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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 10/05/2015 - 6º Domingo de Páscoa
. Evangelho de 03/05/2015 - 5º Domingo de Páscoa


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

O PESO DE NOSSA CRUZ!
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10.05.2015
6º Domingo de Páscoa — ANO B
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "Ressuscitados para amar" __

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015
Tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”
Lema: “Eu vim para servir” (Mc 10,5)

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Nossa celebração é uma bela declaração de amor que Deus faz à humanidade e a cada um, em particular. Ele é a fonte de amor e é através do amor que permanecemos nele. Além de declaração de amor, a celebração propõe amar com o modelo divino, revelado e ensinada por Jesus no Evangelho. Como toda experiência amorosa, o amor divino entra pela porta do sentimento e, se correspondido, a vida do próprio Deus “permanece” vivendo na pessoa. É amor que faz morada e ilumina a vida do discípulo a viver com as mesmas atitudes divinas, como aconteceu com Jesus, e o faz produzir frutos “e frutos que permaneçam”. Recordamos o dia das mães e rezamos por todas elas.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Deus é amor e quem ama permanece em Deus. Com esta certeza, nos preparamos para celebrar o Pentecostes, o derramamento mais visível do amor de Deus sobre a Igreja, transformando-a em anunciadora corajosa do Reino.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Na liturgia recordamos e bendizemos o grande amor de Deus para conosco. Amor que se manifestou de tantas maneiras e em tantos momentos na histór ia de nossa salvação, sobretudo na vida, morte e ressurreição de Jesus. A união vital e fecunda entre a videira e os ramos é união de amor que se expande do Pai ao Filho, do Filho aos discípulos e dos discípulos a todas as pessoas. É preciso sempre recordar o mandamento do amor: "Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros." Somos chamados a contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus, e dia a dia tornado presente na vida dos homens por ação dos discípulos de Jesus, que hoje somos todos nós. Recordamos o dia das mães e rezamos por todas elas. Neste período pascal, as leituras nos convidam a refletir e mergulhar no amor de Deus com todo o nosso ser, pois como diz São João, Deus é amor e quem ama permanece em Deus. Assim nos preparamos para celebrar o Pentecostes, o derramamento mais visível do amor de Deus sobre a Igreja, transformando-a em anunciadora corajosa do Reino. Tudo converge para a Eucaristia, o Sacramento da unidade.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e meditemos profundamente a liturgia de hoje!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Atos 10,25-26.34-35.44-48): - "Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo"

SALMO RESPONSORIAL 97(98): - "O Senhor fez conhecer a salvação e revelou sua justiça às nações."

SEGUNDA LEITURA (1 João 4,7-10): - "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus."

EVANGELHO (João 15,9-17): - "Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor."



Homilia do Diácono José da Cruz – 6º Domingo de PáscoaANO B

"PERMANECEI EM MIM..."

Às vezes quando me deparo com o evangelho de São João, apelo para o meu imaginário grupo de debates onde o Maneco, membro de uma comunidade das mais simples, replica, logo após a conclusão “Êta que esse tal de João gosta de complicar, porque não vai direto ao assunto?” Já o Ernesto, que é encarregado em uma empresa, gosta de ver o jeito de Jesus falar com os discípulos nesse evangelho, “Esse Jesus é dos meus, lá na fábrica é assim que eu digo para a minha turma “Se quiser ser meu amigo, faça o que eu mando”. Confesso que tomei um susto, não tinha reparado que o versículo 14 é exatamente assim “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando”.

Esta não é uma frase solta no meio do texto, mas há sempre o perigo de se fazer uma leitura fundamentalista da Palavra de Deus, pois o meu irmão de grupo gosta de ser mandão na comunidade, porque é essa a sua rotina na empresa, e assim ele se identifica com Jesus, que nessa frase parece mesmo ser “mandão” e autoritário, bem do tipo, se não for pra fazer do meu jeito, então não quero. Entretanto o ensinamento é outro... Foi quando Dona Maria, que trabalha de doméstica há muito tempo, fez uma observação interessante, que eu nem havia pensado. “O senhor me desculpe, pode ser que vou falar bobagem, porque não tenho estudo de teologia, mal fiz o antigo ginásio, mas parece que Jesus diz aí, que ele nos trata como amigos e não como servos, mas o gozado é que ele mesmo falou em um outro evangelho, que veio para servir e não para ser servido, quem serve é servo”.

Dona Maria não quer nem saber se o jeito de João escrever seu evangelho é diferente dos sinóticos, mas parece que “matou em cima” a questão intrigante. Na relação de trabalho, quem serve é quem é mandado, na comunidade enquanto igreja, quem serve é aquele que ama. Diante dessa observação feita ao grupo, levantou-se o “Mota” pessoa que na paróquia é o responsável em buscar as hóstias e partículas no Mosteiro das irmãs. “Óia gente, andei contando por curiosidade e vi que só nesse evangelho, João escreveu nove vezes o verbo amar, acho que isso quer dizer alguma coisa” Parece que o Mota “mordeu a isca” -- pensei com meus botões - Quem experimentou tão intensamente e de maneira profunda, o amor de Deus manifestado em Jesus de Nazaré, não vai mais falar de outra coisa na vida, que não seja desse amor, não é atoa que o evangelho o chama de “Aquele discípulo que Jesus amava”, não porque o Senhor o amava mais que aos outros, mas porque ele, o discípulo, compreendeu que Jesus é o Amor do Pai manifestado entre os homens, não só compreendeu, mas experimentou, e esta manifestação não é exclusiva para alguém, mas a todos os homens.

Roseli, uma jovem que também integra o nosso grupo, e que anda nas nuvens porque está namorando um catequista da comunidade, fez um comentário belíssimo “Então a gente pode dizer que Jesus é o amor ESCANCARADO de Deus para os homens!”. Escancarado é aquilo que não se tem como esconder, não dá para disfarçar, como os olhos brilhantes da Roseli, quando está perto do namorado. Quem se sente amado por alguém, não tem como disfarçar a alegria, o bem que a outra pessoa lhe faz, só de estar perto, e aqui dá para entender a expressão “Eu vos digo isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja plena”.

A descoberta de que Deus nos ama tanto, e de maneira apaixonada em Jesus, faz a gente se tocar, a vida ganha um novo sentido, um novo horizonte se descortina, pois há uma palavra chave em João, que nos permite sonhar esse sonho realizável, que é ser feliz plenamente.

Permanecei em mim. Permanecei no meu amor. Quem ama quer o outro sempre junto, e aqui, o poder de Deus torna-se frágil diante da liberdade humana, Deus não pode nos manter junto dele, sem o nosso consentimento, sem a nossa vontade! Cá entre nós, sei que é isso que acontece com a Roseli, que se encantou com o moço da catequese, eles até estão namorando, mas a verdade é que ele, embora muito sério, não está muito afim da coitada, mas para não magoá-la, mantém o namoro, e o pior é que um dia, uma amiga confidenciou à Roseli essa verdade, e para espanto da outra, a Roseli disse simplesmente “Não tem problema, eu só quero amá-lo, não precisa que ele me ame”.

Pronto, chegamos a um ponto culminante da nossa reflexão, Deus quer e sempre quis, e sempre vai querer nos amar, mesmo que não seja correspondido, o seu amor Ágape é o amor oblativo, é o verdadeiro e único amor, enquanto que o nosso jeito de amar é ainda tão pequeno, não passa do amor Filia. Afinal, quem é que conseguiria retribuir a altura, todo esse amor e ternura, que Jesus Cristo tem por cada um de nós? Esta é uma dívida impagável...

Entretanto há algo que podemos fazer, que está ao nosso alcance, e que faz com que Deus se sinta correspondido em seu amor... “Amais-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. O “ASSIM COMO...” não é uma exigência que o nosso amor seja perfeito como o dele, mas se refere a gratuidade e incondicionalidade, se amarmos desse jeito as pessoas, já está de muito bom tamanho.

Amar assim é ir além da "FILIA", é meio caminho andado para o AMOR ágape. Permanecer em Cristo e no seu amor, é viver de tal forma a comunhão com ele, que o nosso jeito de ser, de viver e de amar, acaba refletindo para o próximo, o próprio Cristo. E assim, em nosso amor tão frágil, as pessoas descobrirão a fonte do verdadeiro amor, que é Jesus Cristo, foi isso que aconteceu com João, e que revolucionou a sua vida, ele olhou para Jesus, e descobriu nele o Amor de Deus, por isso deu com a boca no trombone e saiu falando aos quatro cantos, QUE O NOSSO DEUS É AMOR! ( VI Domingo da Páscoa – João 15, 9-17).

