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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 23/10/2011 - 30º Domingo do Tempo Ccomum
. Evangelho de 16/10/2011 - 29º Domingo do Tempo Ccomum


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Será necessário afastar-se dos homens para encontrar a Deus? E quem encontrou a Deus ainda poderá voltar aos homens e viver com eles? Interessar-se por eles, trabalhar com eles e para eles? Em outras palavras, são compatíveis o amor de Deus e o amor dos homens, ou, ao contrário, um exclui o outro, de modo que seja absolutamente necessário fazer uma opção? Nenhuma dessas perguntas recebeu de Jesus uma resposta essencial: o primeiro mandamento é amar a Deus e o segundo, que lhe é semelhante, amar os homens. Não se pode, pois, pensar que a entrada de Deus numa consciência provoque a exclusão do homem. Entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Ex 22,20-26): - "Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito."

SALMO RESPONSORIAL 17(18): - "Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação!"

SEGUNDA LEITURA (1Ts 1,5c-10): - "a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte."

EVANGELHO (Mt 22,34-40): - "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo."



Homilia do Diácono José da Cruz – 30º Domingo do Tempo Comum – Ano A

"O AMOR ÚNICO!"

Nas palestras sobre o Sacramento do Matrimonio, e até em algumas homilias de casamentos, há algo que digo sempre aos noivos "Que o amor conjugal celebrado no altar, diante de Deus, não pode ser apenas um sentimento... O sentimento humano é algo muito vago e inconstante, hoje se sente, amanhã não se sente. Claro que o amor nasce de uma convivência e na forma de sentimento, isso é perfeitamente compreensível, entretanto, para ser elevado á dignidade de Sacramento, é, preciso algo mais do que um mero sentimento, esse algo mais chama-se DECISÃO e VONTADE.

O Doutor da Lei indaga de Jesus, com segundas intenções, qual entre os 680 mandamentos originados do Decálogo, é o mais importante. Jesus, sempre de maneira sábia surpreende seu interlocutor, pois muda a conversa de direção, saindo do mero legalismo para uma atitude concreta de vida, que supõe naturalmente uma decisão e uma vontade.

"Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento". O amor de Deus por nós, manifestado em Jesus de Nazaré, não é um mero sentimentalismo, o nosso amor a Deus também não pode ser um sentimento piegas, senão ele não sobrevive ao tempo, amar do modo como está na lei, envolvendo coração, alma e entendimento, é amar integralmente, de maneira gratuita e incondicional, a cada dia decidindo e direcionando a nossa vontade a esse amor. O amor não pode ser um gesto de gratidão, de pena ou compaixão, e muito menos de retribuição, o outro não precisa me dar razões para o amar, devo amá-lo por decisão e vontade, mesmo que ele não mereça e nunca vá me retribuir: esse é precisamente o amor cristão.

E se esse amor fosse só para com Deus estava resolvido, bastasse cumprir as obrigações religiosas, rezar, ir à igreja, dar o dízimo, receber os sacramentos, ouvir a palavra, visitar o Santíssimo etc. Tem cristão que pensa amar a Deus fazendo todas essas coisas.

Não são dois amores ou dois modos de amar, mas um só, Amar a Deus e ao próximo, porque Deus se deixa amar no outro e manifesta o seu amor através do outro, é como se o homem fosse o intérprete do amor de Deus, dando-lhe visibilidade. Nas coisas que Deus nos faz sempre há alguém envolvido... Decisão e vontade de amar são fatores determinantes do AMOR, aos irmãos e irmãs da comunidade, na vida conjugal e familiar, que precisa ser renovado a cada dia, a cada momento, pois se não iluminarmos o amor com a luz da Fé, ele será um sentimento, uma nuvem passageira, um amor de vidro, que facilmente se quebra...

Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento, eis o primeiro e o maior de todos os mandamentos, na resposta que Jesus dá aos fariseus, no evangelho desse domingo. Em meio a relações amorosas tão distorcidas, temos aí o modo de amar, em sua essência. Pertencemos a uma sociedade onde até  crimes monstruosos são cometidos  em nome do amor.

Amar de todo o coração significa uma decisão tomada a favor da outra pessoa, significa uma vontade manifestada em gestos e atitudes, de toda a alma significa que o amor adquire um caráter sagrado, algo que só podia mesmo ser divino, e de todo o entendimento, amor que pauta pela razão, pela compreensão do outro, trata-se de uma entrega total, não por imposição, mas dentro de uma total liberdade.

Talvez possamos nos perguntar, será que Deus precisa de um amor assim, da parte do homem?

Pois sendo Todo Poderoso e Onipotente, que necessidade tem Deus de querer ser amado desta maneira? O contexto desse mandamento que está no cerne da lei, é que Israel tem muitas opções de divindades, deuses dos povos pagãos, e que acabavam influenciando o Israelita, esse amor da totalidade é apenas a atitude de fé, de quem crê em um único Deus, e que não precisa de nenhum outro, mesmo porque, não há outro Deus senão o Deus da Aliança. Tal como naquele tempo, há em nossos tempos mil opções de pequenos deusinhos que se apresentam diante de nós, querendo submissão e oferecendo-nos em troca algo ilusório.

Já o Deus dos cristãos, que mostra o seu rosto em Jesus de Nazaré, pede aos seus seguidores algo muito simples, e ao mesmo tempo revolucionário e inédito: o amor gratuito e incondicional, o amor total da entrega ao outro, respeitando a sua dignidade de Filho de Deus, o amor que sempre sorri e nada cobra o amor paciente, compreensivo, que sabe sempre esperar, perdoar, que suscita no outro essa vida nova, que orienta, exorta, mostra o caminho, toma pelas mãos, cura, renova, liberta e salva.

Entretanto, se compreendermos que Jesus restaurou cada homem, tornando-o Filho de Deus, e dando-lhe a dignidade de ser novamente sua imagem e semelhança, concluímos que Deus está em cada homem, no mais profundo do seu ser existencial, independente da sua fé, da sua condição social ou moral, logo, fica muito claro, porque o segundo mandamento é semelhante ao primeiro e tem o mesmo peso – Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Deus está no outro, e ama a todos, então, se eu deixo de amar o outro, estou indo contra Deus, ao contrário, se eu amo o outro, de todo o coração, isso é, por minha vontade e decisão (mesmo que o outro não mereça) de toda a minha alma, porque o amor destinado ao próximo é também sagrado, porque Deus está nele, e de todo o meu entendimento, não ao sabor das paixões e interesses, mas á luz da razão. Essa é a única e verdadeira forma de se amar a Deus, a ponto de João afirmar categoricamente “Se alguém disser que ama a Deus, que não vê, e não ama o irmão que está ao seu lado, é mentiroso e enganador”.

Portanto, que ninguém mais diga – Não vou a Igreja por causa das pessoas, mas por causa de Jesus, falar essa frase e defendê-la, é próprio de quem tem uma espiritualidade vazia, de quem ainda não entendeu de que todo o ensinamento cristão está concentrado nesta grande verdade.

Para compreender esse evangelho, que aliás, é bem simples, vamos conversar com um especialista em trânsito:

___O que é uma placa normativa e qual delas é a mais importante?

___Placa normativa é, por exemplo, uma placa que determina a velocidade a ser desenvolvida em um local de muito trânsito, por exemplo. Sobre qual delas é a mais importante, poderíamos dizer que, todas e nenhuma...

