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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 08/07/2012 - 14º Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 01/07/2012 - 13º DTC-Solenidade de São Pedro e São Paulo


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Hoje nossa Liturgia nos leva a confirmar que seguimos aquele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma pessoa comum de seu tempo, vindo de uma aldeia e, por isso, motivo de desprezo e rejeição. Movidos por esta fé, nos reunimos em assembleia celebrante onde, pela sua palavra, Jesus nos leva a assumir nossa evidente fragilidade sem precisar mascará-la com falsa grandeza e a buscar, em sua graça, a nossa força. Celebramos a fé naquele que se encarnou no seio de Maria, se fez homem, sofreu, foi morto, sepultado e ressuscitou. Estabelecer comunhão com ele é encarnar-se também e correr todos os riscos: indiferença e rejeição, injúrias, perseguições e angústias.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Depois de termos celebrado a Festa de São Pedro e São Paulo, celebramos neste domingo o ministério de Cristo entre seus parentes e amigos. Porém, devido à familiaridade da parentela e proximidade dos que se conhecem desde pequenos, muitos tiveram dificuldade de aceitar Jesus como Messias e, por isso, ele não pode realizar em Nazaré as obras de salvação, já que "um profeta não é valorizado em sua casa". ao contrário deles, façamos nosso ato de fé incondicional, proclamando Jesus como Deus e Salvador, e vivamos essa verdade em nossas atitudes, assumindo também a missão de levar a todos o conhecimento da fé que nos congrega na Eucaristia.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Ezequiel 2,2-5): - "Quer te ouçam ou não, hão de ficar sabendo que há um profeta no meio deles!"

SALMO RESPONSORIAL 122(123): - "Os nossos olhos estão fitos no Senhor: tende piedade, ó Senhor, tende piedade!"

SEGUNDA LEITURA (2 Coríntios 12,7-10): - "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força"

EVANGELHO (Marcos 6,1-6): - "Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa."



Homilia do Diácono José da Cruz – 14º Domingo do Tempo Comum – ANO B

"NAZARÉ DAS NOSSAS ILUSÕES"

É bonito quando vemos alguém famoso causando admiração, outro dia em uma festa de casamento, que acontecia em um belo salão, adentrou um artista de grande talento, contratado pela noiva, representando o Elvis Presley e era de se espantar em ver como os seus trejeitos, lembravam realmente o rei do rock, todos os convidados se aproximaram para umas fotos, as mulheres queriam acompanhá-lo na dança ousada, e até os homens se admiravam e a sua presença inusitada, surpreendeu a todos.

Quando Jesus chegou a sua “terrinha” de Nazaré, acompanhado dos discípulos, deve ter causado um verdadeiro “rebuliço”, pois a fama de suas pregações e milagres já tinha chegado por ali, e no sábado, como todo piedoso judeu, foi á celebração da palavra da comunidade, onde qualquer pessoa adulta poderia partilhar o ensinamento sobre a Palavra e Jesus, usando desse direito, começou a pregar á sua gente fazendo a homilia.

O povinho da terra nunca tinha ouvido uma pregação feita com tanta sabedoria, que superava o ensinamento dos Mestres da Lei e Fariseus, imaginemos que na comunidade, algum ministro da palavra pregue melhor do que o padre... E com o estudo teológico acessível aos leigos, isso hoje não seria novidade. Aquilo que causa muita admiração, também logo acabará despertando inveja e ciúmes.

Basta que olhemos para os nossos trabalhos pastorais, onde o carisma das pessoas não deveria jamais perturbar o coração de ninguém, ao contrário, deveria motivar um hino de louvor, por Deus ter dado a alguém um carisma tão belo, colocado a serviço da comunidade. Mas logo surgem os questionamentos maldosos: Como é que ele faz isso? Onde aprendeu? Quem o ensinou, de onde é que vem todo esse saber? Será que o padre o autorizou? (esta última coloquei por minha conta) E a admiração, contaminada por sentimentos de inveja, vai logo se transformando em desconfiança aumentando o questionamento: “Quem ele pensa que é para falar assim com a gente? Será que ele não se enxerga? E ainda tem gente que o aplaude...” Os que não gostam muito do padre, logo vão afirmar que o sujeito faz parte da sua “panelinha”, ou então, irão inventar alguma coisa para que o padre “corte a asinha” do tal.

Jesus deve ter sentido uma frustração muito grande, quando percebeu sentimentos tão mesquinhos em meio á comunidade onde cresceu e fez a sua catequese. Duvidavam da sua sabedoria, e talvez para provocá-lo, queriam que ele resolvesse algum problema da comunidade, “Se ele endireitar a comunidade, daí eu acredito”. Às vezes também nos iludimos quando queremos que alguém que fala “certos milagres”, talvez o cooperador, o coordenador do grupo, o catequista, o ministro da palavra, quem sabe o coitado do Diácono ou o Padre, que têm autoridade. Penso que na sinagoga de Nazaré foi mais ou menos assim que os fatos ocorreram, queriam jogar tudo nas costas de alguém, e como Jesus tinha fama de ser o Messias...

As pessoas, quando enxergam algo de extraordinário no carisma de alguém, começam a fazer do sujeito uma referência importante, acham que a sua oração é especial, que um toque de sua mão poderosa pode realizar curas prodigiosas, e em pouco tempo, a propaganda é tanta, que o tal não pode mais sair as ruas que é logo procurado para resolver os mais complicados problemas, inclusive de relacionamento entre as pessoas, apaziguar casais brigados, aconselhar jovens, e assim a sua palavra se torna poderosa e em conseqüência passa a ter poder religioso paralelo, e se na comunidade não houver um espaço para ele atuar, terão de criar um, pois ele precisa ser o centro das atenções.

Jesus não quis formar um grupo só para ele, para bater de frente com os Doutores da lei, escribas e fariseus, e como ele pertencia a uma das famílias do local, a ponto de sua mãe e seus irmãos serem de todos conhecidos, começaram a vê-lo como um vulgar, que nada de extraordinário tinha feito em Nazaré, para que merecesse toda aquela fama.

Na verdade, Jesus não quis assumir o papel de “Salvador da Pátria”, diferente de muitos cristãos, que se julgam o máximo naquilo que fazem, e pensam que sem eles, a comunidade estaria perdida. Essa rejeição á ele, suas obras e ensinamentos, iria se ampliar e lhe traria conseqüências muito trágicas na cruz do calvário, tudo porque suas palavras anunciavam um reino novo, que exigia uma total renovação e mudança de vida.

Quando a pregação que ouvimos, serve para o vizinho, ou para o marido ou a esposa, ou quem sabe para os filhos, ou para o chefe ou o colega de trabalho, prestamos muita atenção e vibramos, só em pensar que aquelas verdades atingem em cheio a pessoa em quem pensamos. Porém, quando a pregação toca o nosso coração e nos motiva a mudar o nosso jeito de pensar ou de agir, temos duas reações, ou reconhecemos a legitimidade da palavra e abrimos o nosso interior, para uma conversão sincera, ou então rejeitamos o pregador e passamos a querer vê-lo pelas costas.

Na sinagoga de Nazaré foi assim, e nas nossas comunidades, não é muito diferente. Quem prega mudanças de mentalidade e conduta, vai sempre arrumar uma bela de uma encrenca. Enfim, o Jesus que há dentro de nós, criado pelas nossas fantasias, ou fruto de nossas ideologias sociais ou políticas, não coincide com esse Jesus, Profeta de Nazaré, Ungido de Deus. E o pior, é que projetamos tudo isso nas pessoas que lideram a comunidade, nos cooperadores, nos coordenadores, nos ministros, nas catequistas, nos padres e diáconos e assim vai. Um dia, basta um desentendimento mais sério e o nosso Jesus idealizado “vai pro espaço” com a pastoral e o movimento.

Quanto mais somos realistas em nossa fé, mais nos adequamos á comunidade aceitando-a como ela é, quanto mais nos iludimos com o Jesus da nossa fantasia, mais difícil será vivermos em comunidade, aceitando as pessoas do jeito que elas são. Daí, como em Nazaré, nenhum milagre acontece, por causa dessa fé infantil e ilusória...

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 14º Domingo do Tempo Comum — ANO B

“Doutrina admirável”

Se combinarmos, entre quatro pessoas, para ir a São Paulo num carro de passeio, por exemplo, caso nunca tenhamos ido a essa cidade, precisaremos de um bom mapa de estradas e também orientar-nos pelas placas que encontraremos pelo caminho. Se não seguirmos rigorosamente essas indicações, ao invés de chegarmos a São Paulo chegaríamos a qualquer outra cidade, a qual não seria, porém, a nossa meta. O mapa não se manipula, se estuda; poderia representar o esforço pessoal para se chegar ao céu. Quanto às placas, essas estão lá, precisamos simplesmente segui-las. Alguém as colocou lá; nós, docilmente, seguindo-as chegaremos, pelo caminho proposto, à meta. Elas poderiam representar a graça de Deus. Ambas, placas e mapas nos indicam por aonde irmos se quisermos alcançar o objetivo proposto.

Para chegarmos ao céu, é importante que lutemos com muito esforço e muita decisão, sem esquecermo-nos que a graça de Deus nos acompanha sempre. Nesse nosso caminho rumo ao céu, uma das grandes graças que nos foi oferecida é o ensinamento de Cristo. Os ensinamentos do Senhor são como boas placas do caminho que, se as seguirmos, chegaremos a bom termo.

Escandalizavam-se porque o carpinteiro, o filho de Maria ensinava com autoridade, com sabedoria. Por outro lado, Jesus deixaria realmente uma impressão muito grata, os que o ouviam ficavam admirados. Gosto de imaginar Cristo ensinando, gosto de imaginar-me lá junto dele escutando as suas palavras sapientíssimas, cheias de unção, são as palavras do Filho sobre o seu Pai. Nós também ficamos admirados porque é simplesmente maravilhoso tudo o que o Senhor fala sobre o Pai, seu Pai e nosso Pai, mas… será que ficamos também escandalizados, isto é, será que suas palavras santíssimas são causa de queda para nós?