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 6º Domingo de PáscoaANO B

“Obras do amor”

“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo” (Jo 15,12). Trata-se do amor que pressupõe o amor de Deus e que deve realizar-se através das nossas obras. Com relação ao amor ao próximo, por exemplo, é muito importante que não sejamos teóricos. O famoso romance de Fiodor Dostoievski, Os irmãos Karamázov, também relata como uma pessoa proclamava o seu amor pela humanidade em geral: “Eu amo a humanidade, mas fico admirado comigo mesmo porque quanto mais amo a humanidade em geral diminui o meu amor às pessoas em particular, ou seja, singularmente, como simples pessoas. Sonhando, com frequência, fiz propósitos apaixonados de servir à humanidade e, talvez, teria caminhado rumo à cruz pelas pessoas, caso fosse necessário, em algum momento. Não obstante, sou incapaz de viver com outras pessoas durante dois dias seguidos compartindo o mesmo quarto, e sei-o por experiência. Quanto me vejo perto de alguém, percebo que a sua personalidade oprime o meu amor próprio e tira a minha liberdade. Em apenas 24 horas posso chegar a odiar, inclusive a melhor pessoa do mundo: às vezes porque fica muito tempo à mesa, outras porque está gripado e tosse sem cessar”. Ainda que o texto não seja literal, é possível perceber que não é verdadeira caridade a mera possibilidade de amar a humanidade em geral e desprezar o ser humano em particular. Os que fazem belos discursos de amor à humanidade deveriam provar que as palavras são verdadeiras através daquelas ações que vão ao encontro das necessidades reais dos outros.

Estamos fartos de discursos humanitários retóricos! Gostaríamos de ver solucionada a situação das pessoas com as quais convivemos: “esse vive num barracão, aquele passa fome, fulano não tem trabalho, o outro está com depressão, os grupos estão divididos na minha paróquia, no meu grupo há uma pessoa que sempre quer destacar-se mais que os outros, há críticas… um desastre!”

Será que os acatólicos conhecem os católicos pelo amor mútuo, pela atenção caridosa, pelo carinho, pela boa educação, pela generosidade e pela disponibilidade? Para saber como se vive a caridade é preciso olhar, em primeiro lugar, para Jesus. A regra, a medida da caridade, é ele: “como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. Como Cristo amou-nos? Rebaixando-se a si mesmo, sofrendo na cruz e derramando todo o seu Sangue por nós, preocupando-se verdadeiramente com os nossos pequenos e grandes problemas. Assim deve ser o nosso amor aos irmãos: será preciso dedicar-lhes tempo, escutá-los, dispor-nos a ajudá-los quando for preciso, mostrar o nosso agradecimento às pessoas, corrigir com fortaleza e gentileza quando necessário, viver as normas da educação e da prudência, viver a discrição, compreendê-los, sorrir também quando não se tem vontade; sacrificar-nos por eles, sem que percebam, para que tenham bons momentos.

E nas paróquias? Quantas rivalidades! Quantos ciúmes! Quanta inveja! Disse alguém que “Cristo mandou que nos amássemos, não que nos amassemos”. Há muitas reuniões, e pouca união! Os problemas na comunidade cristã não são novos, São Paulo escreveu aos Gálatas: “se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros” (Gl 5,15). Por que será que os cristãos às vezes se mordem devorando-se uns aos outros? Pelo mesmo motivo que São Paulo identificou entre os gálatas: eram carnais. O que é necessário para viver a caridade? Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e fazer as obras do Espírito: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Hoje é o dia para que renovemos os bons propósitos de viver “opere et veritate”, com obras e na verdade, a virtude da caridade, não em geral e em abstrato, mas em particular e concretamente: na família, com o pai, com a mãe, com os irmãos, com os amigos, com o patrão, com o empregado, com o meu irmão de comunidade. Não é fácil porque as pessoas têm problemas, dificuldades, às vezes exalam mau olor, falam demasiado (e às vezes com a boca cheia) ou não falam quase nada, faz calor. Poderíamos enumerar mil e uma razões para não viver a caridade, nenhuma delas é consequente. Neste mês de maio, Maria Santíssima nos ensinará a viver no amor a Deus e ao próximo, de verdade!

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 6º Domingo de Páscoa — ANO B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1 Jo 4,7-10)

INTRODUÇÃO: Após uma introdução nos versículos 1 a 6 deste capítulo, em que distingue os que falam verdadeiramente em nome de Deus dos que mentem e são anticristos, o apóstolo retoma o tema do amor como a verdadeira raiz da união intelectual e moral com Deus. O amor provém de Deus e o ódio é do maligno. Deus é amor e somente quem ama O conhece. Porque Deus se manifestou como amor: Amou-nos e enviou seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados (7). Aqui está a base do cristianismo. É a religião do amor de Deus e como consequência do amor fraterno entre os filhos de Deus. Quem não ama, não pode ser de Deus, nem o conhece como verdadeiro, mas adoraria um deus falso. Tal seria Satanás o deus do ódio e da mentira.

QUEM AMA É DE DEUS: Amados, amemo-nos uns aos outros porque o amor é de (o) Deus e todo aquele que ama é nascido de (o) Deus e conhece a(o) Deus (7). Carissimi diligamus invicem quoniam caritas ex Deo est et omnis qui diligit ex Deo natus est et cognoscit Deum. Propriamente o apóstolo declara que o amor [a busca do bem do amado] só pode vir de uma fonte boa como é Deus [o único bom segundo Mt 19, 17]. E é nesse Deus que encontramos o verdadeiro amor, aquele que dá sua vida pelo amigo (Jo 15, 13) que prefere o bem de seus amigos pelos quais entregou sua vida em expiação dos pecados deles (1 Jo 2, 2). E como o amor unicamente provém de Deus e não do maligno, daí conclui João que quem ama é nascido de Deus: ou seja, tem o germe, hoje diríamos os genes de Deus. E como tal é verdadeiro filho de Deus, como o mesmo apóstolo afirma nesta mesma carta em 3, 1: Vejam com que amor o Pai nos amou, a ponto de sermos chamados filhos de Deus! E somos seus filhos realmente! E João, fiel ao seu pensamento, dirá que, como filhos, conhecemos o nosso Pai, coisa que Mateus já escreveu no seu evangelho: Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (11, 27). Isso, porque a essência do Pai é o amor que ele tem pelo filho como vemos na parábola do filho pródigo (Lc 15, 11+). Podemos comprovar isso ao comparar a ideia que os pagãos tinham de seus deuses: a vingança, a inveja, e até o ódio eram as virtudes dos mesmos. E foram incapazes de entender, até os mesmos judeus, que um Deus todo soberano pudesse entregar o Filho inocente para salvar os culpáveis. Um Deus amor que foi, até pelos cristãos em certas épocas, desconhecido e que hoje mesmo optamos mais por um Deus justiça.

QUEM NÃO AMA NÃO CONHECE DEUS: Quem não ama não conheceu (o) Deus porque (o) Deus é amor (8). Qui non diligit non novit Deum quoniam Deus caritas est. Temos colocado entre parêntesis o articulo determinante O, que o grego geralmente conserva quando se refere ao verdadeiro Deus, ou Deus vivo em oposição aos outros deuses dos pagãos. AMA [agapön<25 =diligit] em grego é um particípio presente do verbo agapaö que no AT é a tradução grega do bebraico ahab<0157>, como lemos em Pr 8, 17, e que a Vulgata traduz como diligere. CONHECEU [egnö<1097>=novit] é o aoristo do verbo givöskö que em anterior comentário temos optado por traduzir como compreender ou entender, como em Mc 4, 13: Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas? DEUS É AMOR é uma frase que resume uma essência ou natureza. Deus obra com sabedoria e poder, mas o motivo de suas ações ad extra, o leit motiv que implica toda ação trinitária nas criaturas é o amor. Deus ad extra obra para fazer o bem, ou seja, para mostrar seu amor, ou se quisermos, como é um amor a seres inferiores, a sua misericórdia. Jesus dirá estas palavras em Lc 6, 36: Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso, que em Mateus 5, 48 tem o distintivo de perfeição: Sede vós, pois, perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus. Isto foi dito com respeito ao amor que devemos aos inimigos: Se amarem apenas aqueles que vos amam que recompensa poderão esperar? Não fazem também isso os cobradores de impostos? (Mt 5, 46). Deus, dirá a Teologia, não pode aumentar sua felicidade; mas pode aumentar o bem e a felicidade das criaturas e isso o faz querendo o melhor para elas, o que é efeito do amor que por elas manifesta. Por isso podemos afirmar que Deus é amor para nós. E veremos que o amor se dá entre amigos e que segundo Jesus ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). Esse amor, dirá o apóstolo, se manifestou na entrega do Filho (1 Jo 4, 13) como vemos no versículo seguinte.

MANIFESTAÇÃO DESSE AMOR: Nisto se manifestou o amor de (o) Deus em nós: que (o) Deus enviou o seu Filho o unigênito ao mundo para termos vida por Ele (9). In hoc apparuit caritas Dei in nobis quoniam Filium suum unigenitum misit Deus in mundum ut vivamus per eum. AMOR é o agapë <26>. Mas a sua manifestação era um fato insólito que nem homem algum em sua sabedoria aceitou e mesmo os anjos rebeldes o rejeitaram: salvar o mundo por meio do Filho feito homem e transformar a cruz [humilhação e sofrimento] em bandeira de salvação. De uma morte nasceu a vida para todos os que na CRUZ se refugiam e olham para o crucificado como salvador: Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3, 18). Pois a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome (Jo 1, 12). Ser filho implica ter a mesma vida do pai e nisso consiste [na sua manifestação] a eterna bemaventurança: agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos (1 Jo 3, 2).

