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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (ou Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 25/05/2014 - 6º Domingo de Páscoa
. Evangelho de 18/05/2014 - 5º Domingo de Páscoa


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

O PESO DE NOSSA CRUZ!
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25.05.2014
6º DOMINGO DE PÁSCOA — ANO A
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da verdade..." __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia deste sexto domingo da Páscoa nos levará ao sentido profundo da Páscoa. É no amor e para o amor que Cristo nos resgatou do poder da morte para nos dar a verdadeira vida. O Espírito Santo prometido por Jesus será o defensor de todos que continuam a missão de anunciar o amor do Pai. Portanto, somente quando vivemos na dinâmica do amor é que podemos ver, conhecer e acolher o Espírito da verdade. O “mundo”, que não acolheu Jesus como expressão do amor do Pai, não acolhe o Espírito da verdade e se confunde em meio às mentiras e trapaças que geram morte.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste Domingo, celebramos a promessa do Espírito Santo, que coroa o mistério pascal de Cristo. Procedendo do Pai e do Filho, o Espírito Santo abre os olhos da fé e alarga os nossos corações para que o amor de Deus se expanda no mundo.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus promete o Espírito de verdade a quem observa seus mandamentos. Só quem faz o que agrada ao amigo pode dizer que está verdadeiramente em comunhão com ele. Como Cristo sempre fez o que agradava ao Pai, aceitando sem reservas o plano de salvação e executando-o com livre obediência, e assim se manifestou como o "filho bem-amado", também quem crê em Cristo entra na mesma corrente de amor, porque responde à escolha e à predileção do Pai. O Espírito de Cristo ilumina agora os que crêem para que continuem em sua vida e atitude filial de Cristo. Não no sentido de que todos os pormenores sejam codificados como mais importantes, mas no sentido de que o amor filial escolha de maneira mais justa em todas as circunstâncias, com liberdade e fidelidade. Ainda não é cristão quem pratica os dez mandamentos, código elementar de comportamento moral e religioso, mas quem é fiel ao único mandamento do amor, até dar a vida em plena liberdade. Este amor faz passar da morte para a vida.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, cantemos cânticos jubilosos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (At 8, 5-8.14-17): - "De muitos possessos saíam os espíritos maus, dando grandes gritos. Numerosos paralíticos e aleijados também foram curados."

SALMO RESPONSORIAL (65/66): - "Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira! * Cantai salmos a seu nome glorioso!"

SEGUNDA LEITURA (1Pd 3,15-18): - "Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir."

EVANGELHO (Jo 14,15-21): - "Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele."



Homilia do Diácono José da Cruz – 6º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A

"O NOSSO DEFENSOR"

Em uma sociedade onde a Família é descaracterizada do seu papel e de seu valor, a orfandade não é mais tão impactante como em outros tempos quando, ser órfão de Pai era algo tenebroso, ainda mais se o filho fosse  criança ou adolescente. A comunidade dos discípulos é preparada por Jesus para os tempos difíceis que estão por vir, após a sua morte. Este evangelho faz parte do chamado “Discurso de Consolação”onde Jesus promete que eles nunca estarão sozinhos.

Entre a inauguração do Reino de Deus, realizado no meio dos homens por Jesus, e a Plenitude dos tempos, que ainda virá, está a Igreja dos que crêem, e que alimenta no coração essa esperança, estamos no meio da caminhada, rumo a um acontecimento definitivo para onde converge toda humanidade. Nos tempos das promessas de Deus, a referência era a Lei de Moisés, portanto, a obediência aos mandamentos, nesses novos tempos o amor vem por primeiro, depois vem a Lei, a nossa relação com Deus em Jesus Cristo, tem que ser pautada primeiramente pelo amor e não pela lei, mesmo porque Jesus já resumiu toda a Lei nesse único Mandamento Amai-vos uns aos outros...

O amor agora divinizado por Jesus é dado como mandamento maior e essencial a quem se dispuser ao discipulado, mas esse amor grandioso, gratuito, incondicional e sem medidas, não caberia jamais nos horizontes tão limitados do ser humano se não fosse Aquele que , dado pelo Pai a rogo de Jesus, alargou os horizontes do coração humano, tornando-o sim,capaz de amar na mesma medida com que o Senhor amou a todos, é o Espírito Santo, o Defensor, o assistente de nossas fraquezas, a água abundante que irriga a secura do nosso egoísmo, a luz Fulgurosa que ilumina os pontos obscuros da nossa caminhada, mas há algo ainda de maior importância que o Espírito Santo realiza em nós...

Como se aproximar do Deus Altíssimo , Todo Poderoso, Onipotente e Perfeito? Em quem podemos olhar para enxergarmos esse modelo do homem novo, primogênito de todas as criaturas, dos vivos e dos mortos? Como fazer esta comunhão entre a nossa Fraqueza e a Fortaleza de Deus, entre a nossa fraqueza e a sua Santidade Gloriosa, isso equivaleria a tênue chama de uma pequenina vela tendo a pretensão de iluminar o sol. Jesus é esse caminho a ser percorrido, esse Homem totalmente novo a ser imitado. Talvez os discípulos naquele momento, já tinham até feito esta descoberta...Entretanto, se Ele os Consola, parece que descobriram tarde demais....Daria para recomeçar ? Com Deus tudo é possível, até um recomeço quando chegamos ao fundo do “poço”

Pois o Espírito Santo, entranhado nas profundezas do Homem, o une a Deus, impulsionando-o á Santidade, destinando-o á glória Futura, na vivência de um amor que já não é mais humano, mas que foi perpassado pela Divindade. É isso exatamente que o Espírito Santo faz em nossa Vida, nos diviniza! No Paraíso, a serpente enganadora insinuou ao homem que ele poderia ser igual ao Criador, e Deus, parece ter gostado dessa “idéia” e pensou, “o homem será divinizado, mas com a minha ajuda”

A proposta da serpente era de que, o homem se divinizasse sozinho, em sua prepotência egoísta, Deus encapa essa idéia, mas a partir de uma comunhão profunda, que irá agora se cumprir com o envio do Espírito Santo prometido por Jesus.

Com este enfoque podemos compreender melhor a denominação de Defensor, como Jesus o chama, pois Ele nos defende da idéia tenebrosa e dessa tentação de sermos iguais a Deus petrificados em nosso egoísmo, que é exatamente o sentimento mesquinho que domina o coração de muitos, descartando a Salvação que Deus ofereceu em Jesus, para apegar-se á salvação oferecida pelo próprio homem.

Esse Espírito com o qual Deus nos envolve na comunhão para nos divinizar, só o discípulo do Senhor conhece, o mundo não o conhece e nem parece ter interesse em conhecê-lo.  Este mundo as vezes tenebroso, na reflexão de João é a Força do mal, presente em nosso coração,  temos portanto um lado que busca a Santidade e o Divino, mas temos também um outro lado que quer estagnar-se dentro dos seus limites.

Impulsionados pelo Espírito Santo, o homem que crê descobre o sentido da Vida naquilo que faz, e que pensa, esse Sentido da Vida a que nos conduz o Espírito é precisamente Jesus Cristo, aquele que ilumina toda nossa existência, que nos torna íntimos do Pai, na vivência de um amor que extrapola o Humano.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 6º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A

O “segredo” para a fidelidade: o livro e a rosa.

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paraclito, para que fique eternamente convosco” (Jo 14,15-16).

Na semana passada falamos da mútua in-existência das três Pessoas divinas entre si e da in-habitação trinitária na nossa alma em graça. Deve ficar bem claro: as relações do homem com Deus tem que ser uma imagem daquelas relações que há na intimidade de Deus entre as três Pessoas divinas. O Pai e o Filho relacionam-se no Amor, ou seja, no Espírito Santo.

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. Poderíamos fazer a oração negativa, tão verdadeira quanto a afirmativa: se não me amais, não guardareis os meus mandamentos. A moral cristã não é a moral dos heróis, dos gigantes da vontade, daquelas pessoas que à força de teimar e teimar conseguem chegar à meta. Lembro-me de uma das aulas do já falecido bispo emérito da Diocese de Anápolis, D. Manoel Pestana Filho. Animando-nos a estudar muito, ele dizia que “um gênio é 5% de inspiração e 95% de transpiração”. Aquele santo bispo nos animava a ser estudiosos de verdade. Hoje eu gostaria de utilizar a frase dita pelo D. Manoel, mas mudando-a um pouquinho para servir ao meu propósito, e sem pretensões matemáticas do mistério: “um cristão é 95% graça de Deus e 5% de esforço pessoal”.

A graça de Deus e o seu amor é o que nos vai construindo a cada momento. Podemos e devemos lutar, mas – como diz o Salmo – “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem” (126,1). Com o passar do tempo, a experiência nos vai mostrando a importância de confiar mais na graça de Deus que nas nossas próprias forças. Os nossos propósitos, por mais firmes que sejam; a nossa luta, por mais heroica que venha a ser; os meios humanos dos quais dispomos, por mais seguros que nos pareçam… Tudo isso estaria destinado ao fracasso, dentro de pouco ou muito tempo, se não fosse a ajuda de Deus. Essa ação de Deus criou em nós, no momento em que fomos batizados, um dinamismo novo que nos capacitou para viver a nova vida em Cristo.

É possível cultivar o amor? Em primeiro lugar, a caridade inicial ninguém a merece, a recebemos no momento do nosso Batismo sem mérito algum da nossa parte. Depois de batizados, podemos atrair mais o amor de Deus para nós.

Todos os anos em Barcelona, na Espanha, no dia de S. Jorge, o namorado ou o esposo tem que dar uma rosa à sua namorada ou esposa. A sua vez, a namorada ou esposa tem que presentear o seu namorado ou esposo com um livro. Eu, pessoalmente, acho que o homem sai ganhando porque o livro se conserva durante anos, enquanto a rosa… Mas tudo bem.

Passeando pelas ruas daquela grande cidade, quem não conhece essa tradição poderia ficar um pouco espantado ao perceber que a cada 10 minutos algum comerciante oferece em plena rua uma rosa para ser comprada e, posteriormente, presenteada. Graças a Deus, existem aqueles casais anciãos aos quais não dá vergonha perguntar o porquê de tudo aquilo sem temor a passar por ignorante. Futuramente, se pode descobrir a raiz mais profunda desse costume. É nesse momento que passamos para o campo da lenda, da estória. Conta-se que num reino muito distante e há muitos séculos atrás existia um dragão muito, mas muito mau, e que comia as donzelas da região. Um dia, o dragão malíssimo queria tragar a princesa. Então Jorge, um soldado romano, enfrentou a fera, matou-a e do sangue do dragão brotou uma rosa que, o destemido soldado entregou reverentemente à princesa. Os homens até hoje entregam uma rosa às suas amadas.

E o livro? É simplesmente porque ao dia de S. Jorge, celebrado aos 23 de abril, antecede o dia da morte de Miguel de Cervantes (22 de abril), máxima expressão da literatura espanhola. Assim os homens não fiquem sem presentinho. E que presentinho… um livro!