Quando as palavras de Cristo seriam causa de escândalo para nós?
Se, ao ler o Evangelho, chego à conclusão que tudo aquilo é impossível para mim, que não posso chegar a metas tão altas, que a santidade é coisa para poucos;
Se, ao escutar o Magistério da Igreja ensinando as exigências do amor de Deus, criticamos e não nos dispomos a seguir pelos caminhos que o Senhor deseja e que o Papa e os Bispos em comunhão com ele nos transmitem;
Se a humildade, a castidade, se o aproveitamento do tempo, o serviço aos demais me parecem virtudes de gente retrógrada, de gente do passado, pouco desenvolvida e que não acompanha a modernidade.

Mas, Jesus já tinha mostrado àqueles homens e muitas vezes nos tem mostrado a origem da sua autoridade: o que ele fala verdadeiramente vem de Deus, ele é o Deus feito homem. No batismo escutara-se a voz do Pai que dizia "Tu és o meu Filho amado; em ti ponho as Minhas complacências" (Mc 1,11); ao começar seu ministério muitos tinham escutado o Senhor com toda a autoridade a dizer-lhes: "Fazei penitência e crede no Evangelho" (Mc 1,15). Também tinham se maravilhado da doutrina do Senhor quando ele certa vez entrara na sinagoga de Cafarnaum e começara a ensinar, tinham visto lá um ensino com autoridade (cf. Mc 1,21-22). Essa autoridade do Senhor também fica patente quando ele expulsa demônios, quando ele cura os enfermos. Diante das maravilhas de Cristo, seus ensinamentos e suas ações, as pessoas ficavam pasmadas e davam glória a Deus: "Nunca vimos coisa assim!" (Mc 2,12). Ainda que nem todos ficassem admirados e a dar glória a Deus, é verdade que muitos tinham essas reações. Nós queremos ser contados entre esses que glorificam a Deus, não entre aqueles para os quais a doutrina de Cristo era motivo de escândalo, de queda. Por quê? Por causa do endurecimento de coração, por causa do comodismo egoísta que não os permitia olhar ao redor de si e para si mesmos de maneira realista.

A escolha dos apóstolos deixa claro que o Senhor os queria "para andarem com Ele e para os mandar a pregar" (Mc 3,14). A primeira coisa que o apóstolo cristão precisa fazer é andar com o Senhor, ele precisa ser ao entrar em contato com Cristo, outro Cristo, o mesmo Cristo. É preciso que nos identifiquemos com Cristo também na maneira de expressar-nos, isto é, as nossas palavras irão, pouco a pouco, sendo verdadeiros veículos da doutrina de Cristo explicita e implicitamente: a calma e a paz ao falar, a sinceridade, a humildade ao dirigirmo-nos aos demais, todos esses são traços de uma personalidade que se identificou com Cristo nas suas palavras. É um discípulo que ama o seu Mestre. Não se trata de ser fanático, o fanatismo é um desvio da religiosidade; trata-se de apaixonar-se por Jesus Cristo. Toda a nossa vida cristã em todos os seus aspectos será um desenrolar-se do seguimento de uma Pessoa, a de Jesus. O nosso seguimento de Jesus leva-nos a uma entrega da própria vida, de toda a vida! Se tivéssemos mais vidas, mais felizes estaríamos pela ajuda que prestaríamos ao próprio Deus que quer fazer de nós verdadeira placas de sinalização para que os outros dele se aproximem.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 14º Domingo do Tempo Comum ANO B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

...... Não foi publicado o Comentário Exegético desta semana no site Presbíteros. Apresentamos um texto da Doutrina da Liturgia prevista no Direito Canônico ......

Direito Canônico | Doutrina | Liturgia

A Comunhão sob as duas espécies

A Eucaristia é a celebração central da Igreja. Na verdade, a Igreja não celebra a si mesma, e, sim a história a que ela se deve, a esperança que a anima, a vinda do Senhor, por meio da qual ela se deixa transformar; no entanto, nessa celebração ela representa, ao mesmo tempo, o que ela deveria ser: uma comunidade que dá testemunho de Jesus Cristo e do reino de Deus por ele anunciado, que tenta viver esse testemunho no serviço ao próximo e que representa simbolicamente, na celebração da liturgia, ambas as coisas- o testemunho da palavra e o testemunho da ação. Da liturgia faz parte tanto o anúncio da Palavra quanto o partir do pão. Assim, a Eucaristia também é imagem para Igreja.

Com imagem para a Igreja, a Eucaristia também diz algo sobre sua estrutura. Desde os dias da comunidade primitiva em Jerusalém até hoje, a Eucaristia é celebrada em comunhões de mesa menores: “Diariamente permaneciam unânimes no templo, nas [diversas] casas, porém, repartiam o pão” (At 2,46). Aí se revela uma estrutura básica de Igreja: Igreja é reunião, comunhão. Isso, porém, ela não é como reunião única, que abrange a todos os membros (que, quando muito, por motivos práticos, dependeria de filiais), e, sim, ela o é, de antemão, como comunidade de comunidades, nas palavras do Concílio Vaticano II: como comunidade de “Igrejas parciais”.

“Estas [as comunidades locais] são em seu lugar o Povo novo chamado por Deus(…). Nelas se reúnem os fiéis pela pregação do Evangelho de Cristo. Nelas se celebra o mistério da Ceia do Senhor (…). Nessas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou vivendo na dispersão, está presente Cristo” (LG 26).

Se na Eucaristia a Igreja é apresentada como comunidade, se Igreja é, essencialmente, comunidade de comunidade e se a Igreja conhece um ministério de serviços que serve à congregação para a comunhão e à unidade entre as comunidades, então se conclui logicamente que para a celebração da Eucaristia se precisa da direção por meio de um ministro ordenado. Pois a ordenação serve à congregação e à unidade na comunidade eucarística, e ela estabelece a conexão entre esta uma e as muitas celebrações eucarísticas da Igreja.

O sinal básico desse sacramento é a comunhão de mesa: pão e vinho são repartidos, a palavra interpretativa fala da última ceia de Jesus e convida: “Tomai, comei, (…) bebei” (Mt 26,26s). A Eucaristia cristã, a “Ceia do Senhor” (1Cor 11,20), tem sua origem no cear em Israel, que une os participantes entre si e com Deus; nas ceias de Jesus com os discípulos, que eram sinais realizadores de seu convite para o reino de Deus e de sua pró-existência (sua existência em favor dos outros); na última ceia de Jesus, na qual sua pró-existência em face da morte iminente se condensou na entrega extrema e na experiência de sua ressurreição e de sua nova vinda, que os discípulos fizeram “ao partir o pão” (Lc 24,35). Desde a aliança do Sinai até a congregação da comunidade na experiência pascal a Ceia sempre é sinal da aliança: A aliança de Deus com os homens se realiza quando homens se aliam entre si. No comer e beber em comum se recebe a vida, celebra-se a aliança que possibilita vida.

Quanto ao tema proposto, citado acima: a Comunhão sob duas espécies podemos reportar ao:

Concílio de Trento – Em algumas partes do mundo, alguns ousam temerariamente afirmar que o povo cristão deve receber o santo sacramento da Eucaristia sob as duas espécies do pão e do vinho e fazem comungar em geral a assembléia dos leigos não só a espécie do pão, mas também com a do vinho, inclusive depois da refeição ou doutro modo sem jejum. Eles sustentam obstinadamente que este é o modo de se comungar, opondo-se ao louvável costume da Igreja, justificado também racionalmente, que de modo condenável procuram reprovar como sacrílego:

“por isso, este concílio… declara, decreta e define que, se bem que Cristo tenha instituído e administrado depois da refeição aos apóstolos este venerando sacramento sob as espécies do pão e do vinho, não obstante isso, a admirável autoridade dos sagrados cânones e o autorizado costume da Igreja têm declarado e declaram que este sacramento não deve ser administrado depois da refeição, nem a fiéis que não estão em jejum, salvo no caso de doença ou de outra necessidade, concedido ou admitido pelo direito ou pela Igreja” (DH, 1198).

E como este costume foi introduzido, com razão para evitar perigos e escândalos, com análoga o maior razão foi introduzido e observado este outro: “se bem que na Igreja primitiva este sacramento era recebido pelos fiéis sob ambas as espécies, mais tarde, porém, era recebido pelos que produzem- o sacramento- sob ambas espécies, mas pelos leigos somente sob a espécie de pão, pois é preciso crer com toda a firmeza e sem sombra de dúvida que o corpo e o sangue de Cristo estão verdadeiramente contidos, na sua integridade, tanto sob a espécie do pão, como sob a do vinho. Portanto, visto que foi introduzido com boa razão pela Igreja e pelos santos Padres e observada durante muitíssimo tempo, este costume deve ser considerado como uma lei que não pode ser reprovada nem modificada arbitrariamente, sem o consentimento da Igreja” (DH, 1199).

Contudo, “é errôneo sustentar que a observância deste costume ou lei é sacrílega ou ilícita; e os que se obstinam em sustentar o contrário devem ser tratados como hereges…” (DH, 1200).

Código de 1917 – Sanctissima Eucharistia sub sola specie panis praebeatur (Cân. 852).

Concílio Vaticano II – “A comunhão sob as duas espécies, firmes os princípios dogmáticos estabelecidos pelo Concílio de Trento pode ser permitida, quer aos clérigos e religiosos, quer aos leigos, nos casos a serem determinados pela Santa Sé e a critério do bispo, como aos neo-sacerdotes na missa de sua ordenação, aos professos na missa de profissão religiosa, aos neófitos na missa que se segue ao batismo” (SC 55).

Código de 1983 – “Sacra communio conferatur sub sola specie panis aut, ad normam legum liturgicarum, sub utraque specie; in casu autem necessitatis, etiam sub sola specie vini” (Cân.925).

O modo ordinário de administração continua a ser sob a espécie de pão, seguindo uma disciplina multissecular fundada na afirmação dogmática de plena e perfeita presença de Jesus Cristo em cada uma das espécies sacramentais (Conc. de Trento,sess.XXI), e recomendada pelo perigo de derramamento do sanguis, assim como pela natural repugnância a que poderia dar lugar o comungar do mesmo cálice. Estes dois dados (perigo de derramamento e natural repugnância) serão tidos em conta nas normas litúrgicas que o Cânon manda observar.