___Como assim, a resposta está confusa, ou é todas ou é nenhuma...

___Veja bem, se você é um motorista consciente, que tem percepção da realidade que o cerca, sabendo, portanto, que o local é de trânsito intenso, por exemplo, de pessoas, essa consciência vai fazer automaticamente reduzir a velocidade, exista ou não uma placa no local. O motorista não tem consciência só sabe obedecer a placa, diminui a velocidade por causa dela, é aquele que ao passar pelo radar eletrônico vai devagar, mas depois acelera e tira o atraso... esse é o legalista, o que obedece para não sofrer uma punição, só isso.

O que o Doutor da Lei apresenta a Jesus é uma questão legalista, mas a sua resposta ultrapassa o meramente legal, vai além de qualquer norma ou Lei.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 30º Domingo do Tempo Comum – Ano A

“Amar de fato”

O padre católico Georges Lemaître propôs, lá pelo ano 1927, o que hoje se conhece como a teoria do Big Bang ou – na linguagem do próprio Lemaître – teoria do átomo primordial. Segundo essa teoria, o Universo derivou-se de um átomo com temperatura e densidade altamente elevadas. Este átomo, devido à compressão de energia, se teria explodido há uns 13 bilhões de anos atrás. A partir de então, o Universo está em constante expansão e a sua temperatura continua diminuindo.

Tal hipótese é bastante coerente. Ela não contradiz a Sagrada Escritura quando esta afirma que “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1,1). A Escritura fala de Deus que cria todas as coisas, todas em absoluto. Trata-se de um começo primordial. O Big Bang nos fala de um começo que não exclui o Criador do Big Bang. Ou seja, esse átomo primordial pressupõe uma causa externa a si mesmo.

Mas, porque eu estou falando do Big Bang se o Evangelho de hoje nos fala de amor a Deus e ao próximo? É simples. Quando nós fomos conquistados pela graça de Deus começou a existir em nós, que somos um microcosmo, um átomo de caridade inicial: potente, com temperatura e densidade altamente elevadas. No dia do nosso Batismo começou uma explosão de graças em constante expansão até o momento presente. Se tivéssemos morrido naquele mesmo dia iríamos ao céu sem passar pelo purgatório, teríamos visto a glória de Deus já que a graça é o começo da vida eterna em nós.

A Escritura diz que “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16). Ele é o amor perfeito. Nós somos uma espécie de universo em desenvolvimento, em expansão, rumo ao ato perfeito do amor segundo a nossa própria capacidade de criaturas.

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt 22,37). Mas, como amar? O Catecismo nos diz que a maneira concreta de amar a Deus é viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (cfr. Cat. 2086). Quando a graça de Deus atingiu a nossa vida, nós, sendo o que somos, passamos a ser o que não éramos: filhos no Filho. Todo o nosso ser foi elevado à vida sobrenatural. A partir daquele momento, o Pai começou a gerar o seu Verbo (eternamente gerado) e a espirar o seu Amor (eternamente espirado) em nós, dentro de nós; nós passamos a ser templos de Deus, moradas do Altíssimo. Consequentemente, as nossas faculdades superiores também foram elevadas: a inteligência foi potencializada pela fé, a vontade foi fortificada pela caridade, e ambas foram revigoradas pela esperança. Se nós percebêssemos de verdade o que vale a nossa vida em Deus, não a trocaríamos por nada nesse mundo; as coisas temporais guardariam uma relação profunda com as realidades eternas. Talvez já seja assim, mas, caso contrário, pensemos no quanto estamos perdendo ao não buscar a intimidade com a vida íntima do Deus uno e trino.

A pessoa que ama a Deus de todo o coração o adora, conversa com ele, oferece-lhe tudo buscando uma comunhão de vida cada vez mais perfeita com ele. O cristão tem que amar verdadeiramente o Senhor com exclusividade: Deus é o único Deus! Há que evitar, por conseguinte, a superstição, a idolatria, a adivinhação, a magia, os horóscopos, o pôr Deus à prova, o sacrilégio, a simonia, o ateísmo e o agnosticismo. Poderíamos fazer uma reflexão sobre cada um desses pecados citados. No entanto, de momento, basta saber que todas essas coisas tiram a Deus do centro das nossas vidas e fazem com que a criatura ocupe o lugar de Deus no nosso coração.

Mas, pode a criatura ocupar algum lugar no nosso amor? O Evangelho de hoje responde com toda propriedade: “Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39). Como? A essa pergunta se responde com os seguintes mandamentos: honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias. Como se pode ver, todos os mandamentos continuam válidos e o cristianismo sempre os ensinou. Não obstante, a vida cristã não consiste em cumprir mandamentos, mas em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Em que medida? Na medida de Cristo. A nossa moral, a nossa ética, não é uma moral de mandamentos, mas a vida nova em Cristo, moral de amor e de virtudes. De fato, diz o Catecismo: “Os mandamentos propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à inciativa amorosa do Senhor” (Cat. 2062). Dito de outra maneira, a nossa existência cristã é vida no amor de Deus cujas implicações são, basicamente, o cumprimento dos mandamentos.

Quem ama a Deus, ama o próximo. O amor do cristão, mergulhado no amor que Deus tem por todos os seres humanos, se compadece e vai ao encontro das necessidades dos outros. Somente o amor de Deus no coração explica ações como essas: “o rei S. Luís visitava e cuidava dos doentes com tanto desvelo como se fosse sua própria obrigação. (…) S. Gregório muito folgava de dar agasalho aos peregrinos, a exemplo do patriarca Abraão, e, como ele, recebeu um dia o Rei da glória na forma de um peregrino. Tobias exercia a caridade, sepultando os mortos. Santa Isabel, sendo uma augusta princesa, achava a sua alegria em humilhar-se a si mesma. Santa Catarina de Gênova, tendo perdido o seu marido, dedicou-se ao serviço num hospital. Cassiano refere que uma jovem virtuosa, que muito desejava se exercer na paciência, recorreu a Santo Atanásio, que a encarregou de uma pobre viúva melancólica, colérica, enfadonha e mesmo insuportável, de sorte que, como a viúva estivesse constantemente ralhando, a jovem tinham ocasião bastante de praticar a brandura e a condescendência” (S. Francisco de Sales, Filotéia ou Introdução à vida devota, III, 1). Chegaremos lá? Com a graça de Deus e o esforço pessoal, amaremos de fato.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético — 30º Domingo do Tempo Comum – ANO A
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1Ts 1, 5c-10)

APELO DE PAULO: Tendes conhecido de que modo nos comportamos entre vós por vossa causa (5). Scitis quales fuerimus vobis propter vos. A partir do início deste versículo, Paulo explica como aconteceu a entrada dos tessalonicenses no cristianismo: a pregação de Paulo foi acompanhada de milagres [en dynamei] de dons do Espírito [en Pneumati] e tudo com profunda entrega [plërosofia pollë]. É agora que Paulo apela a seu comportamento entre os Tessalonicenses e a resposta destes últimos diante das verdades do evangelho. Quase com as mesmas palavras descreve Paulo seu ministério apostólico em Corinto: Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus (1 Cor 2, 5). E é para que através da fé os corações dos tessalonicenses, como escreve aos de Colossos, sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo (Cl 2,2).