ESSÊNCIA DO AMOR: Nisto é o amor: Não que nós tenhamos amado a (o) Deus; mas que Ele nos amou e enviou o seu Filho [como] propiciação por nossos pecados (10). In hoc est caritas non quasi nos dilexerimus Deum sed quoniam ipse dilexit nos et misit Filium suum propitiationem pro peccatis nostris. Diante de sua afirmação de que Deus é amor (4, 8) e de que o verdadeiro amor provém de Deus (4, 7) João agora afirma que isso tudo é provado com fatos vividos por ele como testemunha, que dá seu depoimento oficial, porque o experimentou em sua vida: antes de amar, nós fomos amados e de forma tal que não existe dúvida. Como diria Jesus ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). E é agora que esta frase de Jesus é trazida como prova do verdadeiro amor: Ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação por nossos pecados. Não amou unicamente seus amigos, o que em certo modo parece natural e lógico, mas os inimigos, pagando um preço muito alto (1 Cor 6, 20) como expiação de nossos pecados. Paulo, nesta linha do apóstolo amado de Jesus, termina sua reflexão lógica, afirmando: quem nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 8, 35 e 39).

EVANGELHO (Jo 15,9-17)

INTRODUÇÃO: Podemos explicar o evangelho de hoje como uma comparação entre as relações de Jesus com o Pai e as relações dos discípulos com Jesus. Esta comparação ou alegoria é uma continuação da alegoria da videira e os ramos. O tema é a permanência no amor [=predileção] com Jesus. Como consequência dessa permanência, os frutos serão abundantes porque tudo que se pede ao Pai, Ele o concederá.

O AMOR DE JESUS: Como o Pai me amou [êgapêsen <25>=dilexit], também eu vos amei. Permanecei no amor, no meu (9). Sicut dilexit me Pater et ego dilexi vos manete in dilectione mea. A palavra chave é amor ágapê. No grego distinguem-se três formas do que chamamos amor: Eros, philia e ágapë. Eros é o amor apaixonado entre esposos ou entre um homem e uma mulher que abrange o desejo sensual. Não é usada esta palavra no NT. Filia denota amizade, devoção, favor, e se emprega para o amigo ou parente. Temos uma outra palavra pouco usada astorgos, que indica a falta de amor e que indica a falta do que o verbo stergô significa, que é ternura, especialmente entre pais e filhos. Este verbo não aparece na Escritura a não ser em compostos astorgos [sem amor] (Rm 1, 31 e 2 Tm 3, 3) ou philostorgos [devotado] (Rm 12, 10). No grego clássico a palavra agapaö significa gostar de, tratar com respeito, estar contente com, ou dar boas vindas. No AT traduz a palavra hebraica aheb <0517>. No NT a vulgata prefere dilectio e diligere a amor e amare. Das 117 vezes que aparece ágape no NT, 75 pertencem a Paulo, 31 como verbo e 15 como nome. Em João aparece 60 vezes o verbo e 30 o nome. Também temos em grego a palavra FILIA que é o amor de amizade, entre amigos do mesmo nível. Mas com relação a Deus, tanto a amizade como a ternura filial, são designadas com a palavra ÁGAPÊ. É precisamente com esta palavra que João afirma a essência de Deus: Deus é amor (=agapë) (1 Jo 4, 8) e com a qual os sinóticos designam o Filho, o único ou unigênito (Agapetós, amado) (Lc 3, 22). O latim traduz ágapê frequentemente por caridade, derivado da palavra XARIS que em sua terceira acepção significa benevolência, e com a qual Paulo gosta de designar o amor com o qual Deus envolve o homem: Amor de benevolência e misericórdia. No NT o verbo agapaô e o nome ágapê são praticamente usados nas relações de Deus com os homens e vice-versa, sendo que Jesus é o Filho, ho agapêtós [o amado], que equivale a primogênito. A melhor definição do amor de Deus foi dada por Jesus a Nicodemos: Tanto amou Deus ao mundo que entregou o seu Filho único (Jo 3, 16) e a melhor definição do amor dentre os homens foi dado por ele mesmo em Jo 15, 13: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Este amor Jesus o mostrou como diz João em 13, 1: Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Em todos os casos a raiz é ágapê. Jesus pede que permaneçam no seu amor, no dele. O grego pode ser um tanto dúbio quanto à origem do amor: é o amor de Jesus ou é o amor por parte dos discípulos? O texto grego parece indicar que o amor procede de Jesus, mas, o imperativo por outra parte e o versículo seguinte indicam que o amor é o que devem demonstrar os discípulos como devido ao Mestre. Deste versículo podemos concluir 1o) Que Ele (Jesus) escolheu os discípulos por amor. Exatamente como o Pai escolheu Jesus, o Filho-homem, e O distinguiu de todos os outros homens; Jesus escolheu os discípulos e os distinguiu de modo especial. 2o) Que Jesus quer que seus discípulos permaneçam nesse amor preferencial para com os escolhidos e que os chamou e os distingue por esse amor.

COMO PERMANECER NO AMOR: Se observásseis meus preceitos permanecereis em meu amor, assim como eu tenho observado os preceitos do meu Pai e permaneço no amor dele (10). Si praecepta mea servaveritis manebitis in dilectione mea sicut et ego Patris mei praecepta servavi et maneo in eius dilectione. Mas essa permanência está sujeita a que os discípulos cumpram os preceitos [Entolai]. É uma regra universal, pois também Jesus cumpriu os mandatos do Pai e por isso permaneceu no amor do mesmo, no seu agrado [nele me comprazo, Mt 3, 17]. Embora os preceitos sejam nomeados em plural, um deles é especial, recalcado por Jesus no versículo 12 como logo explicaremos. Outros preceitos, como é o de anunciar o evangelho a todas as nações (Mc 16, 15), na época em que foi escrito o 4º evangelho, não eram mais necessários por não existirem os protagonistas [os apóstolos], mas o preceito fundamental permanecia e permanecerá sempre atual: o preceito do amor, que o atual Papa afirma ser opus proprium [obra própria] da Igreja, de modo que está ao mesmo nível dos sacramentos. Sem eles, o labor da igreja não tem finalidade. Sem o amor, não tem base. Precisamente é o amor que dá a permanência com Jesus assim como o amor de Jesus o tornava complacência do Pai e permanente em sua dileção.

UM PARÊNTESE: Estas coisas vos tenho falado para que a alegria, a minha, permaneça em vós e a vossa alegria seja completa (11). Haec locutus sum vobis ut gaudium meum in vobis sit et gaudium vestrum impleatur. São palavras enigmáticas que terão uma explicação maior em 16, 20-24. A alegria tem como fundamento a ida de Jesus ao Pai como tinha declarado em 4, 28. Alegrar-se do bem do outro é uma forma de amor. Um amigo sente a dor do outro amigo. Isso é natural –diz um autor- mas se alegrar do êxito do amigo é quase um milagre. O Batista, como amigo do esposo, alegrou-se ao ouvir a voz do mesmo. A alegria dos discípulos tem como razão de ser a volta de Jesus ao Pai (Jo 14, 28). Essa volta é o início do triunfo, pois estaria à direita do mesmo como viu Estêvão (At 7, 56). Além disso, o Espírito seria o Mestre interior substituindo o Mestre externo que era Jesus e então compreenderiam a verdade que até o momento parecia estar oculta a seus olhos. Jesus esclareceria isto em 16, 13: O Espírito da Verdade vos conduzirá à verdade plena.

O PRECEITO: Este é o preceito, o meu: que vos ameis mutuamente como vos amei (12). Hoc est praeceptum meum ut diligatis invicem sicut dilexi vos. A barra que Jesus coloca para medir o amor mútuo entre os discípulos é a mais alta possível: o modelo não é o próprio sujeito como no AT [amarás o próximo como a ti mesmo], mas o amor que Jesus teve a seus discípulos. Ou seja, amar antes o outro que a si mesmo. Perder a própria vida para que o outro tenha vida e a mais abundante possível (Jo 10, 15 e 10, 10).

EXPLICAÇÃO: Maior do que este ninguém tem amor: que alguém doe a vida dele em favor dos seus amigos (13). Maiorem hac dilectionem nemo habet ut animam suam quis ponat pro amicis suis. Jesus explica qual foi seu amor e qual deve ser o amor dos discípulos entre si: doar a sua vida pelos outros. Maior amor do que este não pode ser encontrado. Por isso João no início do relato da última ceia dirá; como amasse os seus os amou até o extremo [eis telos, até a perfeição]. A tradução latina in finem foi tomada como temporal, quando deve ser o fim de uma série ou extremo da escala ou lista. É o amor da perfeição, até não haver maior amor.

