a ser derramado em prol da multidão para o perdão dos pecados (Mt 26, 28) e João, na sua primeira carta, resumirá esta missão afirmando: o sangue de seu Filho nos limpa de todo pecado (1 Jo 1, 7).

MISSÃO DOS DISCÍPULOS: 1) Jesus a identifica com a sua: como o Pai me enviou, assim eu vos envio (21). Um favor deve ser tomado em sentido o mais amplo possível, sem restrição, como dizem os letrados em Direito. Perdoar não é só usar palavras, mas contribuir com ações, unindo-se à sua paixão para que os novos sofrimentos atuem como causa segunda do perdão, o qual Paulo já expressava numa frase de difícil interpretação: Em minha carne estou completando o que falta às tribulações de Cristo, em favor de seu corpo, que é a Igreja (Cl 1, 24). E como tal corpo de Cristo, também ele (sendo parte da Igreja) sofre e adquire méritos para a conversão dos pecadores, como muitos santos sofreram e S. Agostinho confirma em seus escritos. A Deus só podemos dar o nosso sofrimento de quem entrega sua vida, perdendo-a como prova do amor (Rm 5, 8). E nisso consiste precisamente o sacrifício (Ef 5, 2). 2) Jesus realiza uma ação que relembra pelo verbo usado, a mesma de Gênesis 2, 7, segundo a setenta, quando Deus soprou sobre o barro para dar vida ao corpo inerte. Logo teremos uma vida nova dada aos discípulos. Até agora Jesus nunca fez gesto semelhante que implicava modo diferente de ser discípulo. 3) As palavras que explicam a ação de Jesus formam um só conjunto com a missão e o sopro, que tem como significado o perdão dos pecados. Aqui não encontramos menção do Evangelho, não aparece o Reino, não deixa os efeitos salutares aos ouvintes da palavra, mas os efeitos são dirigidos aos presentes, todos eles alegres e com viva fé no Senhor: Se perdoais serão os pecados [dos outros] perdoados, se não os perdoais [os retiveres forçosamente, segundo o grego] não estarão perdoados. Os hemistíquios finais de cada frase estão na voz passiva o que significa uma ação direta de Deus. Poderíamos traduzir livre, mas literalmente, a nova missão apostólica desta forma: Deus perdoará a quem vós perdoardes; e Deus não perdoará a quem vós não perdoardes. O melhor comentário é o do Beato Isaac della Stella: A Igreja nada pode perdoar sem Cristo e Cristo nada quer perdoar sem a Igreja. A Igreja não pode perdoar senão a quem é penitente, isto é, a quem Cristo tocou com sua graça; e Cristo nada quer considerar como perdoado a quem despreza a sua Igreja. 4) Por isso, a condição indispensável do penitente é seu amor por Cristo, segundo as palavras do próprio Jesus: Eu vim chamar os pecadores ao arrependimento (Lc 5, 32) e seus muitos pecados lhe são perdoados porque amou muito; mas aquele a quem pouco se perdoa ama pouco(Lc 7, 47) ou em termos mais ocidentais: A quem pouco ama, pouco se perdoa.

INTERPRETAÇÃO: Que podemos dizer desta segunda missão dos discípulos chamados a perdoar os pecados? ANTES do século XVI todas as Igrejas admitiam que os apóstolos e seus sucessores tinham o poder ministerial de perdoar os pecados dos fieis em nome de Cristo. DEPOIS, com a vinda da Reforma, os evangélicos afirmam que este poder e este encargo são entregues a todos os discípulos; de fato a todos os fieis de todos os tempos (Jo 17, 20) e não a Pedro em particular (Mt 16, 19) ou a um ordo sacerdotal (Lc 24, 48). O perdão não é dado por meio de um poder ministerial causado por uma recepção do Espírito; porém, escutando o testemunho dos fieis, os homens acreditarão (seus pecados lhes serão perdoados) ou se escandalizarão (seus pecados lhes serão retidos). Estas são as novas afirmações dos chamados evangélicos. A Igreja Romana admite como certo que o poder dado por Cristo de perdoar os pecados se exerce também no Batismo e na pregação da palavra (Mc 15, 16). Todo sacerdote no final da leitura do evangelho diz: Pelos vocábulos ditos, sejam perdoados nossos delitos. O teólogo Bruce Vawter declara que este dom do Espírito está aqui relacionado explicitamente com o poder outorgado à Igreja para continuar ostentando o caráter judicial de Cristo, no referente ao pecado. Mas há algo mais: especialmente, da passagem atual, temos duas definições dogmáticas que interpretam as Escrituras em sentido histórico ou literal: A PRIMEIRA definição é do Concílio de Constantinopla (ano 553) proclamando que quando o Senhor insuflou sobre os apóstolos, estes recebem realmente e não figurativamente o Espírito Santo. A SEGUNDA é do Concílio de Trento, declarando anátema do ponto de vista católico, a interpretação desta passagem como não se referindo à potestade de perdoar e reter os pecados no sacramento da penitência, mas somente restringida à autoridade de pregar o evangelho.