Quando pensamos no amor de Deus e na nossa correspondência humana, a comparação com esse costume barcelonense é válida, ainda que imperfeita. Deus nos presenteia com a sua graça, o dom mais valioso que podemos receber nesse mundo. Não se trata simplesmente de um livro, mas daquele livro do qual fala o Apocalipse: “um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos” (Ap 5,1). Esse livro, que contém os desígnios de Deus para a história universal e para a nossa história pessoal, pode ser aberto somente por Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, a vítima de propiciação pelos nossos pecados que nos mereceu a salvação e a graça. Ele nos entrega o plano de Deus para as nossas vidas. Esse plano inclui todas as virtualidades provindas do Trono da graça e que nos ajudam na realização da vontade de Deus. E nós, o que vamos entregar a Deus? Uma flor, uma correspondência à sua graça cada vez mais leal e fiel que atraia o Coração amoroso de Deus para que continue derramando as suas graças sobre nós. A flor pode até murchar logo. Nós seguiremos sendo santamente teimosos na luta por ser melhores; daremos a Deus outra flor, outro empenho de seguir adiante, outros propósitos de uma entrega mais generosa. Não obstante, a partir de agora confiaremos mais na graça de Deus. É questão de humildade, de verdade.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético — 6º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1Pd 3,15-18)

CRISTO MODELO: Consagrai, portanto, o Senhor Cristo em vossos corações, preparados sempre para a defesa a todo aquele que vos pedir uma prova acerca de vossa esperança (15). Dóminum autem Christum sanctificáte in córdibus vestris, paráti semper ad satisfactiónem omni poscénti vos ratiónem de ea, quae in vobis est, spe. SANTIFICAI: O grego agiasete [< 37>=sanctificate] é o aoristo imperativo do verbo agiazö, cujo significado é fazer, declarar ou designar como sagrado, santo ou divino um lugar, uma coisa ou uma pessoa. Daí consagrar e também venerar ou no caso adorar e cultuar. Com isto quer dizer o apóstolo que devemos render culto interior a Cristo como a nosso Senhor e Deus. PREPARADOS é a tradução de etoimoi[<2092>=parati] com o significado de prontos, preparados, dispostos a realizar alguma coisa. DEFESA é a tradução escolhida para o grego apologia [<627>=satisfactio] com o significado de defesa, argumento, alegação, testemunho, prova e razão. É a palavra que emprega Paulo quando prisioneiro diz aos de Filipo que os retem no seu coração, porque foram participantes tanto de suas prisões como na defesa [apologia] e confirmação do evangelho (Fp 1, 7). PROVA em grego logos [<3056>=ratio] é um vocábulo que em geral significa a palavra saída da boca, mas que tem uma série de significados, como decreto, mandato, preceito, profecia, declaração, aforismo, máxima, discurso, instrução, conversa, doutrina, razão, causa, consideração, avaliação, resposta a um juízo. Conforme esta última acepção temos escolhido PROVA ou talvez razão sobre a ESPERANÇA do grego elpis [<1680>=spes] com o significado cristão de alegre e confidencial expectação da eterna salvação. A esperança é uma virtude cristã própria, pois é a que nos propõe o triunfo da vida sobre a morte e da bondade sobre o pecado e a injustiça.

A CONSCIÊNCIA: Mas com mansidão e temor, tendo boa consciência, para que, no que sois caluniados, sejam confundidos os que ofendem vossa boa conduta em Cristo (15). Sed cum modéstia et timóre consciéntiam habéntes bonam, ut in eo quod détrahunt vobis confundántur qui calumniántur vestram bonam in Christo conversatiónem. MANSIDÃO do grego praytës [<4240>=modestia] com o significado de suavidade, brandura em disposição, bondade, mansidão, humildade. Este trecho está unido ao versículo anterior em algumas traduções como a KJV. Unida ao TEMOR, fobos [<5401> =timor] medo, temor, pavor e, finalmente, reverência que sentimos quando falamos com um superior a quem devemos obediência e respeito. E é neste último aspecto que devemos usar a palavra. A tradução direta de Lacueva diz em espanhol con mansedumbre e respeito. Esta é a tradução que parece mais conforme com o pensamento do autor. CONSCIÊNCIA [syneidësis<4893>=conscientia] em grego com os significados seguintes: ser conscientes de uma coisa, como em Hb 10, 5: purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. A faculdade da alma que distingue entre o bem e o mal feito como em Rm 9, 1: Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo). No nosso caso é um impulso interior, dirigido ao bem de modo que a resposta a estímulos alheios seja para a vitória do bem. Assim, CALUNIADOS [katalaleisthe<2635>=detrahunt] do presente do verbo katalaleö com significado de falar contra ou mal de uma pessoa; literalmente eles falam mal seguido de sejam CONFUNDIDOS [kataischynthösin <2617>=confundantur] do verbo kataischynö de significado desonrar, degradar, envergonhar, repulsar. Neste caso optamos por traduzir sejam envergonhados ou confundidos. E quais são eles? Pois os que OFENDEM [epëreazö <1908>=calumniantur] com o significado de insultar, tratar com desprezo, acusar falsamente, ameaçar, intimidar. Podemos optar por insultar ou acusar. Insultam ou acusam da CONDUTA [anastrofë<391>=conversatio] como conduta, modo de se comportar, procedimento. Como conclusão, temos que Pedro escreve em momentos de perseguição, quando os cristãos eram levados à frente das autoridades para serem interrogados sobre sua fé e sua conduta. As palavras gregas apologia e aitein logon eram términos legais, usados nos tribunais. Assim, ao se declarar seguidores de Cristo com a esperança posta na herança do Reino, sua conduta ratificaria de modo convincente, que não eram nem simuladores nem se serviam da mentira para própria vantagem e benefício.

ENTRE O BEM E O MAL: Pois melhor fazendo o bem padecer, se Deus quer, do que fazer o mal (17). Mélius est enim benefaciéntes (si volúntas Dei velit) pati, quam malefaciéntes, MELHOR [kreittön<2909>=melius] com o significado de mais útil, mais vantajoso, excelente. Como falta o verbo ser, podemos deduzir que o grego é uma tradução de um texto em aramaico, como dizem foi feito por Silvano (5, 12) ou Silas, companheiro de Paulo na primeira viagem (At 15, 22), do texto original, ditado por Pedro. PADECER [paschein<3958>=pati] infinitivo do verbo paschö, com o significado de estar afetado, ter uma experiência sensível para o bem ou para o mal e, neste caso, padecer. SE DEUS QUER, no grego ei thelei to thelëma tou Theou que em tradução direta é se quer a vontade de Deus. THELËMA [<2307>=voluntas]. É vontade, escolha, inclinação, anseio, desejo especialmente se tratando dos propósitos de Deus com respeito à salvação. Portanto, é excelente e está no propósito de Deus, padecer [perseguição] por fazer o bem, antes do que ser castigado por fazer o mal. Tenhamos em conta que Pedro escreve aos do Ponto, Galácia, Capadócia e Ásia Menor em momentos de perseguição. As perseguições não foram extensivas a todo o Império, a não ser a de Décio (250-51) e posteriores. É possível que não fosse a perseguição em si mesma, mas o que aconteceu com Paulo em diversas cidades, agitadas e rancorosas da parte dos judeus especialmente, pois a primeira perseguição em termos de morte por edito foi a de Nero (64-68), posterior a carta de Pedro.

PARADIGMA DE CRISTO: Já que também Cristo, uma vez padeceu pelos pecados, justo pelos injustos, para nós oferecer a(o) Deus; morto certamente em carne, mas sendo vivificado em espírito (18). Quia et Christus semel pro peccátis nostris mórtuus est, iustus pro iniústis, ut nos offérret Deo, mortificátus quidem carne, vivificátus autem spíritu. Pedro apela agora ao exemplo de Cristo, predestinado nos planos do Pai como paradigma do verdadeiro cristão e não unicamente como promotor da vida e reconciliação com Ele. O também [kai grego] indica que Jesus não ficou alheio a essa paixão e sofrimento de que Paulo trata entre os cristãos da Ásia Menor no seu tempo. JUSTO pelos INJUSTOS, logicamente se refere a Jesus, que foi chamado o Justo (At 3, 14) pelo mesmo Pedro, no discurso do templo, após a cura do coxo de nascença. Como tal vítima, ele se ofereceu a Deus e foi sacrificado [morto na carne], mas, foi vivifivado em espírito. Esta última frase pode ter o sentido de que foi o Espírito de Deus que ressuscitou seu corpo ou foi ele, como Deus que é espírito, quem viveu sem experimentar a morte e corrupção. Com essa frase, Pedro afirma indiretamente a ressurreição de Cristo, causa e modelo também dos que com ele, como diz Paulo, padecemos para triunfarmos com ele (Rm 8, 17).

EVANGELHO (Jo 14, 15-21)
DESPEDIDA. EXORTAÇÃO AO AMOR.

INTRODUÇÃO: Este evangelho é uma parte do discurso na última ceia de Jesus com seus doze discípulos. Um discurso de despedida como se fosse um testamento em vida. No trecho de hoje, encontramos quatro partes bem diferenciadas: A promessa do Paraklétos, uma breve separação, uma presença que só os discípulos experimentarão para entender que Jesus e o Pai são uma mesma coisa [um único Deus] e uma recomendação para os que o amam de guardar os mandatos como prova do amor e para que tanto o Pai como o Filho possam se manifestar a eles. João apresenta o Parákletos como o Espírito que comunica a Verdade, que sempre acompanhará os seus discípulos. Neste sentido será o Mestre interior que supre as palavras do Mestre exterior que era Jesus.

SE ME AMAIS: Se me amais, os preceitos, os meus, guardai (15). Si diligitis me mandata mea servate. OS PRECEITOS: O verdadeiro amor se distingue da paixão e do interesse, porque aquele se dedica totalmente à pessoa amada, é um serviço, cumprindo, antes de tudo, os desejos da mesma. Neste caso, os entolai, traduzido ao latim por mandata, são preceitos particulares ou recomendações de Jesus. O grego distingue entre nomos [a lei geral, essencialmente de Moisés], entolê [preceito, norma ou mandato particular que podemos traduzir por ordem] e dogma [decreto de uma autoridade, promulgado publicamente]. Como preceitos especiais de Jesus são algo mais do que o mandato novo [entolé kainé] de se amarem como ele os amou (13, 43). Podemos afirmar que os mandatos, aos quais Jesus agora se refere, constituem todo o conjunto que chamamos de evangelho, e especialmente os trabalhos que deviam se realizar na difusão do mesmo.

GUARDAI: O texto grego está no imperativo embora muitas traduções prefiram o futuro: Se me amais observareis meus mandamentos (Jerusalém). A tradução seria, pois: se me amais guardai meus mandatos. Mais que mandatos poderíamos traduzir por recomendações ou talvez melhor, ordens? Como resultado Jesus dirá no versículo 21: Quem se atém às minhas ordens e as cumpre, esse é que me ama. Como sabemos, as ordens entram no mundo íntimo e particular das pessoas por elas relacionadas. Ordem é algo que se faz de mim para ti, entre duas pessoas intimamente dependentes. Jesus aqui toma o lugar de Javé no AT, cujo Shemá [ouve] começava com estas palavras: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração (Dt 6, 5). Jesus exige esse amor que se tornará visível no cumprimento de suas exigências. O sentido é de que o amor é causa de que a palavra ouvida seja guardada como quem conserva, em depósito, uma fórmula sagrada.