OS IMITADORES: Assim vos tornastes nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em grande aflição, no meio do gozo do Espírito de Deus (6). Et vos imitatores nostri facti estis et Domini excipientes verbum in tribulatione multa cum gaudio Spiritus Sancti. Nas condições narradas no versículo anterior, os tessalonicenses tornaram-se IMITADORES [mimëtai<3402>=imitatores] de mimëtës como modelo e exemplo, como também pede aos de Corinto: Peço-vos, portanto, que sigam o meu exemplo (1 Cor 4,16). Porque Paulo lhes escrevia, dizendo: Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa. E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; Somos blasfemados, e rogamos; até o presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos (1 Cor 4, 11-13). Também o Senhor esteve sujeito a uma rejeição violenta, como ele afirmou: Desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele (Mt 11, 12). E dá a razão: porque receberam a palavra com GRANDE AFLIÇÃO [thlipsei <2347> pollë<4183>=tribulatione multa]: Thlipsis é a palavra grega que significa opressão, aflição, tribulação e perseguição, como em At 11, 19. Como tribulação Paulo fala aos romanos dizendo: Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração (Rm 12, 12). Como dificuldade, em plural dificuldades, lemos 2 Cor 8, 13: Não digo que vão fazer bem a outros, a ponto de passarem dificuldades, a respeito da esmola dada para os outros fiéis em necessidade. Porém, sendo as tribulações externas, o interior está cheio do GOZO [chara<5479>=gaudium] do Espírito SANTO [agios<40>=sanctus]. Chara grego é gozo como em Mt 28, 8 em que as mulheres, saindo pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria [chara], correram a anunciá-lo aos seus discípulos. Paulo descreve em Rm 14, 17 a realidade interna do Reino: o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. E Jesus descreve este gozo em Mt 25, 21: E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Agios uma coisa pertencente à divindade e consequentemente sagrada ou divina: Se alguém destroi o templo de Deus, também Deus o destruirá. De fato, o templo de Deus é santo [agios] e vocês são esse templo (1 Cor 3,17). PNEUMA: Dentre os espíritos, temos o ESPÍRITO HUMANO, como afirma Paulo: Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou (1 Cor 5, 3). Os ESPÍRITOS MALIGNOS ou impuros: estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou (Mc 1, 23). Finalmente, o que chamamos de ESPÍRITO SANTO e que aparece primeiro em Mt 3, 11: Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas sandálias não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo. Esse Espírito nos foi dado como amor de Deus: o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5). Também dos dons carismáticos que não implicam necessariamente justificação. Finalmente do próprio Espírito Santo que habita dentro do homem, justificado pelo batismo, e que o Batista viu repousar em forma de pomba sobre Jesus (Jo 1, 32). Espírito que repousa ou habita interiormente em todo batizado, como rogavam em At 8, 15: Quando estes chegaram, oraram pelos crentes da Samaria para que recebessem o Espírito Santo.

MODELO: De modo que vos tornastes exemplos a todos os crentes na Macedônia e na Acaia(7). Ita ut facti sitis forma omnibus credentibus in Macedonia et in Achaia. EXEMPLOS [typoi<5179>=forma] A palavra typos significa MARCA, como em Jo 20, 25: se eu não vir o sinal [typon] dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. IMAGEM ou estátua como em At 7, 43: Antes tomastes o tabernáculo de Moloc,e a estrela do vosso deus Refam, Figuras que vós fizestes para as adorar. MODELO como em At 7, 44: O tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto. Moralmente é um EXEMPLO ou paradigma como Fl 3,17: Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam. MACEDÔNIA: província romana, estabelecida oficialmente em 146 aC depois que o general romano Quinto Cecílio Metelo derrotara Andrisco de Macedônia. Era então o resto do império macedônico que teve seu esplendor com Alexandre, o Magno. Salônica ou Tessalônica era a capital da região. Hoje ocupa o nordeste da Grécia atual. Ela foi também a cuna de Aristóteles. ACAIA: seu território corresponde com o Peloponeso, onde estava o golfo de Corinto, o monte Patras, a cidade de Esparta e a região de Arcádia ao norte desta última. Foi conquistada por Roma no ano 146 aC numa campanha militar conduzida por Lucio Mummio que terminou com a destruição de Corinto. Esta cidade era próspera nos tempos de Paulo, assim como Tessalônica. Falar de Macedônia e Acaia era praticamente falar de toda a Grécia continental em tempos do apóstolo.

LABOR DOS TESSALONICENSES: Por meio de vós há ressonado a palavra de(o) Deus não só na Macedônia e Acaia, mas também em todo lugar vossa fé, a dirigida a Deus, há ressonado de modo que não há necessidade de nós termos que falar alguma coisa (8). A vobis enim diffamatus est sermo Domini non solum in Macedonia et in Achaia sed in omni loco fides vestra quae est ad Deum profecta est ita ut non sit nobis necesse quicquam loqui. POR MEIO DE VÓS: Talvez por meio de Priscila e Áquila que chegaram de Roma, seguindo a expulsão dos judeus por Claudio, segundo lemos em At 18, 2, Paulo soube em Corinto das notícias de Macedônia, vindas de Roma, quando o casal se juntou a Paulo para falar de Jesus na sinagoga (At 18,2). EM TODO LUGAR: Sem dúvida que é um ditirambo; mas pelo menos em Roma, capital que acolhia toda novidade religiosa, a fama dos tessalonicenses como cristãos tinha chegado aos fiéis da capital do império. Após a entrada em Filipos, abortada pelos judeus, Tessalônica foi o lugar propriamente grego em que Paulo teve oportunidade durante um tempo de pregar e converter grande número de gregos (At 17, 4). Essa fé é descrita como DIRIGIDA A DEUS: como se disséssemos, de uma fé em ídolos, agora encontramos a fé no único e verdadeiro Deus; pois o número de conversos entre os pagãos de Tessalônica foi grande, segundo o livro dos Atos (cap 17). Essa fé é tão conhecida que Paulo diz que não tem necessidade dele contar como foi a conversão dos tessalonicenses quando chegar a uma outra cidade e especialmente em Roma. Ou também que ele não teve necessidade de pregar o evangelho porque os próprios tessalonicenses o faziam de modo perfeito. A primeira conclusão parece mais conforme com o que Paulo escreve no versículo seguinte.