LUGARES PARALELOS: Em primeiro lugar, temos a passagem da confissão de Pedro: Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: E se alguma coisa ligares sobre a terra estará ligada nos céus. E se alguma coisa desatares sobre a terra estará desatada nos céus (Mt 16, 19). Pedro recebe de Jesus uma autoridade que é jurídica como chefe do conjunto apostólico. É definitivamente o poder de admitir ou rejeitar dentro da comunidade, homens e ideias como fundamentalmente afins ou inimigas às mensagens verdadeiras do evangelho. Uma outra passagem é: Em verdade vos digo que tudo que por quaisquer motivos ligares sobre a terra estará ligado no céu. E tudo que por qualquer causa desligares sobre a terra estará desligado no céu (Mt 18, 18). Trata-se do mesmo direito de admitir ou rejeitar homens e doutrinas, porque este versículo é a conclusão de como tratar aquele que não quer se arrepender uma vez que rejeita a voz da igreja. Nesse caso será tratado como gentio ou publicano. Uma terceira passagem está em Tiago 5, 16: Confessai, pois, uns aos outros os vossos pecados e orai uns pelos outros para que sejais curados. O contexto indica que é nos momentos de doença em que o doente chama os presbíteros da Igreja para ser ungido e a oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé; e se tiver cometido pecados, estes serão perdoados (15). Uma quarta passagem é encontrada em 1 Jo 1, 9: Se confessarmos os nossos pecados, ele (Deus) é fiel e justo de modo a demitir nossos pecados e nos limpar de todas as maldades. Finalmente Pedro, à pergunta dos ouvintes, que devemos fazer, dirá: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados (At 2, 18). Destes textos deduzimos: 1o) Que Cristo realmente tem poder para entregar sua autoridade como faculdade a ser exercida visível e externamente sobre os homens. 2o) Que pelo menos de duas formas, desde os tempos apostólicos essa potestade era usada: no batismo e na doença. Temos como confirmação os casos de Ananias (At 5, 1-11) e do incestuoso de Corinto (1Cor cap 5) em que o pecado é retido e punido.

COMENTÁRIOS

TEMPO PASCAL: Podemos chamar assim o tempo transcorrido entre a ressurreição e a ascensão para os discípulos de Jesus. A nota principal desse tempo é o aspecto das aparições de Jesus. Seu corpo aparece como o de um corpo revivido muito mais do que o de um ressuscitado. Vamos explicar: O corpo que Jesus tomou após os três dias [contados do modo judaico] no sepulcro, era como o corpo de Lázaro: um corpo totalmente humano, como se a morte não tivesse existido. Por isso podia ser tocado (Lc 24, 39), podia comer (Lc 24, 43), andava com eles como se fosse o mesmo Jesus que com eles tinha convivido nos últimos anos. Mas uma vez, efetuada a ascensão, Jesus não se mostrará do mesmo modo na suas aparições. Um exemplo é a visão de Paulo. Seu corpo é o próprio de um ressuscitado: um corpo de luz, corpo glorioso (Fp 3, 21) que resulta da transformação do corpo humilhado ou psíquico, de cuja semente nasce o novo corpo espiritual (1 Cor 15, 43).