OS AMIGOS: Vós sois meus amigos, se fazeis quantas coisas eu vos ordeno (14). Vos amici mei estis si feceritis quae ego praecipio vobis. Jesus explica aos apóstolos em que consiste a amizade entre eles e sua pessoa. O amigo cumpre as ordens de quem ama; nisso consiste a verdadeira amizade. Não é a fé, mas a obediência, a união de vontades, a preferência do outro. Nisso consiste a verdadeira amizade. Uma coisa é a fé pela qual nos incorporamos em Cristo e outra é a amizade em que a vontade do discípulo é substituída pela vontade do Mestre. Que não fará Jesus pelos tais a quem amou até o extremo? De modo algum vos chamo escravos, porque o escravo não conhece o que faz seu amo; porém a vós tenho chamado amigos porque todas as coisas que escutei de meu Pai vos dei a conhecer (15). Iam non dico vos servos quia servus nescit quid facit dominus eius vos autem dixi amicos quia omnia quaecumque audivi a Patre meo nota feci vobis. Contrariamente ao que encontramos no AT onde Israel era o servo de Jahvé, agora Jesus chama seus discípulos de amigos. Não encontramos no AT essa expressão tão íntima e igualitária. Israel será a esposa [uma escrava], mas nunca o amigo de Jahvé. E Jesus explica a diferença entre um escravo e um amigo. Aquele simplesmente obedece ordens sem saber porquê. Aos amigos se declara a razão do mandato e sabem por que obedecem. No At Moisés (Êx 33, 11) e Abraão (Is 41, 8) eram amigos de Jahvé. Deste, fala Isaías como sendo ohabi<0157>, meu amigo e de Moisés que falava com Deus como fala um homem com seu amigo, ad amicum suum, o hebraico usa rea`<07453>. De modo que chamar amigos, é um privilégio só concedido às duas grandes figuras do AT. Especialmente podemos tirar o exemplo de Moisés, íntimo do Senhor. Os apóstolos serão também os íntimos com os quais Jesus passou seus últimos anos conversando, explicando [a vós foi concedido conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não (Mt 13, 11)] e vivendo com eles como convinha fazer um Mestre com seus discípulos. Até alguns inventarão o sentido esotérico do qual infelizmente a gnose fez um mau uso, como vemos em livros chamados de evangelhos de Madalena ou de Judas.

A ELEIÇÃO: Não me escolhestes vós, mas eu vós escolhi e vos instalei (ethëka) para que saiais [vos ponhais em caminho] e produzais fruto e o vosso fruto permaneça; de modo que se pedísseis alguma coisa ao Pai em meu nome, vos concedesse (16). Non vos me elegistis sed ego elegi vos et posui vos ut eatis et fructum adferatis et fructus vester maneat ut quodcumque petieritis Patrem in nomine meo det vobis. A tradução dos verbos indica que a obra dos discípulos é própria de Jesus e que em seu nome [por sua intermediação] o Pai fará tudo para que o fruto seja o adequado. A petição está unida a esse fruto que não é outro que o triunfo do Reino. Temos traduzido o verbo tithemi [ethëka] por instalar; outros traduzem por designar. No original o verbo significa colocar, pôr; mas pode ser traduzido por consagrar, ordenar, como aqui seria mais adequado. O saiais, subjuntivo do presente, é pôr-se a caminho; é o verbo usado por Jesus para enviar os 62 discípulos: Ide! [ypagete]. Eu vos envio como cordeiros entre lobos (Lc 10, 3). Não podemos, deste versículo, afirmar que tudo o que pedirmos nos será concedido. A petição está unida a duas questões básicas: o envio de Jesus e a difusão do reino. Por isso, quando enviou os 12, deu-lhes poder e autoridade sobre os demônios para curar doenças e proclamar o Reino de Deus e a curar (Lc 9, 1-2).

O PRECEITO FINAL: Estas coisas vos ordeno: que vos ameis reciprocamente (17). Haec mando vobis ut diligatis invicem. A frase é um resumo da petição de Jesus a seus apóstolos como base para que permaneçam no amor [entre eles] e no seu amor [de Jesus para eles]. Com esta frase compendia-se todo o evangelho na sua fase ética e humana. Jesus recomenda de novo esse amor que constitui a base de sua eleição e a permanência na mesma de seus discípulos. Amai-vos uns os outros (17).

PISTAS:

1) Vamos ficar com o essencial: O Amor. Primeiramente, ele procede de Cristo e do Pai. Aqueles que têm escutado Jesus e o querem seguir [=imitar] têm em comum que foram escolhidos amorosamente por Deus através de Jesus. Somos seus preferidos. Os comentários são do próprio João na sua primeira epístola. Olhai que amor nos deu o Pai (1 Jo 3, 1) porque o amor vem de Deus (idem 4, 7), porque Deus é amor (4, 8). E é nisto que consiste o verdadeiro amor; não que tenhamos amado Deus, mas que Deus nos amou e nos enviou seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados (idem 4, 10).

2) A morte de Jesus foi a prova mais completa de seu amor: Nisto doravante conhecemos o amor: Ele (Jesus) deu a vida por nós (1 Jo 3, 10). Na vida, devemos ter como princípio fundamental que somos seres amados. Deus é nosso Pai e Ele nos ama, assim como Jesus nos amou e se entregou por nós (Gl 2, 20).

3) A 2a conclusão depende de nós: Também nós devemos dar a nossa vida por nossos irmãos (1 Jo 3, 10) e é desta maneira única que permaneceremos no amor, na predileção que Deus tem conosco. Temos que nos esforçar para guardar esse mandamento, resumo dos outros e único verdadeiramente importante: O amor ao próximo como Cristo o amou.

4) Esse amor consiste em sacrificar a nossa vida em favor dos outros, a começar por se alguém possui os bens deste mundo e vê seu irmão passar necessidade e se fecha a toda compaixão, como permaneceria nele o amor de Deus? (1 Jo 3, 17). Por esse amor total é que Jesus se tornou Cristo (Messias-Senhor) e nós nos tornaremos outros Cristos (amigos e senhores) com Ele, a participar da vida eterna. É a conclusão do próprio João: Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos: Quem não ama permanece na morte (1 Jo 3, 14).


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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03.05.2015
5º Domingo de Páscoa — ANO B
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "Unidos a Cristo e aos irmãos" __

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015
Tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”
Lema: “Eu vim para servir” (Mc 10,5)

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A mística cristã só tem sentido e é eficaz se for vivida na íntima união com Cristo, realizada no amor. Tal afirmação nos ajuda a entender que o Evangelho não é ideologia existencial, mas projeto de vida, fundamentado no amor, lugar comum da união entre Cristo e seu discípulo. O amor que une o Cristão a Cristo ilumina a mística cristã e é capaz de produzir frutos que permaneçam, a ponto de tranformar a vida pessoal e o ambiente social. Esse projeto de vida orienta os discípulos de Cristo a amar de modo vivencial e não abstrato ou teórico.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos a Eucaristia em comunhão com os nossos irmãos e irmãs que participam da Romaria da Arquidiocese a Aparecida e peçamos que Deus nos fortaleça, para que, como o ramo no tronco, fiquemos sempre unidos à Videira, que é Cristo.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Somos convidados a refletir sobre a nossa união a Cristo; e que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira. Utilizando a comparação da videira e dos ramos, reforçamos a proposta da comunidade unida a Cristo, fecunda no amor e comunhão. O critério para saber se há comunhão entre os ramos, que são os cristãos, e Cristo, é a presença dos frutos. Assim, é necessário permanecer unido a Cristo para receber a seiva e dar frutos. Hoje, damos graças pelo batismo, que nos inseriu em Cristo como ramos na videira, pela palavra que nos purifica e pelo sofrimento que poda todo o mal. O vinho, fruto da videira, é sinal expressivo dessas realidades, e sacramento da nova aliança no sangue de Jesus. Portanto, permaneçamos no amor de Cristo.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e meditemos profundamente a liturgia de hoje!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Atos 9,26-31): - "Daí por diante permaneceu com eles, saindo e entrando em Jerusalém, e pregando, destemidamente, o nome do Senhor."

SALMO RESPONSORIAL 21(22): - "Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembléia!"

SEGUNDA LEITURA (1 João 3,18-24): - "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade."

EVANGELHO (João 15,1-8): - "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto."



Homilia do Diácono José da Cruz – 5º Domingo de PáscoaANO B

"NOSSA QUERIDA VIDEIRA!"