FINAL: Pois eles mesmos anunciam, no tocante a nós, que classe de entrada tivemos junto a vós e como os volvestes a(o) Deus desde os ídolos para servirdes o Deus vivo e verdadeiro (9). E para aguardardes o seu Filho dos céus, a quem levantou dentre os mortos, Jesus que nos livra da ira vindoura (10). Ipsi enim de nobis adnuntiant qualem introitum habuerimus ad vos et quomodo conversi estis ad Deum a simulacris servire Deo vivo et vero. Et expectare Filium eius de caelis quem suscitavit ex mortuis Iesum qui eripuit nos ab ira ventura; A acolhida de Paulo em Tessalônica foi muito comentada como vimos no versículo anterior, por ser uma cristianização em massa de gregos e pelo longo espaço de pregação de Paulo na sinagoga contra os judeus, que aparentemente não podiam o contradizer. Dessa pregação, Paulo resume os principais resultados: mudança do paganismo idolátrico ao monoteísmo estrito que Paulo declara ser o Deus VIVO [zön<2198>vivus]. Este atributo oposto ao morto como era todo ídolo, que em figura de homem principalmente, não podia nem ver, nem ouvir, nem andar (Ap 9, 29). O primeiro que usa a palavra vivo para o Deus monoteísta é Caifás: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus (Mt 26, 63). VERDADEIRO: [alëthinos<228>=verus] com o significado de verdadeiro ou real. VERDADEIRO, como em Jo 3, 33: Aceitar o seu testemunho é reconhecer que Deus é verdadeiro. Ou REAL, como em Jo 17, 3: A vida eterna consiste em conhecerem-te como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste. No AT temos Jahveh Elohim que poderíamos traduzir por o existente dos deuses ou o Deus vivo de Caifás. Assim temos um Deus que é real e amante da verdade. Mas essa fé tem uma esperança que é motivo da nova vida do cristão; pois nos movemos pelo desejo, que é esperança de um bem, neste caso supremo: a liberdade da IRA [orgë<3709>=ira] VINDOURA [erchomenë <2064> =ventura]. IRA: Frequentemente encontramos no NT a ira de Deus. Qual o significado? Em Jo 3, 36 encontramos a resposta inicial: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece. A fé é a primeira causa de salvação. Se não dobrarmos a soberba mental diante da loucura do amor divino, nos espera a ira de Deus, como diz Dante nas portas do inferno, abertas pelo amor desprezado. Ira que recai sobre os filhos da desobediência (Ef 5, 6) ou da rebelião [os anjos rebeldes?](Cl 3, 6). Ira que também se manifesta diante da impiedade e da injustiça ante os homens necessitados: Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça (Rm 1, 18). VINDOURA: Muitos pensam que esta ira é a do juízo final na Parousia, em cujo caso o verbo ruomai <4506> deveria estar no futuro [livrará] e não no particípio de presente [livra]. No caso, com o presente que nos livra, Paulo expressa uma proposição dogmática, dando a Jesus o titulo de Redentor. Mas se traduzimos no futuro, a visão paulina se traslada ao juízo final, com Jesus como juiz supremo do universo. No primeiro caso, temos o juízo particular de cada pessoa, juízo que Paulo admite em Fl 1, 25: Tenho o desejo de partir e de estar com Cristo, o que seria incomparavelmente melhor. No segundo caso, o da Parousia, é para ouvir: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25, 34). Em ambos os casos serão recebidos como triunfadores, podendo a eles se referir as palavras de Jesus: levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima (Lc 21, 28). E não como vencidos, pisoteados pelo inimigo, como diz o Salmo 7, 5: Calque o inimigo aos pés a minha vida sobre a terra, e reduza a pó a minha glória.

EVANGELHO (Mt 22, 34-40)
Lugares paralelos: Mc 12,28-31 e Lc 10, 25-28

O DEVER PRIMÁRIO DO HOMEM

INTRODUÇÃO: Os três sinóticos trazem o episódio do legista ou escriba tentando por Jesus à prova por meio de uma pergunta: Qual é o mandamento principal da lei? Embora Lucas difira um pouco, [que devo fazer para obter a vida eterna? - será a questão proposta pelo fariseu] a pergunta é a mesma em essência. Dos três evangelistas podemos deduzir que a resposta de Jesus foi ad hominem, especialmente se seguimos Lucas, isto é, perguntando por sua vez: Que recitas [lês em voz alta, será a melhor tradução de anagignoskeis = discernir ou ler] por meio da lei? (Lc 10, 26). E imediatamente o legista, ou escriba recitou o Shemá: Ouve, Israel! O Senhor é teu Deus. O Senhor é único. E amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda tua alma, e com toda tua força (Dt 6,4-5). Marcos acrescenta com toda a tua mente. Segundo Mateus e Marcos, parece que houve um intento de fazer um pulso com Jesus para ver sua qualidade como rabi, ou mestre. Jesus acabava de dar uma reposta magistral aos saduceus (Mt 22, 23-33) sobre a ressurreição dos mortos e, agora, era questão de saber sua altura teológica sobre uma questão na qual eles mesmos estavam divididos: Qual é o principal dos mandamentos da Lei? A pergunta é também atual, não só por sua materialidade, mas também porque na resposta encontraremos a base para realizar com perfeição todos os demais mandatos. O amor a Deus deve ser também a razão de que amemos ao próximo, ou cumpramos com perfeição os mandamentos da segunda tábua. É falso afirmar que amar uma pessoa por amor a Deus e não por amor a ela mesma, seria bastante estranho e o próprio Jesus não terminaria de o entender. (J A P).

OS FARISEUS: Mas os fariseus, tendo ouvido que tinha silenciado os saduceus, reuniram-se sobre isso (34). Pharisaei autem audientes quod silentium inposuisset Sadducaeis convenerunt in unum. NOME: Da palavra parisaya [plural farisim, já que p e f eram sons confundíveis em hebraico] significa separados. Aparecem como grupo à parte nos tempos de Hircano [c. de 135 aC], separados do resto do povo que não guardava a lei e que, portanto, poderia ser considerado como ímpio. Mas foi no reinado de Alexandra (76-67 aC) que começam a ter influência como o grupo mais respeitado do judaísmo e, portanto, como líderes do mesmo. IDEOLOGIA: O que era peculiar ao farisaísmo era que procurava, mediante a obediência à Torah [Lei], representar o verdadeiro povo de Deus que se preparava para a vinda do Messias. Os pontos de vista eram os preceitos legais, observados com toda escrupulosidade, tanto os que se referiam à purificação como as datas sagradas e as ações rituais. A tradição era tão obrigatória como a lei escrita, de modo que Rabi Shammai podia afirmar que tinha duas Torah: a Torah escrita e a Torah oral. Nisso se diferenciavam dos saduceus que só consideravam como lei o Pentateuco e conseguiam persuadir os ricos, enquanto os fariseus tinham a seu lado a multidão. Praticamente, toda a vida veio a ser regulada por uma série de disposições individuais. Como atos de purificação, adotaram os ritos severos que eram próprios dos sacerdotes antes dos atos litúrgicos. Afirmavam que havia 613 preceitos dos quais eram negativos tanto quantos dias tem o ano (365) e o resto (248) eram positivos. Os escribas davam preferência aos mandatos transmitidos por via oral (Mt 15, 2). Adotaram os conceitos persas e helenísticos da ressurreição e do julgamento depois da morte e da existência de seres supra-humanos como anjos e demônios que os saduceus rejeitavam (At 23, 8). Em política, contra os zelotes, renunciavam a todo ato de violência. Aguardavam o Messias que os saduceus não esperavam. No NT são nomeados 75 vezes. Três dos evangelistas tratam dos fariseus como inimigos de Jesus, com a exceção de Nicodemos, por sua hipocrisia (Mt 23, 15) e por sua cegueira em compreender o verdadeiro messiado, não aceitando Jesus por suas implicações teológicas ( Lc 5, 21 e Jo 7, 48) e iniciando a perseguição dos primeiros discípulos, como foi o caso de Saulo, antes de sua conversão. Lucas parece que opta por um termo médio. Há fariseus que aceitam Jesus (At 5, 34 e 23, 9) e outros mais intransigentes que o rejeitam como Saulo. NÚMERO: Eram aproximadamente 6 mil no tempo de Jesus. Dividiam-se em grupos não menores de 12 e não maiores de 20, segundo o que estava prescrito sobre o banquete pascal. Tinham como costume celebrar, cada sábado, um banquete na casa de um dos que formavam o grupo. O banquete era preparado antes das 6 horas da tarde da sexta feira e se celebrava depois dessa hora. Sua principal ocupação era o estudo da lei, de modo que desprezavam o povo comum, chamado de ham-haaretz ou povo da terra, aos quais jamais convidariam para seus banquetes. Não obstante, um deles, Simão, convidou Jesus a um desses banquetes como lemos em Lucas 7, 36. O SILÊNCIO: Como lemos em Mt 22, 23-33 a pergunta dos saduceus foi sobre a ressurreição dos mortos, que Jesus resolveu mostrando a inépcia dos interrogadores. As ideias que tinham dos ressuscitados eram exageradamente materiais e humanas e como tal não correspondiam com a realidade. O CONSELHO: Foi uma reunião informal, e o assunto era Jesus: como demonstrar que era um incompetente como Rabi. O grego usa a frase epi auto, temos traduzido como se fosse uma frase neutra [sobre isso], mas pode ser do gênero masculino [sobre ele] ou seja sobre Jesus. A Vulgata traduz in unum, que creio não corresponde exatamente ao texto grego, que, por outra parte é traduzido por entorno a El, nos comentários em espanhol de Tuya O.P. Outras traduções: insieme, together, em grupo, não me parece mais prováveis.