E EU SOLICITAREI: Pois eu rogarei ao Pai e outro Parácleto vos dará a fim de que permaneça entre vós para sempre (16). Et ego rogabo Patrem et alium paracletum dabit vobis ut maneat vobiscum in aeternum. O Verbo erotao é próprio de Jesus e mais que orar significa requerer, perguntar e, por isso, temos traduzido por solicitar. O verbo pedir, orar, próprio dos discípulos, é aiteuo. Jesus exige do Pai o Parákletos, sempre que os discípulos o necessitem para cumprir as normas recomendadas por Jesus para a difusão do evangelho. No versículo seguinte explicaremos o significado da palavra Parákletos. PARA SEMPRE: O envio do Espírito está submetido à ausência de Jesus. Mas sua permanência será eis ton aiona. In aeternum, traduz a vulgata. Para sempre. A palavra grega aion <165> é um nome masculino derivado de aiei [sempre] e on [estando] que significa tempo, duração, vida, eternidade, século, idade, geração. Tem diversos significados, como vemos, e tanto no plural como no singular, especialmente na frase de João eis ton aiona significa para a eternidade, ou como traduzem algumas bíblias, para sempre, para não confundir eternidade com o além. Precisamente, vendo a expressão, podemos deduzir que o quarto evangelho é o trabalho de um único redator. A frase sai 9 vezes em João e unicamente uma em Lucas (1, 55) sendo outra vez no plural (1, 33) e com o mesmo significado. Duas vezes em Marcos (3, 29 e 11, 14) e só uma vez em Mateus (6, 13) e num versículo provavelmente adicionado ao Pai Nosso por outra mão: teu o reino, o poder e a glória para sempre. É interessante ver que aion significa, nessas passagens de João, a eternidade ou para sempre; isto é, sem limites, sem ser condicionado pela vida dos apóstolos ou, como diz Mateus, até o término do século.

OUTRO PARÁCLITO: O Pneuma da verdade o qual o Kosmos não pode receber porque não o vê nem o conhece, mas vós o conheceis porque junto a vós permanece e em vós estará (17). Spiritum veritatis quem mundus non potest accipere quia non videt eum nec scit eum vos autem cognoscitis eum quia apud vos manebit et in vobis erit. PARÁKLETOS: A palavra é própria do evangelho de João e sai 4 vezes nos capítulos 14 a 16 e uma vez em 1 Jo 2, 1, esta última com um significado diferente como advogado defensor, intercedendo pelos pecados do discípulo. Neste caso esse advogado é Jesus Cristo. Vejamos o significado próprio de parákletos. Derivado do substantivo paráklesis [chamado de auxílio] significa advogado defensor [o counsel inglês]. Como termo evangélico tomado por João, temos sua definição nas diversas passagens dos capítulos antes citados. Estas são as passagens das quais podemos deduzir, segundo o evangelista João, as qualidades e tarefas do Parákletos: 14, 26; 15, 26 e 16, 7. Em todas elas o latim traduz por paraclitus. Os evangélicos, seguindo a versão de Lutero, traduzem o grego original <3875> por Consolador ou Confortador. Num comentário bíblico dizem que tem o mesmo significado de MENAHEM <04505>, confortador, de 2Rs 15, 14 nome do rei de Samaria (752 aC-742 aC.) e que este título era atribuído pelos judeus ao Messias. Também os judeus falam de Parákletos com o significado de advogado ou defensor com a seguinte frase: Quem cumpre um mandamento obtém um paráklito [sic em hebraico]; e quem transgride um mandamento, gera um acusador. Como vemos, os judeus contemporâneos de Jesus, usavam a mesma palavra de João para apontar o advogado defensor. As bíblias católicas, modernas, vernáculas, traduzem defensor [esp], protector [latino am], advogado [port], helper [ingl], protecteur[fra], e paraclito[it]. A natureza do Paráclito era ser Espírito. Logo não pode ser visto nem experimentado. Consequentemente não será visível, mas atuará no escuro e no silêncio. Aparentemente nada será percebido pelos que não são discípulos. Só pode ser notado nos seus efeitos ou atuações. E isto de duas maneiras: a mais frequente, modo humano, como dizem os teólogos místicos; neste caso, nem mesmo o possuidor do Espírito se dá conta de que sua mente e seus sentimentos proveem de uma causa superior e externa; pois parece que são próprios e encontrados por pesquisa ou por casualidade. A segunda é modo divino ou sobrenatural, em cujo caso, a intervenção do Espírito é clara a todos os presentes, como testemunhas. Tal foi o caso da xenoglossia [falar línguas estranhas] de Pentecostes (At 2, 4). Porém, neste caso, as palavras de Pedro, ditadas sem dúvida pelo Espírito, pareciam ter origem numa reflexão humana quando diz: Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Messias, esse Jesus a quem vós crucificastes (At 2, 36). Podemos dizer com Paulo que a mente e o coração [sentimento] do homem natural [psíquico] foram substituídos por uma mente e um sentimento superiores formando o homem espiritual (1 Cor 15, 44). Atributos próprios: ele é Sagrado [ágios] que podemos traduzir por Divino, de natureza não criada, exatamente como o Deus de Israel (14, 26). Um outro atributo é de ser Espírito da Verdade (15, 26). Contrariamente ao mundo e ao seu príncipe [o diabo], ele é Espírito da Verdade e, como tal, verdadeira testemunha da principal verdade humana [ou respeito ao homem]: a verdade sobre Jesus.

A VERDADE não vence, mas convence. Ela nos liberta do erro, da mentira e da morte que têm como origem e fruto o pecado, cujo pai é o diabo, aquele que disse: vossos olhos se abrirão [a uma falsa verdade] e sereis como deuses (Gn 3, 5). Por isso, Jesus dirá aos judeus que não acreditavam em suas palavras [do Logo de Deus], que tinham como pai o diabo, o pai da mentira (Jo, 8, 48). A VERDADE fundamental é conhecer e reconhecer [como Senhor] que Jesus é o Filho de Deus encarnado. Este reconhecimento nos torna livres, porque seremos amigos do Filho e não escravos, já que o amigo conhece a VERDADE do Filho (Jo 15, 15). Nós, os cristãos, não somos como os judeus, filhos de Abraão e, portanto, escravos na casa do Pai comum, mas amigos e livres pois o Pai nos tornou filhos no Filho pela fé em Cristo Jesus (Gl 3, 26). Assim se tornam os que se deixam guiar pelo Espírito de Deus (Rm 8, 14) que receberam o espírito de filhos adotivos que nos faz exclamar, Abbá (Rm 8, 15). Por isso a VERDADE de Jesus se torna a nossa Verdade, a de filhos de Deus. Nos liberta do pecado em que incorreram inicialmente os judeus e que consiste em não crer em Jesus (Jo 16, 9). Foi por isso que o julgaram como blasfemo e impostor [falso Messias] e assim o entregaram à autoridade romana para que o condenasse à morte e o crucificasse (Lc 24, 20). O Espírito substitui Jesus, pois é necessária a ausência deste último para que ele o envie (16, 7). É, pois um Espírito enviado tanto pelo Pai (14, 16 e 26) como pelo Filho ( 15, 26 e 16, 7). Procede do Pai (15. 26) porque é o Espírito do Pai que falará em vós (Mt 10, 20). Ele é enviado, porque ele fala as palavras do Pai, assim como Jesus também falava, ele pode ser tanto chamado de o enviado do Pai como de o enviado do Filho. Está, pois, para o serviço dos homens, especialmente dos discípulos de Jesus. Sua atuação: Uma de suas tarefas é ensinar e recordar as coisas ensinadas por Jesus (14, 26). Daí que as palavras dos discípulos tenham o selo de verdadeiras profecias, no sentido de serem palavras cuja origem é divina. Outra tarefa é ser prova testemunhal de Jesus como principal testemunha, acompanhando os testemunhos dos discípulos (15, 26) que escrevem ou são relatados em cartas e escritos por eles aprovados e que constituem o NT. É o Espírito, testemunho de cargo, que estabelecerá a culpabilidade e libertará da mentira do mundo, pois este último é causa do pecado por manter a injusta mentira de ver Jesus como culpado e ter dado origem a uma demanda de seus representantes, tanto religiosos quanto civis, resultante numa condenação que não devia ter acontecido; porque a condenação foi injusta e falsa. Por isso poderá João afirmar que o mundo não o conheceu (1, 10). Nos julgamentos judaicos não existia o papel de advogado defensor que era substituído pelas testemunhas de descarga favoráveis ao réu. E este foi precisamente o rol do Espírito, testemunhar em favor de Jesus como diz 16, 8 estabelecendo a culpabilidade dos três grandes causadores da morte de Jesus: o mundo [inimigo do reino], o pecado [como se fosse um ser pessoal ao estilo de Paulo] e o Príncipe deste mundo, que é Satanás. O Espírito atuará como testemunha da santidade [justiça] de Jesus, como Filho do Pai, pois agora está à direita dEle.

ESPÍRITO DA VERDADE: Pode ter dois significados: Verdade, como possessiva, e o significado seria essa Verdade como adjetivo ou qualidade do Espírito; sendo a sua tradução Espírito Verdadeiro contrário de espírito mentiroso. E uma segunda acepção: Verdade como objeto e a tradução seria Espírito que propaga a Verdade que é a testemunha da mesma e a protege, cooperando com ela. Neste sentido, acabamos de ouvir a homilia do novo Papa. Quando em 24 de março de 1977 aceitou, a pedido de seu confessor, o cargo de Arcebispo de Munique, ele tomou como moto ou lema Cooperatores Veritatis [cooperadores da Verdade]. Este lema era precisamente o escolhido por S. José de Calasanz para indicar o espírito dos membros de sua Ordem, educadores dedicados às crianças nas suas escolas. A expressão é tomada da III epístola de João versículo 8. É acolhendo aos que pregam o nome de Jesus, que seremos cooperadores da Verdade, diz João. E o Papa é uma testemunha moderna das palavras de Jesus: Ele fala da Caridade da Verdade. Fazendo o bem, somos de Deus (3 Jo 11) afirma João, e assim seremos cooperadores da Verdade. O Espírito da Verdade não deve só mostrar a Verdade aos discípulos e ser testemunha da mesma perante o mundo, mas, dentro desse testemunho, entra o modo como essa Verdade é anunciada: por meio da caridade. A caridade é o amplificador que, no mundo moderno, tão surdo a outras maneiras de pregar a verdade, mostra-la-á com toda claridade, como diferente da mentira e hipocrisia que o dominam. Porém também a caridade ou o amor deve ser a lente com a qual devemos olhar os problemas do mundo e nossos problemas individuais. O aborto, a eutanásia, o relacionamento sexual julgam-se no mundo moderno partindo de bases diferentes do verdadeiro amor. Cortamos o vínculo fraterno que deve unir essas questões conosco e unicamente os julgamos do ponto de vista egoísta. Os princípios do mundo são a liberdade e a vantagem, esta última mascarada como felicidade: são os que dirigem o politicamente correto, o economicamente rentável e o socialmente desejável. Mas vemos que na convivência humana esses dois princípios [liberdade e vantagem] são insuficientes e até poderíamos dizer que constituem uma doutrina destrutiva socialmente. O amor, a entrega e o serviço são os únicos princípios válidos que unem e devem reger as mentes e governar as condutas para uma convivência pacífica. Princípios que aglutinam e não desagregam os diversos grupos humanos. Eles são a Verdade da vida. Por isso, como dizia um jovem, é hora de dizer basta já! Basta de consumismo, de dinheiro, de fama, de egoísmo; e vamos deixar passagem ao trabalho, à lealdade, ao bem comum. Vamos acreditar de novo na bondade das pessoas e viver de novo o amor. Esse amor que constitui a essência divina revelada ao homem em Jesus; porque o Pai tanto amou o mundo que entregou seu Filho (Jo 3, 16). E foi esse mesmo Espírito Divino que por meio de Jesus afirma que veio não para ser serviddo, mas para servir e dar a vida em resgate (Mc 10, 45). Vida que encontraremos, perdendo-a, em proveito dos outros (Mc 8, 35).