Há muita gente que, por mera falta de conhecimento, interpreta de maneira equivocada esse evangelho de São João, onde Jesus se apresenta como a Videira. Talvez porque seja mais fácil entender que se trata de algo pessoal: falando da minha espiritualidade, minha intimidade com o Cristo, minha permanências nele, através das minhas orações e da minha sacramentalidade, pois só assim irei produzir os “meus frutos”. Não há dúvidas de que o texto traz um apelo à conversão pessoal, possível a partir da permanência, isso é, em comunhão com Jesus Cristo mediante a graça santificante, mas o evangelho também apresenta indícios de uma relação bem mais ampla e complexa, basta ver a conclusão lógica: Fora da videira, além de não produzir nenhum fruto, também iremos morrer e ser destruídos para sempre, nas chamas do fogo eterno.

Se entendermos a expressão Joanina ao pé da letra, esse fogo se apresenta como um castigo, e nesse caso, permanecer com Cristo seria uma obrigação e não uma opção pessoal por esta vida, totalmente nova que ele nos oferece. A estrutura de um vegetal é algo muito complexo: raiz, tronco, ramos, folhas, flores e frutos. A esse respeito, lembrei-me de uma história muito interessante, que ilustra bem a reflexão.

Ao passar o final de semana na chácara da família, o menino disse ao pai, que queria fazer um discurso de agradecimento a uma árvore, pelo fruto adocicado que acabara de saborear, mas que queria saber, por onde começar “A quem agradeço primeiro, a raiz, ao tronco ou ao galho, onde apanhei o fruto?” O pai sorrindo, explicou que o fruto saboroso foi produzido pela árvore toda em seu conjunto, e não apenas por uma de suas partes. É João também, o autor da célebre afirmação de que, “Quem diz que ama a Deus que não vê, mas não ama o irmão que vê, é mentiroso, pois a verdade não está nele”.

Então o evangelho da Videira fica bem mais claro para todos nós, sem essa comunhão com Cristo e com os irmãos da comunidade, não iremos produzir frutos, ou os frutos não serão de boa qualidade. É na Igreja comunidade, que vivemos e celebramos essa comunhão. Permanecer, não significa um encontro casual ou acidental, nem tão pouco quer dizer fechar-se dentro do seu grupo, da sua equipe, pastoral ou movimento, quando temos essa atitude, de só se sentir bem no “meu grupo”, o horizonte se apequena, porque se trata de uma fuga das relações complexas e assim, eu acabo-me “escondendo” no meu grupo, ali não serei questionado, não precisarei buscar mais nada, pois terei enfim encontrado a sonhada paz, a comunidade perfeita.

Um ramo assim está fadado a secar, irá perder a vitalidade e acabará caindo ou sendo arrancado por algum vento impetuoso que sopra contrário, pois não é função do tronco conduzir a seiva a um ramo em particular, mas a todos os ramos. Fechar-se no grupo significa uma tentativa infrutífera de monopolizar a seiva da graça de Deus, só para nós, com exclusividade. Há igrejas cristãs que pensam assim, há grupos cristãos que também pensam desta forma, alimentando a ilusão de que o cristianismo fechado em um grupo é uma maravilha, uma bênção e uma grande graça. Quanto engano!

O evangelho desse domingo, escrito por São João, desmonta toda essa “fantasia colorida”. A ameaça de ruptura e destruição no fogo, não é para os que não pertencem á Videira, mas sim para os de dentro, que insistem em caminharem sozinhos, sem uma inserção na vida comunitária. São Paulo usa a mesma linguagem da videira, quando vislumbra a Igreja como um Corpo, onde nós somos os membros e Cristo é a Cabeça, o pé não tem nenhuma importância em si mesmo, se não considerarmos sua relação com o corpo, um membro separado do corpo, não serve para nada, não tem função alguma, ele só se torna valioso e importante, quando unido permanentemente com o corpo todo.

Nossa caminhada enquanto igreja, não pode ser alimentada por essas fantasias e mentiras inebriantes, pois elas não resistirão ao Fogo da Verdade Divina.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 5º Domingo de PáscoaANO B

“Crescer devagar, porém sempre!”

Essa é uma das leis de vida nesta terra: sempre estamos nos desenvolvendo! Em efeito, todos os viventes estão em constante crescimento até o momento cume da própria vida, depois começa a senectude que, pouco a pouco, vai levando as nossas forças. Contudo, enquanto estivermos bem pegados à raiz da vida, estaremos aqui com os nossos amigos e companheiros celebrando a vida e tantas coisas boas que ela nos oferece.  Também é verdade: bem unidos a Jesus, conservaremos sempre a jovialidade do nosso existir cristão.

Faz tempo, um padre, amigo meu, ligava e dizia-me que estava com a minha cruz. O que acontece é que eu uso uma pequena cruz quando estou no confessionário. Chamou-me a atenção a maneira como ele se expressou e começamos a brincar. Dizia eu: – “eu esqueci a minha cruz, a deixei com você. É uma pequena, não é” Disse-me ele: – “ainda bem que é a pequena”.

Eu fiquei pensando depois como é bom ter um irmão que nos ajuda a carregar a cruz, nem que seja a pequena: é ótimo ter alguém que nos ajude! “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade” (1 Jo 3,18). Amamos por atos e em verdade quando as nossas palavras são vivas, são vida; explicam aquilo que fazemos ao mesmo tempo em que as ações mostram aquilo que falamos. A coerência… como falta na nossa vida de cristãos! Um discípulo de Cristo tem que semear a paz, o amor, a alegria por onde passa; um discípulo de Cristo por vezes incomodará, é normal! A sua vida santa será para muitos um martelo na própria consciência.

Para que possamos viver assim, tão fiéis a Cristo, é necessário que estejamos muito unidos a ele. “Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Nós somos os ramos na videira. Isso significa que não temos vida por nós mesmos, a temos daquele que é a Vida, a seiva nos vem da videira, que é Cristo. A graça é o que nos vivifica, que nos anima e nos capacita para que possamos dar frutos de vida eterna. SEM JESUS NÃO PODEMOS FAZER NADA. Seríamos inúteis, sobrenaturalmente falando, sem a graça que nos vem do alto. Se não estivéssemos unidos ao Senhor, seríamos ineficazes, já que toda a nossa eficácia vem de Deus.

Nós precisamos dar frutos. Quais São Paulo escreve aos gálatas falando da diferença das obras da carne e dos frutos do Espírito; “as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. [...] os que as praticarem não herdarão o Reino dos céus!” (Gl 5,19-21). Continua o mesmo apóstolo: “o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Como são contrárias as obras da carne dos frutos do Espírito! As primeiras são para escravizar-nos, trazem a infelicidade, ainda que no começo pareçam dar a felicidade. Enganam-se aqueles que pensam assim! Apenas por um momento trazem algum prazer, depois… O que fica senão a dor de consciência, a angústia, a escravidão no vício, a infelicidade? Os frutos do Espírito Santo aparecem em todo bom cristão consciente de sua vocação à santidade e que se esforça para estar unido ao Senhor. A nossa vida será muito mais saborosa com esses frutos de caridade, paz, alegria etc. Como as pessoas desejam a paz, desejam ser alegres, desejam a felicidade! O problema é que vão buscar tudo isso em “outras árvores” que não são videiras verdadeiras. Jesus é a verdadeira videira, para dar bons frutos que sirvam para a vida eterna é preciso estar unido a ele.

A paciência é uma virtude importante na vida espiritual. Não esperemos que uma semente de abacate plantada ontem venha a florescer e produzir abacates hoje. Não podemos entregar-nos ao desalento na vida interior. Precisamos lutar para viver o plano de Deus nas nossas vidas. Se quisermos produzir frutos para a vida eterna é preciso que sejamos podados, que recebamos o adubo; que resistamos a várias temperaturas, a aridez do vento, as chuvas torrenciais e o sol que chega a queimar. Virá a primavera, sairão as folhas e as flores, virão os frutos. Só quem persevera até o fim receberá a salvação, isto é, quem permanece no Senhor.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 5º Domingo de Páscoa — ANO B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA  (1 Jo 3, 18-24)

    INTRODUÇÃO: Contra os gnósticos que declaravam que, embora cometessem os pecados mais  horrendos, a si mesmos se consideravam puros, não afetados por essas culpas e defeitos, porque a verdadeira união com Deus era o conhecimento, do qual eles pensavam estar em posse permanente, nosso autor, o apóstolo João, afirma que a verdadeira união com Deus consiste no amor. As afirmações do apóstolo devem ser consideradas como uma resposta aos seus adversários: os gnósticos e o mundo. Contra aqueles dirá que quem permanece em Deus não peca e quem peca nem o viu nem o conhece (v6), porque a essência de Deus é ser justo [cumprir a lei que é não pecar] (7) pois quem peca se enfrenta à Lei já que o pecado é  a desobediência à lei [anomia] (4). Mais ainda: Quem peca é do diabo, pois este é pecador desde o início (8). Deus é tudo o contrário ao pecado; pois todos sabem que o filho de Deus se manifestou para tirar os pecados, sendo ele sem pecado (5). E nisto distinguimos os filhos de Deus dos filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça e nem ama o seu irmão não é de Deus (10). E João termina esta união com o Deus justo fazendo uma apologia do amor ao próximo. O exemplo de Caim, maligno, serve para explicar o ódio do mundo aos cristãos: Ele matou Abel porque este era bom e as obras de Caim eram más (13). Conclui João afirmando categoricamente:  Quem não ama a seu irmão permanece na morte (14). Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? (17).  É neste ponto que iniciamos a epístola como leitura de hoje.