A Instrução da Sagrada Congregação para o Culto Divino Sacramentali Communione, de 29 de junho de 1970, permitiu que as Conferências Episcopais ampliassem essa faculdade dos Ordinários locais. Em setembro do mesmo ano, a comissão Central da CNBB decidiu deixar nas mãos dos próprios Bispos diocesanos a determinação de novos casos de comunhão sob duas espécies, “ubi ratio pastoralis suadeat” (=onde o aconselhar uma razão pastoral). Recomendou, porém, que não se usasse essa forma quando os grupos forem muito numerosos ou heterogêneos.

Introdução Geral do Missal Romano- A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no Reino do Pai (IGMR, 281).

O Número 283 da IGMR nos diz que a comunhão sob as duas espécies é permitida nos seguintes casos:

a) Aos sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício;
b) Ao diácono e a todos que exercem algum ofício na Missa;
c) Aos membros “da comunidade”, aos alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que participam de alguma reunião espiritual ou pastoral.

O Bispo diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas espécies para a sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos pequenos grupos. Ao mesmo Bispo concede a faculdade de permitir a Comunhão sob as duas espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote a quem, como pastor próprio, a comunidade está confiada, contando que os fiéis tenham boa formação a respeito e esteja excluído todo perigo de profanação do Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do número de participantes ou por outro motivo.

Contudo, quanto ao modo de distribuir a sagrada Comunhão sob as duas espécies aos fiéis, e à extensão da faculdade, as Conferências dos Bispos podem baixar normas, a serem reconhecidas pela Sé Apostólica. Conforme proposta da 33ª Assembléia Geral da CNBB, aprovada pela Sé Apostólica, a ampliação do uso da Comunhão sob as duas espécies pode ocorrer nos casos seguintes:

1.A todos os membros dos Institutos religiosos e seculares, masculino e femininos, e a todos os membros das casas de formação sacerdotal ou religiosa, quando participarem da Missa da comunidade.
2. A todos os participantes da missa da comunidade por ocasião de um encontro de oração ou de uma reunião pastoral.
3. A todos os participantes em Missas que já comportam para alguns dos presentes a comunhão sob as duas espécies, conforme o n.243 dos Princípios e Normas para o uso do Missal Romano:
a. Quando há uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na comunhão da igreja;
b. Quando há casamento na Missa;
c. Na ordenação de diácono;
d. Na benção da Abadessa, na consagração das Virgens, na primeira profissão religiosa, na renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas durante a Missa;
e. Na Missa de instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e quando se dá na Missa qualquer missão eclesiástica;
f. Na administração do viático, quando a Missa é celebrada em casa;
g. Quando o diácono e os Ministros comungam na Missa;
h. Havendo concelebração;
i. Quando um sacerdote presente comunga na Missa;
j. Nos exercícios espirituais e nas reuniões pastorais;
l. Nas Missas de Jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religiosa;
m. Na primeira Missa de um neo-sacerdote;
n. Nas Missas conventuais ou de uma “Comunidade”;

4. Na ocasião de celebrações particularmente expressivas do sentido da comunidade cristã reunida em torno do altar.

Instrução Redemptionis Sacramentum Para administrar a santa comunhão aos fiéis leigos as duas espécies, dever-se-á de forma apropriada levar em conta as circunstâncias, cabendo antes de tudo aos bispos diocesanos fornecer uma avaliação sobre tais circunstâncias. Seja totalmente excluída quando houver o risco, mesmo que mínimo, de profanação das sagradas espécies[1] (Redemptionis Sacramentum,101). Para uma melhor coordenação, é preciso que as Conferências dos Bispos publiquem, com a confirmação por parte da Sé Apostólica, mediante a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, as normas relativas sobretudo ao “modo de distribuir aos fiéis a santa comunhão sob as duas espécies e à extensão dessa faculdade”[2].

Não se administre aos fiéis leigos o cálice, quando esteja presente um número de comungantes tão grande[3] que se torna difícil avaliar a quantidade de vinho necessária para a Eucaristia e houver o risco de “permanecer uma quantidade de Sangue de Cristo superior ao necessário e que deveria ser consumido no término da celebração”[4]; nem também quando o acesso ao cálice só possa ser regulado com dificuldade, ou seja, exigida uma quantidade se poderia ter garantia da proveniência e qualidade, ou onde não haja adequado número de ministros sagrados nem extraordinários da sagrada comunhão providos de uma apropriada preparação, ou onde parte notável do povo continue, por diversas razões, recusando aproximar-se do cálice, fazendo assim que o sinal da unidade acabe de certo modo deixando de existir. (Redemptionis Sacramentum, 103).

Quando a Comunhão é dada sob as duas espécies:

a) Quem serve ao cálice é normalmente o diácono, ou na sua ausência, o presbítero; ou também o acólito instituído ou outro ministro extraordinário da sagrada comunhão; ou outro fiel a quem, em caso de necessidade, é confiado eventualmente este ofício; (IGMR,284).

b) O que por acaso sobrar do precioso Sangue é consumido no altar pelo sacerdote, ou pelo diácono, ou pelo acólito instituído, que serviu ao cálice e, como de costume purifica, enxuga e compõe os vasos sagrados (IGMR, 284).

Aos fiéis que, eventualmente, queiram comungar somente sob a espécie de pão, seja-lhes oferecida a sagrada Comunhão dessa forma.

As quatro formas de dar a comunhão de duas espécies

Nos casos em que a comunhão é distribuída sob as duas espécies, “o Sangue de Cristo pode ser bebido diretamente no cálice, por intinção, com a cânula ou com a colher[5]. Quanto à administração da comunhão aos fiéis leigos, os bispos podem excluir a modalidade da comunhão com a cânula ou a colher, quando isso não for costume, mas, permanecendo sempre atento à possibilidade de administrar a comunhão por intinção se tal modalidade for usada, recorra-se a hóstias que não sejam muito finas nem demasiadamente pequenas, e o comungante receba o sacramento do sacerdote somente na boca[6].

Se pode distinguir quatro formas de dar a comunhão de duas espécies:

a) Beber diretamente do cálice- Quando a Comunhão do cálice é feita tomando diretamente do cálice, prepare-se um cálice de tamanho suficiente (ou vários cálices), tendo-se sempre o cuidado de prever que não sobre do sangue de Cristo do que se possa tomar razoavelmente no fim da celebração. (IGMR, 285). Se a Comunhão do Sangue se faz bebendo do cálice, o comungando, depois de ter recebido o Corpo de Cristo, aproxima-se do ministro do cálice e fica de pé diante dele. O Ministro diz: O Sangue de Cristo; o comungando responde: Amém, e o ministro lhe entrega o cálice, que o próprio comungando, com as mãos leva à boca. O comungando toma um pouco do cálice, devolve-o ao ministro e se retira; o ministro, por sua vez, enxuga a borda do cálice com o purificatório. (IGMR, 285 e 286).

b) Por intinção- Quando a Comunhão se realiza por intinção, preparem-se hóstias que não sejam demasiado finas nem pequenas, mas um pouco mais espessas que de costume, para que possam ser distribuídas comodamente depois de molhadas parcialmente no Sangue. Se a Comunhão do cálice é feita por intinção, o comungando, segurando a patena sob a boca ou outra pessoa segura a patena, aproxima-se do sacerdote, que segura o vaso com as sagradas partículas e a cujo lado tem o ministro sustentando o cálice. O sacerdote toma a hóstia, mergulha-a parcialmente no cálice e, mostrando-a, diz: O Corpo e o Sangue de Cristo; o comungando responde: Amém, recebe do sacerdote o Sacramento, na boca, e se retira. (IGMR, 285 e 286).

c) Com uma Cânula- A Cânula deve ser de prata, tanto a do celebrante (presidente), como a dos fiéis que comungam deste modo, e sempre deve ter um recipiente com água para purificar as cânulas e assim como uma bandeja para colocá-las.

d) Com uma colher- Quando está presente um diácono, ou um outro sacerdote, ou um acólito, ou um outro ministro extraordinário da sagrada comunhão, este trazem em sua mão esquerda o cálice e dão a cada um dos presentes que vão comungar, que assim sustentam a patena de comunhão em suas boca ou um outro segura a patena. O Ministro ordinário ou extraordinário dá com a colherzinha o Sangue de Cristo, dizendo: Sangue de Cristo, e cuidando ao mesmo tempo para não tocar com a colherzinha os lábios ou a língua dos que comungam. Em caso do celebrante (presidente) estar sozinho, distribuirá o Precioso Sangue, depois que tenha terminado de distribuir o Corpo de Cristo.

Cuidados necessários-

a) Não seja permitido que o comungante molhe por si mesmo a hóstia no cálice, nem que receba na mão a hóstia molhada. Que a hóstia para a intinção seja feita de matéria válida e seja consagrada, excluindo-se totalmente o uso do pão não-consagrado ou feito de outra matéria (Redemptionis Sacramentum, 104).

b) Se não for suficiente apenas um cálice para distribuir a comunhão sob as duas espécies aos sacerdotes concelebrantes ou aos fiéis, nada impede que o sacerdote celebrante use mais cálices[7]. De fato, deve ser lembrado que todos os sacerdotes que celebram a santa missa devem comungar sob as duas espécies. Em razão do sinal, é louvável servir-se de um cálice principal maior juntamente com outros cálices de menores dimensões (Redemptionis Sacramentum,105).

c)Abstenha-se de passar o Sangue de Cristo de um cálice para outro após a consagração, para evitar qualquer coisa que possa ser desrespeitosa a tão grande mistério. Para receber o Sangue do Senhor não se usem em nenhum caso canecas, crateras ou outras vasilhas não integralmente correspondentes às normas estabelecidas (Redemptionis Sacramentum,106).

d)Segundo a norma estabelecida pelos cânones, “quem joga as espécies consagradas ou as subtrai ou conserva para fim sacrílego incorre em excomunhão latae sententiae reservada à Sé apostólica; além disso, o clérigo pode ser punido com outra pena, não excluída a demissão do estado clerical”[8]. Se alguém age contra as supracitadas normas, jogando, por exemplo, as sagradas espécies no sacrário num lugar indigno ou no chão, incorre nas penas estabelecidas[9]. Além disso, tenha-se presente, no final da distribuição da santa comunhão durante a celebração da missa, que devem ser observadas as prescrições do Missal Romano e, sobretudo, que aquilo que restar eventualmente do Sangue de Cristo deve ser imediata e inteiramente consumido pelo sacerdote ou, segundo as normas, por outro ministro, enquanto as hóstias consagradas que sobrarem devem ser imediatamente consumidas no altar pelo sacerdote ou levadas a um lugar apropriada, destinado para conservar a Eucaristia[10](Redemptionis Sacramentum,107).