O KOSMOS: A palavra grega na realidade significa ordem, um sistema harmônico como amostra de beleza, do qual o universo é uma imagem perfeita pela harmonia dos astros e sua beleza noturna. Daí passou a determinar a terra, centro do mesmo, e a humanidade, parte essencial desta última. No evangelho de João, o mundo em geral, é considerado como inimigo do evangelho. Evidentemente que usando os princípios do egoísmo, anteriormente enunciados, o Espírito de Amor e Verdade não pode ser recebido pelo mundo porque o Kosmos não o vê, nem o sente; já que a vista do Espírito se identifica com o sentimento que ele deixa naquele que o recebe como presença viva. O mundo não o conhece: tudo que o Espírito pede e exige é absurdo diante de um egoísmo frontal que tem sido o deus do mundo ou o espírito do mesmo. O Espírito busca a verdade em princípios opostos aos do mundo. Segundo os princípios do mundo os outros estão para me servir e o domínio exercido sobre eles é a base do próprio engrandecimento e felicidade (Mc 10, 41). Por isso o politicamente correto, o economicamente rentável e o socialmente majoritário não devem ser as metas dos discípulos de Jesus.

OS DISCÍPULOS devem reconhecer unicamente a base do amor e do serviço, como eticamente verdadeiros para lograr como fim a convivência humana. O outro, sua felicidade, seu bem-estar, serão a base de meu pensamento, de minha atuação como discípulo de Cristo, porque devemos amá-lo como a nós mesmos (Mt 22, 39). Jesus, pois, afirmará: vós, pois, conheceis o Espírito, pois entre vós permanece e dentro de vós estará. O conhecimento do Espírito deu-se em primeiro lugar quando abandonaram tudo e seguiram Jesus (Mc 10, 28). Compreenderam que nesse seguimento e discipulado tinham encontrado as palavras de Vida Eterna, palavras da Verdade, una e indivisível, pois em Jesus está a luz e a luz é a vida do homem (Jo 8, 12). A fé, confirmada pelas aparições de Jesus, tornava os discípulos verdadeiros mestres da Verdade, essa Verdade que não era conhecida nem reconhecida pelo mundo, mas que espalhar-se-ia como fundamento do Reino em que Jesus era também caminho e vida.

ÓRFÃOS: Não vos deixarei órfão: estou vindo a vós(18). Ainda um pouco e o mundo não mais me vê, mas vós me vedes porque eu vivo e vós vivereis(19). Non relinquam vos orfanos veniam ad vos. Adhuc modicum et mundus me iam non videt vos autem videtis me quia ego vivo et vos vivetis. A palavra órfão significa abandonado e os apóstolos não se sentirão abandonados porque Jesus, além de voltar, lhes deixa o Confortador. O grego emprega o presente ercomai <2064> [erchomai] que a Vulgata traduz pelo futuro veniam, virei. Indica que a presença de Jesus é imediata, com uma ausência temporal muito breve, isto é, minha partida não será definitiva, porque me vereis em breve, embora não me manifeste ao mundo. Porque eu vivo, também vivereis vós (19). Que significa esta última frase? O emprego em presente dos verbos indica uma tradução literal de uma linguagem semítica, que devemos interpretar temporalmente. Eu vivo seria o mesmo que eu estou sempre vivo e não vou morrer definitivamente. E a minha vida é causa de que a vossa esteja também viva e a morte não possa terminar a sua obra definitiva. Jesus aponta que a sua ressurreição é a causa da ressurreição de todos os discípulos.

NAQUELE DIA: Naquele dia conhecereis que eu no meu Pai e vós em mim como eu em vós (estou). In illo die vos cognoscetis quia ego sum in Patre meo et vos in me et ego in vobis. No grego falta o verbo, que temos colocado ao fim da frase como estou e que bem podia ser sou. Precisamente esse verbo não existe no aramaico como no hebraico e assim vemos como o texto é fiel ao original. A Vulgata coloca o verbo na primeira parte da frase correspondente: sum in Patre, assim corrigindo gramaticalmente o texto original. Que significa esta afirmação de Jesus? A tradução do estou não é completa. Com um exemplo o veremos melhor. Para dizer o livro é vermelho, em hebraico diríamos o livro vermelho. O verbo que falta é o verbo copulativo ser. Podemos, pois, traduzir a frase como eu vivo [sou] no meu Pai como vós viveis em mim e eu estou vivo em vós. É uma identidade de vida ou comunhão de existência que implica unidade de espírito, manifestada em pensamento e vontade, conseguida pela entrega total, pelo amor. Daí a conclusão do versículo seguinte. Com este versículo, assim como com Rm 8, 9-11 Jesus aponta para a inhabitação trinitária.

OS PRECEITOS: Quem conserva meus preceitos e os guarda, esse é quem me ama. Quem, pois, me ama será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele (21). Qui habet mandata mea et servat ea ille est qui diligit me qui autem diligit me diligetur a Patre meo et ego diligam eum et manifestabo ei me ipsum. O evangelista será mais explícito em 14, 23 onde pressupõe o amor como base dessa inhabitação: o amor, que repetirá na sua carta em 1 Jo 4, 16. Leão XIII dirá: Deus, por meio de sua graça, está na alma do justo em forma a mais íntima e inefável, como em seu templo. E disso se segue aquele mútuo amor pelo qual a alma está presente em Deus e está nele mais do que acontece entre os amigos mais fieis, e goza dEle com a mais gostosa doçura. E esta união admirável, que propriamente chamamos de inhabitação, só em condição e não em essência, se diferencia da que constitui a felicidade no céu… morada que se dá na alma amante de Deus. Vivida experimentalmente [a manifestação de que fala Jesus] constitui o último degrau da mística. Essencialmente, segundo S. Tomás, consiste: 1º) numa presença física das Pessoas Divinas que produzem e conservam em nós a graça e os demais dons sobrenaturais e que ele denomina de presença dinâmica. 2º) Presença intencional que não é outra que a potestade de gozar de Deus pela inteligência e vontade em modo sobrenatural e amigável, como uma antecipação do gozo eterno. Essa presença intelectual e volitiva não é por motivos naturais, como são a razão e a submissão de uma criatura para com seu Criador, mas implica a fé e a caridade pelas quais nos encontramos com um Pai e gozamos de um amigo íntimo, que em nós inspiram um amor superior a todo outro conhecido. Por isso dirá Jesus que o modo dEle de permanecer entre os seus discípulos é o amor. O amor não só é símbolo, mas produz a união mais íntima e verdadeira. Portanto será no cumprimento dos preceitos que será reconhecido esse amor. Um modelo perfeito é o cumprimento dos planos do Pai por Jesus que por isso foi causa da complacência do mesmo. Também o discípulo que ama Jesus será amado do Pai e Jesus o amará e se manifestará a ele.

PISTAS:
1) O Espírito da Verdade instaurou no Ocidente o lema filosófico fundamental: Vita impendere vero [arriscar a vida pela verdade] que foi pela primeira vez enunciado por Juvenal. Hoje nos perguntamos se são realidades fundamentais o amor, a justiça, o próximo, a paz, ou pelo contrário, o poder, o prazer, o imediatismo e o lucro, os que medem o valor das coisas e das pessoas?

2) Nesta luta cada vez mais atual entre as trevas e a luz pretendemos encontrar um terreno neutro como é o agnosticismo e o relativismo de uma posição cômoda sem compromissos?

3) Uma modernidade que podemos denominar selvagem em que a liberdade cega os olhos para não ver que a verdade é custosa porque nos limita; e que se nos deixarmos guiar pela liberdade como único norte, terminamos na libertinagem, porque seremos nós os que põem os limites que aliás só a nós favorecem. De fato, esta libertinagem está tomando conta da vida individual e social, destruindo a convivência e a paz.

4) Um olhar só para as ideias, sem se deter nos homens, é uma falsa doutrina porque coloca as coisas por cima das pessoas. As ideias, como os sujeitos, só serão boas se servirem para melhorar as pessoas. E o mundo só será melhor se as pessoas forem melhores.

5) Os momentos místicos de união são a prova mais relevante de que as palavras de Jesus eram verdadeiras. A manifestação de sua presença deu-se através dos séculos até os atuais em que sua presença foi sentida pelas almas místicas.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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18.05.2014
5º DOMINGO DE PÁSCOA — ANO A
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

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NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A Páscoa não é uma alegria passageira. Páscoa é, mais do que tudo, um projeto de vida que tem como fim a Vida. Coração perturbado não compreende a grandiosidade desse mistério. Por isso o Senhor nos exortará: “Não se perturbe o vosso coração”. Jesus nos fala da casa do Pai, assegurando- -nos que lá tem muitas moradas, as quais ele mesmo preparará. É o amor que ama até o fim e para lá do fim! Jesus quer todos consigo, seja aqui, seja depois daqui. No entanto, a atitude de apreensão é muito humana e muito nossa, como muito humano e muito nosso é o desejo dos apóstolos de ver o Pai. Vivemos uma permanenente procura de Deus, sentimos um desejo, menos intenso, mais intenso de ver o rosto de Deus. E na procura de Deus, precisamos de pontos de referência para não nos perder. Jesus se coloca como ponto de refrência, seja para vencer a angústia pelo que pode acontecer, seja para encontrar a casa do Pai e fazer comunhão com Ele.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste quinto Domingo do Tempo Pascal, celebramos a unidade perfeita entre o Pai e Filho. A morte e a ressurreição de Cristo abriu-nos o caminho para chegarmos à fonte e origem do Amor. É nessa perspectiva que caminhamos para a festa de Pentecostes.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A afirmação de Jesus personaliza os temas bíblicos característicos e permite a toda experiência humana confrontar-se com ele sobre o sentido fundamental da existência. Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem aos homens, fala as palavras de Deus e consuma a obra de salvação a ele confiada pelo Pai. Eis por que ele, ao qual quem vê, vê também o Pai, pela plena presença e manifestação de si mesmo por palavras e obras, sinais e milagres, e especialmente por sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos, enviado finalmente o Espírito de verdade, aperfeiçoa e completa a revelação e a confirma com o testemunho divino de que Deus está conosco para libertar-nos das trevas do pecado e da morte e para ressuscitar-nos para a vida eterna.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, cantemos cânticos jubilosos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (At 6,1-7): - "O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e grande multidão de sacerdotes judeus aceitava a fé."

SALMO RESPONSORIAL (32/33): - "Sobre nós venha Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!"