AMOR VERDADEIRO: Meus filhinhos, não amemos de palavra nem de língua, mas por obra e em verdade (18). Filioli non diligamus verbo nec lingua sed opere et veritate. FILHINHOS: Como todo Rabi tinha o nosso apóstolo seus discípulos que, segundo costume da época, chamavam de pai o seu mestre (Mt 23, 9). Logo os filhos eram os seguidores do mestre da Lei. E aqui como dissemos no comentário do dia 22 de abril, o epíteto é uma maneira suave de iniciar uma repreensão ou advertência para que os ouvintes não se considerem ofendidos e aceitem a advertência como um conselho e não como uma censura. DE PALAVRA [logö<3056>=verbo]. Já no AT Ezequias afirmava: E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza (33,31). Desta afirmação se faz eco no NT Paulo, em Rm 12, 9: O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. E também Ef 4, 15: Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Por isso, Tiago pode afirmar: E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? (Tg 2, 16). Ou como adverte Pedro: Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro (1 Pd 1, 16). O farisaísmo, mostrando exteriormente o que não existe no interior e só para ser visto ou louvado, é aqui condenado como o fez Jesus com palavras até muito mais fortes: Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mt 15, 7-8).

      A VERDADE: Porque nisto conhecemos que somos da verdade e que perante ele convenceremos nossos corações (19). In hoc cognoscimus quoniam ex veritate sumus et in conspectu eius suadeamus corda nostra. DA VERDADE [alëtheia <225>=veritas] Como disse Jesus a Pilatos vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz (Jo 18,37). E a voz de Jesus não é só acreditar na sua divindade, mas amar o seu mandato, esse que deixou como testamento no dia de sua paixão: Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (Jo 13,34). CONVENCEREMOS [peisomen<3982>=suadeamos] É o futuro de peithö com o significado de convencer: E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia judeus e gregos (At 18, 4). Persuadir: Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram à multidão que pedisse Barrabás e matasse Jesus (Mt 27, 20). Conciliar, satisfazer: Se o governador chegar a saber do assunto, nós o convenceremos e faremos com que não vos incomodem com isso (Mt 28, 14). Confiar: Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus  (Mt 27, 43). A Vulgata usa o suadeamus [persuadir]; a espanhola tranquilizaremos; a italiana rassicuraremo [reassegurar, estar seguros]; e a KJV shall assure [assegurar ou garantir]. Ou seja: estaremos seguros de que realmente somos na verdade filhos de Deus e não do diabo o pai da mentira (Jo 8, 44).

      DEUS SUPERA NOSSAS DEFICIÊNCIAS: Porque se nos acusar o nosso coração [sabemos] que melhor é Deus do que nosso coração e conhece todas as coisas (20). Quoniam si reprehenderit nos cor maior est Deus corde nostro et novit omnia. ACUSAR [kataginöskö<2697>=reprehendere] é o subjuntivo com o significado de condenar, convencer de um mal feito como em Mc 7, 2: vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os repreendiam. Também em Gl 2, 11: chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. CORAÇÃO está no lugar de mente ou consciência. O significado da frase é que Deus, conhecedor de todas as circunstâncias e de nossa debilidade e inclinação ao pecado, como verdadeiro Deus de misericórdia, sabe superabundar esta, onde abunda o pecado (Rm 5, 20) pois sua misericórdia é de geração em geração. De modo que a justiça divina se transforma em misericórdia, uma vez pago o lytron [resgate] pelo pecado por seu Filho, na cruz. E se isto é verdade com respeito aos pecadores a que veio salvar (Mt 18, 11), quanto maior será a bondade divina com aqueles que têm como propósito serem misericordiosos como é o Pai? (Lc 6, 36). SABE TUDO: Um exemplo vivo dessa misericórdia é o perdão feito a Pedro: Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito pela terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: SENHOR, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo (Jo 21, 17). Assim afirmará Pedro: O amor cobre [aos olhos de Deus] uma multidão de pecados (1 Pd 4, 8).

       CONFIANÇA EM DEUS: Amados, se o vosso coração não vos acusar temos  confiança em Deus (21). Carissimi si cor non reprehenderit nos fiduciam habemus ad Deum. No versículo anterior o apóstolo nos apresenta a misericórdia de Deus como ultrapassando nossa maldade. Agora estuda o caso de não ter consciência de pecado [não vos acusar]. CONFIANÇA [parrësia<3954>=fiduciam] Parrësia é franqueza, sem rodeios, abertamente como em Jo 16, 29: Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não dizes parábola alguma. Também coragem, ousadia audácia, como em  At 4, 13: Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e incultos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus. Finalmente, essa ousadia é vista no trato com Deus da alma fiel: No qual [em Cristo Jesus] temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nEle (Ef 2, 12). Em certo sentido, a paixão de Cristo abriu as portas da misericórdia divina a todo homem, pois por todos ele derramou seu sangue: no fim da ceia tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança feita através do meu sangue (1 Cor 11, 25).

     A RAZÃO: Pois quanto pedirmos recebemos dEle porque observamos seus mandatos e fazemos as coisas agradáveis diante dEle (22). Et quodcumque petierimus accipiemus ab eo quoniam mandata eius custodimus et ea quae sunt placita coram eo facimus. Em 5, 15 repete esta mesma ideia sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos. É privilégio do crente ser ouvido e atendido em suas orações, segundo palavras de Jesus em Mt 7, 7: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Esta certeza tem a sua raiz na fé do crente e na conformidade com a vontade divina que faz com que a petição esteja de acordo com os planos de Deus. Preocupado unicamente em cumprir os mandatos divinos e unicamente atento ao que lhe agrada, o verdadeiro crente não pode pedir coisa alguma que não se coadune com a vontade de Deus e não corresponda a suas intenções. Em tal oração, Deus reconhece o seu Espírito segundo o que escreve Paulo em Rm 8, 26: Da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Porque Deus não quer ser vencido em generosidade. Quem o ama [cumpre seus mandatos] é muito mais amado por Deus em correspondência.

      O MANDATO: Pois este é seu mandato que acreditemos no nome de seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros como nos ordenou (23). Et hoc est mandatum eius ut credamus in nomine Filii eius Iesu Christi et diligamus alterutrum sicut dedit mandatum nobis. MANDATO [entolë<1785>=mandatum]. São os mandamentos da lei que eram os mishvoth (Êx 24, 7 e Sl 119, 127) de Moisés e no NT traduzido ao grego por entolai como lemos em Mt 15, 3: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Inicialmente o principal mandato do NT é a fé em Jesus que é aceitar seu senhorio sobre nós. Esse mandato foi a perdição dos anjos rebeldes e será sem dúvida a perdição dos homens, também rebeldes. E a este mandato está unido o mandato do amor ao próximo. Com isso se cumpre o que Paulo disse em Gl 5, 9: Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor. Foi esse último mandato o testamento que Jesus entregou a seus discípulos: Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis ( Jo 13, 34).

     PERMANECER EM DEUS: E aquele que observa os seus mandatos nEle permanece  e Ele nele; e nisto conhecemos que permanece em nós pelo Espírito que nos deu (24). Et hoc est mandatum eius ut credamus in nomine Filii eius Iesu Christi et diligamus alterutrum sicut dedit mandatum nobis. PERMANECE [menei<3306>=manet]  indicativo presente do verbo menö de significado estar, permanecer, ficar, como em Jo 7, 9: Havendo-lhes dito isto, ficou na Galileia. Também habitar, viver em: Saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros. Ou continuar a viver, existir: Se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti [Cafarnaum] se operaram, teria ela permanecido até hoje. Temos optado pelo significado de permanecer no sentido de habitar, estar. É a união de espíritos [humano e divino] que podemos conhecer pelo Espírito [dons que o acompanham] que em nós habita. Na realidade, esses dons enumerados em 1 Cor 12, 10 não são considerados por João nesta epístola, mas o espírito filial do qual Paulo em Rm 8, 6 afirma: O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Porque dirá Paulo; Recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.