Pe. Jair Cardoso Alves Neto (Arquidiocese de Cuiabá).


[1] Cf. Missale Romanum. Institutio Generalis,n.283.
[2] Cf. ibidem.
[3] Cf. S. Cong.Para O Culto Divino. Instrução Sacramentali Communione, 29 de junho de1970: AAS62 (1970),p.665; Instrução Liturgicae instautariones,n.6ª : AAA62 (1970),p.669.
[4] Missale Romanum. Institutio Generalis,n.285a.
[5] Ibidem,n.245.
[6] Cf. ibidem. Nn.285b e 287.
[7] Cf. ibidem, nn.207 e 285a.
[8] Cf. Código de Direito Canônico,Cân.1367.
[9] Cf. Pont. Cons.Para a Interpretação dos textos legislativos. Responsio ad propositum dubium, 3 de julho de 1999:AAS(1999),p.918.
[10] Cf. Missale Romanum. Institutio Generalis,nn.163e 284.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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01.07.2012
13º DTC - Solenidade de São Pedro e São Paulo — ANO B
(VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA FESTA)
__ "Eles eram um só coração e uma só alma." __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

CLIQUE AQUI E VEJA UMA APRESENTAÇÃO ESPECIAL SOBRE A LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA


(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

 

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos hoje a solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. Desde o século III que a Liturgia une na mesma celebração as duas colunas da Igreja, Pedro e Paulo. Mestres inseparáveis de fé e de inspiração cristã pela sua autoridade, simbolizam todo o Colégio Apostólico. Pedro foi escolhido pelo Senhor como fundamento de unidade de sua Igreja. Paulo é o grande missionário, Apóstolo de todas as gentes. Em ambos, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Hoje é também o "Dia do Papa". Queremos manifestar nossa estima e obediência ao sucessor de Pedro, sinal da unidade da Igreja e da comunhão na fé e na caridade.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Depois de termos celebrado o nascimento de São João Batista, festejamos a solenidade de São Pedro e São Paulo, duas colunas da Igreja Católica. Pedro é o fundamento visível da unidade, e Paulo, o símbolo da missão universal. Por isso hoje é o "Dia do Papa ", que, por um lado, é o sucessor de Pedro e pastor de toda a Igreja, e, por outro, é responsável em garantir que a obra de Cristo chegue aos confins da terra e que os cristãos se mantenham unidos por meio dos sacramentos. Por esse motivo, nas Missas de hoje se fazem as coletas do Óbolo de São Pedro, em favor da Igreja Católica.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Atos 12,1-11): - "Agora vejo que o Senhor mandou verdadeiramente o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de tudo o que esperava o povo dos judeus."

SALMO RESPONSORIAL 33(34): - "De todos os temores me livrou o Senhor Deus."

SEGUNDA LEITURA (2 Timóteo 4,6-8.17-18): - "O Senhor me salvará de todo mal e me preservará para o seu Reino celestial. A ele a glória por toda a eternidade! Amém."

EVANGELHO (Mateus 16,13-19): - "Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."



Homilia do Diácono José da Cruz – 13º DTC - Solenidade de São Pedro e São PauloANO B

"A FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO"

A Festa de São Pedro e São Paulo, que celebramos nesse domingo, nos faz pensar na origem de nossas comunidades. Como tudo começou? Quando foi a primeira celebração, quem fez? Como é que a comunidade cresceu e se desenvolveu para chegar aos dias de hoje? Uma coisa é muito certa: o fundador ou fundadores devem ter feito uma experiência muito profunda com Jesus Cristo, pois sem isso, a comunidade não teria um alicerce, alguém em quem apoiar-se para poder crescer e cumprir a sua missão.

Comecemos a falar primeiro de Paulo, cuja teologia, isso é, o modo como ele começou a pensar as coisas de Deus, depois do encontro com Jesus no caminho para Damasco, foi tão marcante na vida das comunidades, que esse apóstolo é mencionado como o segundo fundador da nossa Igreja. De fato, seria difícil pensarmos em uma igreja universal, presente no mundo inteiro, em outras culturas e nações, sem nos lembrar de Paulo, aquele que pregou aos gentios que eram pessoas de outra cultura. Paulo não ficou só na mística, se assim o fizesse, teria fundado uma outra religião e arrastaria milhares de adeptos, porém, sistematizou alguns pontos doutrinários importantes, organizou as comunidades que havia iniciado, e o mais bonito, mesmo pensando um pouco diferente do Chefe dos Apóstolos, manteve-se firme em comunhão com ele e os irmãos da Igreja de Jerusalém, com quem aliás, sempre foi solidário , ao organizar coletas que levava para a Igreja mãe.

São Paulo é o modelo fiel do cristão autêntico, que faz a experiência com Jesus, se encanta com o seu ensinamento, desfaz o seu projeto de vida por causa dele e torna-se um fiel seguidor do evangelho, dando por ele a própria vida como aconteceu em seu martírio.São Paulo sempre acreditou nas comunidades, mesmo quando havia indícios de desunião, problemas internos, contendas e divisões, acreditava nas pessoas e mantinha com elas uma boa relação, mesmo que se tratasse de Pedro, que tinha uma linha mais tradicionalista, causa de algumas divergências bastante sérias entre ambos mas Paulo nunca deixou de amá-lo por causa disso. Ele mesmo manifestava essa sua flexibilidade, quando afirmava que se fazia um com todos e não tinha dificuldade de conviver com as pessoas. Outra coisa importante na pessoa de Paulo, é que ele promoveu uma ação evangelizadora em ambiente hostil á Cristo e ao seu evangelho, era corajoso e nunca teve medo de anunciar a Verdade.

Isso nos leva a pensar que muitas vezes somos negligentes, quando ficamos esperando que as pessoas venham procurar nossa pastoral ou movimento, parece que a gente não se sente seguro para falar do evangelho no meio do mundo, lá onde as pessoas precisam escutar esse anúncio, porque achamos que não vão gostar e que algumas vão ser contra. Se São Paulo pensasse assim, milhares de pessoas, ontem e hoje, não teriam conhecido a Jesus.

São Pedro é chamado o príncipe dos apóstolos, isso é, aquele que iniciou o apostolado, e vemos no evangelho de hoje, porque o próprio Cristo o constituiu chefe da sua igreja. Ele conseguiu enxergar em Jesus algo muito mais do que se falava, o povo via nele um Messias Profeta, comparável a João Batista ou a Elias, outro grande profeta na História de Israel, mas esse pensamento era fruto de uma ideologia, e a era messiânica que todos aguardavam com ansiedade, representava uma nova política, uma inversão do quadro, o Messias era um libertador Político, enviado por Deus sim, porém, com uma missão terrena.

O apóstolo Pedro, que fala em nome do grupo, consegue fazer essa transição, do Messias Histórico e Ideológico, para o Messias Espiritual, ele não era enviado por Deus mas sim o próprio Deus. O que Jesus falava e fazia, todos viam, e a partir disso embalavam o sonho e a esperança de dias melhores para o povo de Israel, mas sempre em uma perspectiva terrena.

A confissão de Pedro manifesta pela primeira vez no meio do grupo, a Fé em uma Salvação que supera toda e qualquer realização humana, onde o homem atinge a plenitude do seu ser, divinizando aquilo que é humano. Cesaréia de Filipe é terra de pagãos, cercado por rochas sobre as quais há edificações habitadas pela elite do império romano. A igreja de Cristo está no meio do mundo, porém edificada sobre a fé professada por toda comunidade, que tem como base a fé professada por Pedro, naquele dia.

Como Pedro e Paulo, que sejamos nessa igreja um apoio seguro para os que ainda não crêem, porque não conhecem a Cristo e acima de tudo, nunca nos esqueçamos de que Jesus Cristo edificou o reino sobre pessoas como Pedro e Paulo, instrumentos aparentemente fracos, mas que pela ação da graça operante e santificante do Batismo que receberam, tornaram-se perenes, transpondo fronteiras e todas as barreiras que separa os homens, para anunciar Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele que plenificou o nosso existir. (São Pedro e São Paulo MATEUS 16, 13-19)

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 13º DTC - Solenidade de São Pedro e São Paulo ANO B

“Dia do Papa”

Celebramos São Pedro e São Paulo, duas colunas da Igreja, dois homens de Deus. São Pedro nasceu em Betsaida, cidade da Galileia. Conheceu Jesus através de seu irmão André. O Senhor "fixando nele o olhar" (Jo 1,42), o chamou para segui-lo. Jesus Cristo conquistou São Pedro através do seu olhar cheio de carinho. Aquele olhar do Mestre devia ser arrebatador, convincente, e encerrava a radicalidade de entrega a Deus de maneira bem atraente. Simão é chamado Cefas, pedra, Pedro. De simples pescador converte-se num pescador de homens. Foi o vigário de Cristo na terra, aquele que fez as vezes de Cristo aqui na terra quando ele, o Senhor, já não estava entre os seus em corpo mortal.

Jesus quis instituir a sua Igreja tendo Pedro à frente dela, e isso para sempre. Daí que o ministério petrino foi perpetuado: Pedro, Lino, Cleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Pio, Aniceto, Sotero, Eleutério, Vítor, …. Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI: 266 papas, 265 sucessores de São Pedro. Uma realidade maravilhosa! Professemos entusiasmados a nossa fé nesta Igreja, que é "Una, Santa, Católica e Apostólica, edificada por Jesus Cristo, sociedade visível instituída com órgãos hierárquicos e comunidade espiritual simultaneamente (…); fundada sobre os Apóstolos e transmitindo de geração em geração a sua palavra sempre viva e os seus poderes de Pastores no Sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele; perpetuamente assistida pelo Espírito Santo" (Paulo VI, Credo do Povo de Deus).