OS MANDAMENTOS: Então interrogou um deles, jurista, tentando-lhe e dizendo (35): Mestre, que mandato (é) grande na Lei? (36). Et interrogavit eum unus ex eis legis doctor temptans eum. Magister quod est mandatum magnum in lege. JURISTA: A palavra NOMIKÓS significa um experto na Lei, que hoje diríamos jurista. Mestre é o mesmo vocábulo usado anteriormente na pergunta do tributo em Mt 22, 17, com a intenção de logo ironizar sobre a idoneidade de Jesus como versado na Lei, o qual ridicularizava em extremo sua liderança. A pergunta, em grego, que tem comparativos e superlativos, adoece de uma falta de sintaxe, mas indica uma tradução literal de uma língua semítica que carece dos mesmos. Seria: qual é o maior dos mandatos na Lei. Nas versões mais literais se introduz o artigo definido para ficar como qual é o grande mandamento na Lei, ou the great commandment. Corretamente, Marcos fala do principal [prötë] de todos (12, 28). Em Lucas, a pergunta é: o que devo fazer para obter a vida eterna? (10, 25). Os judeus distinguiam entre Torah [Lei] e mandatos [Mizvoth em hebraico e Entolai em grego]. Um dito farisaico afirmava que O Santo [Há Kadosh] só revelou a recompensa a dois preceitos. O mais importante: Honra os teus pais (Êx 20,22) e o menor de todos: Deixa livre a mãe quando pegares os filhotes dos passarinhos (Dt 22,7). Dos 613 mandatos, 365 eram negativos e 248 positivos. Os legistas davam preferência aos mandatos transmitidos por via oral {as tradições dos anciãos de que fala Jesus (Mt 15,2)} sobre os escritos como lei de Moisés (Mt 15,3). Não se discutia se as leis cerimoniais, como referidas ao culto, eram superiores aos preceitos morais referidos aos homens, nem se discutia entre preceitos grandes e pequenos (Mt 23, 23 e Mt 5,19). Era importante saber qual deles era o [megalé] grande (sic) na Lei, ou seja, um superlativo, segundo as normas das línguas semitas: Qual era o maior dos mandamentos prescritos por Moisés? Na resposta, Jesus fala de prótë [principal ou primeiro em excelência]. Os próprios fariseus falavam do Sábado, já que diziam que quem guarda o sábado guarda toda a lei. Outros diziam que era a observância das três refeições ou banquetes nas três festas principais como era tradição entre os anciãos e que sempre se celebravam no Sábado da correspondente semana. Outros falavam do sacrifício diário do cordeiro no templo.

A RESPOSTA: Jesus, pois, lhe disse: Amarás (o) Senhor, o teu Deus de todo o teu coração, e em toda a tua alma e em toda a tua mente (37). Ait illi Iesus diliges Dominum Deum tuum ex toto corde tuo et in tota anima tua et in tota mente tua. Segundo Mateus e Marcos, Jesus dá uma resposta direta. É a resposta do Shemá. Mas a leitura de Lucas é a mais provável: Jesus pergunta, em termos socráticos, por sua vez: Que está escrito na lei, como recitas a mesma (Lc 10, 26)? Ou seja, qual é o dever iniludível e diário, como oração e como adoração de um judeu religioso? Sem dúvida, Jesus está perguntando pelo SHEMÁ, a recitação da lei, feita duas vezes por dia, por todo judeu maior de idade. Essa lei era a que estava dentro das filaterias, as caixinhas amarradas na fronte. O Shemá constituía a confissão de fé fundamental de Israel. Consta o Shemá de três lugares da Escritura: A primeira parte (Dt 6,4-9) consiste na profissão de fé no Deus do céu e da terra, manifestando a total consagração do homem a ele. A esta declaração de fé a chamavam tomar sobre si o jugo da soberania celestial. Nela se faz do amor de Deus o rasgo fundamental da piedade judaica que por amor a Deus é capaz de sacrifício e renúncia. Do versículo 8 [as atarás a tua mão como um sinal e serão como um frontal entre os teus olhos] os mestres da lei fabricaram os filatérios na fronte e na mão esquerda. É provável que também Jesus usasse os mesmos, especialmente para orar, particularmente, de manhã cedo. Dizem do rabi Aquiba que, torturado e penteadas suas carnes com ganchos de ferro, afirmou: Agora conheço o que significa com toda tua alma e pronunciou a palavra único várias vezes até que saiu dele a alma com esta palavra. A segunda parte (Dt 11,13-21) é uma exortação a cumprir os mandatos do Senhor. A terceira parte (Nm 15,37-41) é o mandato de tecer um manto com faixas e borlas para servir de recordação dos mandatos. São os tsitsit ou franjas do manto chamado Talit. Comparado este texto de Mateus com o grego da Setenta temos as seguintes diferenças: no lugar de dianoia [pensamento como causa, ou seja, mente] está dunamis [força, capacidade] e no lugar do ex preposição de procedência, temos, em Mateus, para o segundo e o terceiro agentes [alma e entendimento] o en geralmente traduzido por em, mas que pode ter o significado de lebab<03824> [o ser interior], nephesh<05315> [alento ou espírito de vida], maod<03966> [poder, força]. E implicam um pleonasmo contínuo para indicar que todo o ser humano, em potencial, deve ser usado no amor a Deus.