SEGUNDA LEITURA (1Pd 2,4-9): - "Aproximai-vos do Senhor, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus."

EVANGELHO (Jo 14,1-12): - "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também."



Homilia do Diácono José da Cruz – 5º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A

"Na Casa do meu Pai há muitas moradas"

Precisamos tomar cuidado com essas palavras de Jesus, dita aos discípulos antes da sua paixão e morte na cruz “Pois vou vos preparar um lugar...” Seria o Céu tão esperado um Condomínio Residencial de alto luxo onde cada um de nós teremos uma bela de uma casa com muito requinte, beleza e bom gosto? Esse evangelho é até muito utilizado no ritual das exéquias, pois serve de consolo diante da dor da morte de um ente querido. Claro que a expressão pode sim, ser aplicada nesse sentido!

Qual o sentido da palavra “morada”? É o lugar onde moramos, é a nossa casa, onde agimos com espontaneidade e ficamos muito a vontade, sempre nos sentindo muito bem. É um lugar aconchegante onde vivemos na intimidade com os demais membros da família. É o lugar onde não precisamos e nem conseguiremos usar nenhuma máscara, pois diante dos membros da nossa família não há o que esconder: somos o que somos!

Que morada é essa na casa do Pai, aonde Jesus vai nos preparar um lugar? Ele é o Filho do Dono da casa e tornou-se íntimo de cada um de nós, sabe perfeitamente qual o melhor lugar para ocuparmos na casa do Pai que são as nossas comunidades!

Se nunca compreendermos que a Comunidade Cristã é esse lugar que o Senhor nos reserva, não adianta ficar sonhando com um Condomínio de Luxo lá no céu para aonde iremos um dia. Comunidade Eclesial e Vida Eterna são a mesma coisa, quem não se acostumar a ser Comunidade na Vida terrena, não vai querer ir para o Céu. Jesus é o único caminho seguro e verdadeiro para um dia entrarmos na Glória de Deus, e o caminho que é Jesus passa exatamente pela Comunidade.

Há muito cristão afoito como Felipe, que depois fez essa maravilhosa e experiência e alcançou a santidade, mas que naquele momento ainda não compreendia o que Jesus falara, e queria um contato direto com o Pai, sem ter que assumir a Vida em Comunidade. “Há tanto tempo estou convosco e não me conhecestes, Felipe?”

A nossa Igreja está presente em meio a humanidade há 2014 anos, muita gente cheia de boas intenções sente um encanto por Jesus, e jura que em sua vida nada há de maior e mais importante do que Jesus Cristo, mas quando se fala em Ser Igreja com os irmãos e irmãs, esses Cristãos de araque torcem os lábios e fazem uma cara de descontentes. Aceitam Jesus Cristo como Deus, recebem Sacramentos, acendem velas e fazem promessas, vão a pé a Bom Jesus de Pirapora, peregrinam a Aparecida ou a Canção Nova, mas vida em comunidade... Jamais!

Como Felipe, querem VER o Pai, sem se darem conta de o Pai se revela no rosto de tantos irmãos e irmãs. Criam uma religião onde Deus os serve e fogem da comunidade, onde o cristão verdadeiro é aquele que serve a Deus servindo aos irmãos e irmãs. Trata-se, portanto, de um lugar preparado para o Serviço, para a entrega e a doação de si mesmo. O Caminho para o Pai é este, do Cristo Servidor e sofredor. Não há nenhum outro!

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 5º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A

Circuminsessio

Que palavra é essa? É simples. É o sinônimo de “perichoresis”. O quê? Ficará mais simples se eu utilizar as palavras de Jesus que escutamos neste domingo: “Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede ao menos por causa destas obras” (Jo 14,11). Agora ficou claro. Não? Então vamos deixar por um momento a palavra grega e analisemos a latina: “circuminsessio”. “Circum” significa “o que está em volta”, “sessio” significa “sentar-se”. Uma variante desta expressão é “cicumincessio”; neste caso, “cessio” estaria relacionada com “incessum” que significa “avançado”. Tem, por tanto, um significado mais dinâmico. Esse dinamismo se encontra presente na palavra grega, “perichoresis”, que conserva o significado de “recirculação” entre as Pessoas divinas.

São Gregório Nazianzeno utilizou a palavra “perichoreo” para explicar a mútua presença da natureza divina e da natureza humana, compenetradas e sem confusão, em Cristo. São Máximo o Confessor utilizou essa mesma palavra para expressar a união das duas naturezas, mas com relação às ações do Verbo encarnado. A partir do assim chamado “Pseudo-Cirilo” começou a usar-se o vocábulo para a doutrina trinitária, desta maneira se afirma a multiplicidade das Pessoas em Deus permanecendo sempre a unidade divina. Os Doutores medievais utilizaram a palavra grega traduzindo-a por circumincessio ou circuminsessio.

Perichoresis ou circumisessio é a in-existência ou presença de cada uma das pessoas da Santíssima Trindade nas outras duas. A doutrina cristã afirma que há um só Deus em três Pessoas verdadeiramente distintas. O Pai não é o Filho, nem o Filho é o Pai; o Pai não é o Espírito Santo, o Filho não é o Espírito Santo; o Espírito Santo não é nem o Pai nem o Filho. Não obstante, como existe um só Deus, é importante falar desse mútuo “permanecer em” das três Pessoas divinas para evitar qualquer divisão na essência divina e, em consequência, para evitar falar de três deuses.

A doutrina da circuminsessio afirma que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, que onde está o Pai aí também está o Filho. E o mesmo se diga do Espírito Santo em relação ao Pai e ao Filho.

Observemos também que Jesus nos convida a descobrir essa mútua presencia entre Ele e o Pai através das suas obras. As ações de Jesus mostram que ele faz em todo momento a vontade daquele que o enviou, que ele espera sempre o tempo que o Pai determinou para realizar as coisas, que ele está –de maneira semelhante a como estava Adão antes do pecado– em total dependência do Pai. Ele, ao contrário do primeiro homem, não se rebelou contra Deus, não o desobedeceu. Jesus sempre amou o Pai e fez em tudo a sua vontade. Essa maneira de fazer e de ensinar-nos, leva à compreensão da presença do Pai nele, e à inversa.

A nossa maneira de atuar também mostra que em nós residem o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Que ninguém se assuste se nesse momento eu utilizo a palavra “perichoresis” ou “circuminsessio” não somente no sentido cristológico ou trinitário, mas também em perspectiva antropológica. Há uma presença de Deus no homem, e à inversa: há uma presença do homem em Deus. Esse é o “divinum comercium”, o comércio divino entre Deus e o homem, e que os Padres da Igreja gostavam de expressá-lo dessa maneira: o Filho de Deus se fez homem para que o filho do homem se fizesse filho de Deus.

É importante que a nossa maneira de atuar, como no caso de Jesus, manifeste que Deus encontrou uma casa no nosso coração, que as três Pessoas divinas habitam na nossa vida em graça, que nós estamos presentes em Deus e que Deus está presente em nós. Agora mesmo, nesse exato momento, a humanidade que se encontra na Pessoa de Jesus, no céu, é a nossa humanidade. A humanidade gloriosa de Cristo manifesta como deve ser o homem segundo o plano de Deus porque Deus o criou para a incorruptibilidade, para a santidade e para a imortalidade. A nossa humanidade está na intimidade de Deus e Deus está no mais íntimo do nosso ser quando vivemos em graça.

A vida cristã é consequência da in-habitação trinitária em nós. Assim fica mais fácil entender a Escritura quando afirma que nós somos templos do Espirito Santo. Não poderia ser diferente uma vez que Deus mora em nós. Ou seja, o que acontece nas profundezas da comunhão trinitária, acontece, a outro nível, entre Deus e nós. As relações entre o homem e Deus tem que ser a imagem das relações que há entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético — 5º DOMINGO DE PÁSCOA – ANO A
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1Pd 2, 4-9)

CRISTO, PEDRA VIVA: Junto ao qual aproximando-nos, pedra viva, por homens certamente rejeitada, mas por Deus escolhida, preciosa(4). Ad quem accedentes lapidem vivum ab hominibus quidem reprobatum a Deo autem electum honorificatum. Pedro se refere a Cristo a quem chama PEDRA VIVA [lithos <3037> sön <2198>=lapis vivus]. Lithos é uma pedra, podendo ser uma pedra pequena, como em Mt 3, 9: Os afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. Uma pedra lavrada das usadas em construção, como em Mt 21, 42: Nunca lestes nas escrituras: a pedra que os construtores rejeitaram…que Jesus aplica a si mesmo.Também é a pedra que serve de tropeço [lithos proskommatos], como em Rm 9,33: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, aquele que nela crê não será confundido. Pedras vivas [os homens] para o edifício do novo templo de Deus [a Igreja], como diz Paulo em Ef 2, 20: Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus a pedra angular. E dentro destas pedras vivas podemos dizer que algumas são preciosas [timioi] como em 1 Cor 3, 12, enquanto outras podem ser até palha. Como vemos no versículo seguinte, os fieis são essas pedras vivas que constituem a casa [templo] espiritual em que se oferece o sacrifício por meio de Cristo. Mas neste versículo o apóstolo fala de Cristo como a pedra viva rejeitada pelos homens. Refere-se Pedro à passagem que lemos em Mc 12, 10: Não lestes esta Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular [kefalë gonias]. (ver também Mt 21, 42 e Lc 20, 17). Essa Escritura é Is 28, 16 que diz: Eis que assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge. Veremos que significa pedra angular, como diz At 4, 11, citando Sl 118, 22: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular [kefalë gonias]. Era a pedra inicial de um canto do edifício que regulava toda a obra como fundamento da mesma. Por isso, Cristo é o fundamento desse edifício como diz Paulo em Ef 2, 20, que temos citado supra.

PEDRAS VIVAS: E vós, como pedras vivas, sois edificados (como) casa espiritual, para um sacerdócio sagrado, para oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo (5). Et ipsi tamquam lapides vivi superaedificamini domus spiritalis sacerdotium sanctum offerre spiritales hostias acceptabiles Deo per Iesum Christum. Pedro continua sua metáfora de uma construção [templo melhor, pois é a casa de Deus] em que as PEDRAS de seus muros e interior são vivas, de homens dedicados ao seu serviço. E quem podia entrar no templo eram os sacerdotes que aqui recebem o nome de CONSAGRADOS [agioi] para o serviço do templo que é oferecer sacrifícios, no caso espirituais [não de animais ou de óleo, vinho e pão], mas da vida própria do corpo como dirá Paulo: Rogo-vos que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, sagrado e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Assim, na semelhança de Cristo que a si mesmo se ofereceu (Hb 7, 37) e como diz Paulo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave (Rm 6, 19). É claro que unicamente unidos a Cristo com nossos corpos como formando parte de seu corpo, pois somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (Rm 12, 5), coisa que repete em 1 Cor 6,2. Modernamente podemos comparar as pedras vivas com as células do corpo de modo que a frase paulina poderia ser traduzida por nossos corpos são as células que formam o seu corpo.