As palavras de São Jerônimo (+420) são taxativas: "Não sigo nenhum primado a não ser o de Cristo; por isso ponho-me em comunhão com a Sua Santidade, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta pedra está edificada a Igreja. Quem se alimenta do Cordeiro fora dessa casa é um ímpio. Quem não está na arca de Noé, perecerá no dia do dilúvio" (Carta ao Papa Damaso, 2). Observe-se: a Igreja é qual outra arca de Noé, Pedro está à sua frente, atualmente é Bento XVI quem governa a essa grande barca. Perigoso é ficar fora dessa barca em tempos de dilúvios!

Mas, existem dilúvios nos tempos atuais? Deixarei a resposta para os que me lerem, contudo preocupa tanto o fato de que o homem fique eclipsado diante de si mesmo; até parece que se afoga nas próprias concepções em torno à vida, à pessoa humana, à sexualidade e tantos outros temas. Onde está o seu norte? Para onde se encaminha? Escutar a voz do Pedro dos nossos tempos e não deixar-se sufocar pelas novidades que obscurecem a nossa fé em Deus e esfriam o nosso amor a Deus é algo muito sábio. Não! Nem todas as novidades colocam em perigo a nossa fé e o nosso amor. Frequentemente, o mais perigoso é a atitude diante delas. Não podemos ser orgulhosos, aprendamos da nossa Mãe, a Igreja, aprendamos de quem Jesus colocou à frente dessa grande família de filhos de Deus, o Papa, e tenhamos atitudes de acordo com o Evangelho.

Que dizer de São Paulo? São Paulo foi um homem que na pregação do Evangelho colocou todas as suas potencialidades a serviço. Um homem totalmente entregue às coisas de Deus. De perseguidor de cristãos tornou-se um dos cristãos mais fervorosos, homem inflamado de zelo apostólico. Como não identificar por detrás dessas frases um homem magnânimo e cheio do amor de Deus?

"Estou pregado à cruz de Cristo" (Gl 2,19).
"Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim" (Gl 2,20).
"Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gl 6,14).
Nos exorta: "não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas idéias frívolas. Têm o entendimento obscurecido. Sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-nos afastados da vida de Deus. Indolentes, entregaram-se à dissolução, à prática apaixonada de toda espécie de impureza" (Ef 17-19).
"Contanto que de todas as maneiras, por pretexto ou por verdade, Cristo seja anunciado, nisto não só me alegro, mas sempre me alegrarei" (Fl 1,18).
Em Cristo "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Cl 2,3).
"Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé" (2 Tim 4,7).

É preciso que também nós sejamos apóstolos enamorados, apaixonados por Deus e que façamos o nosso apostolado sempre em unidade com o Papa, sucessor de Pedro, e com todos os bispos em comunhão com ele. Digamos com um homem de Deus do século XX, São Josemaría Escrivá: "Venero com todas as minhas forças a Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos mártires, centro donde saíram tantos para propagar no mundo inteiro a palavra salvadora de Cristo. Ser romano não entranha nenhuma amostra de particularismo, mas de ecumenismo autêntico; supõe o desejo de aumentar o coração, de abri-lo a todos com as ânsias redentoras de Cristo, que busca e acolhe a todos, porque amou a todos por primeiro. (…) O amor ao Romano Pontífice há de ser em nós uma bela paixão, porque nele vemos a Cristo".

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 13º DTC - Solenidade de São Pedro e São Paulo ANO B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

Epístola (2 Tm 4, 6-8. 17-18)

Pois eu estou sendo oferecido em libação e a ocasião de minha partida tem chegado (6). Ego enim iam delibor et tempus meae resolutionis instat. OFEERECIDO EM LIBAÇÃO: O verbo spendö [<5743>=delibare] significa derramar, fazer uma libação, e figuradamente, na passiva, de uma pessoa cujo sangue é derramado em morte violenta por causa de Deus. Sai duas vezes no NT. Na segunda é em Fp 2,17:Mesmo que eu seja oferecido por libação [spendomai]sobre o sacrifício. É o mesmo Paulo que fala e que claramente usa com o mesmo sentido o verbo em questão.OCASIÃO: A palavra Kairos [<2540>=tempus] é o momento propício, que temos traduzido por ocasião. PARTIDA: em grego analysis [<359>=resolutio] dissolução, saída, especialmente de um barco, soltar amarras. Paulo está preso em Roma, desamparado de todos sem esperança de libertação. Era o ano de 67 pouco antes de sua morte. Antes desta em que derramou seu sangue por causa do evangelho, escreve esta carta pedindo a Timóteo para que lhe acompanhe nos seus dias finais.

A luta, a boa, lutei. A corrida completei, a fé guardei (7). Bonum certamen certavi cursum consummavi fidem servavi. LUTA: [aglön<73>=certamen] o significado é assembleia, o lugar onde se realiza a assembleia, especialmente para os jogos, a arena dos mesmos, daí a luta, e em geral uma luta ou combate e finalmente uma ação legal ou julgamento. Aqui é claro que Paulo considera sua vida como um combate contínuo contra o mal, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes (Ef 6, 12). O evangelho encontra um inimigo terrível nas verdadeiras forças do mal que não são a carne e sangue [os homens], mas as potestades celestes, ou seja, o próprio Satanás cujo reino Jesus previa como caindo (Lc 10, 18). Só assim descobriremos como a Igreja é perseguida, aparentemente sem motivo ou razão suficiente, como para ser o sangue de seus mártires realmente libados no terreno da História. Isso abre uma porta à interpretação da História do ponto de vista sobrenatural, em que existem momentos como na vida de Jesus dos quais podemos dizer como o Senhor: esta é a hora e o poder das trevas (Lc 22, 63). E Paulo continua sua comparação com o espetáculo dos jogos antigos como se fosse um gladiador que agora entra na corrida das bigas e quadrigas do circo, tudo para conservar sua fé naturalmente na missão de Cristo.

Do resto, me está reservada a coroa da justiça que me dará o Senhor naquele dia, o justo juiz; pois não só a mim, mas a todos os que amam seu advento (8). In reliquo reposita est mihi iustitiae corona quam reddet mihi Dominus in illa die iustus iudex non solum autem mihi sed et his qui diligunt adventum eius.Porém o triunfo final será sempre o triunfo do bem, onde a coroa da justiça, isto é, o prêmio [estamos dentro da arena da competição] a levará unicamente quem tiver competido com a regra do bem-fazer, ou seja, de quem cuidou de cumprir os mandatos do Senhor que constitui a única justiça válida e digna de recompensa. Por isso, a recompensa vem do Senhor, como justo juiz. E esta vitória não é só de Paulo, mas de todos os que amam ou estão esperando esse seu último advento ou presença entre a humanidade.

Pois o Senhor esteve presente e me deu forças para que por meu meio o anúncio fosse completado e o ouvissem todos os gentios e fui libertado da boca do leão (17). Dominus autem mihi adstitit et confortavit me ut per me praedicatio impleatur et audiant omnes gentes et liberatus sum de ore leonis. Nos versículos que faltam nesta leitura Paulo se queixa de sua solidão. Ninguém o visita, ninguém o ajuda. Mas ele encontrou um advogado no Senhor. Foi tal a sua defesa unicamente com a ajuda do paracletos [o advogado defensor prometido por Jesus] que serviu para dar a conhecer o evangelho entre os gentios como aprece na sua defesa diante do rei Agripa (At 25, 13 ss). E diz que foi libertado da boca do leão, ou seja, até agora nessa primeira audiência não foi condenado, como lemos em Sl 22,21: salva-me das faces do leão e talvez tenha em conta o castigo dado a Daniel na cova dos leões do qual o anjo de Jahveh o libertou, mas fizeram pedaços dos corpos de seus inimigos (Dn cap 6).

E me libertará o Senhor de toda obra má e salvará para seu reino, o do céu, ao qual a glória para os séculos dos séculos. Amém (18). Liberabit me Dominus ab omni opere malo et salvum faciet in regnum suum caeleste cui gloria in saecula saeculorum amen. Paulo fala num futuro que ele vê próximo, pois sua morte está já às portas, já que terminou a carreira e finalizou o combate (ver7). E nessa visão, tem confiança de que Deus [o Senhor, pois Cristo é o Senhor Jesus] liberta-lo-á de toda espécie de mal e o levará ao Reino definitivo que segundo Paulo é o que está no céu [epouranios <2032>=caelestis] ou celeste, coisa oposta a epi tës gës [sobre a terra ou terrestre]. Finalmente, termina com uma doxologia: Glória [doxa], honra ou louvor a esse Deus por sempre. A frase eis tous aiönas tön aiönion tem em latim a tradução de pelos séculos dos séculos e podemos traduzi-la para sempre e por sempre, o que geralmente é por sempre jamais.

Evangelho (Mt 16, 13-19) - PEDRO E PAULO APÓSTOLOS

INTRODUÇÃO: Este evangelho é o primeiro IBOPE do qual temos notícia. A pergunta é: Quem dizem os homens que sou eu, como Filho do Homem? (13). Dois são os elementos de estudo principais derivados deste evangelho: Ekklësia e Petros. Estudaremos o texto comparando-o com os paralelos de Marcos 8, 27-30 e Lucas 9, 18-21. É um texto, o de Mateus, fundamental, que ilumina biblicamente a primitiva Igreja tal e como foi fundada por Jesus. Ekklësia, palavra grega que significa assembleia, designa a comunidade nova, o novo povo de Deus, que ia substituir o antigo povo de Israel. Nela, Petros [a rocha], obtem o poder supremo, o chamado primado do reino que dirá a última palavra sobre quem está dentro e quem deve ser expulso da mesma Ekklësia. E esta estrutura seria a definitiva, sem que a morte [os portões do Ades], tanto de Pedro como de seus sucessores, pudesse contra ela. As consequências são essenciais para entender o cristianismo atual, como organização que contribui para a obra de salvação de Jesus.