EVANGELHO (Jo 15,1-8) - ALEGORIA DA VIDEIRA

    VIDEIRA COMO ARBUSTO: A vitis vinifera [que dá origem aos termos vide, parreira, vinha e videira] é uma planta lenhosa que quando se deixa crescer livremente pode alcançar mais de 30 m de altura. Mas a ação humana com a poda anual a reduz a um arbusto de 1 m de altura. Seu tronco retorcido e tortuoso apresenta uma cortiça grossa e áspera que se desprende em tiras longitudinais. Os galhos jovens chamados sarmentos, são flexíveis e grossos nos nós. Sobre eles alternam as folhas grandes e lobuladas. Os talhos jovens são chamados de pâmpanos tendo em seu extremo a gema da qual sai um novo sarmento. Aparecem primeiramente como gavinhas com as quais se agarram aos outros troncos, pois a vide é uma planta trepadeira. As gemas ou brotes, se localizam nas axilas das folhas na posição lateral do ramo ou sarmento junto aos nós do mesmo. A poda consiste em cortar os sarmentos para limitar o número de gemas e não expor a planta a excessos de produção que podem levar a uma baixa qualidade de uvas e de vinho. Uma videira só tem condições de nutrir e maturar de forma eficaz uma determinada quantidade de frutos. A poda também proporciona uma forma determinada da planta que permite a execução dos trabalhos de cultivo. A poda é feita durante o período de repouso da videira, isto é, desde a queda das folhas até pouco antes do início da brotação. Os sarmentos que são retirados durante a poda, menos de um sexto do total, só servem para o fogo. A lenha ou madeira dos mesmos é fina e frágil demais para servir como madeira de mobília ou construção.

A VIDEIRA: Eu sou a videira, a verdadeira, e meu Pai é o agricultor (1). Ego sum vitis vera et Pater meus agricola est. O grego distingue entre ampelos <288> [feminino] e  ampelôn <290>[neutro]. O primeiro significa videira  o segundo vinha. Ambos os vocábulos têm significados muito arraigados no simbolismo bíblico. A viticultura era uma das formas mais antigas da agricultura e em Gn 9, 20-21 lemos como Noé, lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho embriagou-se e se expôs nu na sua tenda. O tema da videira e do vinho são símbolos de fertilidade e bem-estar. Religiosamente, Israel é a vinha e Jahvé o vinhateiro. VINHA: é um conjunto de videiras, arbusto que produz as uvas de onde se extrai o vinho. O profeta Isaías em 5, 1-7 declara Israel como vinha [kerem<03754>] do Senhor mas em grande parte estéril e sem frutos. Trazida do Egito (Sl 8, 9) foi plantada e cuidada com esmero, de modo a poder perguntar aos homens de Judá: Podia eu fazer pela minha vinha mais do que eu fiz? Em Jeremias 12, 10 lemos: Muitos pastores destruíram a minha vinha e pisaram o meu quinhão, a porção que era o meu prazer, tornaram-na em deserto. Esta alegoria da vinha foi tomada em parte por Jesus na parábola dos vinhateiros ou arrendatários homicidas (Mt 21, 33-45). A vinha é, pois, no NT uma figura do Reino a ser instaurado por Jesus que encontrou rejeição por parte dos líderes religiosos judeus. VIDEIRA: Sabemos que vide, ou melhor, videira é o arbusto constituído por uma cepa ou tronco, do qual partem os sarmentos, também chamados de vides ou bacelos, embora a palavra vide possa substituir o vocábulo videira. No AT em hebraico a palavra é gephen <0162> traduzida ao grego por ampelos. A videira era o símbolo de uma árvore nobre como lemos em Jz 9, 13, em que a videira não quer se balançar por sobre as árvores abandonando seu vinho que alegra deuses e homens. Em Oseias 10, 1 lemos: Israel é vide luxuriante que dá o fruto. Vemos também como a vide pode ser uma parreira, como por exemplo, em Miqueias 4, 4: Assentar-se-á cada um debaixo de sua videira e debaixo de sua figueira.  E em 2 Rs 4, 39 onde se fala de uma trepadeira silvestre que tem no hebraico a mesma raiz e o número de Strong 0162. Com o vocábulo soreq <0832> temos a parreira. Esta palavra aparece só 3 vezes e é traduzida como vide ou videira mais excelente. O salmo 128, 3 compara a esposa dentro da casa, a uma videira, ou como diz Ezequiel em 19, 12 à mãe que é uma fecunda videira, e os filhos como frutos de seus ramos. No NT em João vemos claramente que a videira é tomada por Jesus como termo de uma alegoria em que ele, o Pai e os discípulos são implicados diretamente. VERDADEIRA: alêthinê [<228>=vera], aparece 9 vezes em João e uma só nos sinóticos. Distingue-se de alêthês este como subjetivo que diz a verdade, cujo contrário seria mentiroso; e alêthinês tendo o sentido de ser real, genuíno, para distingui-lo de falso ou adulterado.  Quando Jesus fala, pois, de que ele é a videira, a autêntica, quer significar que toda outra é falsa e ele é a única videira que Deus cultivava agora como agricultor, oposta a todos os que se diziam videira de Jahvé como sendo os representantes do povo escolhido de Israel, a quem Deus tinha se dirigido por meio dos profetas do AT. A falsa vide seria representada pela sinagoga? Pois João escreveu o evangelho, entre outros motivos, como uma apologia contra a sinagoga. Um dos mais notáveis adornos do templo era a grande parreira de ouro com cachos do tamanho de um homem; e entre as moedas da primeira guerra contra Roma [66-70] aparece a imagem de uma videira e seus sarmentos. E após a queda de Jerusalém os fariseus dirigidos por Rabi Johanan bem Zakkai foram conhecidos como a vinha. A expressão vide autêntica aparece na Setenta em Jr 2, 21: Eu te plantei como uma vinha fértil, inteiramente genuína; como é que te converteste numa vide silvestre e te tornaste amarga?

A PODA: Todo sarmento em mim não produzindo fruto, tira ele, e todo produzindo fruto limpa ele, para que produza maior fruto (2). Omnem palmitem in me non ferentem fructum tollet eum et omnem qui fert fructum purgabit eum ut fructum plus adferat. OS SARMENTOS são parte do produto da videira que devem  terminar em frutos, como são os cachos de uvas dos quais o vinho é extraído (Ez 17, 8). Mas se não produzem renovos ou gavinhas e não existem frutos, os sarmentos só servem para o fogo (Ez 15, 6) já que para este mister são os sarmentos melhores que qualquer outra lenha da floresta. Já na alegoria joanina, os sarmentos são os discípulos que devem dar fruto como acontece na videira real. Em certas culturas a lenha dos sarmentos é usada para determinados churrascos em que o fumo é indesejável. A segunda parte do hemistíquio é para afirmar que também os galhos que produzem fruto devem ser limpos; pois esta é a tradução melhor do verbo Kathairô de onde provém a palavra kátaro limpo ou puro. A vulgata traduz purgabit do verbo purgo que traduz realmente o grego, pois significa purgar, purificar, limpar. Realmente no início da primavera as cepas praticamente estão nuas com alguns galhos que só têm umas poucas gemas entre os nós. Esta poda é a primeira. Logo temos outra poda quando já aparecem folhas e o agricultor poda os brotos menores e deixa unicamente os sarmentos que prometem maior fruto. Que tipo de fruto espera Jesus de seus discípulos?  Alguns falam de boas obras. Com mais razão, outros falam da participação da vida divina de Jesus (17, 2) e, num plano secundário, da comunicação dessa vida aos demais. Ou seja, para mostrar Jesus como missão, devemos primeiro ter esse Jesus dentro do coração. S Agostinho capta este dualismo afirmando: Aut vitis aut ignis [ou vide, ou fogo].

UM PARÊNTESE: Já vós estais limpos pela palavra que vos tenho falado (3). Iam vos mundi estis propter sermonem quem locutus sum vobis. Jesus se dirige aos apóstolos presentes aos quais assegura que não serão cortados e nem podados ou limpos, pois já estão purificados por terem escutado a palavra de Jesus. Evidentemente esta escuta é uma escuta obediente e fiel. Contrariamente ao podemos pensar, que a poda se dá por meio do sofrimento ou do sacrifício, a limpeza é segundo este parágrafo labor da palavra que ilumina as trevas e fortalece a moral como vemos no salmo 118, 16: Eu me delicio com teus estatutos e não me esqueço da tua palavra. Jesus mesmo dirá: Os asseguro que quem escuta minhas palavras e crê em quem me enviou tem a vida eterna e não será condenado, senão que passou da morte para a vida (Jo 5, 24). Consagra-os na verdade: tua palavra é a verdade (Jo 17, 17). Os asseguro que quem guarda minha palavra nunca morrerá (Jo 8, 15). A palavra que vos tenho dado é que ele era o enviado do Pai e os apóstolos criam certamente nesse evangelho anunciado por Jesus. Eles responderam a esse convite de arrependei-vos e crede no evangelho (Mc 1, 15) deixando suas redes para se tornarem pescadores de homens (Mc 1, 16-17). Para João como para Paulo a fé implicava uma conduta consequente com os princípios em que se acreditava. Pelo que diz respeito à limpeza, Jesus disse aos doze: quem tomou banho não necessita lavar-se além dos pés, pois está completamente limpo; e vós estais limpos, mas não todos (Jo 13, 10). Referia-se ao traidor, Judas, que por umas moedas, vendeu seu Mestre.