PEDRA ANGULAR: Por isso também está contido na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra no ângulo principal, escolhida, preciosa e quem crer nele nunca será iludido (6). Propter quod continet in scriptura ecce pono in Sion lapidem summum angularem electum pretiosum et qui crediderit in eo non confundetur. A Escritura é do grande profeta de Israel, Isaías 28, 16, que diz: Assim diz o Senhor Deus: Eis que assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada, aquele que crer não se apresse. A tradução grega dos Setenta fala de embalö eis ta themélia [literalmente ponho nos fundamentos]. O Latim mittam in fundamentis (Vulgata) fundamentum ponam (Nova Vulgata) que é traduzida pela TEB como firmo uma pedra e pela espanhola pongo de cimiento, [sem dúvida melhor tradução] junto com kJV lay for a fundation. Ou seja, é uma pedra que forma parte dos alicerces do edifício. O problema é que tipo de pedra é essa que em hebraico original é pinnah<06438> que é traduzido ao grego por akrogöniaios <204> e ao latim angularis. Veja Jó 28, 6. A palavra pinnah significa esquina, canto, ângulo, extremidade. Junto com eben <068> formando a frase eben pinnatah significa pedra angular, lithos goniaios grego e lapis angularis na Vulgata. De onde deduzimos que a pedra angular é uma pedra colocada como alicerce no ângulo do edifício e que com sua posição estabelecia o desenho de todo o edifício. A tal pedra sai nestes versículos bíblicos: Gn 49, 24 em que José é o pastor e pedra [eben] de Israel. Salmo 118,22: A pedra [eben] rejeitada pelos construtores. Isaías 28, 16: fala de eben pinnat que é traduzido como lithos akrogöniaos [pedra de extremidade angular]. Mateus 21, 42 Diz-lhes Jesus: Nunca lestes, nas Escrituras, A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo [eis kefalën gönias]. Mc 12, 10; Lc 20, 17 e At 4, 11: Também falam de eis kefalën gönias, que temos traduzido por na cabeça do ângulo. Falando de uma pedra de alicerce não pode ser outra que a colocada primeiro como marcando o ângulo entre a fachada e o lateral do edifício que determinava todo o curso do mesmo, sendo, pois, fundamental ou cabeça do mesmo. Isso também pode ser interpretado em Ef 2, 29 em que se o alicerce são os apóstolos e profetas a pedra akrogöniaios [do ângulo extremo] é Cristo. Também nesta carta Pedro usa o akrogöniaios que é traduzido por simples piedra angular no espanhol; na TEB por pedra angular; e por chief corner stone em inglês da KJV. É a pedra do alicerce e como principal do mesmo é a que estava no ângulo entre a fachada e a parede lateral, que por sua posição determinava a estrutura do edifício. ILUDIDO [kataischynthë <2617>=confundetur] o verbo kataischynö tem o significado de desonrar, causar descrédito, ignomínia, vergonha. Especialmente quando alguém sofre uma repulsa ou fica desapontado. Assim a fé não ilude ou falha, de modo a cair na frustração por causa do engano.

FIEIS E INCRÉDULOS: Para vós, pois, a honra, aos que creem; mas aos incrédulos a pedra que rejeitaram os edificadores essa tornou-se em cabeça do ângulo (7), e pedra obstáculo e rocha de escândalo. Os que tropeçam com a palavra, incrédulos, na qual também foram postos (8). Vobis igitur honor credentibus non credentibus autem lapis quem reprobaverunt aedificantes hic factus est in caput anguli et lapis offensionis et petra scandali qui offendunt verbo nec credunt in quod et positi sunt. Isaías, no livro de Emmanuel, anunciava que Jahveh seria pedra de escândalo e tropeço para as duas casa de Israel e de Judá: Ao senhor dos exércitos, a Ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro. Ele vos servirá de santuário, mas será pedra de tropeço e rocha de escândalo às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém (Is 8,13-14). Essas casas eram as duas dinastias de Israel e de Judá. Pedro aplica diretamente a Cristo este texto que em Isaías olhava diretamente a Jahveh, o Senhor dos exércitos que destruiria ambos os reinos. Cristo, rejeitado especialmente por causa de sua cruz, como escândalo [rocha de escândalo] para os judeus e loucura [pedra obstáculo] para os gregos, mas honra para os que creem (1Cor 1,23). Pedro é consciente das cartas paulinas que julga têm lugares difíceis de entender, que os incultos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras para sua própria perdição. (2Pd 3, 16). É por isso que este trecho parece uma glosa do versículo citado de Paulo aos Coríntios. Os que tropeçam na palavra são incrédulos que com ela se encontram. O etethësan <5087> é imperfeito de tithëmi e em conformidade com a Vulgata [in quo poisiti sunt], que se refere ao neutro Verbum e parece que deve ser traduzido por: com ela tropeçam ou se encontram. A tradução espanhola é, pois, também a que estavam destinados, a esse funesto tropeço. O comentário é que o texto grego diz simplesmente a eso foram destinados. A TEB e a isto estavam destinados, com uma nota indicando não serem os incrédulos destinados por Deus à incredulidade mas à queda, caso se recusassem a crer. A KJV traduz whereunto also they were appoinnted [no qual também estavam designados]. A tradução latina é literal, mas deficiente; deveria dizer: in quo positi erant. Isto confirma minha tradução, com ela [a palavra] se encontravam. O significado é que a palavra [o evangelho] seria a pedra de tropeço para os incrédulos que com ela se encontram.

RAÇA: Vós, porém, raça escolhida, real sacerdócio, nação sagrada, povo reservado de modo a proclamardes as excelências de quem desde a escuridão vos chamou para sua maravilhosa luz (9). Vos autem genus electum regale sacerdotium gens sancta populus adquisitionis ut virtutes adnuntietis eius qui de tenebris vos vocavit in admirabile lumen suum. Pedro agora se dirige aos crentes gregos que, segundo ele, como eleitos (1Pd 1,2), santificados em Cristo (1 Cor 1,2) formam uma raça escolhida, como escolheu Israel de todos os povos (Dt 10, 15), um sacerdócio de reis (Êx 19,5-6) [igual no grego da setenta:[basileion ieratreuma] que traduzem como reino sacerdotal e que a TEB traduz como comunidade sacerdotal do rei ou também comunidade sacerdotal. A KJV fala de royal priesthood [sacerdócio real]. Como têm existido sobre este assunto interpretações errôneas, vejamos a sua origem, tradução grega e latina. O Êx 19,5 diz em hebraico: Vocês serão para mim um reino de sacerdotes [mamleket<04467> kohanim<03548>]. Mamlakah =reino, domínio, soberania, de onde o constrito mamleket [do reino] usado tanto da dignidade real como do reino sujeito ao mesmo. Kohanim plural de kohen cujo significado é sacerdote e até levita. A tradução do hebraico é pois: reino de sacerdotes, com o ênfase no reino. A Setenta traduz baslileion <933> ierateuma <2406>. Basileion é o palácio real como substantivo e como adjetivo é régio, majestoso, esplêndido. E ierateuma é o ministério de um sacerdote e também a classe ou corpo sacerdotal. O grego, pois, fala de uma classe sacerdotal régia. A tradução da Vulgata é sereis para mim in regnum sacerdotalis [reino sacerdotal], que a nova Vulgata traduz como regnum sacerdotum [reino de sacerdotes]. E continua: ethnos <1484> agion <40> que podemos traduzir como nação consagrada. Finalmente laos <2992> eis peripoiësin <4047> povo em propriedade, ou pertencente de modo especial. Todas as conotações pertencem ao antigo Israel no seu conjunto, sem que cada um dos elementos ou indivíduos sejam tudo, mas tenham como finalidade a proclamação das excelências e maravilhas de Deus, já que das trevas como cegos encontraram a luz.

EXCURSUS

O SACERDÓCIO GERAL: Como muitos afirmam o sacerdócio universal dos fieis está apoiado neste trecho de Pedro e noutros do NT. Vamos explicar a diferença entre o sacerdócio universal e o específico e ministerial dos homens a este fim ordenados. Vejamos os textos: Êx 19, 5-6: Vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. Ap 1, 6: E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo e sempre. Amém. Ap 5, 10: E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra. Dos textos deduzimos que a fala é geral, não podendo ser todo o povo, ou melhor, seus indivíduos todos reis e sacerdotes, mas que neles haveriam umas classes como tais, por Deus aprovadas e dirigidas. Vejamos a interpretação do texto de Pedro. É um texto metafórico em que os homens, ou melhor, os fieis se comportam como pedras vivas de um templo espiritual. O nosso texto está tomado do Êx 19, 6 em que se afirma que os israelitas são o reino de Deus, um reino teocrático em que Deus (Jahveh) é o rei de Israel e os israelitas são sacerdotes, como súditos desse reino, separados dos pagãos, por oferecerem a Deus um culto que não pode ser oferecido pelos demais povos. Trata-se de uma metáfora para significar que os israelitas são pessoas consagradas ao serviço de Deus, em modo análogo, mas diferente dos sacerdotes propriamente ditos por intermédio de Jesus Cristo (5). Como diz Paulo em Rm 12, 1, o maior sacrifício é a oferenda dos vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Um outro sacrifício aprazível e agradável a Deus é a esmola, como escreve Paulo em Fp 4, 18. Com isto creio que a dúvida está suficientemente resolvida.

EVANGELHO (Jo 14, 1-12)

O CAMINHO É CRISTO

INTRODUÇÃO: O evangelho de hoje forma parte do discurso de despedida de Jesus, que inclui o final do capítulo 13 e todo o capítulo 14. Jesus vai preparar as moradas na casa do Pai. Jesus declara que, no entanto, poderão ser atendidos quando pedirem em seu nome. Jesus vai embora, mas, ao mesmo tempo, estará junto deles e não se sentirão órfãos. Como toda lógica semítica, ao contrário da ocidental que coloca uma tese inicial a ser provada posteriormente, o discurso de Jesus se inicia com as provas, para terminar com a conclusão final: Eu estou no Pai e o Pai está em mim. Com isso, declara que toda a sua obra foi um estrito cumprimento, em obediência, da vontade do Pai, Deus em última instância. E precisamente por essa obediência até a morte e morte de cruz, como diz Paulo, obteve um nome sobre todo nome ante o qual todos no mundo ver-se-ão obrigados a aceitar. Os bons com amor e agradecimento, como amigos e vencedores; e os maus com rebeldia e aversão, como inimigos e vencidos.