A PERGUNTA: Tendo chegado então Jesus para as terras de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos dizendo: Quem dizem os homens ser eu, o Filho do homem? (13). Venit autem Iesus in partes Caesareae Philippi et interrogabat discipulos suos dicens quem dicunt homines esse Filium hominis.O LOCAL: Mateus diz que era perto de Cesaréia de Filipe. Na realidade, Jesus veio para os distritos [merë], lugares, ou terras que eram dessa cidade. Cesareia era o nome comum de várias cidades. Essencialmente, na Palestina, existiam duas Cesareias: a de Palestina, cidade romana, fundada por Herodes o Grande, situada na costa do Mediterrâneo, 37 Km ao sul do monte Carmelo e 100 Km ao noroeste de Jerusalém; e a Cesareia de Filipe, cidade gentílica, situada no sopé do monte Hermom, no Antilíbano, na cabeceira principal do rio Jordão, 32 Km ao norte da Galileia. Distava 40Km de Betsaida [dois dias de caminho desta última]. A antiga Panion também Pânias, que hoje ainda subsiste com o nome de Baniyas  numa aldeia das fontes do Jordão. Foi helenizada no século III aC e tinha uma população, também na região, que em sua maioria não era judia. Em 20 aC, Augusto a cedeu a Herodes, que nela construiu um grandioso templo dedicado ao imperador, feito de mármore branco, sobre uma rocha que dominava a cidade e a fértil planície da qual era capital a antigas Pânias, assim chamada porque perto da cidade existia uma gruta, dedicada desde tempos remotos, ao deus Pan ou Panion [deus dos pastores e das florestas]. A cidade foi ampliada e embelezada pelo tetrarca Filipe, que lhe deu o nome de Cesareia em honra de Tibério César. Por isso foi chamada de Cesaréia de Filipe. A partir do século II foi chamada de Cesareia de Pânias e no século IV em diante, o termo Cesareia desapareceu, permanecendo apenas o antigo Pânias. O templo sobre a rocha evidentemente era um símbolo que Jesus não devia desperdiçar.

A PERGUNTA:Segundo o evangelho de Mateus, a tradução literal do versículo 13 seria: Quemme dizem os homens ser o Filho do Homem? Esse me [a mim] não está sendo traduzido na vulgata latina nem nas versões vernáculas. Numa linguagem mais elaborada a tradução seria: quem dizem os homens que Eu, o filho do homem, sou? É notório que nas três recensões da pergunta dos três sinóticos a pergunta é a mesma na primeira parte: quem me dizem os homens [as turbas em Lucas] ser? Ou quem dizem os homens que eu sou? Se tomarmos unicamente Mateus, a pergunta seria sobre o Filho do homem. Que ideia tinha a gente sobre esta figura tão frequentemente usada por Jesus como unida ao Reino por ele pregado e presidido? A expressão Filho do homem é semítica e significa em princípio um membro da comunidade humana, especialmente na sua fase de frágil mortal (Is 51, 12 e Jó 25, 6). A expressão Filho do homem se transforma em Daniel (7, 13 +) numa figura simbólica. De um significado plural [o povo dos eleitos] passa a tomar um significado singular como o Filho do homem [um homem] que recebe a glória e o poder que pertencem unicamente a Deus. Por isso foi dado a ele domínio e glória e um reino, de modo que todos os povos, nações e línguas o servissem; seu domínio é um domínio para sempre, que nunca passará e seu reino é um reino que nunca será destruído. Neste último sentido é o título preferido por Jesus, aparecendo setenta vezes na sua boca nos evangelhos. Nesta ocasião, Jesus queria saber qual era a opinião da gente sobre sua pessoa como pregador público de uma mensagem divina. Uma pergunta diretamente unida a seu rol como pregador de um reino que os discípulos esperavam fosse instaurado modo militari em Jerusalém, onde esperavam ir em breve. A figura cume desse reino era, sem dúvida, Jesus que a si mesmo se intitulava como Filho do Homem.

FILHO DO HOMEM: ‘O ‘yiós tou anthrópou é uma tradução grega de BEM ADÁM   que ocorre 120 vezes no AT, das quais 96 em Ezequiel, e que é um sinônimo de homem. Em Ezequiel é a denominação que Javé dá ao próprio profeta e é sempre em vocativo. Representava a humanidade em contraste com Deus e aparentando a porção da mesma que sofreria a ira do mesmo. Grita e geme, ó filho do homem, porque ela[a notícia] será contra meu povo(Ez 21, 11). Nos salmos representa a fragilidade humana em comparação com a fortaleza de Deus (8, 4-6). Porém em Dn 7, 13 aparece um como, ou semelhante a um filho de homem [Kebar mas, ‘os Yiós anthropou, quase filius hominis]. Ele provém do céu e é destinado a possuir o domínio universal. Jesus precisamente o aplica à sua vinda futura em Mt 24, 30 e lugares paralelos. No NT a frase, com uma exceção [quando Estêvão vê o filho do homem], é sempre achada em frases, pronunciadas por Jesus.  Mateus usa a frase 30 vezes, Marcos 14, Lucas 25 e João 13. O ponto crucial é precisamente este trecho do evangelho de hoje.

A RESPOSTA: Eles, pois, disseram: Uns, certamente, João, o Batista, outros porém, Elias; e outros, Jeremias ou um dos profetas(14). At illi dixerunt alii Iohannem Baptistam alii autem Heliam alii vero Hieremiam aut unum ex prophetis. Podemos dividir esta em duas partes bem diferenciadas: uma, a geral, dada pelo povo, que praticamente indica Jesus como um homem de Deus, especialmente como um profeta comparável aos grandes de Israel; a outra é a resposta particular dada por Simão Pedro. Vamos estudar ambas as respostas. A) O Batista:A pregação de Jesus e dos discípulos era a mesma  de João: Arrependei-vos, o reino de Deus está próximo (Mt 3, 2) e oferecia um batismo como o do adusto homem do deserto (Jo 3, 22-23). O parecido  parentesco entre o Batista e Jesus (Lc 1, 36) talvez facilitasse a ideia de que Jesus era o Batista ressuscitado. Afirmava-se que João, o Batista, era Elias, pois a Escritura afirmava que o antigo profeta não tinha morrido, mas fora arrebatado aos céus no meio de uma tempestade de fogo (2Rs 2, 11). Essa era a razão pela qual se esperava a sua vinda. B) Eliaspropriamente dito. Segundo a tradição, Elias escreveu uma carta depois de ser arrebatado (2 Cr 21, 12) dirigida ao rei Jorão de Judá por sua conduta idolátrica já que tinha como esposa uma filha do ímpio rei Acab de Israel. Supunha-se, pois, que Elias voltaria antes do dia do Senhor, o dia da vingança e do castigo dos ímpios, dia da ira que está por vir (Jo 3, 7). Em Malaquias 3, 1 lemos: Eu vos envio meu mensageiro. Ele aplainará o caminho diante de mim. Por isso numa data posterior ao livro [após o ano 450 aC] identifica este mensageiro ou anjo, com Elias (seria no acrescentado capítulo 4, versículo 5, que não está no canônico Malaquias). Na sua complicada alegoria animalística da História, o livro apócrifo de Henoc (século II aC), descreve a aparição de Elias antes do juízo e da aparição do grande cordeiro apocalíptico. Isto é importante, visto que João falava do Cordeiro de Deus (Jo 1, 29). Em Eclo 48, 10, temos outra referência do século II aC: Tu que fostes designado nas censuras para os tempos a vir, para aplacar a cólera antes que ela se desencadeie, reconduzir o coração do pai para o filho (Lc 1, 17). Vistos os milagres que Jesus operava, os contemporâneos de Jesus pensavam que se não fosse Elias, que em vida realizou muitos e notáveis milagres, devia ser um profeta redivivo [aneste=despertado] pois a profecia tinha acabado e não era necessária nos tempos messiânicos. C) Jeremias: esta identificação é própria de Mateus, porque como vemos em 2 Mc 2, 4-7 temos Jeremias escondendo a arca e o altar dos perfumes na montanha de Moisés para afirmar: Este lugar ficará desconhecido até que Deus tenha consumado a reunião de seu povo e lhe tenha manifestado a sua misericórdia. E em 2 Mc 15, 13 lemos: Apareceu a Judas um homem de cabelos brancos…Onias disse: Este homem que ora pelo povo e pela cidade santa é Jeremias, o profeta de DeusD) Um profeta. Lucas dirá que é um dos antigos profetas, redivivo. De fato, os judeus distinguiam entre antigos profetas como Josué, Juízes, Samuel, Davi e os profetas compreendidos no reinado de Davi, e os últimos profetas, a começar por Isaías e terminar com Malaquias. A que profeta se referem os discípulos como porta-voz da vox populi? Talvez Samuel que já nos tempos de Saul se mostrou redivivo em 1 Sm 28, 12 diante da médium de Endor? ( ver hades em parágrafo posterior). Ou talvez Moisés, pois a ele comparam a atuação de Jesus como vemos em Jo 5, 45-46 e 6, 31-32. Na realidade, os enviados oficiais perguntam a João se ele não era o Profeta [como conhecido personagem, esperado nos tempos messiânicos] de Dt 18, 15-18. Pois Javé disse a Moisés: um profeta como tu suscitarei do meio de teus irmãos. Por isso em 1 Mc 3, 45 aguardavam a vinda de um profeta que se pronunciasse a respeito. Este profeta, semelhante a Moisés, que deveria ser escutado em tudo (At 3, 22), era o próprio Jesus, coisa que o povo admitiu após a multiplicação dos pães (Jo 6, 14)  e na festa dos tabernáculos em Jerusalém(Jo 7, 40).

E VÓS? Diz-lhes: Vós, pois, quem dizeis que eu sou? (15). Dicit illis vos autem quem me esse dicitis. Que ideia têm eles, seus discípulos, do Filho do homem? Ou seja, que papel na vida pública, especialmente na vida religiosa, deve ter Jesus entre seus conterrâneos? Em qual dessas categorias deveria ser incluído o Mestre que foi seu guia e com o qual conviviam durante esse tempo?