CARACTERÍSTICAS DO TEMPO PASCAL: Vamos estudar o tempo pascal dos onze e dos outros discípulos da época de Jesus. Que aconteceu de importante que sirva para nós neste século XXI? Neste período de tempo, como diz o Papa Leão Magno, na sua homilia da Ascensão (séc V), foram revelados aos apóstolos grandes mistérios. Em primeiro lugar foi proclamada a imortalidade, não apenas da alma, mas também do corpo. Nesses dias, os apóstolos receberam o Espírito Santo através do alento vital do Senhor Jesus, que conferiu a eles o poder de perdoar os pecados. Pedro recebeu o mandato de cuidar do rebanho do Senhor de modo especial. Era o mesmo Pedro que anteriormente tinha recebido as chaves do Reino, pondo em suas mãos a autoridade de abrir ou fechar os portões do mesmo. Jesus, nesses dias, esclareceu as dúvidas sobre a finalidade de seu messiado, interpretando as Escrituras e, consequentemente, dando a estas a força da palavra divina, como profecias dos eventos salvíficos. Abriu os olhos dos seus discípulos à luz da fé, contrariamente ao modo como o pecado abriu os olhos de nossos primeiros pais. Os olhos dos discípulos foram abertos para compreenderem o mistério autêntico da salvação, trazida pela vitória de Jesus; os discípulos reconheceram a derrota humilhante e vergonhosa de seu pecado. E quando parecia que nada mais faltava ao ensinamento de Cristo, na sua despedida, ele deu aos apóstolos dois preceitos novos: O primeiro era o mandato de serem testemunhas para todos os povos (Lc 24, 48) de modo que as palavras e os escritos dos apóstolos fossem dirigidos pelo Espírito Santo que iriam receber em plenitude nos próximos dias. O segundo preceito era de ficar unidos em Jerusalém até que fossem revestidos do poder do Espírito (Lc 24, 49).

A DÚVIDA: Como podemos compaginar a recepção do Espírito Santo, no domingo da Páscoa, com a infusão do mesmo no dia de Pentecostes? Quando é que verdadeiramente os apóstolos receberam o Espírito Santo? No alento e sopro de Jesus sobre eles ou no vento impetuoso acompanhado das línguas de fogo, no dia de Pentecostes? A resposta é: em ambos os casos. No primeiro, eles receberam um poder ministerial; no segundo, um batismo de carismas como dons gratuitos da graça divina. O poder ministerial é próprio dos homens que chamamos de ordenados; os carismas, de qualquer fiel, independente de sexo ou condição. São as duas faces do Espírito Santo atuando dentro da Igreja. De uma maneira contínua, como ministerial, e de maneira esporádica, como dom extraordinário. O perdão será dado sempre; o fenômeno da xenoglossia foi circunstancial e pontual desse domingo pentecostal. A palavra de Jesus revestidos da força [dynamis] do Alto (Lc 24, 49), indica a função do Espírito Divino como vemos em At 1,8 em que o mesmo autor fala da força [dynamis] do Espírito Divino, porque sereis batizados [SUBMERGIDOS] no Espírito Divino não dentro de muitos dias (At 1, 5). Para que essa força especial, que procede do Alto, de um ser submergido no Espírito do mesmo Deus? É para serem testemunhas de Jesus em toda a terra. Como escreve o quarto evangelho, o Espírito será enviado para conduzir os discípulos à verdade plena (Jo 16, 13) Como? Recordando o ensino de Jesus (Jo 14, 26) e anunciando as coisas futuras (Jo 16, 13). Sem distorcer o significado das palavras que acabamos de ouvir, vemos que nem toda a revelação [a verdade] foi dita por Jesus, principalmente porque agora não podeis suportar [compreender] (Jo 16, 12). Que deduzimos destas citações? Que a assistência do Espírito como revelador da verdade, Mestre da mesma, como foi Jesus no seu tempo, é constante na sua Igreja: permanecerá convosco para sempre (Jo 14, 16) dirá Jesus. Podemos deduzir disso que não é um livro escrito num determinado momento, o único que contém a verdade revelada. O Espírito está vivo na Igreja e deve existir um canal vivo também, para que sua voz seja ouvida através dos tempos. A Igreja católica fala da Tradição e do Magistério. Por meio deste, se faz de forma segura e unificada [que todos sejam um de Jo 17, 20], como foi elaborado o Catecismo da Igreja Católica, ou são elaboradas as Encíclicas papais para ensinar algum tema doutrinal ou moral, condenar erros, informar os fieis de perigos para a fé, procedentes das correntes culturais, avivar a devoção. Segundo a Humani Generis do Papa Pio XII (1950), elas refletem o Magistério Ordinário da Igreja e merecem o respeito da parte dos fieis. João Paulo II nos deixou uma herança de 14 Encíclicas, entre elas a Evangelium Vitae e a Veritatis Splendor. O maior número de encíclicas foi escrito por Pio XI com 41, seguido de Bento XV com 30. A Igreja tem a autoridade, fundada nas palavras de Jesus e reforçada pela presença do Espírito, de formular as consequências explícitas ou implícitas da primitiva revelação, como afirma Marin Sola no seu livro Evolução Homogenia Del Dogma Católico.