PERMANECER: Permanecei em mim e eu em vós assim como o sarmento não poderia produzir fruto por si mesmo, se não permanecesse na vide, assim nem vós se não permanecêsseis em mim (4). Manete in me et ego in  vobis sicut palmes non potest ferre fructum a semetipso nisi manserit in vite sic nec vos nisi in me manseritis. O verbo usado [menô <3306>] tem o sentido de estar firme, não ser abalado; a palavra grega MENÔ significa permanecer firme, ficar fixo; no caso de hoje, podemos traduzi-lo por permanecer unido. Em Jo 6, 27 Jesus distingue entre o alimento natural, perecível e o  alimento que o Filho do Homem dará, que permanece para a vida eterna; porque como diz na continuação, quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele (6, 56). O verbo aparece neste pequeno trecho 8 vezes, indicando, pois, a importância  da ação do mesmo. Uma outra pergunta é que tipo de fruto? Temos explicado em parte em que consistem as obras. Podemos ouvir Tiago declamando: Eu te mostrarei a fé pelas minhas obras (Tg 2, 18). Pedir a João e aos apóstolos, que têm presente em suas vidas continuamente a imagem de Jesus, uma distinção entre fé e obras é como pedir a uma mãe que distinga entre seu amor aos filhos e sua conduta como mãe. A fé era tremendamente viva e, portanto, não necessitava de limites positivos, mas apenas de limites negativos para não extravasar a dedicação ao Reino, descurando outras necessidades. Como o discurso teve como ouvintes discípulos que seriam arautos do evangelho, podemos argumentar que os apóstolos teriam que passar por uma poda necessária ou limpeza de propósitos e intenções antes que seu fruto fosse o esperado. A permanência em Jesus implica que antes de ouvir uma outra voz, quer seja interna quer externa, a voz de Jesus deve ter toda preferência. Caso contrário, os frutos serão como o joio que cresce entre a boa semente, mas que deve ser finalmente retirado na hora da ceifa. Ninguém pode colocar outro fundamento que é Jesus Cristo – dirá Paulo (1 Cor 3, 11). A permanência junto a Jesus implica viver de acordo com sua revelação [sua palavra do vers 7] e em obediência aos seus mandatos (vers 10).

PERMANECER POSITIVO: Eu sou a vide, vós os sarmentos; quem estando unido a mim e eu nele, esse produz muito fruto, porque fora de mim nada podeis fazer (5). Ego sum vitis vos palmites qui manet in me et ego in eo hic fert fructum multum quia sine me nihil potestis facere. Este versículo é uma repetição do número 4, mas em positivo: Se naquele se afirma que não pode produzir fruto quem não está unido à vide, neste se declara que quem está unido produz fruto. Por isso encontramos, como conclusão, que fora de Jesus é impossível fazer qualquer coisa. É o argumento usado em termos matemáticos para raciocínios do tipo necessário e suficiente.

NÃO PERMANECER: Se alguém não permanecesse em mim, seria lançado fora como o sarmento e murcharia e os reúnem e os lançam no fogo e é queimado (6). Si quis in me non manserit mittetur foras sicut palmes et aruit et colligent eos et in ignem mittunt et ardent. Temos traduzido os textos seguindo os tempos dos verbos optando pelo subjuntivo de pretérito para o aoristo. Finalmente quem é queimado é o sujeito singular do primeiro verbo: aquele que não permanece em mim. O latim, neste último caso, optou pelo plural: ardent. Porém o sentido não varia a não ser que queiramos apurar o mishal como uma alegoria perfeita. Nesse caso os que em um tempo eram apóstolos, ao serem quebrados do tronco ou cepa, serão considerados exatamente como aqueles sarmentos que no início foram podados e terão o mesmo fim: o fogo.

O PRÊMIO AOS FIÉIS: Se permanecêsseis em mim e as minhas palavras permanecessem em vós, o que quereis, pedireis, e será feito em vós (7).  Si manseritis in me et verba mea in vobis manserint quodcumque volueritis petetis et fiet vobis. Na primeira parte encontramos uma explicação de como ou em que consiste o permanecer em Jesus. É a palavra que dirige a vida e a existência dos discípulos a quem foi dirigido o discurso primariamente. Essa palavra é a revelação de que Jesus é o Filho de Deus e é a obediência a quem está no nome desse mesmo Deus. É um eco das palavras de Jesus quando afirma: Sois meus amigos se praticais o que eu vos mando (Jo 15, 14). Na segunda parte podemos nos perguntar: É uma promessa tremenda. Há algum limite nas petições ou na matéria das mesmas? A glória de Deus como veremos no seguinte versículo.

A GLÓRIA DE DEUS: Nisto foi glorificado meu Pai: de modo que produzais muito fruto e vos tornareis meus discípulos (8). In hoc clarificatus est Pater meus ut fructum plurimum adferatis et efficiamini mei discipuli. O evangelista mistura os tempos verbais e o sentido da frase é um pouco diferente das traduções incluindo a latina. A glória do Pai está unida à do Filho de modo que todo aquele que se assemelha ao Filho tornando-se discípulo dá glória ao Pai. O versículo 9 dá uma outra razão para permanecer com Cristo: o amor.

CONSIDERAÇÕES: Todos os que aceitam Jesus, a ele estão unidos (permanecem) e, portanto, poderiam dar frutos dignos e válidos. Mas essa união não é unicamente dada pela FÉ, já que existem galhos que não dão fruto e são cortados (2). Podemos estar unidos a Jesus pela PALAVRA (7). Mas vemos que aqui se trata de uma união mais forte; pois a palavra não é só ouvida porque deve permanecer  no ouvinte como razão de vida  e de conduta. Uma outra maneira mais íntima de união é o AMOR. Permanecei no meu amor (9) que nasce do próprio Jesus e enche o coração do discípulo. Me amas? Perguntará Jesus a Pedro (Jo 21, 16). Este amor é manifestado de maneira absoluta na união oferecida com o corpo e sangue de Jesus no que chamamos EUCARISTIA, porque aquele que come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele (Jo 6, 56). Porém o amor se traduz de imediato no CUMPRIMENTO DO MANDATO (10). É através do cumprimento dos mandamentos que o Filho demonstra estar em permanência com o Pai. E é também por meio do cumprimento dos mandatos de Jesus, especialmente o mandato novo e testamento de se amar como ele nos amou, que permaneceremos unidos a Jesus e daremos fruto em abundância Esta última parte é a essencial de toda união com Jesus: estamos unidos porque guardamos seus mandamentos; e isso produz o fruto desejado que glorifica o Pai e nos torna verdadeiros discípulos de Cristo (8).

UMA ÚLTIMA CONSIDERAÇÃO: A teologia católica, fundada sem dúvida nas palavras de Paulo sobre o corpo de Cristo, descobre nessa união talho-ramos  a doutrina do corpo místico de Cristo, pela qual estamos chamados a viver como outros cristos a nossa vida na terra, tendo como base de nossos frutos a poda [=sofrimento, ou sacrifício; um involuntário, outro espontâneo]. S. Pedro  Crisólogo admiravelmente traduz este pensamento afirmando, ao comentar as palavras de Paulo, eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo (Rm 12, 11): O apóstolo ergueu todos os seres humanos à dignidade sacerdotal. Ó inaudito mistério do sacerdócio cristão em que o ser humano é para si mesmo vítima e sacerdote! O ser humano não precisa ir buscar fora de si a vítima que deve oferecer a Deus: traz consigo e em si o que irá sacrificar a Deus. Permanecem intactos tanto a vítima como o sacerdote; a vítima é imolada, mas continua viva, e o sacerdote que oferece o sacrifício não pode matar a vítima. Nesta linha, vítima/sacerdote, o sacrifício mais importante é o da própria vontade, ou como diz sobre o sacrifício de Cristo, a epístola aos hebreus, saber oferecer-se dizendo: “Eis- me aqui; eu vim, ó Deus, para fazer a vossa vontade” (Hb 10, 7).

PISTAS:

1) Se no Antigo Testamento a destruição da vinha era o melhor símbolo para expressar as calamidades de caráter nacional (Sl 80 e Ez 19), o NT usa a videira para ensinar a união entre os homens e a divindade, especialmente entre os discípulos e Jesus. Todos têm uma mesma seiva. Com a diferença de que Jesus é a cepa, o tronco, de onde a vida brota e se reparte.

2) Os camponeses que conhecem bem a planta sabem que é necessário tanto cortar os sarmentos velhos, improdutivos, como podar os novos. E que este trabalho só pode ser realizado pelo agricultor. Neste caso, o Pai. A limpeza foi em parte obra de Jesus com sua palavra, que não foi bem entendida. O Pai preparou os ouvintes, mas a Palavra feita carne é a que deu vida a essa seiva que os crentes dele, de Jesus, recebem.

3) Permanecer é a palavra chave do discurso: permanecer na palavra, interpretada como sendo base da fé. Finalmente permanecer no amor. Nessa permanência está a base para que os frutos dos discípulos sejam suficientes para glorificar o próprio Deus, assim como seu Cristo O glorificou. Não as grandes obras, mas as obras de qualquer tamanho que demonstrem o amor.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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