PEDRO: Tendo respondido Simão Pedro disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente (16).Respondens Simon Petrus dixit tu es Christus Filius Dei vivi. O apóstolo-chefe é conhecido por diversos nomes entre os autores do NT. A) Simão. O nome original do apóstolo era Simão, forma abreviada de Simeão [famoso]. De fato, seu nome completo, ou como diríamos hoje, seu DNI era Simão bar Jonas [Simão, filho de Jonas], que a vulgata conserva como Simon bar Iona como vemos no versículo 17 do evangelho de hoje. Já o quarto evangelista diz dele que era filho de João [‘yiós Iöannou] (1, 42),  e que a vulgata traduz por filius Iona (?) que o próprio evangelista repete em 21, 15, como Simon Iöannou [Simão de João], com a vulgata agora traduzindo corretamente por  filius Ioannis ou de João. A dúvida existe: o pai era Jonas [pomba] ou João [ favor de Deus]? Talvez a solução seja a diferença entre o aramaico e o hebraico em cuja escrita as consoantes de Jonas e João eram as mesmas mas a pronúncia diferente. Jesus, sempre que fala com o apóstolo, usa o nome de Simão. Além do nome próprio ou, como dizem em inglês first name, temos outros personagens com o nome de Simão no NT: Simão, o zelotes, um dos doze (Mt 10, 4); Simão, o irmão do Senhor (Mt 13, 55); Simão, o leproso de Betânia (Mt 26, 6);  Simão, o fariseu (Lc 7, 40); Simão, o Cirineu( Mt 27, 32); Simão, pai de Judas, o Iscariotes (Jo 6, 71); Simão, mago (At 8, 9) e Simão de Jope (At 8, 18).  Com este nome de Simão é que Jesus o chama  B) Como Pedro em latim Petrus e em grego Petros.Uma única vez aparece na boca  de Jesus como vocativo ( Lc 22, 34). Esta única ocasião mais parece redacional que ipsissima verba Christi [as próprias palavras de Cristo]. Dentro da parte que poderíamos chamar redacional dos evangelhos,  encontramos a palavra Pedro em Mateus 16 vezes, em Marcos 11, em Lucas 9,  em João 9 e 3 nos Atos.  C) Como Simão Pedro em Mateus 3, em Marcos 1, em Lucas 2, em João 17 e  em Atos 4. D) Como Kefas [o aramaico por rocha] aparece em João 1, 42 e nas epístolas de Paulo, nas duas primeiras, Gálatas e 1 Coríntios e  sempre na boca de Paulo. Deste nome podemos deduzir que a palavra usada por Jesus foi Kefas e que, aos poucos, ela foi traduzida ao grego como Petros, com o mesmo significado; pois pedra seria lythos. Em latim petra também significa rocha, tendo o significado de pedra a palavra lápis ou calculusA RESPOSTA: Em nome dos doze, Simão responde: Tu és o Cristo [Ungido], o Filho do Deus vivente. Vamos comparar esta resposta com a de Marcos: Tu és o Cristo (Mc 8, 29), e a de Lucas: O Cristo do (sic) Deus. Ninguém duvida de que a resposta mais breve de Marcos é a saída da boca de Pedro. A de Lucas pode ser redacional ao explicar a unção como feita pelo Deus único e a de Mateus uma explicação, como sempre, de um bom catequista, para entender as palavras do apóstolo e a bênção imediata de Jesus. Qual era o significado de Cristo [Chrestós em grego]? Logicamente devemos recorrer à palavra correspondente hebraica. Significa Ungido que seria a tradução da palavra aramaica Messiah. A palavra Messias era traduzida como Christos em grego (Jo 1, 41). Originariamente era uma referência de Há Kohen há Massiah [o sacerdote, o ungido], ou seja, o Sumo Sacerdote, em cuja cabeça tinha sido derramado o óleo, quando consagrado como líder espiritual da comunidade (Lv 4, 3). Daí que o Messias era alguém investido por Deus de uma responsabilidade espiritual especial. Nos tempos de Jesus, existia a ideia de que um descendente da casa de Davi seria o Messias que redimiria a humanidade; tradição que provinha dos tempos de Isaías. E foi o profeta Daniel em 9, 25 que deu uma nova esperança a esse ungido de Deus. Essa tradição encarava o Messias, não como um ser divino, mas apenas como um homem, um grande chefe, reformador social, que iniciaria uma era de paz perfeita. É o que os anjos prometeram aos pastores ao anunciarem o nascimento do Salvador que era o Messias (Lc 2, 14). O termo Filho de Deus vivo era título Messiânico, assim como Santo de Deus(Jo 6, 69). O nome de Filho de Deus é uma expressão usada por Oséias em 2, 1: Aos filhos de Israel…se lhes dirá filhos do Deus vivo, o qual concorda perfeitamente com a frase de Mateus e a confissão de Marta: Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que vem a este mundo (Jo 11, 27). O Santo [consagrado] de Deus, era também um título Messiânico,  como vemos em Jo 6, 6, numa confissão feita pelo próprio Pedro. Talvez esta confissão de Pedro no quarto evangelho seja uma réplica mais ou menos exata da que hoje estudamos em Mateus. Para um judeu, o Messias era produto de uma eleição divina que confiava uma missão especialíssima ao seu ungido. Para um grego ou um romano, o título ia além da personalidade humana do Messias. Sabemos que os judeus admitiram Jesus como Messias [Chrestós], título que para os gentios era traduzido como Senhor [Kyrios]. Pois Deus o constituiu Senhor e Cristo [Kyrion autón kai Christon, de At 2, 36]. Sabia Pedro o significado substancial de suas palavras? Pelo que vemos em 16, 22, não. Porém Jesus se serviu das mesmas para fundar sua Igreja. A palavra Messias significa Ungido. Portanto, dizer tu és o Chirstós [Ungido] é a mesma coisa que dizer tu és o Messias. Quanto às palavras O Filho do Deus Vivente [muito melhor do que vivo], que seria dizer o mesmo que Filho do Deus verdadeiro, porque os outros deuses não existem, não vivem; os autores duvidam se são verdadeiramente palavras de Pedro ou foram acrescentadas pela tradição como parêntesis explicativo para distinguir entre o Messias, filho de Davi, um rei de âmbito regional, e o Messias, Filho do verdadeiro Deus, Senhor, portanto, do Universo. As razões aludidas pelos exegetas baseiam-se fundamentalmente nos lugares paralelos de Marcos [tu és o Ungido] e de Lucas [és o Ungido de Deus]. A declaração de filiação divina tem um amplo significado na tradição judaica, já que todo rei era considerado filho de Deus por virtude de seu ofício, como representante divino perante o povo. Mateus, como seus dois paralelos sinóticos, proíbe aos discípulos que digam a alguém que ele [Jesus] era o Cristo. Se o sentido de Filho de Deus fosse estrito, como o entendemos atualmente, a proibição devia recair sobre esta segunda parte, Jesus como Deus, muito mais escandalosa e até blasfema para os contemporâneos, como vemos que a contemplou Caifás (Mt 26, 36). Existia uma aposição entre Messias e Filho de Deus. O pontífice conjura Jesus, em nome do Deus, do vivo [notar a coincidência dos termos] a que declarasse se ele era o Messias, o Filho de Deus. E então Jesus explica a sua transcendência, dizendo estará sentado à direita do Poder [de Deus] e vindo sobre as nuvens do céu. Com isso, o seu messiado se transforma em Divindade; e, portanto, Caifás entende escutar uma blasfêmia já que um homem se declara divino. Mesmo que a resposta de Pedro que estudamos seja estritamente histórica, nem por isso deveria ter um significado transcendente, como era o de declarar Jesus unigênito do Pai.

RESPOSTA DE JESUS: Então tendo respondido Jesus disse-lhe: Bendito és Simão Bar Ionas porque carne nem sangue te revelou mas o meu Pai o (que está ) nos céus (17). Respondens autem Iesus dixit ei beatus es Simon Bar Iona quia caro et sanguis non revelavit tibi sed Pater meus qui in caelis est. BEMAVENTURADO ÉS: O makarismo indica um favor divino alcançado por Pedro que Jesus explicará posteriormente. A carne e o sangue não te revelaram o que disseste. Carne e sangue é uma expressão semítica para significar o homem todo, considerado como puramente homem. Foi o meu Pai [que habita] nos céus que revelou o Filho a Pedro. Mateus entra na mesma linha lógica que descreve João em 6, 36: Todo aquele que o Pai me der virá a mim. Jesus considerou esta declaração de Pedro de tal importância que afirma duas coisas que, sem dúvida, transformarão a personalidade e o ministério do apóstolo.