O SEGUNDO: Este é primeiro e grande mandato (38). Mas (o) segundo é semelhante a ele: amarás teu próximo como a ti mesmo (39). Hoc est maximum et primum mandatum. Secundum autem simile est huic diliges proximum tuum sicut te ipsum. Semelhante em motivo e objeto: o amor ao próximo que Lucas explicará com uma parábola quem é o tal próximo. Ou seja, todo necessitado, todo aquele que necessita de misericórdia de modo especial. O próximo, que em grego é traduzido por Plësios [vizinho, contíguo], tem em hebraico a palavra Rea como expressão do mesmo com outras conotações. Segundo o comentário bíblico moderno do rabino Meir Matziliah, as palavras que designam companheiro, próximo e irmão são réa – amith- ben- am- ah. Ah é irmão e era usado para todo israelita. Em Lv 19, 17-18 saem esses quatro termos ah (irmão) amith (companheiro), bem (filho) am (povo) e rea (próximo) A citação será: Não odiarás o teu irmão [ah 0251] no teu coração; repreenderás a teu companheiro [amith 05997] e por causa dele não levarás sobre ti pecado(17). Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos [ben 01121] do teu povo [am 05971]; mas amarás o teu próximo [rea 07453] como a ti mesmo. O texto do Levítico (19, 18) frequentemente citado de amarás o próximo como a ti mesmo é um texto negativo de não fazer o mal, pois começa com não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos de teu povo, mas amarás o teu amigo [rea em hebraico significa companheiro, irmão] como a ti mesmo. A Vulgata traduz rea como amicum e o grego como plesion, este como próximo, ou vizinho. A Nova Vulgata usa o proximum. Vemos que é um texto negativo impedindo atos de vingança ou de rancor. Mas Jesus, ao citar o mandato, dizendo que é semelhante ao primeiro, o transforma em amor positivo, amplamente descrito em Lucas como se demonstra com a parábola do bom samaritano. O próximo é todo aquele que necessita de nossa ajuda sem distinção de qualquer classe. Ele deve ser amado como nos amamos a nós mesmos. E como mandato positivo, ele obriga sempre. Os dois mandatos são semelhantes, porque têm a mesma motivação: o amor.

A LEI E OS PROFETAS: Destes dois mandamentos toda a lei e os profetas estão pendurados (40). In his duobus mandatis universa lex pendet et prophetae. Esta frase, que temos sublinhado, para um judeu significava a Sagrada Escritura, a Revelação. Com esta afirmação, Jesus declara que toda a obra divina feita para o povo de Israel teve como motor o amor e que o amor que Deus espera dos homens é uma resposta ao amor anteriormente recebido pelos mesmos. Por isso, a lei explica o modo de amar a Deus como sendo total: em todo teu coração [kardia], e em toda tua alma [psyché] e em toda tua mente [dianoia]. A vulgata traduz o En grego por ex toto corde e por in tota anima e in tota mente. É uma tradução do Becol hebraico original, que a Setenta traduz com a preposição EX ou EK e que tem o significado como desde ou tendo como origem. Exatamente como trazem Marcos e Lucas o becol é traduzido por Ex [desde] como faz a Vulgata: ex toto corde tuo et ex tota anima tua et ex tota fortitudine tua. A Fortitudo [força] foi trocada por Mateus por Dianoia [mens latina e entendimento português]. Com isso, ele conseguia entrar no mundo tripartido dos Pitagóricos que dividiam o ser humano em corpo, alma e razão, e do qual temos uma reminiscência em Paulo, aos Tessalonicenses, falando do espírito, alma e corpo (5, 23). A ideia, como vemos, é que Deus é o Senhor absoluto e a ele devemos tudo o que temos. Foi tendo em mente esse relacionamento Senhor/súdito, esse Senhor que tirou Israel da terra do Egito, que a vida humana se torna uma dívida e que Jesus dirá: Devolvei a César [o senhor temporal] o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22, 21). É agora que Jesus explica em que consiste esse tributo a Deus: Não era propriamente dar dois dracmas – o dobro que anualmente se dava como capitatio ao César – mas era um tributo total. A reposta de Maria, eis a escrava do Senhor: faça-se em mim a tua palavra, é a única correspondente a toda criatura que quer cumprir com esse mandamento as responsabilidades de uma vida, que só a Deus pertence. Deus deve ocupar o primeiro lugar em nossos planos [mente], em nossos desejos [coração] e em nossas atividades [corpo]. Devemos cumprir em nossas vidas o que rezamos em nossas orações: Faça-se em mim a tua vontade como ela é suprema no céu. Este é o nosso Shemá Cristão.

CONCLUSÕES: O mandato supremo não é negativo, mas positivo. Indica que fazer o bem é muito mais importante que evitar o mal. 1o) Esse bem que desejamos realizar se traduz no amor que estamos obrigados a dar. 2o) Que se nossa vontade total (mente, alma e forças) está dirigida, todo o pensamento, todo o ser e toda nossa força estarão implicados e facilmente o mal será evitado. 3o) Que o amor não deve ser unicamente o fim como mandato mas o motivo e a razão de toda conduta. Exclusivo e total em nossa vida, qualquer deficiência ou insuficiência devem ser consideradas como pecado; ao grande mandamento corresponde logicamente o grande pecado. Em Deus, o amor é misericórdia devido à pequenez e debilidade do homem. No próximo e para o próximo o amor é benevolência e bondade, além de equidade e justiça. O budismo se fecha em si mesmo. Judaísmo e Islã se fecham na comunidade, e debatem o mal com o mal. Só o cristianismo rejeita o mal, mas acolhe o pecador como próximo e assim transforma a regra da caridade em norma universal.

PISTAS:

1) Jesus não responde unicamente à pergunta de qual é o mandato mais importante, mas dá uma visão total da vida, como estando sujeita a um dever fundamental: nascemos, vivemos e realmente crescemos para amar. Todo outro caminho está equivocado. E esse amor tem como objeto o outro. O Outro que é Deus e o outro que é o homem com quem convivemos. Se nessa relação com o outro existisse uma outra razão fora do amor, podemos afirmar que essa relação seja dinheiro, poder, sexo, ou prazer, estaria errada e seria a base do pecado.

2) A Deus o amamos mais do que a nós mesmos: com tudo que é nosso, sem medida, que é a verdadeira medida do amor a Deus. Ao próximo como a nós mesmos. Estas são as únicas diferenças entre um e outro amor. O primeiro é total e absoluto. O segundo é relativo, mas não oposto ao maior amor com o qual amamos: aquele com o qual amamos e estimamos nossa própria vida, saúde e bem-estar.

3) Nesse amor encontramos a medida exata de nossa autêntica realidade. Qualquer outra regra de conduta é falsa e não oferece a razão verdadeira ou causa formal de nossa existência. Nascemos para amar porque somos, por causa de Deus e de nossos pais, produtos do amor.

4) Todos os dias, e, especialmente nos momentos de reflexão, devemos pensar: como podemos amar melhor as pessoas com as quais convivemos. Amar é uma entrega de pequenos sacrifícios e de insignificantes renúncias. Porém somadas, constituem o grande holocausto em que se consome uma existência que produz a grande convivência de confiança, paz, liberdade e felicidade de todos.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Diversas, e às vezes divergentes, são as interpretações dadas à célebre frase-resposta de Jesus aos que queriam armar-lhe uma cilada: uma frase de efeito, como que evasiva, com a qual Jesus responde sem se perturbar; uma resposta irônica, como se Jesus quisesse dizer: só quando se tem que pagar os impostos aparece o problema da consciência; uma definição precisa dos limites do campo e das relações recíprocas entre Estado e Igreja. De qualquer modo, é claro que o que importa é o reino de Deus. É o único absoluto a ser buscado. Jesus veio pregar o reino; esta é a realidade fundamental e clara. Diante deste anúncio, tudo passa para segundo plano. Com isto, Jesus não quer negar a função de César, mas quer atingir seus adversários que não compreenderam sua missão e esquecem a questão decisiva. Entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)

PRIMEIRA LEITURA (Is 45,1.4-6): - "Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus."