A DESPEDIDA: Não se perturbe o vosso coração: acreditais em (o) Deus, também acreditai em mim (1). Na casa de meu Pai há muitas moradias. Se não, vos teria dito. Parto para preparar um lugar para vós (2). Non turbetur cor vestrum creditis in Deum et in me credite. In domo Patris mei mansiones multae sunt si quo minus dixissem vobis quia vado parare vobis locum. NÃO FIQUEIS AGITADOS: O semitismo usa o singular distributivo: não se altere vosso coração. Tarassö [remover, agitar, revolver, alvorotar e excitar] é o verbo usado quando Jesus se alterou na morte de Lázaro. É a perturbação que os discípulos deviam experimentar, dada a morte inglória de Jesus na cruz. Sua fé e sua esperança seriam perturbadas pela terrível morte, em certo modo, sacrílega ou maldita, do mestre. Essa perturbação tem como base o coração, que em termos modernos, seria a mente, onde os pensamentos e decisões têm sua sede em sentido figurado. Nas línguas semíticas o coração substituía a mente, como o alicerce dos pensamentos, do mesmo modo que os rins eram a base dos sentimentos do homem. CONFIAI: O pisteuö grego significa acreditar, ter confiança, não duvidar. Jesus se identifica pela primeira vez com o Pai, com Deus. Este é o tema de todo este discurso de Jesus. Ele tem o poder do Pai para que seus discípulos tenham completa confiança em suas palavras. Como acreditam em Deus, devem também acreditar em seu Mestre, Jesus. Este lhes fala sobre um futuro que proximamente está cheio de dificuldades, mas que finalmente terá uma base de eterna felicidade na casa do Pai. MONAI: É o plural de momë, palavra que provém do verbo ménö que significa permanecer e que, tantas vezes, repete João no discurso da última ceia. Jesus compara o céu com uma morada [oikia] em que existem inúmeras habitações [monai] ou estâncias, de modo a não faltar lugar para os hóspedes. De fato, a palavra mone [monai em plural] só aparece uma outra vez em Jo 14, 23 em que Jesus diz que o Pai e Ele [Jesus] farão de quem guarda seus mandamentos a sua morada. A palavra indica uma dependência habitada dentro da casa, um aposento, uma habitação dentro de uma casa, que, no nosso caso, é a casa do Pai. Se o substantivo não tem muito lugar no NT o verbo menö é, pelo contrário, um dos mais usados no quarto evangelho. Nos capítulos 14 e 15 do discurso da última ceia, aparece 13 vezes. A ideia é muito mais complexa do que um simples habitar numa casa comum. Implica uma comunhão de vida com Jesus e com o Pai: o permanecer em mim. SE NÃO, VOS DIRIA: Há uma tradução que o grego admite e que a vulgata traduz confusamente. É esta: Se não, vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Como temos visto, o grego termina em interrogação e deixa a pergunta como uma questão de crédito pessoal: por acaso pensais que eu poderia ter-vos dito que vou preparar-vos um lugar, se tais aposentos não existissem? A tradução italiana concorda com o que temos dito, que, aliás, é a conclusão mais natural do versículo. O latim traduz de modo confuso: Se quo minus dixissem vobis; quia vado parare vobis locum. E podemos traduzir: Nada menos vos diria senão isso [que há muitos aposentos] e que vou prepará-los. O quo minus latino pode ser traduzido por de não ser assim. A Nova Vulgata traduz: si quo minus, dixissem vobis, quia vado parare vobis locum? Que podemos traduzir: se não fosse assim, vos teria dito, já que vou preparar-vos um lugar?

SE EU PARTIR: E se eu partir e vos preparar um lugar, de novo venho e vos receberei junto a mim para que onde estou eu, também vós estejais (3). Et si abiero et praeparavero vobis locum iterum venio et accipiam vos ad me ipsum ut ubi sum ego et vos sitis. Jesus declara, na continuação, que o insinuado no parágrafo anterior é verdadeiro. E, portanto, continua: Mas [mesmo] se for e preparar o lugar para vós, de novo virei e vos tomarei para que onde eu estou também estejais vós. Com isto, Jesus dá continuidade a sua presença com os discípulos. Ele e eles terão o mesmo fim: a casa do Pai. Jesus não declara a autoridade que ele tem para semelhante preparação que foi, sem dúvida, a sua morte vicária; mas explica que ele estará primeiro lá para preparar essa moradia, dependência ou cômodo que agora Jesus chama de lugar [topos]. Ele prepara, como um hospedeiro, o lugar de descanso, após uma jornada dura de caminho. Com ele devemos nos encontrar no fim de nossa jornada, certos de que, como os apóstolos, encontraremos o Jesus que preparou nosso descanso. Em Henoc tardio temos um interessante paralelo: No mundo futuro existem muitos aposentos preparados para os homens, bons para os bons e maus para os maus. Como Javé com seu povo, Jesus se mostra amigo até o fim, de seus amigos (Jo 13, 1). E apesar da separação temporária, ele voltará e não os deixará a sós.

O CAMINHO: E, para onde eu vou, sabeis o caminho (4). Et quo ego vado scitis et viam scitis. O grego tem uma afirmação um tanto diferente de alguns códices e da Vulgata. Se o grego afirma que sabeis o caminho para onde eu vou, o latim oferece uma tradução algo diferente: Conheceis aonde vou e conheceis o caminho. A que se refere Jesus? Em primeiro lugar qual é o destino de Jesus? Em 13, 33 Jesus dirá: para onde vou, vós não podeis ir. Essa mesma palavra ouviram os fariseus no capítulo 8, 21. A questão é, só a morte como dizem os comentaristas, ou além da morte acessível a todo mortal independente de qualidades pessoais, existe uma outra finalidade ou meta que determine o caminho? Como pouco antes tinha falado da casa do Pai, com toda certeza, era essa a meta almejada por Jesus. Mas qual era o caminho? Hoje, através da história, iluminada pela fé, sabemos que a morte era a meta almejada e que o caminho para a mesma era a cruz. Mas qual dos discípulos de Jesus poderia saber, na última ceia, uma e outra verdade? Nenhum deles seria capaz. A interpretação dos fariseus foi pensar num suicídio [por acaso irá ele matar-se?]. A resposta de Jesus esclarece sua afirmação e com certeza, seria a mesma que poderia dar a seus discípulos: Sou do alto. Vós daqui de baixo… Na morte ficareis em vossos pecados e, portanto, vosso fim não pode ser o mesmo que o meu a não ser que creiais em mim, especialmente na hora em que eu for levantado, pois é então que devereis acreditar que EU SOU. Ou seja: sou Javé para vocês. E se na hora da morte não acreditais em mim, não podereis ter o mesmo final que é a casa do Pai. Jesus, por outra parte, tinha predito, segundo os sinóticos, sua morte e agora declara que ia para o Pai. Consequentemente, Jesus podia perfeitamente afirmar que sabeis não unicamente a meta, mas o caminho. Esse caminho era só o de Jesus, ou era o caminho, especialmente o da obediência, de seus discípulos também? O primeiro é evidente; o segundo é uma conclusão lógica de que todo discípulo não pode ser maior do que o Mestre (Lc 6, 40).

TOMÉ: Diz-lhe Tomé: Senhor, não temos sabido aonde vais e como podemos conhecer o caminho? (5). Dicit ei Thomas Domine nescimus quo vadis et quomodo possumus viam scire? Tomé era nome hebraico que foi traduzido por Dídimo em grego, e que podemos traduzir por Gêmeo como vemos em Jo 13, 16. De quem era gêmeo Tomás? Não sabemos com certeza. Tudo que depois foi arquitetado como sendo gêmeo do próprio Jesus (?) é mais fantasioso que fantástico e seria anular, não unicamente a fé, mas todos os evangelhos e toda a tradição. Somente em tempos muito modernos tal hipótese teve cabida devido à descoberta do chamado evangelho de Tomé entre os papiros de Nag Hammedi em 1947. O evangelho é posterior a Ireneu (+202) e citado pela primeira vez por Hipólito (+225). Era o evangelho dos Naasenos, ou Ofitas, gnósticos do grupo dos ascetas que já foram condenados por Cirilo de Jerusalém que fala de Tomé, o autor, como sendo um dos três discípulos de Manes. [Para mais informação ver no site WWW. Presbíteros.com.br em Artigos número 57 Código da Vinci e no mesmo site em História da Igreja número 14 Os apócrifos]. O Tomé verdadeiro é, sem dúvida, um dos doze que teve uma iluminação especial da parte de Jesus ressuscitado para que não fosse incrédulo, mas fiel e de cuja fé imediata são as palavras de reconhecimento, meu Senhor e meu Deus (Jo 20, 28), até esse momento, nunca explicitadas pelos outros discípulos em forma tão clara. O evangelho de João derruba totalmente o evangelho gnóstico e filosófico de Tomé. Talvez, nesta ocasião, foi Tomé o escolhido para a pergunta, porque, no segundo domingo após a ressurreição, ele deu a resposta mais apropriada. Sem dúvida, que a pergunta de Tomé era a pergunta de cada um dos doze.

EU SOU O CAMINHO: Diz-lhe Jesus: Eu sou o caminho e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão através de mim (6). Dicit ei Iesus ego sum via et veritas et vita nemo venit ad Patrem nisi per me. O CAMINHO: Jesus não responde à primeira parte da pergunta [não sabemos para onde vais] e se contenta em apontar a solução da segunda parte: Eu sou o caminho. Um caminho, não tanto exemplar como podíamos pensar de sua cruz, que deve ser tomada por todo discípulo verdadeiro em seu seguimento (Mt 16, 24), mas o caminho essencial se quisermos subir onde ele vai e morar com o Pai. Porque ninguém poderá chegar ao Pai a não ser por ele [Jesus] que seria melhor traduzido através dele [dia grego], por meio dele. Jesus é o caminho para o Pai. Esta é a acepção mais imediata e literal. Fora deste trecho unicamente a palavra caminho [odos] só sai em 1,23 em que é citado Isaías: endireitai o caminho do Senhor. A verdade e a vida parecem ser pleonasmos ou redundâncias em que as novas expressões clarificam a primeira delas, que no caso é o caminho. Porém têm suas acepções particulares que não devemos esquecer. ALETHEIA: Traduzida por Verdade em geral. No evangelho de João a palavra aparece 17 vezes nem sempre com um mesmo significado. Unida a graça [charis] significa fidelidade como em 1, 14 em que a verdade, em seu sentido primário, designa a realidade divina enquanto se manifesta e pode ser conhecida pelo homem. Por isso, o Verbo Encarnado [Jesus] se manifesta como graça e verdade de Deus. Em 8. 40 Jesus afirma que fala a verdade que ouviu de Deus como Filho, e coloca no polo oposto o diabo que é mestre da mentira (8, 44) do qual os judeus [jerosolimitanos] eram filhos. Em 17, 17 Jesus expressa o desejo de que sejam seus discípulos consagrados na verdade porque esta é unicamente a palavra de Deus. E, finalmente, dentro desta seleção de textos temos em 18, 37 a afirmação categórica de que ele veio ao mundo para dar testemunho da verdade e que todo aquele que a busca ouve sua voz. Consequentemente, Jesus se identifica com a Verdade divina e assim pode muito bem assinalar o caminho que leva ao Pai. ZOÉ: Vida é uma das palavras que constituem a base da teologia de João, o evangelista. No seu evangelho sai em 31 versículos. Para o que nos interessa, unida à verdade ou a Jesus, são estas: A vida estava nele e a vida era a luz dos homens (1, 4). De modo que, todo que nele crer, tenha a vida eterna (1, 15 e 17), Ele se identifica com a Escritura já que, assim como esta era a vida eterna para os judeus (5, 39), agora será substituída pela palavra de Jesus (5, 24). Ele próprio é o Logos de Deus. A si mesmo ele declara ser como pão do céu, em oposição ao maná do deserto que dava só a vida temporal (6, 48 e 51). Dele dirá Pedro: Só tu tens palavras de vida eterna (6, 68). Relacionado com o caminho temos suas palavras: quem me segue terá a luz da vida (8, 12). A vida eterna está unida ao conhecimento do Pai, como único Deus verdadeiro e ao de Jesus, como o Ungido a quem enviaste (17, 3) e este foi o fim pelo qual foi escrito este evangelho de modo que creiamos que Jesus foi o Ungido, o Filho de Deus, e crendo tenhamos a vida em seu nome [pessoa]. Destas citações podemos deduzir que, realmente, Jesus era a vida e que por meio dele essa vida se transmitia a todos nós, como luz e como verdade, e ao mesmo tempo, como caminho. Embora todos os códices tenham as três palavras ligadas pelo Kai esta conjunção pode implicar uma explicação da primeira palavra, que é o caminho, e poderíamos traduzir: Sou o caminho porque verdade para a vida. [Ou porque conduz a verdadeira vida]. Esta última é a verdadeira vida que é a própria de Deus. A explicação do seguinte versículo indica por que Jesus afirma ser a verdade: Se me tivésseis conhecido também teríeis conhecido o Pai. É desde agora que o conheceis e o tendes visto. Na primeira parte, Jesus parece recriminar seus discípulos por uma falta de fé ou excesso de cegueira, apesar de ter vivido juntos tanto tempo, como dirá depois a Filipe.