PEDRO E A IGREJA: E por isso te digo, que tu és rocha e e sobre esta rocha edificarei minha Igreja. E (os) portões do Hades não prevalecerão sobre ela (18). Et ego dico tibi quia tu es Petrus et super hanc petram aedificabo ecclesiam meam et portae inferi non praevalebunt adversum eam. A) Tu  es Petrus: Com esta primeira declaração, Jesus além de trocar o nome do apóstolo, que agora seria Kefas, como vemos nos primeiros escritos (Gálatas e 1Cor), significa seu novo ministério: ser fundamento de um edifício como a rocha era e é em todos os tempos. O nome de Simão seria trocado e usado em grego como Petros derivado da palavra Petra com o significado de rocha ou penhasco. A tradução do grego é muito mais esclarecedora pela força das palavras. Jesus afirma: sobre esta mesma rocha [taute te petra], ou sobre esta que é a rocha, edificarei a minha Igreja. Segundo as escrituras, a mudança de nome é um claro sinal de uma especial escolha e missão divinas. Abrão se tornará Abraão (Gn 17, 5). Jacó se tornará Israel (Gn 32, 29). Sarai será chamada Sara (Gn 17, 15). Gedeão recebeu o nome de Jerobaal (Jz 6, 32). A exceção do caso de Gedeão, todos os outros recebem diretamente de Deus e, coisa notável, com o nome novo nasce um povo novo em todos os casos: Abraão como pai de uma multidão de nações; Sara como matriz de reis poderosos; Israel foi o pai do povo do mesmo nome. Por isso, podemos deduzir que Rocha é não unicamente uma mudança de nome, mas também implica uma novidade de um povo, o povo da nova aliança, do Reinado do Senhor Jesus, que neste caso Mateus chama de sua Igreja. B) Ekklësia: Sobre esta Rocha edificarei a minha Igreja. As traduções que usam a palavra pedra estão deturpadas. Como vimos anteriormente, elas não dariam o verdadeiro sentido de rocha como fundamento sobre o qual se edifica uma casa. Jesus usa a palavra Igreja [Ekklësia] que só aparece uma outra vez em Mateus 18, 17 com o significado de assembleia e nunca em outros evangelhos. Só nos Atos aparece pela primeira vez em 5, 11 quando todos ficaram com grande temor ao conhecerem os fatos de Ananias e Safira. Igreja está aqui como reino visível, comunidade escatológica [no sentido dos últimos tempos] a substituir a sinagoga nestes tempos finais, constituída pelos fiéis que acreditam em Cristo. Há quem, citando as palavras de Paulo, que só admite um fundamento que é Cristo (1 Cor 3, 11) confunda a rocha com o(s) fundamento(s) e admite que também os outros apóstolos edificam sobre o mesmo fundamento diminuindo assim a importância de Pedro, pois Cristo é a pedra mestra [akrogoniaios e lapis, nada de petron ou petra!] (Ef 2, 20) {ver parágrafo anterior da RESPOSTA DE JESUS}. Mas esquecem que a pedra mestra não era o fundamento mas o remate do arco da qual dependia a estabilidade do mesmo. De fato, o gregoakrogoniaios tem como raiz akron [tope] e gonia [ângulo], sem nada haver com o elemento pedra [rocha]. Neste caso particular de Pedro, Jesus toma do templo de Pan, de mármore branco, edificado sobre uma rocha nas fontes do Jordão, o simbolismo da igreja e do seu chefe, Pedro. C) O Hades: Esta Igreja que começou com Pedro-rocha será a última e eterna como reunião do povo eleito porque as portas do Hades não prevalecerão contra ela. Se a afirmação de rocha como personalidade de Simão não fosse suficiente, Jesus persiste nos poderes e qualidades do seu apóstolo ao declarar seu papel primordial nessa grande assembleia dos eleitos, cuja perpetuidade descreve com palavras tomadas da tradição judaica. Fala das portas do inferno, ou melhor, portões do inferno. Há duas palavras em grego que são traduzidas por portas, mas que o inglês traduz por Gates [pyle] e doors [thyra]; em português poderíamos dizer portões e portas. O portão [pyle] era a entrada de uma cidade, de um templo, de um cárcere, de um reino. Assim a sublime porta do império turco. Pyle sai 9 vezes no NT. A porta [thyra] é a entrada ou a peça de madeira ou metal que fecha a mesma na casa e os interiores; também os sepulcros e os apriscos. É usada 18 vezes no NT. Chama a atenção que o pyle se usa em plural [pylai]. Porque os judeus admitiam 3 portas na cidade dos mortos, que corresponde ao Hades grego. Também podemos dizer que a maioria dos portões da cidade eram duplos com um espaço no meio para os guardas e os coletores de impostos. O Hadesgrego era o reino de uma ilha na nebulosa e subterrânea parte da terra, da qual era rei Aides[o invisível] ou Pluto [o rico]. Tanto bons como maus continuavam a existir como sombras em constante sede, nesse lugar tenebroso. Dentro do Hades, nesse mundo inferior [inferno] existia também um abismo chamado Tártaro, a região mais inferior da terra em que os malvados eram punidos. No judaísmo temos o Sheol do AT, que corresponderia ao Hades grego e aGehena do NT, esta última identificada com o Tártaro. A essa expressão corresponde o Salmo 9, 14: Tu que me fazes subir das portas da morte. E ao Hades, região dos mortos , Atos 2, 27: Não deixarás a minha vida no Hades e 2, 31: Não foi deixada a vida dele [Cristo] no Hades, que as bíblias traduzem por morte ou região dos mortos. Como conclusão, podemos afirmar que a frase:  as portas do inferno não prevalecerão,  significa que a morte, o fim, jamais chegará a esta Igreja.

AS CHAVES: E dar-te-ei as chaves do Reino dos céus; portanto, se algo atares na terra, está atado nos céus e o que desatares sobre a terra estará desatado nos céus (19). Et tibi dabo claves regni caelorum et quodcumque ligaveris super terram erit ligatum in caelis et quodcumque solveris super terram erit solutum in caelis. Constituída a comunidade de Jesus como uma cidade com seus muros e portões próprios, só existe uma maneira de entrar: abrir as mesmas por meio de chaves, já que o assalto à mesma está descartado no parágrafo anterior [não prevalecerão]. Os levitas passavam a noite na casa de Deus, pois, a eles cabia guardá-la  e abri-la todas as manhãs (1 Cr 9, 27). Sobre o ombro do mordomo Eliacim, filho de Helcias, porá o Senhor Deus a chave da casa de Davi. Ele abrirá e ninguém fechará. Fechará e ninguém abrirá (Is 22, 22). Essa é a chave de Davi que está precisamente nas mãos do Filho do Homem do Apocalipse(3, 7). A similitude é tomada dos costumes da época. Ainda hoje os árabes carregam no ombro uma grande chave para indicar sua autoridade e potestade. A nenhum outro apóstolo foram dadas essas chaves que indicam o total domínio da Igreja. Como no parágrafo anterior, Pedro é singularmente favorecido, além de ser a rocha sobre a qual o fundamento da fé que é Cristo, edificará sua comunidade de crentes. Pedro terá as chaves para indicar quem deve ser incluído ou excluído. Estas chaves têm os seguintes significados: a) O chefe do palácio era quem recebia as chaves (Is 22, 22) e, portanto, era o dignatário de maior hierarquia. b) Se ligadas ao parágrafo posterior, as chaves servem par abrir e fechar, para admitir a entrada dos dignos e para expulsar os indignos. c) Mas também, seguindo o uso rabínico da época, as chaves eram o símbolo do ato de sentenciar questões religiosas como declarar lícita ou ilícita uma conduta. Concordam com esta interpretação as palavras de Jesus aos escribas: Ai de vós legistas, que tomastes as chaves do conhecimento; vós mesmos não entrastes e os que queriam entrar, vós os impedistes (Lc 11, 52). Os rabinos aplicavam a explicação da lei no sentido de declarar algo permitido ou proibido (Jo 21, 13-18). Agora serão Jesus e seus discípulos os que terão autoridade para representar o verdadeiro ensino. Mais: nesse caso o paralelo com as chaves indica que se trata de um verdadeiro poder e não de uma licença de ensino. É o poder que Mateus dá a comunidade na pessoa dos discípulos que têm de declarar quem é culpado de uma transgressão ou pecado, que justifica sua expulsão como membro da comum convivência. Na jurisprudência judaica da época, as chaves significam a faculdade que tinham os juízes de mandar para a prisão ou deixar livre um acusado. Poucos anos mais tarde, Rabi Neconia terminava seus sermões pedindo a Javé que não deixasse atado o que ele tinha desatado, nem desatado o que ele tinha atado; que não purificasse o que ele declarava impuro, nem tornasse impuro o que ele dissera ser puro. Em Mt 18, 18 este poder de excomungar um obstinado é dado, em termos gerais, à igreja, considerada como corpo jurídico, o que aqui é concedido em termos particulares a Pedro, o supremo pastor que deve governá-la em nome e com o amor de Jesus distribuído aos irmãos com dedicação (Jo 21,15-17 e 1 Pd 5,2).

COMENTÁRIOS: O texto é tão claro que os ortodoxos gregos  afirmam que, em suas dioceses, os bispos que confessam a verdadeira fé se integram em Pedro como sucessores e dele herdam o primado. Os evangélicos reconhecem a posição e a função privilegiada de Pedro nas origens da Igreja, mas não admitem sucessor e restringem os poderes à pessoa de Pedro. Os católicos fundamentam sua interpretação no versículo 18: A igreja é imortal, e seu fundamento deve perdurar sempre. Assim como ortodoxos e evangélicos admitem bispos presbíteros e diáconos, como sucessores dos primitivos homônimos, por que unicamente o princípio de unidade deve estar ausente, se é sobre essa rocha que foi fundada a Igreja? Com razão comentava um colega meu no sacerdócio: Nós, católicos, temos a certeza e o orgulho de sermos a única Igreja cristã, edificada sobre fundamento rochoso,  sobre Pedro (ver Mt 7,24). Daí que séculos mais tarde os latinos, com outro primado diferente de Pedro, afirmassem Ubi Petrus ibi Ecclesia Onde está Pedro aí está a Igreja. No caso de não levarmos o livre arbítrio da interpretação das escrituras ao extremo tão radical, que rejeitemos  toda outra autoridade que não seja a acrata da interpretação individual, não se entende por que se admitem sucessores dos apóstolos como são os bispos, rejeitando os sucessores de Pedro, cuja base escriturística é pelo menos tão evidente como a dos bispos, já que em Pedro está fundada a Igreja.

Pistas:

1) Deixemos a primeira pergunta – quem dizem os homens que sou eu?- Porque como está o mundo talvez a reposta muçulmana [um profeta anterior a Maomé] seja a mais próxima daquela dada pelos discípulos em Cesareia de Filipe. Vamos, pois, responder à segunda pergunta: E vós? Hoje não é suficiente a resposta de Pedro: O Messias, o esperado de Israel. A nossa deveria ser: O filho de Deus encarnado, que se entregou e morreu por mim (Gl 2, 20). Por isso, vivemos a vida presente pela fé no Filho de Deus.

2) Na verdade, essa imagem de Cristo que todos nós levamos dentro, desde o batismo, está, ou destroçada, ou escurecida. Como poderemos ser apóstolos se não sentimos sua presença dentro de nós? Como vender um produto do qual não estamos nós, os vendedores, convencidos?

3) A resposta de Jesus dada a Simão indica que a nossa resposta, admitindo seu senhorio total como Messias e como Filho de Deus, é também um dom do céu e que ela merece um makarismo especial. Não seremos os chefes, como Pedro, mas a Igreja estará fundada em nós e nas nossas famílias.

4) Além de Cristo, como figura central, temos Pedro, como figura destacada, por duas razões: por sua fé em Jesus e por sua lista de serviços como chefe da comunidade. A revelação de confessar Jesus como Messias Filho de Deus, é um dom do Pai e isso serve para todos nós. A chefia da comunidade eclesial é própria dele e continua em seus sucessores através dos séculos. A eles pertence o poder das chaves, jurídico e doutrinal, como o entende a Igreja católica. Não foi dado este poder aos outros discípulos e, portanto, devemos distingui-lo do poder evangelizador e de governo dado ao resto dos apóstolos.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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