SALMO RESPONSORIAL 95(96): - "Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!"

SEGUNDA LEITURA (1Ts 1,1-5): - "Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações."

EVANGELHO (Mt 22,15-21): - "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus"



Homilia do Diácono José da Cruz – 29º Domingo do Tempo Comum – Ano A

"De quem é essa imagem..."

Apoiados no Platonismo, de que o homem é alma e corpo, este evangelho ficaria fácil de ser interpretado, bastaria dizer que o homem não pode ser nenhum alienado em relação as estruturas do mundo e suas instituições, e também não pode ser materialista, divide em duas partes iguais, uma para Deus e outra para Cesar e está resolvido. A primeira vista parece ser isso mesmo, o Cristão deve ter os pés no chão da história, mas o olhar voltado para Deus. Seria um casamento entre a Fé e a razão. Vamos crer, celebrar, participar da comunidade, mas também cumprir nossos deveres de cidadãos, inclusive pagar nossos impostos submetendo-nos a ordem estabelecida. Mas não é isso!

Os Fariseus tentaram surpreender Jesus, mas como se diz popularmente, foram buscar sarna para se coçar, Jesus respondeu de maneira coerente, exatamente o que deveria ser respondido, mas os "Sabichões" nada entenderam. A questão não é simplesmente, se devemos pagar os tributos ou não, às vezes, com tanta roubalheira em nosso País, dá mesmo vontade de sonegar, mas nosso cristianismo não seria autêntico, se nos faltasse a ética cristã. O que está em jogo nessa conversa de Jesus com os Fariseus, é algo muito mais profundo: quem é o Ser Humano? Há algo nele que o faça diferente?

Uma moeda não cunhada não tem valor algum, a cunhagem lhe dá não só um valor, mas uma identidade, e aqui é bom lembrar que a imagem do Cesar Augusto, era sagrada já que havia o culto ao imperador. Aqui começamos a perceber que a discussão não se restringe apenas ao valor da moeda em si, mas sim a ideologia que está por trás disso.

Muito interessante porque diante de uma pergunta "Se era lícito ou não, o pagamento de imposto ao Império Romano", Jesus respondeu com outra pergunta "De quem é a imagem que está na moeda?" Só poderia ser de Cesar... Parece até que Jesus foi irônico, mas aqui está o "xis" da questão, o Fio da meada... O homem não foi criado à imagem e semelhança de Cesar, mas a imagem e semelhança de Deus. O homem não vale por aquilo que ele possui ou consome, mas por aquilo que ele é: Filho de Deus.

Nada, portanto, nesta vida, nem naquele tempo e nem hoje, pode substituir no mais íntimo do ser humano, essa imagem de Deus, e quanto mais humano em sua essência é o homem, mais vai se divinizando. O Imperador Romano vai pelo caminho contrário, e o homem da pós-modernidade também... Quando pretende ou tenta ocupar o lugar que pertence só a Deus.  Iniciando esse processo de Divinizar-se a partir do TER e PODER , o resultado é inverso e o homem se desumaniza, torna-se irracional, perde a noção do certo e errado, não sabe mais discernir e só faz aquilo que lhe convém, isso é, que favoreça  o seu Poder e isso leva o homem á degradação total, deixando de ser imagem e semelhança de Deus.

Jesus Cristo resgatou essa imagem que o Ser humano havia perdido e tornando-se Senhor e subjugando todas as coisas, tronos e potestades. Dar a Deus o que é de Deus, não é dar a metade, mas o nosso tudo, é ele que nos libertou, salvou e resgatou, e  não os poderes do mundo ou as instituições. Em resumo, a Deus tudo, e ao tal do Cesar NADA, porque o homem que ocupa na vida do outro o lugar que pertence a Deus, nada Vale...  E a Fariseuzada, que se julgava muito esperta, teve que ir embora, com o rabo entre as pernas... Mais uma vez...

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 29º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Sem cera!

“Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens” (Mt 22,16). Os homens que falam são aduladores! E Jesus não se deixa conquistar pela duplicidade da linguagem, nem pela malícia daqueles homens. O Evangelho descobre a falsidade deles logo no começo da narração; eram discípulos daqueles fariseus que tinham deliberado “sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras” (Mt 22,15).

Afirmava um amigo meu que cada um de nós leva dentro um “pequeno fariseu” ou um “discípulo de fariseu”. E tem razão! Frequentemente, podemos procurar parecer o que não somos para agradar, para subir na vida, para alcançar uma posição social, para… Desta maneira, se pode passar a vida com um disfarce no rosto, ocultando assim o que há de mais belo em nós ou não permitindo que as coisas sejam curadas porque não mostramos ao médico divino as nossas feridas.

Deus realmente não gosta da falta de sinceridade. “Os discípulos de Cristo “revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” (Ef 4,24). “Livres da mentira” (Ef 4,25), devem “rejeitar toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia, de inveja e maledicência” (1 Pd 2,1)” (Cat. 2475).

Explica um autor que “os romanos, na sua paixão pelo belo e pelo autêntico, admiravam as expressões artísticas mais perfeitas e genuínas, e não admitiam defeitos nas obras de arte. Por isso, quando um escultor falhava, procurava dissimular o defeito cobrindo a irregularidade com cera. E quando a estátua saía perfeita das suas mãos, dizia-se que estava completa, íntegra, autêntica, sine cera – “sem cera”. Daí deriva a expressão sincera” (R. Llano Cifuentes, Vidas sinceras).

Devemos ser assim diante de Deus, “sem cera”, isto é, sinceros; é preciso que sejamos sinceros, bem sinceros: com o nosso confessor, com o diretor espiritual, com aquelas pessoas que tem como encargo saber aquilo que devem saber sobre nós para ajudar-nos. Nós, os cristãos, não participamos das festas de disfarces espirituais porque sabemos que diante de Deus somos o que somos, e nada mais. A máscara que as vezes queremos fazer para nós e que talvez até chamaria a atenção dos outros, nada vale diante de Deus. Jesus conhece até o mais profundo do ser humano, nada se pode esconder dele, muito menos continuar com um disfarce que vele o rosto. Caso contrário, podemos escutar do Senhor aquela palavra que é bastante forte: “hipócritas” (Mt 22,18).

A sinceridade nos leva à autenticidade, a sermos nós mesmos. Também nos leva à simplicidade: nada temos que esconder, somos sempre o que somos e nos mostramos como somos diante dos outros. A pessoa sincera é simples, não anda com complicações, com cavilações inúteis. Uma pessoa sincera é humilde, virtude esta que muito agrada a Deus e atrai novas graças.

Gostaria de insistir num aspecto da sinceridade que é capital. Trata-se daquela sinceridade total que devemos ter no sacramento da confissão. Lá vamos para dizer as podridões, os pecados; para mostrar as feridas, as chagas, as coisas feias. Nenhum padre espera que cheguemos ao confessionário para dizer as nossas virtudes, as coisas boas que fizemos ou como somos pessoas “nota 10”. Não! Para isso não é o sacramento da confissão. Vamos confessar-nos para dizer os pecados, ser perdoados e ficar reconciliados com Deus e com sua Igreja. Devemos ser, portanto, bem sinceros. Melhor ainda se começarmos a falar aquelas coisas que nos parecem mais difíceis de dizer, as que nos causam maior vergonha. Deus nos livre de esconder por vergonha algum pecado, neste caso a nossa confissão seria inválida e nenhum pecado seria perdoado. Outra coisa é quando a gente se esquece de dizer algum pecado. Neste caso, todos os pecados ficam perdoados, podemos ficar bem tranquilos depois da confissão e continuar comungando; na próxima que nos confessarmos diremos aquilo que tínhamos esquecido.