O ESPÍRITO, HOJE: Se ele está como mestre no Magistério, tanto extraordinário [ex cathedra] como ordinário da Igreja, onde o encontramos nos fieis? Todo fiel tem o Espírito e o encontra principalmente no amor que ele tem no fundo de seu coração. Porque o Espírito é amor. Por isso, amar Jesus como um discípulo é a condição para que o Pai o ame e venha habitar nele como morada (Jo 14, 23). O amor é, pois, a melhor maneira de saber se o Espírito está conosco. O amor indicará qual é a verdade entre as muitas opções e opiniões do momento. Por isso o atual Papa fala da Caridade da Verdade. A caridade [o amor] é paciente, dirá Paulo em 1 Cor 13, 4. E o Papa atual falará da paciência de Deus e a impaciência do homem. Diante de muitas confusões modernas sobre infusão do Espírito e batismo no Espírito acreditamos que a melhor maneira de saber se alguém está imbuído [batizado] pelo Espírito é ver sua disponibilidade para o amor, ou seja, para o serviço gratuito ao homem. Sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos, dirá João em 1Jo 3, 14. E em 1Jo 4, 12-13: Se nos amarmos uns aos outros Deus permanece em nós…Nisto reconhecemos que permanecemos nele e ele em nós: ele nos deu o seu Espírito. Finalmente, segundo Paulo, o dom mais perfeito é o amor, sem o qual nenhum outro vale nada, como afirma no capítulo 13 de sua primeira carta aos de Corinto. Os estabelecimentos de caridade para a terceira idade e as crianças órfãs dirigidos pela caridade da Igreja têm duas qualidades insuperáveis do ponto de vista social: cuidam de seus internos com muito mais amor e com muito menos dinheiro do que fazem as instituições que podemos chamar laicas.

PISTAS:

1) Como está nossa recepção ao sacramento da reconciliação? Se não o precisamos ou recebemos é porque não pecamos [e o justo peca 7 vezes por dia] ou não sentimos a necessidade de ser perdoados no amor. Talvez sejamos perdoados pela misericórdia; ou condenados pela justiça porque desprezamos, como diz Dante, o Amor.

2) Quantos fieis se sentem aliviados ao receber a absolução em nome do Senhor por um sacerdote! Deveríamos experimentar esta paz reflexo da que Jesus deu a seus discípulos absolvendo-os do pecado de covardia por tê-lo abandonado nos momentos da paixão.

3)Que uso fazemos das encíclicas tanto sociais como sobre os problemas fundamentais da vida ou da verdade? Não foram escritas para ouvidos surdos, mas para homens de boa-vontade. A voz do Papa é a voz de Cristo ou a voz de um teólogo ultrapassado e ultramontano dentro do agnosticismo do relativismo moderno?

4) Muitos se fixam nos carismas, no dia de hoje, e o único que verdadeiramente, segundo Paulo, indica a posse do Espírito é o amor. Este distinguirá os verdadeiros carismas dos falsos. Escutemos João na sua epístola: Quem não ama seu irmão a quem vê, a Deus, a quem não vê, não pode amar (1Jo 4, 20).


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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