UM PARÊNTESE: Se tivésseis me conhecido, talvez tivésseis, também, conhecido meu Pai; e desde agora o conheceis e o tendes visto (7). Si cognovissetis me et Patrem meum utique cognovissetis et amodo cognoscitis eum et vidistis eum. Este é o texto a, preferido por certos manuscritos gregos e a Vulgata latina. Mas a interpretação deste versículo é difícil. Devido, pois, à falta de precisão temporal dos modos do verbo em hebraico, que seria o original, alguns traduzem de forma diferente, admitida por alguns textos gregos que chamaremos de b alternativo: Se me conhecesseis, conhecereis também o meu Pai. Ou como diz a Nova Vulgata: Si cognovistis me, et Patrem meum utique cognoscetis. Esta última tradução das bíblias modernas, incluindo a Nova Vulgata, indica que Jesus afirma, com certeza, que os seus apóstolos estavam em condições de saber num futuro próximo, quais eram os atributos do Pai. De todos os modos, é de agora em diante que o conhecimento do Pai está à vista. A morte de Jesus e sua ressurreição e ascensão indicam como Ele era um espelho do Pai, um Deus praticamente desconhecido como Deus-Pai, pelos discípulos. Esta última tradução nos leva a um futuro próximo em que o Pai será revelado e estará com os discípulos como Jesus esteve com eles. O Espírito, o segundo parácletos, revelaria perfeitamente o Pai e não estariam órfãos de Jesus (Jo 14, 18).

A PERGUNTA DE FILIPE: Diz-lhe Filipe: Senhor. mostra-nos o Pai e é suficiente para nós (8). Dicit ei Philippus Domine ostende nobis Patrem et sufficit nobis. Filipe [amante de cavalos] era oriundo de Betsaida, um dos primeiros discípulos do Senhor, conterrâneo e, provavelmente, amigo de Pedro, e de André. Ele tinha por colega Bartolomeu ou Natanael, a quem falou de Jesus; mas este não acreditava que de Nazaré poderia sair um profeta. Assistiu ao primeiro milagre nas bodas de Caná. Na multiplicação dos pães e peixes, foi a Filipe a quem Jesus dirigiu a pergunta onde compraremos pão, porque Filipe era da região. E Filipe respondeu que nem duzentos denários eram suficientes (Jo 6, 5-7). Devia saber bem o grego, para ser ele o intermediário entre os de fala grega, para que lhes mostrasse Jesus (Jo 12, 20- 21). A tradição diz que ele morreu crucificado numa cruz invertida, aos 87 anos de idade, no tempo de Diocleciano, na Frígia. A pergunta é: mostra-nos o Pai e isso nos contentará. Mostrar o Pai significava experimentar o sobrenatural? Porque os discípulos estavam acostumados a ver um homem [Jesus] que nada demonstrava de extraordinário a não ser, de vez em quando, as obras que realizava em nome [com o poder ou mandato] de meu Pai (Jo 10, 25). Essa era a visão que tinham os discípulos de Jesus. Mas parece que os discípulos queriam mais: ver Deus, como Moisés (Êx 23, 19-23), ou como (1 Rs 9, 9-15). Talvez um milagre extraordinário em que Deus se manifestasse como fez no Sinai.

QUEM ME VÊ, VÊ O PAI: Disse-lhe Jesus: Tanto tempo estou convosco e não me tens conhecido, Filipe? Quem me tem visto, tem visto o Pai. E como tu dizes mostra-nos o Pai? (9). Dicit ei Iesus tanto tempore vobiscum sum et non cognovistis me Philippe qui vidit me vidit et Patrem quomodo tu dicis ostende nobis Patrem. Jesus, em primeiro lugar, parece que censura a pergunta de Filipe recordando a vida em comum, própria dos discípulos da época com o mestre correspondente, e que parece que não foi suficiente para que os apóstolos conhecessem Jesus e a sua doutrina. E finalmente, Jesus oferece a grande revelação: Quem me viu, viu o Pai. Como podes pedir, mostra-nos o Pai? (9) Com esta resposta, o conhecimento do Pai depende do conhecimento que temos do Filho. A resposta, referida aos apóstolos diretamente, também atinge todos os que conhecem Jesus através dos evangelhos e da tradição apostólica. O Pai é para nós o que a figura de Cristo nos manifesta e representa. É o Deus revelado na figura humana de Jesus. Logicamente não podemos supor que Deus tenha um corpo humano, mas como ele é Espírito, será o estudo do espírito de Jesus que nos leva a descobrir a verdadeira natureza de Deus, como nosso Pai, ou como o Pai, de quem Jesus disse que ele é meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus (Jo 20, 17). A resposta irônica de Jesus pode ser também dirigida a todos nós: tanto tempo estamos com ele, escutando suas palavras e recebendo seu corpo e ainda desconhecemos essencialmente o Pai, esse Deus que quer ser chamado de Pai.

EU NO PAI E O PAI EM MIM: Não acreditais que eu no Pai e o Pai está em mim? Os ditos que eu vos falo não os falo por minha conta. O Pai, porém, quem em mim habita, ele próprio faz as obras (10). Tende confiança em mim. Porque eu no Pai e o Pai (está) em mim. Senão, ao menos por causa das próprias obras, tende confiança em mim (11). Non credis quia ego in Patre et Pater in me es? verba quae ego loquor vobis a me ipso non loquor Pater autem in me manens ipse facit opera. Non creditis quia ego in Patre et Pater in me est? But if not, believe Me because of the works themselves. A Velha vulgata tem um versículo diferente. Seguimos o grego original e a Nova Vulgata, pelo que diz respeito aos versículos. Também a N V não coloca a interrogação no versículo 11, como a antiga versão latina, que o inicia com um não. Essas são as principais diferenças entre os textos recebidos. Pelo que diz respeito às palavras e seu uso, podemos afirmar que, a falta do verbo ser, indica uma tradução de um original semita. Por isso, o temos colocado entre parênteses como está. A palavra grega rëmata é diferente do logoi. O logos é a palavra enquanto som, que tem um significado. Porém o significado de Rema é de discurso, sentença e por isso preferimos a tradução de ditos em plural. Na sua disputa com os jerosolimitanos, Jesus afirmará que ele e o Pai eram um (Jo 10, 10) e mais adiante dirá que se faço as obras de meu Pai, crede nas obras, para que conheçais sempre mais, que o Pai está em mim e eu no Pai (Jo 10, 38). Era uma união de poder que implicava união de expressão em palavras proféticas, como ditas pelo mesmo Deus, a quem Jesus chamava de Pai. Mas essa união pode se estender a uma vida trinitária em que a natureza une as pessoas. Filipe era, sem dúvida, testemunha dessa situação, e, por isso, Jesus se queixa de que ele não tivesse compreendido anteriormente essa unidade entre Jesus e o Pai. De alguma maneira, Jesus explica essa unidade por ser ele mesmo a mansão do Pai. Daí que as palavras de Jesus sejam as mesmas que as do Pai; pois a palavra, se verdadeira, é a expressão autêntica do ser que a emite. Essa palavra, como caminho e verdade, é a vida que o Pai realiza em Jesus, como parte principal de sua obra humana e para os homens.

CONCLUSÃO: Amém, amém vos digo: Quem acredita em mim, as obras que eu faço ele também fará e maiores que elas, porque eu parto para o meu Pai (12). Amen amen dico vobis qui credit in me opera quae ego facio et ipse faciet et maiora horum faciet quia ego ad Patrem vado. É uma afirmação tão vigorosa que pode dar lugar a uma base teológica sobre as que chamamos mediações, além da essencial de Cristo. Nesta conclusão de Jesus, podemos fundar toda a mediação dos santos da Igreja. A obra ou obras de Jesus continuarão em seus discípulos. E a História da Igreja confirma esta palavra profética do seu fundador.

PISTAS:

1) Na ausência do Mestre, este se preocupa de antemão com a situação da orfandade dos discípulos. E explica a razão dessa ausência: preparar a morada no céu, na casa do Pai comum. Como ele entrou, eles entrarão também. Como Ele ressuscitou, eles também ressuscitarão. Por isso, não devem se sentir atribulados, já que a questão se resolve na esperança fundada na fidelidade de Cristo à sua palavra.

2) Jesus aponta a si mesmo como o verdadeiro e único caminho para alcançar o Pai. Um caminho do qual depende a vida do discípulo. Caminho nada fácil e que não podemos abandonar uma vez encontrado, ou que possamos escolher arbitrariamente, como sendo um caminho particular de cada um e não o determinado pela verdade externa e eterna de Jesus. Pois Jesus conhece bem esse caminho que é de ascensão [anábase] porque ele tinha antes descido [katábase] para descrevê-lo. O caminho de Jesus passava pela cruz que era o motivo básico no qual, a fé em sua divindade era questionada. Em nós, esse caminho é o percorrido pelo mal do mundo que se tornará sofrimento para o discípulo.

3) A verdade e a vida se encontram como se encontram base e termo, caminho e meta. Sem a verdade que Jesus representa, a vida do homem não tem sentido, porque ele viverá na mentira, da mentira e para a mentira. A procura da verdade está como dever primário entre os problemas que todo homem deve resolver. E na procura encontramos Jesus como questão fundamental, porque ele disse ser o único que sabe e pode dar testemunho da verdade, já que veio do alto, do lugar em que ela existe como princípio e fim, como o Alfa e Ômega de todas as coisas.

4) Jesus viveu plenamente a vida humana como nenhum outro homem pode vivê-la. Como Filho, respeitando um Pai que, nos seus planos, lhe impôs uma tarefa extremamente difícil; como irmão, porque foi uma vida entregue para a salvação do homem. Mas a vida de Jesus é parte essencial de toda vida humana que deseja unir a verdade da mesma, oculta no mistério da fé, à luz da esperança na mansão do Pai. Seria viver a vida com amor e por amor a Deus e aos homens, como tarefa primária de todo homem neste mundo.

5) Jesus apela ao milagre [obras, ou semeia=signos] para que os discípulos acreditem em suas palavras e promessas. O milagre autêntico é a assinatura divina para confirmar palavras [remata] humanas. Como é possível que modernos exegetas recortem, mais ou menos arbitrariamente, semelhantes obras de Cristo, tudo o qual terminaria em transformar um Homem-Deus num homem-sábio?


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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