Sinceridade! Sinceridade! Sinceridade! Desta maneira tudo se resolverá, mais cedo ou mais tarde. Confiemos no Senhor, digamos-lhe o que está acontecendo conosco e ele nos dirá aquilo que ele quer de nós. Sejamos sinceros com Deus, pois ele sempre o é conosco.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Publicação Especial - Apologética / Doutrina
(Extraído do site Presbíteros)

Habitantes em outros Planetas?

Pergunta: “As reportagens sobre discos voadores dão por vezes a entender que há habitantes em outros planetas. Não se seguiria daí a necessidade de reformarmos nossas concepções religiosas? O espiritismo vê em tudo isso um argumento em favor de suas teses!”

A maneira como se tem tratado o assunto dos discos voadores é por vezes um tanto pueril. Abordemo-lo com a devida sobriedade.

1. Antes do mais, importa frisar que a hipótese de existirem habitantes em outros planetas não sofre objeção por parte da fé católica. A Sagrada Escritura e a Tradição nada ensinam a seu respeito, pois o conhecimento do assunto não interessa imediatamente à salvação eterna dos homens e o Senhor houve por bem revelar-nos apenas verdades atinentes à nossa santificação. A questão, portanto, fica fora do âmbito da Palavra de Deus a nós transmitida; deverá ser estudada à luz das ciências e das observações empíricas; o católico reconhecerá a resposta que o cientista lhe comunicar, desde que não seja formulada de modo contraditório à verdade revelada.

Foi no século passado que começou, entre os teólogos, a ser focalizada com certa atenção a hipótese de haver outros planetas habitados. Alguns então tentaram torná-la plausível, fazendo valer, entre outros argumentos, o seguinte: existe enorme quantidade de matéria espalhada pelos espaços cósmicos; a matéria, porém, só pode preencher a sua finalidade (dar glória a Deus) no conjunto das criaturas, caso haja seres Inteligentes que a conheçam e, mediante ela, se elevem até o Altíssimo; seria, por conseguinte, harmonioso que o Criador tivesse colocado nos astros seres semelhantes aos homens, destinados a se servir do respectivo mundo material para prestar louvor ao Todo-Poderoso. O argumento não deixa de ter sua conveniência. Destarte se vê que a empolgante hipótese, longe de contradizer à fé, pode sem dificuldade ser incorporada a uma visão profundamente teológica do universo. Vê-se igualmente que a habitação de outros planetas e a possibilidade de comunicações inter-siderais são teses de todo independentes da ideologia espírita e da teoria da reencarnação, por muito que os espíritas explorem o noticiário dos jornais em favor de suas crenças. As pretensas mensagens do Astral, as “comunicações de Ramatis” captadas por via mediúnica não são senão produtos da subconsciência e da fantasia, hoje mais do que nunca excitadas pelos “boatos” e as conjeturas: posto em estado de transe, o “médium” pode dar expressão a noções latentes em seu íntimo, combinando-as num enredo mais ou menos fantástico, correspondente a sugestões que receba por parte de agentes externos.

Para fundamentar a tese da existência de marcianos e de seus apregoados discos voadores, a S. Escritura não oferece texto algum, apesar do que às vezes se lhe quer atribuir.

2. Admitida a hipotética existência de habitantes em outros planetas, surge a questão: como se configurariam esses indivíduos ?

a) Do ponto de vista físico, é de crer que constem de espírito e matéria, alma e corpo ; provavelmente, porém, são dotados de constituição fisiológica diferente da nossa, a fim de poder viver em condições de atmosfera, pressão e clima bem diversas das nossas.

A rigor, também nada há contra a hipótese (abordada em reportagem) de que tenham emigrado da Terra para o planeta onde atualmente residem. Neste caso, poderiam ser descendentes de Adão (teriam então o pecado original), como poderiam ser filhos de uma hipotética humanidade que haveria vivido sobre a Terra antes do aparecimento de Adão (não se poderia dizer com precisão quando é que Adão existiu). Sobre a hipótese dos «pré-adamistas», veja E. Bettencourt, Ciência e Fé na história dos primórdios, cap. VI.

b) Do ponto de vista religioso, os marcianos estariam sujeitos à mesma lei natural que nós, isto é, teriam uma consciência moral igual à nossa. Portanto, também entre eles estaria em vigor o preceito básico de toda a moralidade; “Faze o bem, evita o mal”, assim como as conseqüências que deste decorrem : “Não matar, não roubar, não adulterar, etc.” A razão disto é que a lei natural é um reflexo da Lei eterna de Deus ; ela exprime a infinita santidade de Deus, a qual é imutável : para o Senhor, as categorias do bem e do mal não são sujeitas a reforma nem a tempos e lugares, pois não dependem apenas de um ato da Vontade divina, mas do imutável Ser de Deus.

Em se tratando de leis positivas, os habitantes de outros planetas poderão estar sujeitos a determinações diferentes das que o Altíssimo promulgou para nós (tais são o dever de guardar um dia entre sete, o de recorrer aos sacramentos, etc.).

É provável que, uma vez criados os marcianos, o Senhor tenha havido por bem submetê-los a uma provação, dando-lhes assim o ensejo de afirmar livre e conscientemente a sua adesão ao Bem Supremo. É o que se afirma, visto o modo como o Criador procedeu com os homens e com os anjos.

Sujeitas à prova, terão aquelas criaturas superado a tentação ou, antes, sucumbido ao pecado?

Esta pergunta já nos coloca muito longe no castelo das hipóteses… Digamos, porém, que, se resistiram ao mal, os seres extra-telurianos foram provavelmente confirmados no bem, à semelhança do que se deu com os anjos bons. Se pecaram, podem ter sido agraciados por urna Redenção. Neste caso, é possível que lhes estejam sendo aplicados os méritos de Cristo adquiridos na Terra há vinte séculos atrás, méritos mais do que suficientes para extinguir os pecados de muitos mundos, como também se pode pensar que o Filho de Deus se tenha encarnado outra vez em outro planeta.

Divagar por tantas conjeturas se torna, em última análise, ocioso; vão é ao homem procurar respostas para questões que pertencem estritamente aos arcanos da Sabedoria de Deus. Certa atmosfera de pavor e perplexidade chega a se criar em virtude da previsão de guerras interplanetárias… Com isto, não poucos dos nossos contemporâneos perdem de vista a tarefa da hora presente; para o cristão, uma coisa é segura: quer existam, quer não existam marcianos, ele tem que progredir diariamente na união com Deus, despojando-se todos os dias um pouco mais do velho homem, e revestindo-se da nova criatura (cf. 2 Cor 4,16 ; Ef 4,24); fazendo isto, o cristão ganha a sua vida na Terra e chegará a ver face a face a infinita Sabedoria de Deus, com seus misteriosos desígnios. Eis, porém, que as múltiplas hipóteses arquitetadas em torno dos discos voadores impedem a muitos de rezar e viver na presença de Deus e, por conseguinte, de considerar o mundo como ele deve ser considerado.

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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